Tag: Casamento

História do dia: Adoro me casar por Lila Leal

Dominique - Adoro me casar
Eu adoro me casar.
Mas antes de escutar a minha história, por favor, não me julguem.
Eu não sou fútil. Também não desisto rápido das coisas.
Dizem que a nova geração, quando a barra aperta, dá o fora rapidamente. Falam que eles não sabem lidar com as frustrações.
Esta também não sou eu.
Nasci em 1970, por isso faço parte da turma que cresceu sem muita expectativa e com muitos problemas econômicos.

Mas vou voltar pra minha história do porquê eu adoro me casar.
Eu já me casei três vezes.
Nunca imaginei que isso fosse acontecer comigo.
Quando subi ao altar pela primeira vez, era novinha e estava apaixonada.
Nunca acreditei na balela do “ser feliz para sempre”.
Sempre soube que teria dificuldades, problemas sérios, mas que juntos daria pra enfrentar.

Aliás, escutei sobre isso naquele cursinho de noivos, que é obrigatório para quem quer se casar na igreja.
Numa das palestras, um casal começou falando assim:
– Se é difícil casar, é mais difícil ainda se separar.
E foram uns 30 minutos de conversa só sobre problemas de casamento. Dá pra imaginar?

Eu não acho que o segredo para o sucesso esteja em enfrentar os problemas.
No meu caso, o motivo que levou à separação foi outro.
Foi a constatação de que casamos novos, tentamos seguir juntos, mas no nosso processo de amadurecimento tomamos caminhos diferentes.
Quando você conhece uma pessoa muito jovem, você tem uma referência dela.
Quando chegamos aos 30, já éramos outras pessoas. Diferentes, muito diferentes.

Sabem as diferenças irreconciliáveis?
Existem várias delas, das mais simples às mais complexas.
Vão desde diferenças com a divisão das tarefas em casa até na educação dos filhos.
Não tive filhos. Meus problemas giravam sobre expectativa de futuro, hábitos pessoais, amizades, família e problemas financeiros.

Eu demorei um bom tempo para me dar conta disso.
Enfrentei aquelas 5 fases do Luto.
Sim! Porque a dor de se separar é igualzinha à dor do luto!
Primeiro foi a negação. Tentei de todo o jeito não enfrentar o problema.
Segundo foi a raiva. Eu me revoltei, me senti injustiçada.
Terceiro foi negociação. Pensei que se mudasse algumas coisas poderia resolver tudo.
Quarto foi a depressão. Eu me isolei, culpei o mundo e me culpei muito também.
Até que chegou a aceitação.

Enfrentar uma separação é difícil.
Mas isso não é um problema.
Duas pessoas podem SIM amadurecer de formas diferentes e chegar à conclusão de que não querem mais viver juntas.
Na minha opinião, o maior problema está na pressão da sociedade sobre o casamento, no que as pessoas dizem:
– Mas vocês precisam tentar tudo.
– Mas a vida a dois é assim mesmo.

Eu tentei sim, tudo o que pude. Mas não acho que a vida de casada tenha de ser isso.
Eu não concordo que temos de aceitar estas diferenças se isso significa nos machucar, nos fazer sofrer.
A decisão de separar foi minha, difícil de tomar, mas nunca me arrependi de ter tido esta atitude.

Passei uns bons anos solteira.
Achava que já estava descolada no assunto.
Que eu não cometeria os mesmos erros (e acertos).
Ledo engano, né?

Tudo foi muito mais simples. Nós dois já éramos mais velhos.
A fase dos 30 e poucos anos deixa mais claro todas as diferenças.
Eu sabia exatamente como o segundo ex era, o que iria viver.
Mas nesta experiência acabou o amor.
Como prever algo assim?
Fiquei muito tempo sem conseguir entender (ou me entender).

Falaram que existe a diferença da paixão e do amor. Blá, blá, blá…
Escutei muito, de novo.
Mas a verdade é que separar é sofrer muito.
Eu não entrei num segundo casamento pra enfrentar a mesma barra que tinha vivido alguns anos antes.
Mas não deu, mesmo.

Fiquei um tempão sozinha.
Sai com amigos, montei um apartamento superlegal.
Viajei bastante também.
Foi um período gostoso.
Não tive muitos namorados.
Na verdade, nem queria me envolver com ninguém.

Até que chegou o dia em que conheci alguém e me envolvi rapidamente.
Foi uma delícia. Sempre foi muito bom conversar, ficar juntos, viajar.
Anos depois resolvemos morar juntos.
Passaram-se outros anos e nos casamos.
Teve festa e tudo o mais.

Se temos problemas? Muitos, mesmo.
Já teve dia que fomos conversar num terapeuta de casal.
Sabe que dá certo!
Lembra aquelas diferenças que falei? Desta vez elas não existem.
Eu revejo todos os dias minha história neste terceiro casamento.
E sei que estamos no mesmo caminho.
Também tenho certeza que sobra carinho e amor.

No início eu brinquei que adoro me casar.
Não é que eu leve este assunto na brincadeira, não.
Hoje, depois de tudo o que eu já vivi, posso falar que gostei de casar. porque me permitiu viver e descobrir muitas coisas. Sobre o mundo e sobre mim mesma.
Se eu cresci e amadureci foi muito por estas experiências.
 Hoje, sei lutar pelo que quero e gosto. Eu sei mais claramente o que espero da vida. Sei comunicar isso e tudo mais claramente também para não ter ou tentar não ter problemas.

Emocionante a história da Lila não é mesmo? Casar e muito sério, devemos escolher bem com quem escolhemos dividir a vida.

Leia Mais:

Meu corpo mudou, depois dos 50 meu corpo nunca mais foi o mesmo
Estilistas, atenção – Dominiques também consomem!

Dominique

Nasceu em 1964. Ela tem 55 anos, mas em alguns posts terá 50, 56, 48, 45. Sabe porque? Por que Dominique representa toda uma geração de mulheres. Ela existe para dar vida e voz às experiências, alegrias, dores, e desejos de quem até pouco tempo atrás era invisível. Mas NÓS estamos aqui e temos muito o que compartilhar. Acompanhe!

2 Comentários
  1. Muito boa tds as colocações,e ainda bem.q.vc as resolveu logo, difícil qdo isso n acontece e se.arrasta p uma vida,felicidades no.novo casamento!!!

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Vestido para mãe do noivo é quase um pagamento de promessa

Dominique - mãe de noivo
Meu filho marcou o casamento para julho de 2017. Compartilhou esta felicidade com a gente em novembro de 2016, tempo suficiente para encontrar um vestido bacana e que tenha tudo a ver com o estilo descolado do casório, certo?

Ledo engano. Comecei a fuçar aqui, acolá. Recebi indicação de alguns lugares que alugam e, cá pra nós, considero o preço um acinte – R$ 2000,00 para alugar um vestido que nem me alegrou levemente, apenas ameaçou um esboço de sorriso assim meio amarelo de canto de boca.

A saga começa na verdade com a numeração. Quem entra naqueles vestidos, conta pra mim?

Que mãe de noivo usa naquela numeração?

Só se sofrer de anorexia. A pessoa não precisa ser mignon, mas sim ter vivido os últimos anos em missões na África.

Na primeira loja, comecei a separar alguns modelitos e a vendedora se apresentou perguntando:

– Para qual ocasião você está procurando?

Respondi toda pomposa:

– Para o casamento do meu filho, sou a mãe do noivo.

Ela deu um giro no meio da loja, achei que ia me aplicar um golpe de capoeira e me levou correndo para outra sessão.

Pensei que era uma filial do Cemitério São Paulo ou uma prévia do Baile da Saudade. Predominavam o azul marinho (que eu acho chiquérrimo), marrom (adoro, mas para a ocasião achei um pouco pesado), cinza (não o Fendi) e vinho.

ABSOLUTAMENTE TODOS com bordados ou aquela telinha que me deixa muito, mas muito nervosa.

O casamento aconteceria no pôr-do-sol, em um lugar supertransado, a cara dos noivos, na Vila Madalena em São Paulo.

Não rolaria algo com tafetá, muito brilho, babados, MANGA PRESUNTO, paetê e afins.

Sem contar que nada disso combina com o meu jeito.

Sou alta, ombros largos, falo com as mãos e com um modelo desses pareço um peru num pires. Forget!

Para festas sempre optei por algo simples e impactante – sabe aquele vestido liso, com caimento perfeito, com as costas de fora, uma fenda bem charmosa na perna e que, pelo amor do santo padre, disfarce a barriga (drapeadinho básico)?

Para, sua louca! É casamento do seu filho, esqueça qualquer tipo de sedução.

Comecei mais uma etapa da saga, experimentando os vestidos e querendo correr três dias sem olhar para trás.

O primeiro foi um cinza que a vendedora forçou em chamar de Fendi, mas vá lá que seja.  Todo em renda (sem brilho, condição inegociável para mim) em estilo sereia.

Quando olhei no espelho realmente tive vontade de cortar os pulsos, mas me faltava uma lâmina enferrujada, porque se não fosse por hemorragia, seria por tétano a passagem dessa para melhor.

Sereia? Eu era uma baleia com um laço. Depressão total.

Bem, seria muita sorte acertar no primeiro.

Vamos em frente, gostei de um ombro a ombro num tecido adamascado fosco, fendi/marrom.

O 42 não fechava nas costas. A moça prontamente trouxe outro, 46.

– Desculpe-me, mas não tenho 44, mas podemos ajustar.

Vesti o dito!

Depressão parte II – O Retorno.

Eu parecia um abajur da casa do meu ex-sogro.

Partimos para o terceiro modelo, um verde mais escuro, musgo talvez, com leves traços de flores em um tom mais claro.

Quando eu me vi não pude acreditar, eu era uma cadeira Bèrgere.

Desisti, fugi e comecei a pensar em faltar na ocasião.

Sem a opção de colocar uma fantasia de árvore, a novela se repetiu em várias outras lojas.

Aí, eu cai e acordei!

É um casamento, é o casamento do se filho criatura, às 4 da tarde, menos é mais.

Bárbaro, onde eu encontro mesmo o “menos é mais” para mãe de noivo? Talvez na Babilônia.

Passei noites a fio caçando a salvação da lavoura no Pinterest e no Instagram e, madrugadas e madrugadas,  quase sem esperança alguma a acalentar minha alma.

Não é que achei um lindo, exatamente como gosto, charmoso sem ser vulgar, nude, cor lindíssima para mãe do noivo e que aparentemente não precisaria vender parte do fígado (que graças a Deus se regenera), nem o rim (este ninguém compraria, é uma fábrica de pedras).

O mais surreal é que ele estava numa loja em Piracicaba, sim, a terra da pamonha. Nem precisei ir à Babilônia. Chama-se Set Poin e a vendedora excepcional é a Lea, uma querida.

A loja vende modelos de uma grife mineira lindíssima, é maravilhosa, vestidos superbonitos, atendimento bárbaro e eu nem tive que elaborar um power point para explicar para a vendedora o que eu queria e o que eu abomino.

Sem eu falar qual vestido que tinha gostado no Instagram, em meio a centenas de modelos, qual ela me mostrou?

O nude, liso, charmosíssimo, com o tal drapeado e, para alegria geral da minha nação, com as costas nuas.

AÍ QUE ALEGRIA!

Agora basta colocar um brinco de arrasar e uma sandália show. Pronto!

Há esperança para mães de noivos que fujam do esterótipo da senhorinha indefesa.

Péra lá, tinha 51 anos, meu filho 33 (somente 18 anos nos separam), mato um zoológico e desvio das antas (o que dá muito mais trabalho) todo santo dia.

Na época estava namorando, me visto de um jeito legal, nada formal, mas nunca querendo parecer uma menininha.

Até quando eu era garota não tinha muito a ver com meu estilo.

Quanto às cores, Jesus nos Salve, nós somos mães, não madres enclausuradas.

Lembrando que, se seu rebento está ali, alguma coisa você aprontou, a melhor coisa do mundo. Portanto, de santa a gente não tem nada!

Ufa! Finalmente a Marot achou o vestido perfeito, você já passou por uma situação assim?

Leia Mais:

 CURTO x LONGO
Papo de mulher! Vamos falar de laser íntimo e rejuvenescimento?

Marot Gandolfi

JORNALISTA, EMPRESÁRIA, AMANTE DE GENTE DIVERTIDA E DE CACHORROS COM LEVE QUEDA PARA OS VIRALATAS.

24 Comentários
  1. Adoro seus textos! Sempre com muito bom humor e tiradas fantásticas! Bem vc!! Obrigada por me fazer rir alto sozinha!!! Kkkkk aguardando novos textos!

  2. Também viu ser mãe de noivo em marci/2018. Final de tarde, num restaurante à beira da praia…cerimônia ao ar livre!!!O que devo usar???visto 44/46 lutando pra perder peso! ! Socorro!

    1. Maria Ines,

      A grife é a Arte Sacra. http://www.artesacramoda.com.br/

      Endereço: R. Lavras, 605 – São Pedro, Belo Horizonte – MG, 30330-010
      Telefone: (31) 3287-1417

      Acredito que você vá encontrar uma excelente opção.

      E prepare seu coração, ver o filho casar é uma das emoções mais fortes e lindas que eu já senti.

      Depois me conta.

      beijos

  3. Amamos que vc gostou e citou nossa loja em seus comentários, temos muitos modelos lindos para mães, madrinhas e convidadas, muitas felicidades ao casal e agradecemos a vc ter vindo de longe (não tão longe rsrsr) para nos prestigiar.. bjssss❤️

    1. Vocês da Set Point são tudo de bom e mais um pouco. Há uma pessoa, uma seguidora nossa, que está em BH e quer conhecer a grife Arte Mineira. Onde ela pode encontrar lá?

  4. Independente de mãe é madrinha de cadamento ,vc fica exposta achando que todo mundo está reparando vc.
    Essa maratona infeliz que essa numeração no Brasil 44 é 42
    Ou tamanho único.
    Aí encontra um que te agrada mas vc sente que está faltando algo.
    Chegando vc se depara com cada peça rara aí vc vai para a galera. TÔ MUITO É ESTILOSA.
    Realmente o menos é mais e não tem como errar.BJS

    1. Salomé,

      É isso mesmo. Meu vestido não nada e é tudo. O que vai ter que vai arrasar mesmo é o brinco que é o máximo!
      Menos é sempre, sempre mais! beijos

  5. Amei o texto, ri muito, identificação massiva apesar de não ter filhos casando. Faltou o nome da loja em Piracicaba, Instagram…

    1. Maris,

      Eles sendo felizes é condição básica para a gente também ser, nao é?
      Momento mágico! beijo

    2. Maris,

      É uma felicidade tão grande, mas tão grande que é difícil explicar. E eles sendo felizes, a gente fica feliz, né? beijo

      1. Simone do céu adorei “identificação massiva, se me permitir vou usar em outros textos esta expressão sensacional!
        Chama-se Set Point Boutique é multimarcas e fica em Piracicaba duas horas de São Paulo. Procure pela Lea que nunca me viu na vida e sacou o que eu queria. E ainda foi uma fofa, pq aguentou as opiniões nada a ver do meu ex, Aff! Como falei num comentário acima, se você nao for da região de Piracicaba, programe um passeio para lá e depois vá almoçar o peixe no tambor na Rua do Porto. E estou em São Paulo e valeu a pena cada quilômetro da ida e da volta! Fica na Rua dos Operários, 361 – Cidade Jardim – @setpointboutique telefone 19 3432-4527. Depois me conta. beijo

  6. Muito bommmmmm adorei. Já passei por isso. Mas minha filha se casou em uma noite fria de Junho. Isso ajudou muito meu modelito foi bem sóbrio.Mas de muito bom gosto. Momento muito da vida…

    1. Angelica, você concorda que menos é mais? E o inverno ajuda uma barbaridade, ficamos lindas e não precisamos nos preocupar com o “tchauzinho! Esse momento é tudo! beijo

    1. Maria Ines,

      A loja é multimarcas e fica em Piracicaba, no interior de SP. Duas horas de carro pela Rodovia dos Bandeirantes. Chama-se Set Point Boutique e fui atendida pela Lea que nunca me viu na vida e entendeu exatamente o que eu queria. Sem falar que teve uma paciência de Jó para aguentar os pitacos do meu ex que não entende nada do assunto e insistia em emitir sua opinião. Aff! Se você nao for da região de Piracicaba, programe um passeio para lá e depois vá almoçar o peixe no tambor na Rua do Porto. E estou em São Paulo e valeu a pena cada quilômetro da ida e da volta! Fica na Rua dos Operários, 361 – Cidade Jardim – @setpointboutique telefone 19 3432-4527. Depois me conta. beijo

  7. Kkkkkk Adorei!!!
    Que bom que a saga “vestido de mãe de noivo” , acabou!!!!!
    Quero ver quando chegar a minha vez!!

    1. Cassia,

      Você vai amar, embora o perrengue do vestido seja um caminho que parece interminável! Mas ver os dois tão felizes! Haja Prosecco, vou dançar até…. beijo

  8. Muito BOMMMMMM!!!!!
    Ri mto pq eu devo ser uma mãe de noivo atípica ….meu manequim é 38/40 então tudo q vestia ficava mto bonito(sem falsa modéstia Kkkkk) e o outro ponto foi q comprei exatamente o primeiro vestido q experimentei…..juro q não sou anoréxica ….mas claro , não sem antes me divertir experimentando um milhão de vestidos , só p sacanear.,detalhe: nude TB !!!!!!!.
    Sabe que até me achei o máximo no casamento ??????? Hahahaha bjs

    1. Yara, estou roendo as unhas dos pés, porque as das mãos eu já comi de inveja (brincandeira!) do seu manequim. Eu acho que nunca vesti 38/40, pulei para o 42/44 direto! Nude é tudo de bom, não é? Sabe por que você se achou o máximo? Simplesmente porque você é o máximo! beijo grande

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Tempo de Travessia – Planejar para momentos críticos

Banner_tempo de travessaAh! Como é difícil encarar os momentos críticos!

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”.

Fernando Teixeira de Andrade.

Muitas vezes, temos a impressão de que a vida esta lenta, que nada acontece, que vivemos numa rotina sem fim. Na verdade, todos os dias estamos caminhando, todos os dias, construímos nosso caminho, caminhando.

Aprendemos a caminhar, caminhando…

Em certas circuntâncias, só sentimos a vida acontecer, em momentos de transição, etapas da vida em que é necessário deixar para traz as roupas que já tem a forma de nosso corpo, para seguir em frente.

Deixar pessoas, objetos, perfumes, caminhos conhecidos para trás e se jogar no novo. Ai como dói! Em algumas situações não, não é mesmo? Tem mudanças que nunca imaginamos que aconteceriam em nossa vida e mudam tudo para muito melhor, certo?

Esses minutos terríveis, que mudam tudo e sacodem a vida da gente, chamamos de momentos críticos. Originalmente a medicina nomeou de “crítico” aquele espaço mínimo de tempo onde o paciente melhora ou morre. Vou usar aqui o termo de forma menos dramática, mas tão intensa quanto. Já já, vamos ver exemplos pra lá de “sacolejantes”.

Em fases de transição, a vida chacoalha a gente, obriga a tomada de decisão. Para na nossa frente e diz: ou dá ou desce! Nessa hora, é preciso atitude, raça, postura, desprendimento, plano “B” e Planejamento!

Ah! Garota! Pensou que eu não fosse falar de planejamento só porque acordei cheia de poesia? Boba, nasci com esse chip… vou sempre dar um jeito de falar.

Tem uma coisa no mundo que economistas e psicólogos apesar de enxergar de maneira bastante diferente (ao meu ver) deram o mesmo nome, é o tal de ciclo de vida, ou ciclo vital familiar.

Os dois mostram pontos nodais, pontos cruciais da caminhada da maioria das pessoas, onde por vontade, necessidade ou na marra, nossa vida muda.

Vou dar alguns exemplos destes momentos críticos: nascimento, casamento, nascimento dos filhos, adolescência dos filhos, filhos casando, aposentadoria, envelhecimento e morte, entre outros pontos críticos. Você tem alguma dúvida de quanto a vida muda nesses pontos?

Vamos combinar: por mais que a gente um dia tenha desejado casar ou ter filhos, ninguém passa por essa fase na paz… A gente pira, fica ansioso, gasta dinheiro a rodo! Muda tudo! Muda de casa, muda de corpo, muda de nome, muda de caminho, muda o nosso jeito de gastar dinheiro, mudam nossas prioridades, bagunça tudo por mais que seja lindo!

Um momento crítico não implica em ser um momento ruim! Implica em um rompimento, deixamos por exemplo a vida de solteiro para a viver a vida de casado, dormimos mulher e acordamos a mãe de alguém, a namorada de alguém, a vó de alguém, a sogra de alguém, a ex funcionaria da empresa X, a ex dona da casa, a dona da casa nova…

Só depois que a gente passa dessa pelas mudanças é que se tem coragem (e tempo) para olhar para trás e tirar as próprias conclusões. Atravessar, implica em transformar e mudar para a maioria de nós mortais, não é uma coisa exatamente fácil.

Respira! Sobrevivemos até aqui? Lindas? Cheias de histórias para contar? Então tá!

Se tem uma coisa que acredito que tantos psicólogos quanto economistas não terão duvidas é que passar por essas fases de transição, os momentos críticos, com uma reserva financeira é mais fácil.

Sim meninas, querendo ou não, o dinheiro nos dará maior tranquilidade para cuidar do que já construímos até aqui, ou nos dará mais fôlego para se manter firme na transição (de carreira por exemplo), nos dará a liberdade para viajar quando a cabeça estiver pegando fogo, ou simplesmente para poder ajudar o filho que está indo viver em outro país.

Em nossa caminhada, aprenderemos que não vale a pena carregar tanto peso, as coisas têm valor pelas histórias que contam, não precisamos acumular cada bibelô, ou presente que ganhamos, precisamos guardar a emoção que sentimos quando os recebemos.

Precisamos ter desprendimento para doar o primeiro brinquedinho do nosso filho ou aquela mesa que só de pensar em mudar de lugar novamente já fica com as pernas bambas…

Perder um emprego, não precisa ser assustador, pode ser libertador. A hora de se aposentar, pode ser muito mais que uma despedida, deve ser comemorada, pra isso temos que ter um dinheiro guardado, seja para manter as contas em dia, seja para nos adaptarmos ao nosso novo cotidiano.

É preciso aceitar com serenidade algumas mudanças. É preciso dar adeus aos filhos que crescem, dar boas-vindas ao emprego novo, ter gratidão pela casa enorme que acolheu tantos momentos mágicos e entrar com o pé direito na vida nova, com a leveza de quem só leva o que é essencial.

Ter um tempo pra si onde se demande menos despesas, compromissos e sobre mais tempo e grana para se fazer o que não se tinha tempo de fazer antes, para pisar em outras areias, sentir outros odores, conhecer outros amores, fazer novos melhores amigos.

Planeje-se financeiramente e cuide-se emocionalmente para que essas travessias aconteçam da maneira mais tranquila quanto o possível.

Estava com saudades, mudei de casa, mais uma transição… só agora tive tempo e coragem de compartilhar essas emoções e de aparecer por aqui

Beijões,

Até a próxima! Paula Sauer

 

Leia mais:

Dominiques, abaixo a infelicidade e que venha a maspassa…a temida menopausa.

Como é chato conviver com um chato – A pior espécie de mala sem alça.

Paula Sauer

Economista carioca, que trabalhou por 17 anos em uma instituição financeira, se apaixonou por psicologia econômica e não parou mais, lidar com o comportamento das pessoas em relação ao dinheiro para ela é muito mais do que falar de planilhas e juros, é falar de sonhos, medos e mudanças de hábitos. Paula que também é planejadora financeira não guarda o que estuda só para si, escreve em jornais, blogs e revistas de grande circulação no país. Com mestrado em finanças comportamentais, se realiza em sala de aula, onde aprende e se diverte muito com os alunos.

4 Comentários
  1. Fantástico esse texto!!!

    Muito bom, alegre, produtivo, quase romântico e íntegro…

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Casada sim, cega não – Sou comprometida, mas não estou morta!

Dominique - Cega
Quem nunca olhou para o lado, por pura curiosidade, que atire a primeira pedra, o primeiro brinco, o primeiro salto, a primeira bolsa.

Somos fiéis, leais, longe de ser santas, mas uma olhadinha singela faz parte do show, afinal que mal faz? Olhar não tira pedaço…que pena.

Às vezes, não é só a beleza estonteante daquele homem sentado justamente atrás do seu marido no restaurante o que mais chama a atenção, mas o charme irresistível dele cada vez que leva a taça de vinho à boca, ai…e que boca.

E aquela camisa branca maravilhosa contrastando com o bronzeado da pele? A calça jeans  despojada, o sapato sem meia que pouquíssimos sabem usar. Ai Jesus me abana!

Amo homens com barba. Não aquela barba de um dia, tipo o cara tá tão gripado que nem a barba fez. Mas aquela barba levemente displicente que deixa o dito cujo com cara de mau (não confunda com sujo, pelamor!) e que quando roça no pescoço, ai meu Deus, me dá um frenesi. Sei lá o porquê parece que caras assim tem pegada.

Talvez porque meu marido nunca tenha usado barba, embora eu tenha pedido inúmeras vezes. A desculpa sempre era – tenho falhas na barba, dá trabalho, os pelos encravam…ah tem algo que acaba mais com tesão do que falar em pelo encravado?

Com o tempo a gente vai perdendo o macete da paquera. Que delícia a arte da sedução, uma espécie de dança do acasalamento. Olhares furtivos. Uma frase solta aqui, outra acolá. Mas é como andar de bicicleta. No começo até dá umas pisadas na bola, mas depois…vai longe e como vai.

Como mulheres sérias, recatadas e quase do lar, adoramos pensar ao menos numa fantasia, concordam? É só fantasia, não faz mal a ninguém. Não vamos realizar mesmo, mas sonhar? Não custa nada e pode até dar uma apimentada e tanto na relação, quem sabe!?

Já aconteceu de ser paquerada pelo amigo do meu marido numa reunião de casais. Foi sutil, até porque esse cidadão de bobo não tem nada, mas os olhares, rápidos e sorrateiros, entregavam o jogo. Um elogio inocente – nossa, nunca te vi tão bonita!, um apertãozinho no queixo para brincar com você, um abraço um pouco mais longo.

No começo, achei que eu estava vendo peruca em ovo, mas depois da terceira taça de champagne, comecei a curtir muito e minha autoestima foi para as nuvens.

Acabou ai. Nada que tenha comprometido. Nenhum deslize, nem mão boba.

Soube de marido que até gosta quando a mulher é paquerada e adoro alardear aos quatro cantos que é ele quem está com ela, o grande vencedor. No meu caso nada disso rolou, porque minha cara metade era a pessoa mais desligada do universo.

E quer saber, adorei, minha autoestima foi lá no céu. Cega jamais!

Leia Mais:

Piloto de avião Tereza Paz e uma verdadeira Dominique com asas!
Quiz Anos 80 – A época que deixou saudade para nossa geração

9 Comentários
  1. A mulher me olhou..

    Já peço o Telefone..e depois vou pro Motel..

    Se um Homem me olha… Significa.. que me achou bonito e ele É GAY… ou a Mulher dele…olhou pra min..
    KKKKKKKKKKKKKK
    É a vida.. toda mulher olhou praticamente está dando em cima……onde quer que você anda e chega..
    Sempre a MULHER vai olhar o que gostar.. não há como negar…..

    1. Se a mulher levasse isso pra cama em forma de fetiche seria uma delícia, o casal ia pegar fogo, e vice versa também.

  2. Você é ótima adoro seus posts!! Olhares inocentes muito bom p apimentar o casamento de quase 23 anos!!

  3. Concordo ! Melhora nossa auto estima e o desejo de nossos maridos por nós !!! Vamos combinar que ,é bem difícil manter o desejo ( desejo mesmo ) em relações muito longas …

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Piloto de avião Tereza Paz é uma verdadeira Dominique com asas!

Dominique - Piloto
Teresa Paz é uma Dominique, não há dúvida!

Mulher, mãe, esposa, filha, linda, decidida, independente, cheia de iniciativa, ousada e muito, mas muito corajosa. Ela é uma piloto de aviação comercial.

Confesso que nunca havia pensado na estratégia que uma mulher ativa, assim como nós, precisa fazer para administrar tudo que fazemos a milhares de pés de altura.

Formada em Comunicação e Artes pelo Mackenzie, Teresa acredita que sua paixão pelos céus tenha sido herdada da avó que tinha o sonho de voar e do espírito aventureiro dos pais.

Até 1982, no Brasil, não havia mulheres pilotos na aviação comercial e as empresas existiam no mercado há 60 anos no país! Na Azul, onde trabalha hoje, apenas 54 dos mais de 800 pilotos são mulheres. Boa notícia, não há diferença entre os salários. Ufa, até que enfim!

Dominique - Pilotos

Teresa começou a voar em 1995 e conheceu seu marido, piloto também. Juntos há 25 anos, ela atribui o sucesso do casamento a ambos exercerem a mesma profissão. E olha que os dois tem diferenças que poderiam arruinar qualquer união, por muito menos casamentos são desfeitos. Ele é judeu e ela católica. Ele sãopaulino e ela corinthiana.

E, como a vida é cheia de surpresas, quem se dá melhor é quem se adapta às mudanças, Teresa não foge à regra. Ao entrar na Varig, engravidou três meses depois. Não estava nos planos, mas surpresas são sempre bem vindas! Para se ter uma ideia do pioneirismo, a empresa não tinha plano de licença maternidade para pilotos, ela foi inaugurou. Como a pressurização é prejudicial à gestação, ela trabalhou em terra durante 11 meses, revisando manuais e dando aulas sobre segurança de vôo.

Amigos, vizinhos, cachorro, papagaio falavam que ela desistiria. É uma tarefa hercúlea ser mãe e piloto ao mesmo tempo? Praticamente impossível! Aí é que fica mais gostoso. Desafios, é isso que a move.

Quando sua bebê completou 4 meses, Teresa ficou 40 dias na Holanda em treinamento. Espalhou fotos da pequena pelo quarto inteiro do hotel que funcionava como um estímulo. Para tentar me fazer compreender o que passou neste período, ela fez um paralelo com um meme que circulou no Dia Internacional das Mulheres, o desenho de uma mãe com uma garotinha que pergunta – Mãe, o que é desistir? E a mãe responde – Não sei filha, nós somos mulheres!

Os avós dos dois lados e uma babá foram essenciais para o sucesso da missão. Até hoje, para sair tudo dentro dos conformes, ela vê a escala de vôos do marido, a sua escala e aí sim faz a escala de trabalho da sua secretária do lar. Uma piloto não pode se dar ao luxo de ser desorganizada até para poder lidar melhor com os imprevistos.

Ela e marido eram pilotos na Varig, em 2005, quando a empresa quebrou. Ambos desempregados por um ano. Viveram um perrengue e tanto com duas filhas pequenas. E, como toda Dominique, Teresa partiu para a luta. E não é que sua licenciatura em Comunicação e Artes veio a calhar? Passou a ser facilitadora de aulas de segurança de vôo, teóricas e em simulador. Deu aulas na Índia, em Paris. Não estava voando como piloto, mas nunca perdeu a chance de estar no ar.

Para ganhar mais algum, vendeu panos de prato, artesanato, aprendeu a pintar pregadores para fechar embalagens, entre outras coisinhas! Fala a verdade, você se reconhece aqui, concorda? Ah! Esta Teresa é Dominique de corpo e alma.

Neste ano de desemprego que não terminava nunca, um belo dia chega em casa, aflitíssima, porque não conseguiu comprar quase nada no supermercado e encontra o maridão jogando gamão com alguém do outro lado do planeta. Teve um surto e soltou: – Pelo amor de Deus, pega esta moto velha na garagem e vai ser motoboy! Já vi este filme com outros autores.

Com um sorriso contagiante e os olhos brilhando, Teresa confessa que o marido é seu maior fã. Ele a admira e não esconde isso de ninguém. É recíproco.

Falando em admiração, as filhas se enchem de orgulho da mãe, da sua profissão e de como ela dá conta de tudo sem perder a ternura. Talvez, a rotina que não é rotina de Teresa seja justamente o que fortaleceu a amizade, o compaheirismo a responsabilidade e a independência entre as meninas, Natalia, com 21 anos e Michaela, com 17.

Certa vez, a diretora da escola disse que a Teresa era uma mãe muito mais presente do que outras que estavam 100% ao lado dos filhos. Pai, mãe e filhas preservam a qualidade do relacionamento. Quando estão juntos, estão juntos. Não tem celular, facebook, instagram.

Era sua folga, no dia que conversei com a Teresa e ela estava cuidando da mãe, uma senhora encantadora e querida, D. Alzira, com 92 anos, que fez questão de me mostrar suas mãos impecáveis, as unhas pintadas de vermelho maravilhoso, só que ela não revela o nome da cor do esmalte para ninguém copiar!

Desde a mãe ficou doente, há 2 anos, Teresa reveza com a irmã os cuidados com D. Alzira. Estes momentos são unicos, uma forma de retribuir tudo que recebeu e também de mostrar para as filhas o verdadeiro significado de família.

Ela acredita ter uma genética privilegiada, herdada da mãe que até dois anos atrás, antes de quebrar o fêmur, andava de bicicleta e nadava. Talvez sua saúde de ferro se dê também pela atividade física constante. Teresa pode esquecer até o batom, mas a corda está sempre na mala. A maioria dos hotéis tem academia, mas just in case, pula corda por horas a fio no quarto até pingar de suor. Para quem fica 8 a 9 horas sentada, não há genética que resista. Atividade física é obrigação.

Dominique - Piloto

Apesar de não consumir medicamento, quando precisa são poucos os medicamentos que pode tomar. Os pilotos são instruidos a não usar nada que afete o sono, cognição, atenção ou coordenação motora. Em 10 anos na Azul, se pediu duas DMs (despensa médica) foi muito. E uma delas, foi quando seu pai faleceu.

As pessoas em geral vêem a aviação com um certo glamour que não existe. É um trabalho como outro que exige estudo, dedicação, pressão, reciclagem. Imagine se há energia sobrando, depois de 9 horas de vôo, para ir para uma balada, city tour, compras! Eles chegam exaustos no hotel e precisam descansar para enfrentar o dia seguinte.

E, como toda a família, colecionam casos hilários como a ida ao show dos Jonas Brothers no estádio do Morumbi em SP. Ela com vôo marcado, o maridão em terra, teve que encarar a aventura de levar duas garotinhas, uma com 10 e outra com 6, mas apenas duas cadeiras cativas! Claro que ele sofreu por antecipação durante uma semana e na hora foi quem mais se divertiu.

Com duas meninas é quase que impossível não rolar balé! E por que não a apresentação do ensaio final marcada nos 45 do segundo tempo? As mães convidadas a participar. Teresa nos ares. Maridão em terra assume o leme e vai para o ensaio. No final, as mães são chamadas para dançar na frente. A filha, minúscula, arregala os olhos para o pai que, não teve dúvida, foi lá pra frente e dançou muito melhor do que qualquer mãe ali presente!

E o preconceito por ser uma mulher piloto? Ah! Como existe, embora venha diminuindo muito com o tempo.

Uma amiga da Teresa, há 5 anos, passou por uma situação que foi parar no Jornal Nacional. A piloto já na cabine vê que um passageiro está falando e gesticulando com o despachante (o funcionário responsável por entregar os viajantes à aeronave), empatando a fila. Quando enfim o homem entrou no avião, ela foi falar com o despachante que, relutante, conta que o homem ficou muito bravo quando descobriu que o piloto era uma mulher.

A comandante resolveu chamar o passageiro à cabine para acalmá-lo e explicar que não há nenhuma diferença entre os sexos, todos os pilotos passam pelos mesmos treinamentos, todos os anos, teóricos e práticos, envolvendo segurança de vôo, portanto, têm a mesma competência.

O homem olhou bem para ela e disse – Muito bacana, agradeço sua explicação, mas se eu soubesse que o avião seria pilotado por uma mulher não teria comprado a passagem. Só vou mesmo porque tenho uma reunião. Acho um absurdo a companhia aérea não ter avisado.

A piloto, sem titubear, virou para o homem e disse: – Não tem mais a reunião não. O senhor não vai no meu avião. E pediu delicadamente para ele descer da aeronave. Os pilotos são a autoridade máxima no avião e tem a autonomia para tirar quem quiser do vôo se isso representar algum perigo ou tumulto. E,cá pra nós, este ser tinha tudo para transformar aquela viagem em um inferno.

Teresa, por vezes, é alvo de olhares desconfiados. Na chegada ao destino, quando sai da cabine, quem mais se surpreende são as mulheres que, não raro, comentam – Ah! Se meu marido soubesse que era uma piloto ele não teria entrado no avião. E, ela, sorridente e gentil, como sempre, finaliza com classe – Mas como a senhora sabe do que nós, mulheres, somos capazes, tenho certeza que o tranquilizou. Adoro estas espetadadelas! Tudo a ver com Dominiques.

A rotina de um piloto não é branda. São cobrados e muito cobrados. Quando reprovados no simulador há apenas mais uma chance. Reprovação na segunda vez é demissão.

E, a rotina para uma piloto é maior árdua ainda, afinal as mulheres são acumuladoras de tarefas, uma espécie de empilhadoras de pratos chineses.

Fora a solidão quando se está em terra, mas longe de casa, tanto que o alcoolismo é comum na aviação e, quase sempre detectados pelos colegas, levam pilotos e copilotos a se afastarem do trabalho.

Teresa é uma prova de que não há almoço grátis. Tudo requer esforço, dedicação e cuidado. Mas fazer aquilo que se ama não tem preço, seja com os pés fincados no solo ou a milhares de pés de altura.

Você já imaginou ser piloto de avião? A Teresa tem uma fibra que só as Dominiques tem, concorda?

Leia Mais:

Vou mudar de país e agora terei o mundo para chamar de meu
Todos têm direito a uma segunda chance, até mesmo os cupidos!

Marot Gandolfi

JORNALISTA, EMPRESÁRIA, AMANTE DE GENTE DIVERTIDA E DE CACHORROS COM LEVE QUEDA PARA OS VIRALATAS.

6 Comentários
  1. Tive a oportunidade de conhecer. Mulher incrível minha admiração transcendeu. Orgulho de voar sobre seu comando. Uma honra
    Simoni /Rondonópolis

  2. Teresa nos abrilhanta com sua luz e exemplo incrível de profissional, lindo texto , parabéns

  3. Parabéns pela reportagem, tive o prazer em 2015 fazer um voo de Belo Horizonte a Goiânia sob o comando da comandante Teresa e olha que ela pousou o avião direitinho rsssssssssssss, brincadeiras a parte foi um excelente voo parabéns a ela que é um exemplo. Nesse voo estava eu e minha ex chefe e quando ela ouviu a comandante Teresa se identificar ela disse: É uma mulher que vai pilotar, meu Deus. E eu respondi: Uai vc não é engenheira rsssssssss. Parabéns a comandante Teresa.

  4. Costumo dizer q se n fosse mulher, teria inveja de quem é,eu sou uma pessoa q c tds dizem ligada no 550…6.6 faco mil coisas, vou a academia tds os dias, minha terapia, meu horário so meu,mas levado a serio, amo atividades fisicas, cozinho, costuro,acordo pensando em fazer 10 coisas, e quase sempre FAÇO,as x n da tempo de fazer tds, mas n me puno c antigamente, aprendi a ser menos exigente comigo, hj p ex deixei de ir a fisio p almoçar c amigos, e assim vou vivendo sendo feliz c mulher ⚘

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