Tag: Avó

Charles Aznavour, Vovó e eu

Dominique - Música
Charles Aznavour estava entre as poucas atrações internacionais que vinham ao Brasil nas décadas de 70 e 80.
E era uma unanimidade para as cinquentonas e sessentonas da época.
Aznavour vinha até que com uma certa frequência, e invariavelmente minha avó me levava com ela.
Devo ter ido a uns 4 ou 5 shows.
Sempre iguais ou muito parecidos.
Nas primeiras vezes, me sentia honrada com o presente da vovó, a neta com nome afrancesado, escolhida dentre todos, isso com meus 7 ou 8 anos.
Já com 15 ou 16 eu continuava a ir com minha querida avó ver Charles Aznavour se abraçar e abanar o lencinho.
Mas nesta ocasião percebia que o presente era maior para a minha avó.
Na verdade, isso me deixou memórias, saudades, além de ter despertado o gosto pela chanson.
Hoje é dia de ouvir la chanson.

*Escrevi esse texto há 18 meses. Mas republico hoje em homenagem a esse homem que tanto fez pela música francesa, que vinha para o Brasil quando nāo estávamos no roteiros de shows, e a minha vovó que tanto gostava dele e de mim.

Gente saudades e lembranças aparecem em horas que não esperamos.

[fve]https://youtu.be/A314PVRSQIM[/fve]

 

Veja também:

 

Astor Piazzolla. O Show que faltou.

O Show que marcou minha vida

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

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A despensa da minha avó, uma recordação que guardo com carinho

Dominique - AvóHoje, meu filho chegou de uma viagem e me trouxe de presente “amardim”.

– Olha o que eu achei, mãe. Veja se essa é igual a que a sua avó te dava.

Abri ansiosa o pacote com aquele celofane laranja tão típico para experimentar aquela iguaria.

Dominique - Avó

Uma pasta de damasco puro prensada. Bem fininha. Veio dobrada ao meio e como sempre, “rasguei”, sim rasguei, uma tira do amardim.

Fechei os olhos e tentei sentir todo o azedinho de minha infância, mas o que vi quando fechei os olhos foi a despensa da vovó.

Era um lugar sagrado, onde ela guardava iguarias das mais deliciosas e diferentes. Todos os tipos de temperos, doces, manteiga em lata, balas de goma, farinhas, nozes, lata de azeite “estrangeiro” que ela furava com alfinete, Maizena, vidros de geleia de mocotó, sabão de côco em pedra e outros itens de sobrevivência não perecíveis. Ali era um lugar idílico cheio de cores e cheiros que despertavam minha imaginação e curiosidade.

Adorava entrar com ela naquele lugar.

Mas não era qualquer um que entrava ali. Aquela caverna com seus tesouros era trancada por uma chave, que ficava no sagrado molho de chaves da vovó.

Desde de muito cedo aprendi o que era molho de chaves.

Que criança de 4 ou 5 anos sabe que o coletivo de chave é molho? Pois bem, não só eu sabia, como reconhecia o barulho do molho da vovó à distância.

Já reparou que cada molho de chaves tem um barulho característico? Engraçado, né?

O da minha mãe tinha um. O do meu pai outro. Eu sabia de longe quem estava chegando pelo barulho das chaves.

Hoje não mais. Mal consigo escutar aliás, que diria reconhecer o tilintar dos metais.

Mas voltando a despensa da vovó. Ela tinha um cheiro. Um cheiro maravilhoso e completamente peculiar e único.

Fiquei impressionadissima ao ler o livro de Milton Hatoun “Relato de um Certo Oriente”.  Ele descreve os cheiros da infância dele em Manaus.

Como pode alguém descrever cheiros? E pior, como pode outro alguém reconhecê-los?
Pois bem, Hatoun descreveu os cheiros de seu passado. E eu reconheci todos. Acho até que voltei a senti-los enquanto lia o livro.

Ah como era bom entrar com minha avó naquele espaço encantado. Eu olhava direto para prateleira à direita perto da porta. Ela sorria para pegar o amardim que comprava só pra mim, rasgava um pedaço e colocava em minha boquinha aberta como se eu fosse um passarinho. Azediiiiisssimo. Aí que delicia.

O tempo passou e o amardim ficou doce. E grosso. E estranho. Apesar da embalagem ser exatamente a mesma ainda.

Não sei porque ainda como. É sempre uma enorme decepção. Uma pasta cheia de açúcar tão distante de minha infância.

Abri os olhos, vi meu filho e entreguei a ele o meu maior sorriso e disse:

– Nossa filho! Muito obrigada! Este amardim é azedíssimo, igualzinho ao da minha infância.  Abracei e beijei a pessoa que voltou a colocar doce na minha boca tantos anos depois.

Não que tenha alguma importância, mas não. O doce não era igual ao de minha avó. Mas o carinho dele foi.

Que saudade da minha avó! Qual é a sua melhor lembrança de infância?

Leia Mais:

Oh Cupido vê se me deixa em paz e para de atrapalhar o destino
A ilha – Viajar sozinha para North Eleuthera

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

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Nostalgia rima com…

Para mim, nostalgia rima com melancolia.
Nunca gostei muito dessa coisa de ficar relembrando.
Sabe aquela turma do “nunca me esqueço”?
Affffff…
Não há uma única vez que eu não escute (ao menos umas 20 vezes) a tal frase iniciando um novo tema.
– Nunca me esqueço quando…
– Nunca me esqueço aquela vez que nós…
Credo!!!
Não tem assunto?
Não tem presente?
Sua vida não lhe agrada hoje?
E, pior, sempre as mesmas histórias!
Puta improdutividade.
Nada de novo produzido, gente?
Adoro contar histórias, mas não vivo presa a elas.
E mais, não conto minhas histórias pra quem as viveu comigo!
Faça-me o favor.

Agora, descobri que existe – sim – uma nostalgia que não rima com melancolia.
Uma nostalgia que rima com alegria.
Quer ver?
Cheiro de infância…
Tem coisa mais gostosa?
Outro dia, entrei em um empório de bairro; acho que um dos últimos da cidade.
Senti o cheiro dos temperos a granel.
Era o cheiro da despensa da casa de minha avó.
E como uma coisa puxa a outra, veio na minha boca o gosto daquela balinha de cevada da Sonksen que a vovó comprava junto com o chocolate do Urso.
Íamos a pé ao PegPag – eu, meus irmãos e meus primos – para comprar coisas pra casa.
Era uma época que crianças de 10 anos iam a pé e sozinhas ao mercado.

Paraaaa…
Isso tá virando nostalgia, tá vendo só???

Voltando aos cheiros da infância.
Eu me lembro da colônia Pinho que o papai usava após a barba.
Ele sempre pincelava meu nariz com espuma de barba…
E por falar em pinho, ai de mim se eu pisasse na cozinha que cheirava a Pinho Sol. Isso significava que ela tinha acabado de ser limpa!!!
Mas tem também o cheiro que até hoje não suporto…
Terça-feira era dia de fígado…
Gente!!!!
Por que?
Por que elas faziam isso conosco?
Fígado???
E ainda tinham a pachorra de colocar uma cebolinha por cima…
Aí, saia correndo pra lavar as mãos e a boca com aquele Phebo.
Sabonete preto com um cheiro bom, mas estranho.
Cheiro de remédio que limpa.

Cheiro de…
Gibi novo.
Mentex no cinema.
Sala de artes do primário.
Talco Cashmere Bouquet.
Neutrox.
Pastel de feira.
Bolinho de chuva nas férias.
Churros na praia.
Prova rodada em mimeógrafo.
Vick Vaporub no dia de faltar na escola.

Tem, sim, nostalgia que é melancólica.
Mas também tem nostalgia que é pura magia.
A magia dos sentidos e a do feitiço dos cheiros…

Eliane Cury Nahas

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