Como o leitor perceberá nas próximas linhas, é pouco provável que Mr. Miles tenha sido visto, no fim de semana passado, em lugares como Nice, Brighton, Maresias,
A seguir, a pergunta da semana:
Li sobre os clichês detestáveis. E só para corroborar sua indignação, também abomino a tal praia “paradisíaca”. Mas se o meliante me convidar para um passeio numa praia transcendente que combina com minha egrégia alma, ficarei igualmente incomodada. Na verdade, como diria o bom e velho Buda, a virtude está no meio, certo? Agora lhe pergunto, Mr. Miles. Qual praia imagina me faria sonhar? E como a definiria?
Dominique Hip, por email
“Well, my dear: vejo que você é uma mulher de valores arraigados. Isso é bom, porque adoro iron ladies, mas também é ruim porque não parece admitir qualquer flexibilidade.
Vou tentar, however, definir a praia que a levaria a sonhar a partir de minhas próprias convicções. Descarto, por principio, todas as praias que atraiam multidões – sobretudo nos feriadões. Aliás, é um tipo de viagem que não desejo para ninguém. Costumo chamar essas incursões à costa – que incluem trânsito interminável, fila nas padarias e supermercados e, não raro, falta d’água – de ‘o inenarrável prazer de passar holydays nas praias’. Trashie concorda comigo e estou seguro de que a prezada leitora também.
I presume, darling, que praias de pedra ou cascalho também não sejam as que mais a agradem. Embora, nowadays, existem calçados (deselegantes, I must say) que protegem os pés de objetos perfuro-contundentes, inclusive pedras e corais.
Estamos, as you see, quase caindo no lugar extremamente comum das praias desertas de areias brancas e águas transparentes, que eu prefiro chamar de lugares agradáveis do que de paraísos – conforme expliquei anteriormente.
O sol que me perdoe, mas uma sombra é fundamental! Especialmente se oriunda de uma amendoeira ou outra árvore de copa frondosa. Espero que esse cenário a agrade também. Não me agrada, na provecta idade que tenho, caminhar rumo a qualquer praia carregando guarda-sóis e deselegantes cadeiras de alumínio. Pela mesma razão não carrego caixas de isopor ou coolers. In fact, dear Dominique, confesso que adoro ver praias, suas formas delicadas, seus limites muitas vezes brutais. Mas nem sempre me agrada utilizá-las. Pensei a respeito e acho que essa atitude tem relação com o longo tempo que passei no Sahara durante a Segunda Grande Guerra, acompanhando Monty (N.da R.: Bernard Law Montgomery, marechal inglês que combateu as tropas de Rommel, na África). Ainda hoje, passados tantos anos, noto pequenos montículos de areia em meus lençóis.
Nevertheless, é claro que mergulho quando o calor está insuportável, é claro que o contato com a água me dá imenso prazer e, repetindo uma resposta que, my God, tenho que dar repetidas vezes a muitos leitores, é evidente que não me banho com terno e chapéu coco.
Quanto à sua questão, da qual, por razões óbvias, tenho me esquivado, arrisco dizer que a praia que a faria sonhar seria tranquila, agradável, sem ondas fortes – mas sem a pasmaceira das lagoas –, não tão deserta que a impedisse de avaliar os frequentadores, nem tão movimentada que atrapalhasse sua vista para o mar. Acredito, as well, que a presença de uma companhia valiosa, em qualquer das muitas acepções dessa palavra, completaria a definição da praia de seus sonhos. E, humildemente, gostaria de me oferecer para, alguma vez, ser um candidato à companhia valiosa, talvez o início de uma nova viagem.”
Será que a Dominique curtiu a praia do Mr Miles?
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Quanta delícadeza! Amei!
Deve dar uma chance ao Mr.Miles
Também acho que ele merece uma chance.
Podem viver experiências novas e incríveis!
São muito interessantes mas muito longos. Simplifique.
Note que Montgomery tinha inveja de George Patton…