Baseado em história real, A Garota Ocidental é um filme com direção e roteiro assinados pelo belga Stephan Streker, ex-crítico de cinema, que faz escolhas inteligentes para contar sua história com tema complexo sobre o quão importante é a religião e a imagem perante a sociedade dentro da comunidade muçulmana.
Noce (nome original do filme) acompanha a trajetória de Zahira, que, aos 18 anos, precisa lidar com a possibilidade de um aborto em meio a uma família muçulmana que defende o casamento arranjado em nome da tradição.
Mesmo sendo um tema tão presente e já discutido, não se torna enfadonho, pois consegue com delicadeza colocar o espectador na pele dos personagens e, talvez, até a compreensão do ponto de vista de cada um.
O drama trata questões que envolvem liberdade de escolha, o livre arbítrio e as prisões que a tradição e a religião muitas vezes impõem aos que a seguem.
Mais que um filme A Garota Ocidental é uma análise e grande objeto de estudo antropológico, valendo a pena seus intensos 98 minutos de projeção.
Zahira é interpretada pela atriz francesa Lina El Arabi, que em sua primeira, espetacular e primorosa atuação, traduz não só o papel da personagem, mas também todo o seu sentimento em olhares, movimentos e expressões corporais muito bem trabalhadas.
A Garota Ocidental foi premiado no Festival de Toronto em 2016. Propositalmente o filme abre mão da trilha sonora de forma que ela não sirva como condutora emocional do espectador, deixando com que a própria atuação, fotografia e figurino falem por si só.
O roteiro de Streker apresenta diálogos muito bem construídos que irão embasar argumentos de ambos os lados da questão, sem cair no maniqueísmo fácil.
O ritmo rápido imposto por uma mensagem com takes curtos conduz o espectador ao mesmo turbilhão pelo o qual a jovem está passando.
Com ótimas atuações e um desfecho arrebatador, esse é um daqueles filmes que você não pode perder!
Eu amei!!!
[fve]https://www.youtube.com/watch?v=NMdYtP7dtFg&feature=youtu.be[/fve]