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O Manto da Invisibilidade

Modéstia a parte, ou totalmente sem ela, sempre fui daquelas que ao entrar em um lugar cabeças se viravam para me acompanhar.
Fosse pela minha altura, meus cabelos, minhas roupas ou pelo conjunto da obra, sempre fui acostumada a ter olhares a me seguir.
Mas veja só, parece que como num passe de mágica, ao fazer 50 anos, vesti o sagrado manto da invisibilidade.
Percebo que não sou a única.
Minhas amigas também estão nesse processo de desaparecimento gradual.

Mas até aí, desgraça de muitos alegria de tonto, né?
Adelante, Dominique!!
Só que percebo que surge um fenômeno.
Percebo que as mulheres começam com esta idade ou até antes a fazer um movimento para sair deste lugar onde os filhos já não precisam mais delas e as deixam num cantinho esquecidas.
O marido ainda ativo e vigoroso, por muitas vezes, se gaba de grandes “maratonas corridas”.
O que era natural para nós, hoje exige um certo esforço, uma certa ginástica.
Estamos tentando com todas as nossas forças não sermos invisíveis!

Afff…Vejo cada coisa que vc não acreditaria cara colega:
O que essa mulherada (eu inclusive) faz para jogar longe este manto indesejado!!

– Perceba na academia que algumas contemporâneas se estendem umas horinhas a mais.
Seria por causa do musculoso personal?
Pode até ser, mas pouco provável.
Chance maior é dela estar apavorada mesmo é com a proximidade do verão.
E quando falo apavorada não é figura de linguagem!!

– E aquelas que resolvem se engajar em causas político sociais?
Oh my God.
Só não são mais chatas por falta de espaço.
Mas não são invisíveis..Ah isso não são.

– E tem ainda as jovens.
Aquelas que não só arrancam o manto como a barra da saia tb.
Quanto mais longo o cabelo, mais curta a saia.

– Outro dia numa festa a fantasia, uma amiga foi de BondGirl e fantasiou o marido de James Bond 007!
Agora, um doce se você descobrir qual das BondGirls ela tentou representar.
Difícil dizer.
Mas, por dedução, maridão carecão, era o Sean Connery (ou algo remotamente parecido).
Daí, por exclusão e vendo suas roupas (ou a falta delas) e seus cabelos molhados ela era Úrsula Andress.
Coisa linda!!!
Fizeram o maior sucesso. Isso sim é ser visível!!

Mas a maioria já chegou a conclusão que o que vale é o bom humor e muita risada.
Mesmo assim, queremos é sermos vistas.
De maneira alguma me confunda com a cor da parede!!!
Por exemplo, ontem  tive um happy hour.
Aí veio aquela sensação ao entrar no bar.
Ai… Será???? De novo??? Poxa vida!!!
Mas até que ontem mandei bem!!!
Ahh, péra!! Jura?
Você está surpresa por eu contabilizar as cabeças que se viram?????
Nunca fez isso? ??????
Mentirosaaaaaaaaaa

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Dominique

Nasceu em 1964. Ela tem 55 anos, mas em alguns posts terá 50, 56, 48, 45. Sabe porque? Por que Dominique representa toda uma geração de mulheres. Ela existe para dar vida e voz às experiências, alegrias, dores, e desejos de quem até pouco tempo atrás era invisível. Mas NÓS estamos aqui e temos muito o que compartilhar. Acompanhe!

36 Comentários
  1. Fiquei viuva aos 43. Depois de alguns anos namorei. Me sinto bem com meu corpo,mas percebi que nesse momento me aprecio mas do que supostos interessados. Outro dia, depois de algum tempo de flerte, e dele ter me dado o cel, mandei mensagem do dia dos pais. Respondeu com um obrigado seco. Fiquei na minha. Hoje o vi, foi educado e distante. Fiquei pensando no que uma amiga disse. Que quando um homem pensa ou imagina o interesse de uma mulher da faixa etária dele, fica como que indignado tipo. _ Essa coroa não se enxerga! Kkkkk Acho que eles vêem espelho na gente. Vcs concordam meninas? E olha que a pessoa é três anos mais velho que eu, barriga mole, grisalho, bem caidinho! Tô melhor! Bem melhor que ele kkkkk

    1. Beth, você tem razão. Por exemplo, é raro que homens de 50 procurem mulheres de 50. Não sei se eles se enxergam mais novos ou se nos vêem como velhas. Há raras exceções, mas são exceções mesmo! É muito mais comum ver homens de 50, 60 com mulheres de 30 e 40, digo segundo relacionamento/casamento. Já as mulheres com homens mais novos são vistas como papa anjo, o que é uma injustiça! Concorda?

  2. Dominique!
    Acabei de enviar um email para um rapaz que faz vídeo motivacional, perguntando quando ele faria um vídeo sobre ter 50 anos! E agora? O manto da invisibilidade é mais um acessório que vou ter que carregar, mas e o TRABALHO!!!? Acredita que eu nem me lembrava mais que faria 50 anos? Pois estou num ritmo de vida que ainda preciso trabalhar muito! E ainda por cima resolvi me separar (depois de 28 anos) e trocar de emprego (depois de 17 anos). Culpa? Não, mas necessidade de mudar tudo! Descobrir o site e me ver uma Dominique foi a melhor coisa que me aconteceu nestas últimas semanas!Portanto não pare com o site , todas são maravilhosas, eu descobri o meu mundo e que eu definitivamente não estou sozinha! Sou sua fã! Obrigada.

  3. Estou vivendo esse momento,
    Vim ficar com minha filha , grávida e com uma bb de 1ano e 7meses, dois bbs, para cuidar e ajudar nas tarefas (todas ).
    Foram 4 meses de aprendizado, paciência e muito choro, me sentia um cone, cada hora era colocado num canto, sem direito a falar ou expor qq assunto.
    Será que ficamos tão distantes dos filhos a ponto de sermos tratados com estranhos? E a palavra certa é essa : ser invisível.
    Me olhava no espelho e via minha mãe , que cuidou de 7 filhos, não sei como!
    Deus deu muita força para nós mulheres.

  4. Tenho 58 anos e aceito o tempo de envelhecer. Nada é eterno. Faz parte da vida. O que vi aqui na maioria dos comentários, uma certa amargura ,uma revolta contra o tempo. Cuidemos da alma sempre para aceitar o tempo das coisas.

  5. Wow…eu achei incrivel ler sobre o que voce escreveu…tenho 52 anos e hoje fui almoçar com minha filha e eu estava justamente falando sobre esse manto de invisibilidade…..Complimenti…estou aliviada por não ser a unica a me sentir assim…..obrigada !!!!!

  6. É exatamente assim que me sinto, parece que fui eu que escrevi este texto!!!
    Tenho 52 anos e ficar invisível, pra quem passou uma vida sendo muiiiito visível é uma fase de crescimento e mudança total de paradigmas e valores. Não que eu não me goste atualmente, pelo contrario acho que estou ótima em todos os aspectos. Entendo que preciso só encontrar outra turma, tenho algumas amigas mais novas que ainda não entendem isso. Parabéns pelo artigo, adorei!!!

  7. Preciso aprender a mexer vestir, sem parecer velha e nem coroa aparecida, sabe como é? Convivo com pessoas pouco mais novas que eu, estou sempre antenada, mas não quero passar de ridícula.

  8. Tenho 51 anos, uma marido mais novo, uma filha linda de 15. Ainda não sou invisível, mas tenho, mas tenho vergonha de encarrar as pessoas, como se elas fossem perceber que de perto “o negócio tá feio”. Costumo brincar que sou original de fábrica, nada de lipo, silicone, preenchimento nem botox ainda… Mas a vontade está imensa de fazer algo, o que me segura é que tenho medo de ficar como pior, pq uma hora eu vou ter que “envelhecer de verdade” como disse Dominique

  9. Me identifiquei total com o texto. Tenho 59 anos. Dividir estas experiencias, ler comentarios parecidos com nossos sentimentos me da uma sensação de alivio! “ não sou a unica” . Adorei conhecer o grupo! Que venham mais Dominiques ! Estamos juntas

  10. Desistir jamais. Não sou invisível. E qdo me perguntam se faço exercicios para a saúde, digo que não preciso pq já tenho saúde e está cuidada. Vamos ao embelezamento eterno, Afinal é algo que ocupa o tempo, distrai e ainda se fica bonita. Que atire a primeira flor linda, o primeiro nascer do sol maravilhoso e a primeira noite estrelada sensacional quem nunca quis ser belo.

  11. Fiz 61 em setembro. Em 2013 , ano do casamento da minha filha mis velha, resolvi deixar os cabelos platinados. Foi um drama! O único que realmente gostou, foi o meu marido.. e os meus cabelos que pararam de “se suicidar”… estava ficando careca com as tintas. Hoje me sinto melhor. Apesar da cabeça branca, ainda vejo alguns homens e , pasme, rapazes me lançando olhares… logicamente a proporção diminuiu drasticamente mas é ainda satisfatória…kkk No Brasil ainda existe muito preconceito, não apenas com os cabelos brancos, mas com a velhice em si! Mas o DOMINIQUE veio a calhar para sacudir a poeira!❤️❤️❤️

  12. Como disse Rita Lee: envelhecer é p os fortes!!!
    Acho q ela tem razão!
    E neste patriarcado em que vivemos: envelhecer é p fortalezas !!!

  13. Dia desses, fui “xingada” por uma “jovem” que aparentava 30 e poucos anos. Chamei um táxi e quando o carro chegou ela quis tomar como se fosse ela quem chamou, não era Uber ainda, como eu a convenci que o taxista veio atender ao meu chamado, ela soltou um sonoro “SUA VELHA”. Segui meu caminho refletindo sobre aquele xingamento, até hoje reflito. Como bem diz a @Consueloblocker: envelhecer no Brasil é errado.

  14. Haha Dominique! Tenho 47 e já sou invisível há mais de uma década, mas realmente nâo me importo…perdi o interesse em ser olhada, em ser atraente… está bom pra mim assim…

  15. Concordo plenamente, costumo dizer que estamos no limbo, já que os muito novos – não nos interessa é os da nossa idade(os que se salvam) só têm olhos para aquelas de, no máximo, 35 anos; difícil, né??

  16. Gostei! Farei 51 em fins de abril deste 2017. Tive um tumor no seio há 2 anos, fiz quimio, tenho uma filha de 15 e, para completar, em novembro de 2016 terminei o relacionamento com o pai dela, de quem já era divorciada há 14 anos… Descobri algumas coisas e percebi outras tantas, que aconteciam durante anos e acabaram fazendo parte de um inventário de desgostos. Finalmente, acho que estou fazendo o caminho inverso: me descobrindo depois de muitos anos de certo confinamento numa relação cujo saldo, ao final, foi negativo para mim… Me sinto extremamente liberta e feliz!

  17. Amei esse texto, pois é muito trabalho pelo momento que estou vivendo juntam com minhas Amigas dessa faixa etária… Mas temos que conviver com essa realidade.Afinal parece que faz parte dá cultura do nosso País….Mas tiramos de letra esse problema.Procuramos nos produzir muito bem e colocamos um belo sorriso no rosto…Bora ser feliz!!!!

  18. Vc só ficou invisível agora?Eu sempre fui. Padrão diferente é assim mesmo. Nunca vai ser visível. É quando chegar aos 50 já se acostumou.

  19. É muito difícil a invisibilidade quando estamos acostumadas a sermos atraentes, chamar a atenção, atrair olhares. Confesso que tem sido um tanto doloroso pra mim. Por mais que façamos não temos mais a beleza da juventude. Pior ainda é quando por alguma razão nos comparamos com uma mulher mais jovem…aí é avassalador. Se viermos a nos apaixonar por um homem mais novo entao, (sim, somos humanas, de carne, osso e sentimentos ainda ), aí a idade se torna um verdadeiro problema. Mas não temos outra opção,tentar sempre melhorar nossa aparencia, mas aceitar que os anos passam para todos.

  20. Concordo virei Dominique, aos 56 anos sou uma pessoa invisível, nunca me senti tão mau. Tenho como você escreveu muito ainda que contribuir mas será que vão deixar? Atualmente a experiencia não serve pra nada.

    1. Marcia,

      A experiência serve para muita coisa sim!!!
      E temos muuuuiiiiito o que fazer.
      Mudamos. Nosso papel no mundo mudou.
      Vamos mudar a visâo que o mundo tem de nos!!
      Ou pelo menos, vamos tentar, ne?

      Beijocas

      Dominique

  21. penso ser um desafio , para todas nós continuarmos atraente .. Sexy e interessante … E quer saber?? Acho estimulante Cuidar com toda atenção e carinho de você em um todo .., em todas as áreas Emocionais .., físicas.., mental … Sexual e espiritual …. E vamos a cada dia , desvendando este maravilhoso momento do Amadurecer

    1. Regina,
      Estou com vc. Tb acho.
      E somos muitas.
      E muitas de nós ja vimos isto.
      Falta o nosso em torno perceber e nao “atrapalhar”. kkkk.

      Bjbj

      Dominique

  22. Amei, me sinto da mesma forma, qto a me vestir então, fico, esse é ridículo p minha idade, isso é senhorio demais p mim, esse até que dá mas não gostei, enfim, fico em casa.

  23. Bom artigo…mas nos deixar de lado, especialmente no setor comerciario, lojas, marcas, e uma grande estupidez , falta de pesquisa de mercado…quem tem mais poder aquisitivo e financeiro? Somos nos…e dai pra cima…estabilizadas, querendo qualidade …As vendedoras sempre veem atraz de mim…e tentam elogiar algumas pecas q estou usndo(agradeco, mas nao funciona como galanteio de vendas). Mas na maioria , a moda ainda e totalmente focada “nas novinhas”…HAHAHA, coitados perdendo o mercado mais forte e poderoso, NOS.Ha algumas marcas q ja acordaram e estao fazendo um trabalho lindo mas acho q os precos sao mais apimentados…Somos “multadas e penalizadas” poe ser mais velhas e sabias?

    1. É verdade, quando encontramos algo que nos agrada… não é bem compatível com o nosso bolso….mas, vamos continuar na batalha meninas….avanteee!

    2. Ahhhhhh Magui…Aguarde!!! Vou falar muito sobre isso!!!
      Vou falar muito de como somos maltratadas e esquecidas pelo mercado!!!
      Vc viu meu vídeo “convidada de casamento”?

      beijocas

      Dominique

  24. Eu!! Triste constatação. Eu dei uma enloirada daquelas. Só não faço mais ginastica porque meu tempo continua o mesmo apesar de mais flacidinha. Fazer o que?! Respirar fundo e ir em frente! Atitude é tudo!

  25. Boa, vale lembrar o momento que vc saí com suas filhas e descobre que aqueles olhares não são mais para você

    1. Aiiii, Ana…Tem isso tb!! Acho que vou escrever sobre esse assunto, sabia?
      Eh tudo muito lindo..Mas em alguns momentos eh de uma crueldade conosco, ne?
      Beijocas

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Com que turma eu vou?

O que diferencia uma pessoa saudosista da que vive o presente? Penso sobre isso enquanto recebo mais dois convites de comemorações de fim de ano e lembro que enviei um para o pessoal do meu antepenúltimo trabalho. Aceito ou não?

Confraternizações de fim de ano mexem com nossa nostalgia. Entre os encontros com conhecidos de trabalho surgem os convites de velhos amigos que andavam sumidos. Curiosidade e medo. Como foram afetados pelo tempo? Vou conseguir ser generosa e aceitá-los como estiverem? E eles comigo?

Lembranças apagadas voltam à tona – conversas intensas ou engraçadas que atravessavam a madrugada; amigas que vinham salvar a mãe de primeira viagem; a paciência e carinho de uns pra me ensinar os macetes da profissão; os galanteios elegantes que deixavam a gente inflada.

Vixi! Outras memórias também pipocaram – mau humor de um; a intransigência política de outra; o gosto pela vitimização daquele que já foi tão próximo; a interminável conversa egocêntrica e surda daquela que poderia ser tão querida. A nostalgia evaporou.

Pesquisadores não confirmaram. Mas parece que a diferença entre os saudosistas e os atualistas está ligada a uma maior ou menor adequação à fase que se vive. Adolescências douradas, juventudes transviadas e mocidades glamourosas estão mais sujeitas ao apego ao passado quando as décadas se passam.

Já quem ficava deslocada da turma, sobrava nos bailes (estou falando de quatro décadas atrás, viu!), ouvia de longe o som das festas mais descoladas para as quais não foi convidada, tende a não sentir falta dessas fases. Não há lembranças gloriosas.

A vida pode seguir num crescendo próprio, com um dia de cada vez parecendo melhor que o anterior. Com o tempo, todas as festas ficam boas. Até que não se precisa mais delas. A gente mesmo inventa um motivo e faz a festa. Bônus da maturidade.

Há uma certa sabedoria em não apressar os prazeres (embora isso pareça conversa de nerd, de quem se ressente de ter sido excluída; sorry). A possibilidade de frustrações com as festas também diminui.  Até um encontro de amigos em um botequim com mesa branca de plástico se tornava um evento memorável.

Tudo isso para dizer que quando se chega a determinada fase (digamos, as fronteiras dos 50), os encontros começam a ficar mais seletivos porque ganhamos olho clínico para quem realmente mexe com nosso coração.

As confraternizações de fim de ano, exageradas por natureza, entram na linha do funil. A Dominique tem toda a razão no desafio que faz aos amigos em Vamos comemorar o fim de ano.

Ela contou que já foi arroz de festa de HH de fim de ano, como eu, e agora coloca à prova quem quer se manter próximo.

Calculo que tenha umas 400 pessoas na minha lista de relações (facebook, não se meta) em três décadas de ralação e relações. Um número inalcançável para se rever todos. Com quais deles quero me encontrar em dezembro?  Ou no ano seguinte? Hoje, consigo aceitar que a maioria passou sem deixar resquício no meu espírito.

Penso que já tenho um sistema de seleção, embora seja intuitivo. Aqui vão meus critérios:

Quem conquistou minha gratidão por ter me ensinado.
Quem ganhou minha gratidão por ter me deixado ensinar.
Quem falou e ouviu sem limites, em conversas que podem durar muitas horas.
Quem leu o livro que li ou o filme que adorei e sacou em um minuto o que nos encantou.
Quem disse, com afeto na voz, “isso vai passar”.
Quem apareceu milagrosamente para resolver o aperto total – tipo levo meu filho na escola ou vou entregar a proposta para a concorrência?
Quem falou “é tão bom te rever”.
Quem já chega, cinco anos depois, com um assunto de ontem, com gosto de recém-falado.
Que nos olha com olhos iluminados, felizes por termos chegado.

Quantos sobraram? Não importa. Sei que estão no número exato para encerrar o meu dezembro. E passar 2017 inventando motivos para encontrá-los. Felizes reencontros para todas.

Inês Godinho

Jornalista, brasileira, ciente das imperfeições e das maravilhas da vida. Contradições? Nada causa mais sofrimento do que um texto por começar e não há maior alegria que terminá-lo.

1 Comentário
  1. Que texto maravilhoso, Ignes! Parabéns, por diversos motivos: por nos deixar mais claro qual lista devemos investir, por essa capacidade em nos envolver nessa leitura gostosa e pelo seu aniversário, né?
    Parabéns, querida, tudo de muito e mais, sempre!

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Um happy hour com as amigas

–  Mas cadê a Tatá que não chega?
– Até parece que você não conhece a Tatá. Alguma vez ela chegou na hora?
– Com licença, posso pegar essa cadeira ou vocês estão usando.
……..
– Vai chegar uma amiga.
– Ok.

– Se ele quisesse sentar com a gente eu ligava agora pra Tatá e dizia que o encontro foi cancelado.
– Nossa! Que gato!
– Gente, esse cara deve ter uns 35 anos!
– E daí? Meu primo tem 68 e tá com uma de 32.
– Meu filho, outro dia, me contou que saiu com uma mulher de 46.
– Com quantos anos ele tá?
– 29.
– E você falou o que?
– Nada.
– Mas não perguntou nem se foi bom?
– Lógico que foi! Ela precisa perguntar?

– Gente, vamos mudar de assunto?
– Olha lá, a gente não deu a cadeira da Tatá, ela ainda não chegou e o bonitão já sentou.
– Aliás, aquela mesa não é nada mal. Aquele de camisa azul clara ali tem borogodó.
– O outro, de camisa branca, também não é mal.
– Mas ele tá de costas!
– Vocês estão com a corda toda hoje hein?

– Gente, alguém quer ir ao cinema semana que vem? Quero ver o filme do Daniel Day Lewis.
– Quem é?
– Aquele ator bonitão… que fez Lincoln.
– Porra, o cara é a cara do Lincoln e você acha ele bonito?
– Dá um Google e vê se eu não tenho razão.
– Peraí… vou ver. Como que escreve Dailius?
– Então… quem tá livre na quarta?
– Quarta eu não posso. Aniversário da minha sogra.
– Putz, eu tenho reunião de condomínio.
– Nossa! Programão, hein?
– Nunca vou, mas apareceu uma infiltração no meu banheiro.

– Achei! Bonitão mesmo… olha essa foto gente!
– E na quinta, alguém pode?
– Quinta o Flavio chega de viagem.
– Quinta é apresentação do balé da Bia.
– Ele que fez aquele filme… Meu pé esquerdo.
– Falando em pé, alguém me indica um ortopedista?
– Vai no meu cunhado. Depois te dou o telefone dele.
– Nem sabia que ele é ortopedista. Achei que era geriatra.
– Também serve!
– Fale por você!

– Gente… gostei desse Daniel, vou ver os filmes dele na Netflix.
– No Netflix. Aliás, tô vendo uma série ótima! Orange is the new black.
– Ah, eu comecei e parei. Não tô a fim de ver um monte de mulher presa.
– Mas é ótima!
– Prefiro ver o Patrick Dempsey, em Gray’s Anatomy.
– Quem é esse que eu também não conheço?
– Volta no Google.
– Gray’s é com ipsilone?
– Sabe quem eu acho um gato, de todas essas séries? Aquele loirinho que adivinha tudo…
– The Mentalist.
– Isso. Parece um anjinho da guarda.
– Nossa, se o meu for assim, vou rezar pra ele encarnar.

– Alguém quer mais chopp?
– Eu tô com fome. Vamos pedir aquela linguiça que é a melhor daqui?
– Tô de dieta. Pra mim, só se for linguiça de tofu.
– Gente, cadê a Tatá que não chega?

Helena Perim

Escritora e roteirista, trabalhou como diretora de arte em canais de TV e produtoras, mas acabou trocando o desenho pela escrita. Hoje, é freelancer na criação e no desenvolvimento de projetos pra TV e Internet. Também é autora de 4 livros de humor, que falam de comportamento, turismo e moda.

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Vamos comemorar o fim de ano… ano que vem!

A essa altura você ja me conhece um tantinho.
Quer ver?
Sabe que somos mais ou menos da mesma idade.
Sabe que sou bem-humorada, na maioria das vezes.

Que sou arquiteta.
Que odeio churrasco.
Que tenho um sonho de consumo meio diferente.
E que dezembro não é o meu mês preferido do ano.

Por que?
Dezembro é o mês de excessos.

Excesso de gastos – gastamos mais do que podemos
Excesso de comida – comemos mais do que podemos.
Excesso de bebida – bebemos mais do que devemos.

Sem falar que os nossos sentimentos ficam todos à flor da pele.
Mas tem a parte boa.
A parte dos encontros de fim de ano!!!
Oooooo delícia!!!!
Não, nem tanto…

Eu já fui arroz de festa de Happy Hours de fim de ano.
Ia a todos.
2 por noite… 3?

Não tinha um bolinho de arroz na cidade que eu não conhecesse.
Afinal, eu precisava nos 10 dias úteis de dezembro, ver tooooooodos os amigos que eu não tinha visto nos 11 meses anteriores.
Ou, às vezes, para tentar fazer a vida mais prática, juntávamos uma turma inteira num mesmo HH.

Vc já deve ter visto uma mesa num boteco com 20 pessoas tentando conversar e impedindo que as outras mesas conversem.
Sim, estes éramos nós.
Mas isto foi num passado distante…

A última vez que fiz isso – há muito tempo – foi em dezembro de 2015!!!
Pois é amiga.
Não aprendo.

Mas este ano – jureiiiii – que faria diferente.
Jurei que não me mataria.
Resolvi que só encontraria aqueles com quem me encontrei o ano inteiro.
Isso.

Afinal de contas foram eles que me fizeram companhia durante o ano.
Foram eles que souberam de mim e eu, deles.
E percebi que é com eles que quero confraternizar.
Não que eu não goste dos outros…
Gosto sim.

Mas, quando me ligam para combinar de nos vermos antes de acabar o ano, eu tenho sugerido um encontro em janeiro.
Um teste sobre a vontade de nos vermos.
Se ela resistir ao réveillon, e persitir na semana seguinte, nos encontramos.
Não só nos encontraremos dia 6 de janeiro, como muitas outras vezes ao longo de 2017.
E, provavelmente, teremos já agendado HH em dezembro do ano que vem!!!

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

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