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O Universo Conspira – Parte 2

Querida Dominique. Esta é a segunda parte do Texto O Universo Conspira Contra ou a Favor. Você pode ler este aqui somente somente. Mas para melhor compreensão, recomendo que leia o primeiro.

E no domingo, lá vou ao Super Mercado, resgatar meu cartão esquecido.  Até agora não acredito nas coincidências.

E como eu tenho que maximizar meu tempo sempre, já que estava no super, claro que  aproveitei e fiz umas comprinhas para semana.

Aí então, procuro a responsável pelo achados e perdidos. Agradecendo muito acabei contando toooodaaa a história pra simpática mocinha que o guardava. Quando terminei ela me mostrou uma foto.

– É este o senhor?

–  Sim sim!!!

– Nossa. Que sorte a senhora teve. Ele é um conhecido bandido da região. As câmeras de segurança já o filmaram assaltando a mão armada e furtando dezenas de vezes. Mas é simplesmente impossível pegá-lo. Ele é um gato. Some pelas sombras.

Saí de lá ainda atordoada com aquelas informações. Muitas fichas caíram simultaneamente.

Ao me aproximar de meu carro, vi um papel no para-brisa.

Peguei e era um bilhete endereçado a mim!

Dominique.

A essa altura já sabe quem eu sou. E provavelmente também já descobriu que o “Dr” e a “esposa” trabalham comigo. 

Naquele memento que me encontrou atrás da árvore, você percebeu quantas viaturas de polícia passavam pelo local? 

Sim, eu tremia. Tremia de excitação e nervoso após um roubo espetacular (desculpe a falta de modéstia). Esperava o momento certo para entrar naquela casa abandonada e desaparecer com meus colegas que me esperavam.
Aí você apareceu. A “boa samaritana” não pode deixar um homem passando mal. Não.. Que coisa!!!

Tivemos que improvisar muito. E improviso não é para amadores. Até que uma hora você finalmente foi embora.

E deu tudo certo. Só que não, né? Você tinha que voltar aqui hoje?

Ahh Dominique, Dominique. Que cabecinha, hein? Pegou seu cartão? 

Quando te vi chegando e conversando com a funcionária do super mercado, logo percebi que entenderia tudo. Já sabe até como faço para desaparecer na fumaça.

Mas não vou me alongar. Vou ser direto.

Não vá a polícia. Sim, isto é uma ameaça!

Querida, sei muito a seu respeito. Muito mais que nome apenas. 
Como? A pasta. A pasta que você esqueceu no bar. Lembra o que tinha dentro

Gelei nesse momento. A pasta.
Olhei na direção do bar. Os 2 balconistas me encaravam  com um sorriso no canto da boca. Fiquei paralisada. Eles também estavam no esquema. Voltei para o bilhete.

Tenho certeza que chegou a pensar que o  universo conspira pra quem faz o bem, né? Típico!
Querida. Me esqueça que te esquecerei, ok?

Beijos carinhosos nos filhotes,  Clarinha e João.

Ah,  não compre mais maçãs nesse lugar pois não são de  boa procedência.

De seu sempre bandido,

Arimateia.

Bem querida amiga Dominique. O que dizer disso?
O que dizer de uma história como essa?
Ela acaba aqui?

Não fique brava comigo, mas a minha história acabou no episódio anterior. Sim, sério.
Acabou a hora que soube que tinham achado meu cartão. Todo esse capítulo eu inventei.
Inventei e num primeiro momento era tudo um texto só.

Esse texto, está escrito há mais de três semanas. Mas eu simplesmente não conseguia publicá-lo.
Algo estava me incomodando.

Mas vamos por partes.

Por que mudei o final?

Primeiro eu acho  que fazer o bem não merece recompensa.

Calma, calma. Deixe-me explicar:
Foi incrível realmente terem me devolvido minha pasta e meu cartão. Mas no fundo no fundo, eu não queria ter sido recompensada por fazer algo que era minha obrigação, entende?
E quando me vi escrevendo, simplesmente minha consciência não me deixou parar no fim da história.

Depois que finalizei com a parte inventada, sorri para mim mesma.  Ahhhh, o texto ficou tão melhor com a parte malvada, não é mesmo? 

Texto pronto, história boa e era só publicar. Mas não o fiz.

Mas por que não publiquei de prima? O que me incomodou?

Bem, como é que eu poderia publicar algo mentiroso desse jeito?
Na versão malvada de  meu texto, eu acabei sendo prejudicada e muito, apesar de ter feito o bem.
Mas na minha vida de verdade eu não fui prejudicada. Muito pelo contrário.

Apesar de não ter feito mais que minha obrigação,  eu fui muito ajudada. Então por que passar a ideia de que o mundo é ruim? Por que passar a ideia que nada vale a pena?

O mundo já tem maldade suficiente e gente ruim demais para eu transformar um homem passando mal em um bandido, um casal bondoso  e um mocinho atencioso de um bar em cúmplices criminosos.

Não. Não consegui.

Espero sinceramente que consiga entender a mim e o caminho tortuoso de minha cabecinha complicada.  Mas fica aqui a mensagem. Faça o bem. O universo conspira sim.

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

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Mentira do bem – 3 mentiras que contei para não fazer mal a ninguém

Vamos falar sobre mentira?

Mentira #1

Oba…Festa de 50 anos da Alice. Festão. Vai todo mundo. Sabe quando as amigas estão no maior frisson? Whatsapp a mil.
– Com que roupa você vai?
– E cabelo?
– Você me empresta a sua clutch vermelha?
– Você sabe se fulano vai?
Enfim, esta curtição de antes do evento é uma delícia. E chega o dia. Valentina combinou de passar para me pegar.
Entro no carro e noto que a maquiagem dela está um pouco pesada. Mas deve ser a pouca luz.
– Nossa, Dominique, como você está bonita.
– Você também, Vale.
Chegamos à festa e, ao sair do carro, percebo que a Valentina, além de estar com uma maquiagem muito pesada, usava uma roupa que a engordava e a envelhecia.
Errou. Errou feio. Fazer o que? Acontece.
– Gostou da minha roupa, Dominique? Estou bem?
– Sim, amiga. Está ótima!
Menti. Menti. Menti.
O que adiantaria, já entrando na festa, dizer que aquela roupa não a estava favorecendo? O que adiantaria deixá-la insegura? Por que cargas d’água estragaria a noite dela?
Entramos, conversamos, dançamos, bebemos, rimos e fomos embora.
Com certeza ela deve ter sido alvo de fofoquinhas maldosas de algumas coleguinhas. Mas até aí, falamos de um monte de outras também. Faz parte.
E, numa outra ocasião, com calma e com muito jeito, falei que talvez aquela saia não ficasse tão boa com aquela blusa.

Mentira #2

Num boteco qualquer, lá pelas tantas, depois de outras tantas caipirinhas, Suzana me jurou amizade e amor eterno. Sabe aquelas coisas?
Eu disse que, da minha parte, ela sempre teria o mesmo.
– Dominique, sou e sempre serei a sua amiga, até de baixo d’água. Você sempre poderá confiar em mim. Desta boca só a verdade. Deste coração só amor sincero.

Muiiiiiita caipirinha. Eu sei. Mas, mesmo com todo este teor alcoólico nas veias, o teor de seu discurso parece coerente, né? Me desculpe. Não. Nem sempre. Não para mim.

Algum tempo depois esta mesma amiga foi vítima de uma reviravolta na sua vida.
Passou por baques e perdas horrorosas. Sofrimentos profundos.

Procurei Tânia, outra amiga nossa em comum, amiga muito querida, que com certeza poderia apoiá-la num determinado aspecto. Liguei, conversei e aguardei um retorno. Aguardei. Liguei novamente. Mandei mensagem. Aguardei. Até que, finalmente, a Tânia respondeu. Por mensagem…“Por favor, Dominique, não tenho estrutura e não quero me envolver com os problemas da Suzana. Não me procure mais. Sigamos nossos caminhos, quem sabe um dia, lá na frente…”

Li a mensagem, respirei fundo, deletei não só a mensagem, mas o contato dela e fui ver minha amiga Suzana.
– Suzana, você acredita que a Tânia está morando na Namíbia? Sério. Foi o primo dela que me contou. Por isso que não conseguia falar com ela.
– Nossa, será que ela está bem lá? Namíbia? Tão longe… Tomara que esteja bem, né, Dominique?
– Tomara.

Mentira #3

– Dominique, você é minha amiga, minha super e melhor amiga. Se um dia você souber que o meu marido está me traindo quero que você me conte.
– Vera, pois eu não. Não quero que você me conte caso saiba que estou sendo traída.
– Mas por quê? É claro que eu vou te contar.
– Querida. Se eu estiver sendo traída, em algum nível de minha consciência eu vou saber. Se não fui atrás, é porque não quis. Se não fui fuçar no celular dele, é porque não quis saber. Mas, se você me contar, AÍ eu vou ficar sabendo e AÍ TEREI que tomar uma atitude. Você entende?
– Ah! Mas comigo é diferente. Se você não me contar, eu vou considerar VOCÊ a traidora.

Suspirei fundo. Olhei para baixo. Fiz uma pausa para reflexão. Aproximei a minha cadeira da dela. Segurei em suas mãos. Olhei em seus olhos e disse:
– Bom, Verinha, se é assim, preciso te contar uma coisa muito séria.

Verinha ficou branca. Sua mão imediatamente molhou daquele suor gelado. Seu lábio começou a tremer. Mas o pior, pior de tudo, foi o jeito que ela me olhou. Seu olhar era de ódio. De raiva. E, ora vejam, contra mim. Ela estava com raiva de mim.
– Conta, Dominique. CONTA! Conta agora!
Soltei sua mão. Afastei a cadeira.
– Não, Vera. Não sei de nada. Não sei mesmo! Mas veja a sua reação.
Quero apenas que pense no que sentiu agora. E se quer realmente saber o que talvez não queira. A única coisa que eu posso te garantir é que EU não sei de nada.

Mentir é feio? Depende. Às vezes, a mentira é para o bem!

Leia mais:

Arrumar armário pode ser o começo de um novo ciclo
Passeando com o passado

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

5 Comentários
  1. Adorei, Dominique, suas Três Mentiras…
    Realmente,tem hora que precisamos analisar profundamente se realmente vale a pena contará verdade para alguém!
    Já vivi isto e optei pelo silêncio… A verdade, naquele momento não seria boa para ninguém!

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Contar ou não contar

Dominique - Contar

Têm coisas que faço ou que acontecem comigo que não conto pro meu companheiro.
Ué, porque não.
Porque ele não precisa saber absolutamente tudo que se passa comigo.
Contar tudo não é ser cúmplice… É ser chata!
Ter alguns segredinhos, além de ser saudável, é quase higiênico.
Coisinhas pequenas, claro.
Coisinhas que dizem respeito só a minha pessoa e que não o afetam.
Por exemplo…

Você acha realmente que precisa contar pra ele que vai à dermato fazer alguns “procedimentos”???
Pra que?
Pra ele reclamar?
Pra ele dizer que não precisa?
Que é antinatural?
Que você é linda do jeito que é?
De mais a mais, ele não repara quando você corta o cabelo. Quando você está de vestido novo. Quando você faz luzes. Quando você está inchada.  Quando você perde 2 quilos!!!!!
Você acha que ele vai reparar que você fez preenchimentos ou laser?
Se forem bem feitos ele só vai reparar se a conta bancária de vocês for conjunta!!

Ahhhh… Claro..
Sempre tem aquela que jamais!! Que conta tudo!! E que vai me jogar agora um milhão de pragas e me chamar de falsiane.
Pra você, querida, espero que seu marido tenha alma feminina e compreenda e apoie.
E que não fale “eu avisei, bem feito sua bruxa!” se a sua sobrancelha levantar e você ficar com aquele olhar malévolo! (Facilmente resolvível em menos de 2 minutos com mais uma picadinha).

Outro exemplo:
Sabe aquela festa em que vão estar dois de seus ex?
E três daquelas “amigas de antes de casar”?
Você não quer ir de qualquer jeito, né?
Na verdade, vale a pena até investir um tantinho na produção.
Um vestidinho novo, aquela escova bem feita e até, quem sabe, maquiagem naquele salão top.
Você vai dar esta bandeira em casa???????????????????????
Eu, hein?
Nem morrrrtttaaaaa…
É bem capaz que, neste dia, ele repare em cada detalhe.
Ele vai estar mais esperto, óbvio!
– Vestido novo, hein??? Caprichou!!
– Novo, Jayme???? Novo????????

Só de fazer este tom, ele já sabe que não deve continuar.
Ele tem culpa no cartório e é reincidente.
Qualquer palavra a mais dele pode despertar sua memória de elefante e ele terá que escutar você declamar todas as vezes que usou o tal vestido, e pior, toooooodddaaass as vezes que ele não reparou que você estava de roupa nova!
Não…
O Jayme não vai continuar. Tenha certeza!!

Bom… Ai você me pergunta…
– E se ele descobrir?
Descobrir o que minha linda?
– Que eu menti
Você não mentiu. Você pode, quando muito, ter omitido.
E saiba você que está até na lei!!!
– Nenhum indivíduo está obrigado a produzir provas contra si mesmo!!
Se vale para o bafômetro porque não vale para o botox?
-Existe, também previsto em lei, o argumento de legitima defesa.

E última e derradeiramente eu te pergunto.
-Ele te conta tudo?
Tudinho????????
Ahhh, então tá!

(Meninas, relativizem. É para ser engraçado. Se você quiser contar, óbvio que pode e deve. E lembre-se: estou falando de coisinhas. Não de coisooooonas)

Eliane Cury Nahas

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