E chega uma fase na vida que amiga é mais importante que o marido.
Tá bom. Exagerei. Mas é quase.
É que tem coisas que só com uma amiga.
Você consegue imaginar seu marido te ajudando a decidir se você deve ir de longo ou curto naquele casamento?
Não, né?
Mas pra isso você tem amiga.
Você liga pra ela conta seu drama e ela fica realmente preocupada.
Pensa no seu problema sempre que tiver um tempo.
Vai te ligar umas 10 vezes pra dizer os prós e contras do longo.
Vai na tua casa pra ver como os vestidos estão caindo em você, além de levar quase todo o armário dela para você experimentar.
Vai largar tudo no sábado para ir procurar com você “a roupa”.
Que marido faz isso?
Pior. No dia da festa, depois dele reclamar e chiar que não entende o que você fica fazendo uma tarde inteirinha no salão, olha pra você prontinha, linda e maravilhosa e pergunta se seu sapato é novo.! Aff!
– Não querido… A única coisa que não é novo aqui é justamente o sapato.
Mas é pra isso que você tem amiga.
Nessa altura, você já mandou umas 10 selfies para ela e ela já levantou sua autoestima à enésima potência.
Tks Best friend.
Ah! Você quer saber se fui de longo ou de curto, né?
Pois então…
Aqui algumas dicas de uma daquelas amigas que toda mulher deveria ter:
– Se for convidada, opte sempre pelo curto.
– Longo apenas se o convite sugerir traje black ou longo explicitamente.
– O vestido curto é muito versátil, pode ser usado em diversas ocasiões dependendo dos acessórios.
– Vestido curto para uma Dominique significa comprimento na altura do joelho, um pouquinho acima (pouquinho, hein), um pouco abaixo, dependendo do estado de suas pernocas.
– O grande segredo é mostrar o que temos de melhor. Por exemplo, valorizar o colo com um decote bacana.
Ah! Não tenha preguiça na hora de experimentar. Experimente muitos! É assim mesmo. Não acertamos de primeira. Nem de segunda. Nem de…
Mas de repente, você veste um que pimmmm! Você achou aquele vestido que te deixou com um colo lindíssimo, cintura fina, costas alinhadas, sem barriga e com o bumbum arrebitado!
Se o vestido não for tudo isso, é quase tudo isso. Tá bom!
Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.
Muito bom.
Me foquei no detalhe acima do joelho pois não me adapto com abaixo do.
Respeitando cada um com seu estilo e e de bem com o que está usando.
Valeu a dica.bjs
Não gosto de nada morno. 8 ou 80. Fervendo ou gelado. Salgado ou melado, jamais sonso.
Sempre fui exagerada na opinião de quem me cerca.
Ultrapassar limites o tempo todo sempre foi minha praia, missões impossíveis então, nem se fale.
Tudo extremo. Trabalho, amor, paixão, ajuda ao próximo, atividade física – que dura pouco, mas quando acontece é intensa.
“Exagerado” do Cazuza era minha canção tema.
Brecha na agenda? Nunca tive. No ameaço de ter um mísero vão, encaixava algo imediatamente.
Sedentária por natureza, envergonhada perante aos meus amigos, sem falar nos discursos infindáveis dos médicos, decidi começar uma atividade física. Depois de inúmeras tentativas fracassadas, decido fazer algo que me dê o mínimo de prazer. Por que cargas d’agua escrever não queima calorias? Afinal escrever também libera endorfinas.
Eureca! Vou jogar tênis. Comprei uniforme, raquete, tênis apropriado, munhequeira, contrato o professor. Faço uma aula teste e para minha agradável surpresa, foi o máximo.
Poderia fazer duas vezes por semana como qualquer pessoa normal, certo? Errado. Estou falando de mim. Durante um ano tive aula 5 dias por semana. Comecei a jogar bem, arrisquei alguns “aces” e ganhei uma lesão no ombro e detonei a sacroilíaca pela primeira vez. Resultado: fiquei meses sem conseguir escovar o cabelo e os únicos exercícios foram sessões infinitas de fisioterapia.
Sem uma gota de energia, me atirava na cama – deitar era lento demais para mim – caia como uma pedra e em segundos em sono profundo. Nem assim desligava. Acordava, acendia o abajur, pegava na minha mesinha de cabeceira o meu caderninho manchado com a xícara de chá que insistia em levar para a cama todas as noites, mas desmaiava antes de sorver metade do líquido. Anotava milhões de ideias, trabalho, crônicas, um modelito para uma festa, um arranjo para a sala de jantar, uma ação social para melhorar a vida de uma comunidade carente. O céu era o limite.
Falando em mesinha de cabeceira, o tal bloquinho ficava em cima de oito livros, sonho de consumo para horas vagas – a réplica da Torre de Pisa. Mês a mês, a tal pilha crescia vertiginosamente.
Recentemente entrei numa nova maratona. Mudei de casa, de cidade, acabei o namoro, assumi mais trabalho. 14 horas por dia ligada no 220 v. Fiquei felizinha da silva e de brinde ganhei uma lesão na sacroilíaca novamente (fruto de carregar muitas caixas na mudança) e uma crise de enxaqueca que durou mais mais de dois meses.
Inconformada diante da situação, choraminguei no ombro de uma amiga-irmã:
– Não entendo o que aconteceu. Eu sempre fui assim. Desde os 19 anos trabalho como uma louca!
Ela, sem a menor cerimônia, fala o que eu precisava ouvir:
– Eu sei querida. Você sempre foi hiperativa, mas você nunca teve cinquenta e dois anos.
Aquilo foi um chute no ovário. Pensei em romper a nossa amizade de 35 anos. Mas ela, como sempre, está certa. Venho testando meus limites há anos.
Já que o tempo é implacável quem sabe a tal maturidade seja acompanhada pela sensatez.
E estou me surpreendendo comigo mesma. Dosando melhor o tempo, curtindo o ócio, cozinhando e sabe o que aconteceu? Meu trabalho melhorou, estou produzindo com mais qualidade, curtindo mais a vida. Tenho feito inclusive um certo esforço para ficar alguns momentos com a mente vazia, não pensar em nadica. Eu nem sabia que isso era possível! E faz tão bem para a alma, mente e corpo.
Chegar aos 50 nos me deu maturidade para analisar o que me faz bem e o que não faz. Nem sempre consigo me livrar do que me chateia, irrita, incomoda, mas saber como lidar com isso é que o X da questão, é inteligência e bom senso.
Também me sinto mais ousada. É preciso um bocado de ousadia para decidir ficar sozinha em casa, no interior, afastada, num fim de semana inteiro e achar delicioso. Na primeira vez precisei de uma dose cavalar de coragem e, em pouco tempo, passei a adorar.
Os 50 trazem perdas. Sim, algumas, mas não são nada relevantes comparada à liberdade, sensatez e ousadia que só o tempo nos premia. Se olhar bem no fundo, com sensibilidade para sacar, o volume de ganhos é enorme!
Você já passou por algo parecido nessa fase da vida? Vou dizer que a sensatez ajuda muito.
Conheço muitas mulheres que são mulherões, mas que detestam aparecer em fotos. Outras que acreditam que o tempo bom já passou e que não devem mais ter imagens registradas.
Umas tiram fotos só do rosto, do corpo nem pensar. Por que temos ideias tão distorcidas de nós mesmas?
Só que justamente uma sessão de fotos vem transformando a vida de muitas mulheres e para melhor! Quem diria?
Conversei com a fotógrafa Chris Day, uma Dominique linda e superativa, que foi modelo e trabalhou em publicidade.
Em 2001, fez um estágio no jornal New York Post e presenciou os ataques terroristas, gerando palestras, exposições e um livro.
Em 2009, lançou seu segundo livro, “Europa”, com imagens em preto e branco de alguns países europeus, comercializadas em ampliações fine art para decoração e colecionadores.
Chris Day vem desenvolvendo o projeto “O Sagrado Feminino”, tema hoje que é seu foco fotográfico.
De modelo à fotógrafa, Chris se apaixonou pelas possibilidades da imagem no universo feminino.
Ela capta imagens de mulheres e suas fases, momentos, dores e desafios, sua espiritualidade e força, suas diferenças…tão iguais em seu studio.
Ser mulher é fazer parte da criação, ser guardiã da família e da espiritualidade, ser mulher.
É ser Mãe de todos, amando incondicionalmente, exercitando a compaixão e justiça.
Ser mulher é exaltar o Sagrado em todos nós!
Não só suas curvas e texturas, como o encantamento, tão difícil de registrar num primeiro momento.
Sim, num primeiro momento, porque na primeira conversa com a modelo/cliente, Chris tem a oportunidade de captar sua audácia, timidez, força ou sensualidade em cada um de seus movimentos, gestos, palavras…ferramentas que usa durante o ensaio fotográfico.
Esta conversa cria o vínculo de confiança, porque o ensaio “acontece” na medida da entrega, dela e da modelo, seja um ensaio ou um retrato.
A magia acontece quando fotógrafa e modelo entregam seus corações ao momento, quando a mulher se desnuda de seus desejos, medos, preconceitos, estando vestida ou não.
E a mágica está ali, fica registrada para sempre, na imagem e na memória.
A transformação acontece, a experiência registra a beleza, o amor próprio, o “se dar o direito de”.
Não é pouco dizer que a transformação acontece, que a mulher entende que deve ter mais momentos só para ela, que merece sentir-se bonita, cuidada, especial.
Ela vai crescendo à medida que vai apoderando-se do que muitas vezes deixou lá atrás, sua sensualidade, sorriso solto, sua melhor parte, o prazer de estar fazendo algo só para ela.
Estas mulheres percebem, muitas pela primeira vez, o quanto são verdadeiros mulherões.
A transformação acontece em ambos os lados.
Chris e sua irmã, Vanessa Ornelas, maquiadora e produtora, se envolvem de tal forma, que a emoção toma conta ao ver a modelo feliz, inteira, dona de si.
Algo acontece em meio a sombras, batons, flashes, lentes e câmera, saltos agulha e taças de champagne.
Chris é inserida numa dimensão à parte, como num sonho, realizada e feliz por estar contribuindo com seu trabalho para o reencontro de mulheres consigo mesmas.
Modelos, clientes queridas, que tornam-se amigas e cúmplices, no resgate do profundo
“Sagrado Feminino” e se dão conta que são mulherões com M maiúsculo.
Não é raro depois de verem suas fotos ou books prontos, as modelos/clientes entrarem em prantos.
Não se reconhecem, não acreditam que são “mulherões” que esbanjam sensualidade e charme.
Também não é raro que estes books sejam um ponto de virada para muitas destas mulheres.
Algumas se separam.
Para outras seus companheiros passaram a vê-las de outra forma, reacendendo a chama do relacionamento.
Outras mudam até de carreira.
É muito mais que uma sessão de fotos, sensual ou não.
É uma porta que se abre rumo ao desconhecido com infinitas possibilidades de se amar mais e acreditar mais em si mesma.
Fotos são um retrato da alma não acha? Que tal fazer uma sessão dessas e descobrir que você é um desses mulherões?
O meu corpo mudou.
Ah!…. como mudou.
E tem roupa que eu usava que não devo mais usar.
Camisetinha justinha e curtinha. Tá louca?
E o que é que eu faço com aquelas gordurinhas que apareceram nas costas?
Never more baby.
Tá legal, tá legal.
Você não tem esse problema.
Que bom.
Mas, querida, deve ter outro.
Certeza!
Se você tem 50 anos ou por aí, seu corpo também passou por algumas mudanças.
Aí eu te digo.
Virei mágica.
Descobri um monte de truques pra disfarçar e/ou melhorar o visu.
Sério…
Virei PHD em disfarces de pequenas protuberâncias indesejadas e formas desconhecidas.
E, de mais a mais, nunca fui perfeccionista.
Sempre olhei o todo.
Dou uma olhada no espelho e se o visual geral me agradar, beleza!
Meus truques:
Nunca coloco óculos na hora da finalização do look.
Mais fácil achar que está tudo ótimo.
E, aí, saio com aquela segurança de menina.
E tem aqueles dias que acordo parecendo um baiacu, com o rostinho mais redondo que uma laranja bahia, quase uma grapefruit.
Nestes dias, tudo que eu quero, é não sair de casa.
Mas, infelizmente, a semana não tem 7 domingos.
E aí?
Aí eu lavo o cabelo.
Sim, cabelo solto, bem escovado, já dá uma melhorada.
Uso preto.
Roupa preta da cabeça aos pés vai fazer eu me sentir menor.
Neste dia não ouso colocar roupa colorida!
Estampada, então, nem pensar!
Ficaria me sentindo um balão, daqueles com cestinhas de vime, sabe?
Aqueles coloridos que ficam lindos voando nos céus.
Ficam lindos, porque ficam longe.
Bem longe.
Entendeu?
Bom… eu poderia ficar falando até amanhã sobre isto.
Mas sabe do que mais?
A grande vantagem de ter feito 50 anos é que muito pouca coisa me incomoda hoje.
Inclusive no meu corpo.
Brinco, porque só o humor salva.
Falo dos truques, das pernocas e das gordurinhas, mas de verdade?
Nunca me senti mais gostosa.
Porque o que vale é o que o corpo não mostra.
Nasceu em 1964. Ela tem 55 anos, mas em alguns posts terá 50, 56, 48, 45. Sabe porque? Por que Dominique representa toda uma geração de mulheres. Ela existe para dar vida e voz às experiências, alegrias, dores, e desejos de quem até pouco tempo atrás era invisível. Mas NÓS estamos aqui e temos muito o que compartilhar. Acompanhe!
Tenho 58, me descobri um baiacu no final do ano passado, mas eu já estava(um baiacu) há mais tempo,entende? No início do ano decidi procurar uma nutricionista, um personal e simbora….comer direito, se exercitar….hoje com 11 kg a menos e massa magra predominando….estou feliz com o que vejo no espelho… vamos lá meninas???
Tenho 50 anos e gosto mto do meu corpo.
Agora gosto pq não ligo mais para a opinião dos outros.
E sim pata a imagem que vejo no espelho e falo pra mim mesma tô gostosa kkk.
Bjos a todas Dominique.
Hoje, com quase 60, me olho no espelho e com 10kg acima de peso eu descubro que o que ficou mais bonito mesmo foi o meu amor próprio, bem mais na medida do que aos 30, 40, 50,…
Amei seu texto.
Ah meus 50 anos! Eu estava tão plena tão feliz com a minha forma física. Aí veio a menopausa aos 54, e meu mundo virou de ponta cabeça. Uma depressão desgraçada, um sobrepeso de respeito que nunca mais consegui eliminar. Não, hoje eu não gosto do meu corpo. Estou com 65 anos.
Marcia querida. Menopausa is a bitch!!!! Eita..Só não sabe quem não passou. Acredite, vc nao esta sozinha. Mas o negocio, eh aprendermos a valorizar o que temos de mais bonito. `Que seja o sorriso!! Aliás, tem mais gostoso do que um belo sorriso? Ahh tem sim. Uma mulher bem humorada nao ha quem resista!!!
Kkkkk Baiacu foi bom demais, 50 não é nada, duro é estar as vésperas dos 60 e começar a ver tudo enrugando, assim do nada um dia vc acorda e assim que vc se olha no espelho a sua vontade é de se enfiar debaixo das cobertas e não sair mais de lá…
Enfim depois eu penso, to enrugada mas to viva ne!
Affff Rosita..Vc ta muito viva. E debaixo das cobertas nao tem nada alem de escuridao. Bóraaaaaa viver e fazer o que ganhamos de melhor com nossa idade. A liberdade!!! beijocas querida!!
Eu tendo a concordar co m ela Josane. Na verdade, adoro usar cor perto do rosto. Acho que dá uma levantada. Tipo assim, um tubinho preto que dá uma afinada e um lenço ou uma biju turquesa!!
Eu tenho 60 anos, mas estou adorando, a melhor idade porque só agora estou me conhendo, me cuidando e me amando, faço faculdade, danço balé e aos domingos vou baile e danço a tarde toda.
Como disse no primeiro texto sobre as histórias da praia, uma das melhores coisas da minha praia são os papos, os causos, as histórias. Lembra que falei no segundo texto da Marianne que andava de manhã cedinho roubando minha exclusividade?
Bom, fato é que nos tornamos boas amigas de temporada, quer dizer, só nos encontramos lá. E só batemos papos daqueles de lavar a alma de vez em quando.
E foi isso que aconteceu semana passada.
Nos encontramos no fim da tarde para um daqueles famosos cafezinhos.
Papo vai, papo vem, disse que nunca mais a tinha visto com sua câmera fotográfica. Companheira inseparável.
Ela falou que tinha dado um tempo. Não sabia bem porque. Mas tinha aposentado dentro de uma gaveta. Máquina, lentes e parafernálias.
– Sabe? O digital facilitou muito, mas me fez perder o tesão. Esse negócio de poder tirar muitas fotos para poder escolher a melhor tirou a beleza das fotos na minha opinião.
– Mas porque Marianne? É uma enorme facilidade.
– Porque o custo da revelação impedia que tirássemos esse monte de fotos. Quando fotografamos, o que importa é a primeira, é o nosso olhar naquele momento, é o que capturamos, é o que aquilo nos fez sentir. Aí vem o momento da revelação, sendo que na maioria das vezes já tinha até esquecido de algumas fotos. E aparece a delícia de descobrir aquele registro. Bem, posso ser anacrônica ou saudosista, mas acho que não tem mais a mesma graça.
E aí ela começou a contar como foi o processo dela de descoberta pela paixão pela fotografia.
Por volta dos 50 anos, (affff sempre por aí, né Dominiques?) ela quis fazer algo que fosse só dela, só para ela e que a libertasse um pouco dos papéis de mãe filha, esposa, profissional. Estava se sentindo oprimida nessa casca.
Ahhh Mariane, como eu te entendo.
A história de seu desenvolvimento como fotógrafa, eu vou pedir para ela contar pessoalmente.
Foi fazer cursos com feras. Cursos que precisava ser aceita. Mas como assim? Nunca fotografei. Como farei um teste? Well, ela foi aceita, porque sempre teve e sempre terá o espírito do artista. O olhar diferenciado.
E assim passaram-se anos fotografando e estudando.
Até que surgiu a dúvida. Mas o que é que eu fotografo?
Para que eu fotografo?
Sou mais uma fotógrafa de por do sol de Insta?
E resolveu realizar um antigo sonho. Conhecer e fotografar o Rio São Francisco.
Mas precisava fazer isso sozinha.
Precisava deste tempo. Precisava deste encontro com ela mesma.
Fez seu roteiro.
Colega, sério, eu jamais teria encarado essa viagem. Roots demais para meu estilo.
Mas Marianne, na época com 54 anos, partiu decidida de avião até Aracajú. De Aracajú, 5 horas de ônibus até Penedo. E de Penedo mais 6 horas de ônibus até Piranhas.
Você já ouviu falar de Piranhas? Pois é eu nuuuunca tinha ouvido falar.
Mas a descrição de Ma foi de dar água na boca.
Uma cidade muito organizada, com casinhas coloridas, ruas de paralelepípedos, às margens do Velho Chico, mas ainda cheia de grutas e com histórias riquíssimas sobre o cangaço, afinal lá foi feita a emboscada final para maria Bonita e lampião. N-U-N-C-A poderia imaginar. Afff! Quanta ignorância!
Mas voltando. Ma hospedou-se numa pousada, simples e acolhedora. Estamos falando de 2005. Muita coisa deve ter mudado de lá pra cá.
Mas lá vai ela fotografar e procurar sua essência.
Até que numa certa sexta-feira, Marianne começa a passar mal. Tontura, dor de cabeça, vómitos e febre.
– Ah! Já já passa. Vou ficar quietinha no quarto hoje.
Aí começa a diarreia. Na madrugada de sexta para sábado percebe que a coisa só piora.
Que está sozinha, no meio de lugar desconhecido sem conhecidos.
O que adiantava ligar para família naquela altura? 4 horas de avião mais 11 horas de estrada?
Arrastou-se até a entrada da pousada, chamou a dona, que muito solicita, a levou ao hospital da cidade.
Para uma paulistana, chamar aquilo de hospital não parecia apropriado. Pela falta de equipamentos e tamanho, mais lhe parecia um posto de saúde.
Foi quando apareceu um médico.
Não. Ele não estava de branco. Não, ele não tinha cara de experiente.
Mas ela estava desmaiada. Oscilava momentos de lucidez com apagões totais.
Soro na veia e internação.
Internação??? Sozinha?
Não tinha jeito. Na verdade, quase agradeceu ter alguém, para cuidar dela.
Mas não deixava de estar com medo.
O médico acalmou-lhe. Disse que tudo ficaria bem. E falou que faria uma acupuntura nela.
Sua primeira reação?? Não! Acupuntura não? E as agulhas?
O médico sorriu complacente e pediu mais uma vez que ela não se preocupasse. Apenas que descansasse.
Bem, Marianne não tinha o que fazer. Estava entregue. Nas mãos daquele Doutor. Já tinha sido indelicada o suficiente. E tinha que acreditar nele.
E assim passou o sábado. Entre soros e agulhas. Entre pequenos apagões. Acordada se sentia num sonho. coisa estranha.
Mas passou. E veio o domingo. Que continuaria internada se recuperando. Embora já sentisse melhor. Bem melhor. Já tinha até fome!
Conseguiu sentar na cama e ver que estava numa enfermaria com outros dois pacientes. Tudo muito simples, mas muito limpo e organizado.
Ainda se sentia fraca demais. Mas já conseguia pensar. Bateu-lhe uma enorme tristeza.
Pela primeira vez sentiu-se sozinha e repensando se aquela tinha sido uma boa decisão mesmo.
Será que não tinha a capacidade de viver aquela experiência?
Quanto mais pensava, mais triste ficava.
Mas de repente, entra uma pessoa no quarto. Um estranho. Um senhor.
Cumprimenta-a. Pergunta se ela precisa de algo. Segura em sua mão. Vai buscar sua refeição na copa. Não… Não era ninguém do hospital.
Ele sai e chega uma senhora, trazendo uma santinha para presentear-lhe. Senta na beira da cama. Olha em seus olhos. Passa mão em seus cabelos. Oferece-se para ligar para família. Pergunta seu nome. E foi assim todo o domingo.
Ela viu que não era só com ela, mas também com os dois outros pacientes.
Na verdade, aquelas pessoas tiravam o domingo para consolar, ajudar, conversar, fazer companhia aos doentes e principalmente estranhos. Sabiam que eram pessoas que estavam precisando de conforto. E que uma palavra e um carinho poderiam fazer a diferença.
Neste momento, Ma começa a chorar e disse que nunca mais foi a mesma. A certeza de que precisamos de muito, muito pouco, para viver. Que existem sim pessoas que fazem o bem pelo bem.
Acredito. Acredito nela. Porque a Nanny é tudo isso.
Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.
Muito bom.
Me foquei no detalhe acima do joelho pois não me adapto com abaixo do.
Respeitando cada um com seu estilo e e de bem com o que está usando.
Valeu a dica.bjs