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Vestido para mãe do noivo é quase um pagamento de promessa

Dominique - mãe de noivo
Meu filho marcou o casamento para julho de 2017. Compartilhou esta felicidade com a gente em novembro de 2016, tempo suficiente para encontrar um vestido bacana e que tenha tudo a ver com o estilo descolado do casório, certo?

Ledo engano. Comecei a fuçar aqui, acolá. Recebi indicação de alguns lugares que alugam e, cá pra nós, considero o preço um acinte – R$ 2000,00 para alugar um vestido que nem me alegrou levemente, apenas ameaçou um esboço de sorriso assim meio amarelo de canto de boca.

A saga começa na verdade com a numeração. Quem entra naqueles vestidos, conta pra mim?

Que mãe de noivo usa naquela numeração?

Só se sofrer de anorexia. A pessoa não precisa ser mignon, mas sim ter vivido os últimos anos em missões na África.

Na primeira loja, comecei a separar alguns modelitos e a vendedora se apresentou perguntando:

– Para qual ocasião você está procurando?

Respondi toda pomposa:

– Para o casamento do meu filho, sou a mãe do noivo.

Ela deu um giro no meio da loja, achei que ia me aplicar um golpe de capoeira e me levou correndo para outra sessão.

Pensei que era uma filial do Cemitério São Paulo ou uma prévia do Baile da Saudade. Predominavam o azul marinho (que eu acho chiquérrimo), marrom (adoro, mas para a ocasião achei um pouco pesado), cinza (não o Fendi) e vinho.

ABSOLUTAMENTE TODOS com bordados ou aquela telinha que me deixa muito, mas muito nervosa.

O casamento aconteceria no pôr-do-sol, em um lugar supertransado, a cara dos noivos, na Vila Madalena em São Paulo.

Não rolaria algo com tafetá, muito brilho, babados, MANGA PRESUNTO, paetê e afins.

Sem contar que nada disso combina com o meu jeito.

Sou alta, ombros largos, falo com as mãos e com um modelo desses pareço um peru num pires. Forget!

Para festas sempre optei por algo simples e impactante – sabe aquele vestido liso, com caimento perfeito, com as costas de fora, uma fenda bem charmosa na perna e que, pelo amor do santo padre, disfarce a barriga (drapeadinho básico)?

Para, sua louca! É casamento do seu filho, esqueça qualquer tipo de sedução.

Comecei mais uma etapa da saga, experimentando os vestidos e querendo correr três dias sem olhar para trás.

O primeiro foi um cinza que a vendedora forçou em chamar de Fendi, mas vá lá que seja.  Todo em renda (sem brilho, condição inegociável para mim) em estilo sereia.

Quando olhei no espelho realmente tive vontade de cortar os pulsos, mas me faltava uma lâmina enferrujada, porque se não fosse por hemorragia, seria por tétano a passagem dessa para melhor.

Sereia? Eu era uma baleia com um laço. Depressão total.

Bem, seria muita sorte acertar no primeiro.

Vamos em frente, gostei de um ombro a ombro num tecido adamascado fosco, fendi/marrom.

O 42 não fechava nas costas. A moça prontamente trouxe outro, 46.

– Desculpe-me, mas não tenho 44, mas podemos ajustar.

Vesti o dito!

Depressão parte II – O Retorno.

Eu parecia um abajur da casa do meu ex-sogro.

Partimos para o terceiro modelo, um verde mais escuro, musgo talvez, com leves traços de flores em um tom mais claro.

Quando eu me vi não pude acreditar, eu era uma cadeira Bèrgere.

Desisti, fugi e comecei a pensar em faltar na ocasião.

Sem a opção de colocar uma fantasia de árvore, a novela se repetiu em várias outras lojas.

Aí, eu cai e acordei!

É um casamento, é o casamento do se filho criatura, às 4 da tarde, menos é mais.

Bárbaro, onde eu encontro mesmo o “menos é mais” para mãe de noivo? Talvez na Babilônia.

Passei noites a fio caçando a salvação da lavoura no Pinterest e no Instagram e, madrugadas e madrugadas,  quase sem esperança alguma a acalentar minha alma.

Não é que achei um lindo, exatamente como gosto, charmoso sem ser vulgar, nude, cor lindíssima para mãe do noivo e que aparentemente não precisaria vender parte do fígado (que graças a Deus se regenera), nem o rim (este ninguém compraria, é uma fábrica de pedras).

O mais surreal é que ele estava numa loja em Piracicaba, sim, a terra da pamonha. Nem precisei ir à Babilônia. Chama-se Set Poin e a vendedora excepcional é a Lea, uma querida.

A loja vende modelos de uma grife mineira lindíssima, é maravilhosa, vestidos superbonitos, atendimento bárbaro e eu nem tive que elaborar um power point para explicar para a vendedora o que eu queria e o que eu abomino.

Sem eu falar qual vestido que tinha gostado no Instagram, em meio a centenas de modelos, qual ela me mostrou?

O nude, liso, charmosíssimo, com o tal drapeado e, para alegria geral da minha nação, com as costas nuas.

AÍ QUE ALEGRIA!

Agora basta colocar um brinco de arrasar e uma sandália show. Pronto!

Há esperança para mães de noivos que fujam do esterótipo da senhorinha indefesa.

Péra lá, tinha 51 anos, meu filho 33 (somente 18 anos nos separam), mato um zoológico e desvio das antas (o que dá muito mais trabalho) todo santo dia.

Na época estava namorando, me visto de um jeito legal, nada formal, mas nunca querendo parecer uma menininha.

Até quando eu era garota não tinha muito a ver com meu estilo.

Quanto às cores, Jesus nos Salve, nós somos mães, não madres enclausuradas.

Lembrando que, se seu rebento está ali, alguma coisa você aprontou, a melhor coisa do mundo. Portanto, de santa a gente não tem nada!

Ufa! Finalmente a Marot achou o vestido perfeito, você já passou por uma situação assim?

Leia Mais:

 CURTO x LONGO
Papo de mulher! Vamos falar de laser íntimo e rejuvenescimento?

Marot Gandolfi

JORNALISTA, EMPRESÁRIA, AMANTE DE GENTE DIVERTIDA E DE CACHORROS COM LEVE QUEDA PARA OS VIRALATAS.

24 Comentários
  1. Adoro seus textos! Sempre com muito bom humor e tiradas fantásticas! Bem vc!! Obrigada por me fazer rir alto sozinha!!! Kkkkk aguardando novos textos!

  2. Também viu ser mãe de noivo em marci/2018. Final de tarde, num restaurante à beira da praia…cerimônia ao ar livre!!!O que devo usar???visto 44/46 lutando pra perder peso! ! Socorro!

    1. Maria Ines,

      A grife é a Arte Sacra. http://www.artesacramoda.com.br/

      Endereço: R. Lavras, 605 – São Pedro, Belo Horizonte – MG, 30330-010
      Telefone: (31) 3287-1417

      Acredito que você vá encontrar uma excelente opção.

      E prepare seu coração, ver o filho casar é uma das emoções mais fortes e lindas que eu já senti.

      Depois me conta.

      beijos

  3. Amamos que vc gostou e citou nossa loja em seus comentários, temos muitos modelos lindos para mães, madrinhas e convidadas, muitas felicidades ao casal e agradecemos a vc ter vindo de longe (não tão longe rsrsr) para nos prestigiar.. bjssss❤️

    1. Vocês da Set Point são tudo de bom e mais um pouco. Há uma pessoa, uma seguidora nossa, que está em BH e quer conhecer a grife Arte Mineira. Onde ela pode encontrar lá?

  4. Independente de mãe é madrinha de cadamento ,vc fica exposta achando que todo mundo está reparando vc.
    Essa maratona infeliz que essa numeração no Brasil 44 é 42
    Ou tamanho único.
    Aí encontra um que te agrada mas vc sente que está faltando algo.
    Chegando vc se depara com cada peça rara aí vc vai para a galera. TÔ MUITO É ESTILOSA.
    Realmente o menos é mais e não tem como errar.BJS

    1. Salomé,

      É isso mesmo. Meu vestido não nada e é tudo. O que vai ter que vai arrasar mesmo é o brinco que é o máximo!
      Menos é sempre, sempre mais! beijos

  5. Amei o texto, ri muito, identificação massiva apesar de não ter filhos casando. Faltou o nome da loja em Piracicaba, Instagram…

    1. Maris,

      Eles sendo felizes é condição básica para a gente também ser, nao é?
      Momento mágico! beijo

    2. Maris,

      É uma felicidade tão grande, mas tão grande que é difícil explicar. E eles sendo felizes, a gente fica feliz, né? beijo

      1. Simone do céu adorei “identificação massiva, se me permitir vou usar em outros textos esta expressão sensacional!
        Chama-se Set Point Boutique é multimarcas e fica em Piracicaba duas horas de São Paulo. Procure pela Lea que nunca me viu na vida e sacou o que eu queria. E ainda foi uma fofa, pq aguentou as opiniões nada a ver do meu ex, Aff! Como falei num comentário acima, se você nao for da região de Piracicaba, programe um passeio para lá e depois vá almoçar o peixe no tambor na Rua do Porto. E estou em São Paulo e valeu a pena cada quilômetro da ida e da volta! Fica na Rua dos Operários, 361 – Cidade Jardim – @setpointboutique telefone 19 3432-4527. Depois me conta. beijo

  6. Muito bommmmmm adorei. Já passei por isso. Mas minha filha se casou em uma noite fria de Junho. Isso ajudou muito meu modelito foi bem sóbrio.Mas de muito bom gosto. Momento muito da vida…

    1. Angelica, você concorda que menos é mais? E o inverno ajuda uma barbaridade, ficamos lindas e não precisamos nos preocupar com o “tchauzinho! Esse momento é tudo! beijo

    1. Maria Ines,

      A loja é multimarcas e fica em Piracicaba, no interior de SP. Duas horas de carro pela Rodovia dos Bandeirantes. Chama-se Set Point Boutique e fui atendida pela Lea que nunca me viu na vida e entendeu exatamente o que eu queria. Sem falar que teve uma paciência de Jó para aguentar os pitacos do meu ex que não entende nada do assunto e insistia em emitir sua opinião. Aff! Se você nao for da região de Piracicaba, programe um passeio para lá e depois vá almoçar o peixe no tambor na Rua do Porto. E estou em São Paulo e valeu a pena cada quilômetro da ida e da volta! Fica na Rua dos Operários, 361 – Cidade Jardim – @setpointboutique telefone 19 3432-4527. Depois me conta. beijo

  7. Kkkkkk Adorei!!!
    Que bom que a saga “vestido de mãe de noivo” , acabou!!!!!
    Quero ver quando chegar a minha vez!!

    1. Cassia,

      Você vai amar, embora o perrengue do vestido seja um caminho que parece interminável! Mas ver os dois tão felizes! Haja Prosecco, vou dançar até…. beijo

  8. Muito BOMMMMMM!!!!!
    Ri mto pq eu devo ser uma mãe de noivo atípica ….meu manequim é 38/40 então tudo q vestia ficava mto bonito(sem falsa modéstia Kkkkk) e o outro ponto foi q comprei exatamente o primeiro vestido q experimentei…..juro q não sou anoréxica ….mas claro , não sem antes me divertir experimentando um milhão de vestidos , só p sacanear.,detalhe: nude TB !!!!!!!.
    Sabe que até me achei o máximo no casamento ??????? Hahahaha bjs

    1. Yara, estou roendo as unhas dos pés, porque as das mãos eu já comi de inveja (brincandeira!) do seu manequim. Eu acho que nunca vesti 38/40, pulei para o 42/44 direto! Nude é tudo de bom, não é? Sabe por que você se achou o máximo? Simplesmente porque você é o máximo! beijo grande

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Astor Piazzolla – O show que faltou

Astor Piazzolla e Gerry Mulligan.
Dominique - Música

Não vou mais falar que sou louca por música. Esta é a última vez. Ou penúltima. Mas hoje é aniversário dele!!

Cigarro foi meu único vício. Foi.  Abandonei há 4 anos. Digo isso porque não se pode considerar algumas outras coisas como vícios. Talvez obsessão. E shows ao vivo sempre foram uma de minhas maiores obsessões.

Caçava shows pela cidade e fora dela. Fui ver artistas que queria muito! Outros porque precisava ver uma vez na vida. Outros porque gentilmente fui convidada e impossibilitada de recusar. Acho que realizei todos os meus desejos menos um.

Por imaturidade ou pura ignorância conheci tardiamente um compositor e músico através de uma música que me encantou. Encantou no sentido literal de enfeitiçar.

Grávida de meu primeiro filho, aos 24 anos, numa certa noite, lembro de estar sentada no chão fazendo qualquer atividade com o rádio ligado. Acho que a meninada de hoje nunca vai entender que ouvíamos rádio em casa, né? Ou era só eu?

Bom, me lembro de estar no chão, entretida com minha atividade, quando começaram os primeiros acordes. Na verdade sons de um saxofone. Um lindo sax que foi num angustiante crescente até o momento que aconteceu um instrumento que não conhecia.

Sim aconteceu! Foi daquelas sensações que você tem uma vez na vida, sabe?

Arrepiei dos pés a cabeça. Fui às lágrimas. Pode parecer exagerado ou pode ser que tenham sido os hormônios.

Mas agora também? Estou escutando a dita música para escrever este texto e não consigo não me emocionar.

Voltando… Aguardei ansiosa o locutor anunciar o nome da música e seu autor. Entra o comercial. Aguardo ainda mais ansiosa. Volta outra música e nada do locutor.

Era uma rádio FM. E naquela estação específica, os locutores, às vezes, diziam os nomes das músicas, às vezes não. Imagino que naquele horário nem tinha locutor.

Desesperada peguei a lista telefônica.

Gente, 1988! Não tinha Internet, Google, muito menos Shazan e SoundHound. Você lembra das Páginas Amarelas? Não sei exatamente qual foi minha busca, se foi “rádio”, “FM”ou o quê. Mas achei a tal rádio Eldorado.

Well… De achar o telefone de uma rádio até descobrir o nome de uma música já tocada, vai um longo caminho. Pois eu o percorri por completo.

Meu marido entrava e saía da sala atônito sem entender para quem eu ligava e com quem eu conversava às 23 horas daquele quente mês de novembro.

Quando digo que sou obcecada, sou mesmo.

Consegui chegar no programador ou algo parecido.

– Moço, por favor, qual o nome da música que tocou há uns 15 minutos?

– Qual delas menina?

– Não sei dizer. Não sei de quem é. Tocou antes do comercial.

– Deixa eu ver aqui…

E me falou uma série de nomes de músicas que apesar de não conhecê-las, tinha certeza que não podiam ser.

Comecei a ficar agoniada e ele irritado.
Até que eu disse:

– Moço, começa com um saxofone lindo.

– Ahhh, mas essa música tocou há uma hora!

Sério? Eu estava na minha insana busca há uma hora?

– Pode ser “Years of Solitude”?

Tive certeza que era esta música. Com esse nome. Isso. Só poderia ser.

-Sim! Essa mesma.

E continuou o locutor do outro lado:

Years of Solitude de Gerry Mulligan e Astor Piazzolla.

E foi aí que conheci Piazzolla.

No dia seguinte, meu marido trouxe de presente o LP. Escutei o disco o resto de minha gravidez inteira. E fui conhecendo mais Piazzolla.

Descobri que aquele instrumento que aconteceu em minha vida se chama bandoneon. E fui amando Astor. Que nem por isso veio para o Brasil depois que eu o descobri.

Este foi o preço de ter tido uma tardia descoberta, porque sei que muitas turnês ele fez por terras nostras antes disso. Piazzolla foi o show que faltou em minha vida. Mas quem sou eu para reclamar?

Meu filho nasceu em março de 1989. Menino lindo. Sensível. Mais sensível, talvez, que esta que vos escreve.

E ainda pequeno, por volta de seus 7 ou 8 anos, me pediu para aprender um instrumento.
Disse que queria aprender a tocar saxofone.

– Como assim sax, meu filho? É muito difícil.

Tanto ele fez que foi aprender a tocar sax.

Quase morri em seu primeiro showzinho da escola de música. Quase morri quando de alguma maneira, anos atrás, ele de seu jeito tão peculiar, me fez entender que Take Five do David Brubeck seria a nossa música.

O show que faltou não faltou, porque trouxe a possibilidade de outros. Com outros artistas, outros instrumentos, outros amores.

Obrigada meu filho, por todos os shows que tem me proporcionado ao longo da vida. Admiro muito os instrumentos que escolheu para tocar a sua vida.

Espero ter tempo de contar os shows que marcaram minha vida, dos músicos, das músicas. Até porque, se um dia eu for contar a minha história, os capítulos serão todos nomes de música.

Mais uma versão desta música, Years of Solitude, agora a gravada em estúdio, aquela que ouvi incontáveis vezes!!

Leia mais:

A publicidade não fala com as Dominiques. Por quê?
Sabe aquele show que marcou a sua vida? O meu foi esse…

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

6 Comentários
  1. Além de um texto leve e gostoso como é o natural de sua forma de viver …confesso a oportunidade de ter acesso a essa música de novo foi maravilhosa…ela te derruba pra te resgatar e te levar ao topo…grande viagem. Assisti ao último show de Piazzola no Rio ainda Cabeção…inesquecível. sem mais o que argumentar..valeu

  2. Adorei o texto! Sensível e intimista. Muito bem escrito. Capta a atenção do leitor com maestria. É como se estivéssemos na sala, falando ao telefone…
    Muito envolvente,

  3. Oi Eli! Linda sua crônica! Ouço a Eldorado todos os dias no carro, e ano passado ela ganhou como a música mais tocada na radio! Amo também esta música! E a primeira da minha playlist…

  4. Adorei a cronica.tambem adoro esta musica.me apaixobei por piazzola quando tinha 24 snos e ouvi em um show de tango balada por un loco e fiquei alucinada pelo som do bandoneon. Ate hoje piazzola me arrebata…

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O namorado da minha filha é um estorvo

Dominique - namorado estorvo

Planejei ter um filho. Sei até o dia em que foi encomendado. No 5º mês, descubro que é uma menina e surto de alegria. Saio insanamente às compras: roupinhas, jóias, fivelas, sapatinhos, quarto, decoração. AiQdelícia!

O rebento nasce linda, cabeluda, uma Elba Ramalho. Para se ter ideia, cortou as madeixas aos 3 meses de vida e, na festa de 1 ano, fez escova. Quase uma anã. Primeira neta do lado do pai. Mimada? Imagine! Ganhou tanta jóia que parecia a vitrine de uma loja de bijoux da 25 de março. Confesso que brinquei de boneca por muito tempo.

Similar a uma andança pelo Caminho de Santiago foi a nossa escolha pelo Colégio. Natação, ballet, inglês, festinhas, festonas, acampamentos, viagens, festa do pijama, Campos do Jordão em Corpus Christi com 11 adolescentes (esta vale uma outra crônica) e por aí vai.

Até que a princesa entra na faculdade. Uau! Minha filhota, que ontem usava fraldas, está alçando vôo solo. Seria muito melhor se fosse solo.

Sempre tivemos infinitas conversas sobre tudo. Todos os temas. Mas há de ter um limite, só que descobri isso tempos depois.
Não vamos nos enganar. Os tempos mudaram, a convivência mudou (o respeito, não), os namoros não são os mesmos, graças a Deus! Tenho várias amigas que se casaram virgens! Baita tiro no escuro, concorda?

Voltando ao caso, minha filha levou o namorado pra nossa casa. Entendo – agora – porque ela enrolou tanto para apresentar o elemento. Sabe aquele coque que os moços estão usando e que eu acho um HORROR? Pois é. O dito cujo tinha a metade da cabeça raspada e o que sobrou era um coque, meio oleoso, ensebado. Credo!

Quando olhei a orelha do cidadão – e era impossível não ficar fixada naquilo – vi que ele tinha uma argola do tamanho da minha frigideira (a maior) pendurada no lóbulo direito. Mas um buraco tão grande, tão grande, que eu podia atravessar meu braço inteiro pelo furo.

Tentado desviar o olhar, já estava ficando deselegante da minha parte, eu puxo conversa. O infeliz é monossilábico, justamente comigo que fico íntima da mocinha do telemarketing da NET.

– E ai, Thiago, que ano você está na faculdade?
– Segundo. Responde o ser.
– E gosta?
Diz a pessoa, um eloquente:
– Sim.
Como uma boa escorpiniana ainda insisto:
– Você pretende atuar em qual área?
O indivíduo solta:
– Não pretendo atuar na área.

Esbugalhei os olhos e pensei cá com os meus botões: se ele não vai trabalhar, minha filha que vai sustentar ou eu que vou sustentar? Como vou apresentar esta pessoa esquálida para os meus tios, sabe um Agostinho da Grande Família, só que metido a intelectual, porque cursa a Universidade?

A situação só ficou pior quando soube que ele já estava fazendo o segundo ano pela terceira vez. Meu Deus, ele vai jubilar.
Resolvo dar uma de leão da montanha e saio pela direita.

O casal de pombos com brincos vai para o quarto para assistir algo na TV, estudar, ouvir música. Prefiro acreditar nisso já que o que os olhos não vêem, o cérebro não registra.

Sentada na sala, com um livro nas mãos, mas sem a menor chance de absorver o conteúdo da narrativa, ouço a porta do quarto bater. Ops! Continuo fingindo imersão na leitura e juro, quase enfartei.

O moço do coque passa pela sala de cuecas. Isso mesmo – vou repetir – o moço do coque passa pela sala de cuecas, descalço, só que agora com os cabelos molhados.

Pensa que grunhiu algo? Como se eu fosse um abajur, foi até a cozinha e abriu a geladeira.

Meu mundo caiu e não era música da Maysa.

Com o sangue subindo para a cabeça, quase a ponto de capar a criatura, faço a respiração 4×4, neste caso fiz a 16×16.

Já um pouco mais controlada, parando de tremer, ouço a seguinte frase:
– E aí, o que vai ter para o almoço?

Não deu. Tudo tem limite nessa vida, aliás colocar limite é fundamental, liberdade não é libertinagem. Pera lá, hoje é domingo, eu não faço almoço, a gente come fora! Se quiser prepare um miojo, estorvo.

Enfim, depois de 3 dias, o projeto de índio vai embora, mas vai voltar.

Vejo aquele sonho de uma vida linda, dentro dos conformes, para o ser que expeli do útero cair vertiginosamente, em queda livre. Só me resta torcer para ela acordar em tempo de fugir do traste.

Que namorado ruim hein? Você já passou algo deste nível?

Leia Mais:

Casados há 24 anos e ainda namoram? Conta outra, pelamor!
Mãe de noivo também tem vez!

Marot Gandolfi

JORNALISTA, EMPRESÁRIA, AMANTE DE GENTE DIVERTIDA E DE CACHORROS COM LEVE QUEDA PARA OS VIRALATAS.

2 Comentários
  1. Tô passando por uma situação parecida não tanto assim como essa narrada mas também tá difícil de aturar o sujeito não sei mais o que fazer tenho orado bastante por ajuda

  2. jamais alguém será bom o suficiente para nossos rebentos, mas precisam concordar, tudo tem LIMITES

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O Dia Que Meu Filho Disse: Precisamos Conversar.

Dominique - Ser Mãe

Quando meu filho falou com todas as letras aquilo que eu já sabia no coração, mas procurava a todo custo abafar, foi como se uma avalanche de sentimentos tivesse me atingido.
Preocupação, medo que ele sofresse, medo de sofrer, vontade de proteger, vontade de chorar, de gritar, de fugir, de por no colo, tudo junto e misturado.
Ninguém espera por isso!!!!

Quando perguntamos a uma grávida: você quer menino ou menina?
Posso afirmar que nenhuma, absolutamente nenhuma mãe irá responder com um sorriso:
– Estou torcendo para ser gay!!!!!

Hoje me questionam se eu aceito numa boa.
Digo que não me foi dada a opção de aceitar ou não.
Assim como não foi dada a ele a escolha de ser ou não gay.
Meu amor absoluto, incondicional, estratosférico não me deu escolha.

Ele é meu filho, será sempre, mesmo que seja azul, verde, alto, baixo, gay ou hétero.
Foi fácil??
É fácil?
De jeito nenhum. Nem para ele, nem para mim.
Passamos por vários ajustes, adaptações, brigas e reconciliações.
Saímos cheios de cicatrizes e lesões, mas o amor que me une a ele nunca sofreu nenhum arranhão.

Disse a ele, no momento em que me contou a “bomba”, que ser gay não o faz melhor e nem pior que ninguém.
Que todos os valores que passei a ele continuam valendo.
Que princípios não dependem da sexualidade, dependem apenas do caráter e MEU fIlho (assim mesmo, com letras grandes, com muito orgulho) tem isso de sobra.

Ser mãe é maior que ser mãe de gays ou de héteros.
Ser mãe é amar, amar, amar e depois amar mais.

Maria Leite Ribeiro

SOU MARIA MONTEIRO LEITE RIBEIRO E TENHO 49 ANOS. APESAR DE TER NASCIDO “EM BERÇO DE OURO”, COMECEI A TRABALHAR COMO BABY SITTER AOS 15 ANOS. AJUDAVA DIARIAMENTE UMA AMIGA DA MINHA IRMÃ NAQUELA HORA CRÍTICA PARA TODAS AS MÃES: BANHO, JANTAR E HISTORINHAS PARA RELAXAR. FOI AÍ QUE DESCOBRI A MINHA VOCAÇÃO: SER MÃE. ESTAGIEI EM ALGUMAS ESCOLAS E ME FORMEI EM MAGISTÉRIO NO COLÉGIO SION. EU ME CASEI MUITO CEDO, COM 18 ANOS, E AOS 21 JÁ ERA MÃE DE 3 MENINOS (LOUCURA, LOUCURA, LOUCURA!). QUANDO TINHA 27 ANOS, EU ENGRAVIDEI DA MINHA CAÇULA. SIM, SIM… QUATRO FILHOS!!!!! E, SIM, TODOS DO MESMO MARIDO!!!! FIQUEI CASADA POR 14 ANOS E, AOS 32 ANOS, EU ME DIVORCIEI. DESDE ENTÃO SOU MÃE E PAI, ENFERMEIRA, DONA DE CASA, PROVEDORA, MOTORISTA, EDUCADORA, PSICÓLOGA, CONSELHEIRA, CHATA, CARETA (ÀS VEZES) E SEMPRE MALUCA. O PESO DA RESPONSABILIDADE DE CRIAR ABSOLUTAMENTE SOZINHA ESSES 4 SERES HUMANOS FOI E AINDA É BEMMMM PESADO. MAS QUER SABER? EU NASCI PARA ISSO. NÃO IMAGINO MINHA VIDA SEM ESSES CHATOS MARAVILHOSOS QUE ME PERTURBAM TANTO E QUE ME ENCHEM DE ORGULHO.

6 Comentários
  1. Eu sou gay,tenho 21 anos, mas meus pais n sabem, eles soltam indiretas e criticam e n respeitam o público LGBT. Eu vivo inseguro me fingido e sofrendo todos os dias.meu pai é um ogro e minha mãe uma evangélica condenando os gays ao inferno.
    Há momentos q eu quero falar. Mas tenho certeza q seria expulso de casa e agredido.
    Meus pais já disseram muitas vezes q preferiam ter um filho bandido/traficante a ter um filho “baitola”.
    Estou estagnado em várias áreas da minha vida por causa disso.
    Enfim
    Espero um dia sair do teto deles viver minha vida, poia sei q n terei apoio deles

    1. Scorpion,

      Eu não sou psicóloga, portanto não sei que orientação dar para você, mas acredito que eles falem isso porque tenham muito medo de você sofrer com agressões e preconceitos da sociedade.
      Mãe e pai amam os filhos incondicionalmente. Podem até ficar num primeiro momento assustados, apavorados, talvez até revoltados, mas nada como o tempo para apaziguar, principalmente se virem que você é feliz e está se realizando na vida.

      beijo grande

    1. Teresa,

      Filho é filho. Careca, cabeludo, baixo, alto, magro, gordo, hetero ou homo, como amar um filho só se ele for do jeito que a sociedade quer. Não existe isso.

      beijo grande

  2. Parabéns pela sua atitude!!!!!
    Filho o que importa é o carater o respeito o amor a humildade que apos esta atitude sua Vc transmitiu tudo para ele nesses anos de convivencia!!!
    O amor não tem sexo nem origem nem cor!!!!o amor de uma mãe é incodcional!!!!

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