Maspassa

O dilema das Dominiques que não tiveram filhos!

Durante muitos anos a mulher viveu o grande dilema sobre ter ou não ter filhos ou qual seria o melhor momento para tornar-se mãe. A bem da verdade, não! Vive, ainda. Apesar das mudanças enormes comportamentais, a nossa sociedade ainda tem um viés pró-natalista. 

Muitos – e aí incluo homens e as próprias mulheres – carregam o conceito de que uma mulher tem de ser mãe. Há um imaginário que – se ela não teve filhos porque não pode conceber – ela é infeliz ou não realizada. Não raro, muitas até são questionadas do porquê não adotaram uma criança. 

Já a mulher que fala abertamente que não quer ser mãe por opção a história é outra. É praticamente inadmissível fazer uma afirmação dessas. Muitas são tachadas como individualistas, egoístas, ambiciosas ou mesmo imaturas. 

Os bons ventos trazem perspectiva de mudança para essa nova geração. “Mas ainda há um grande impacto sobre a visão que a mulher tem de si mesma. Como constituir uma identidade dessa forma”, questiona a psicóloga e pesquisadora Helena Lyrio-Carvalho. Em seu doutorado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), ela busca compreender mulheres que não têm filhos, por opção ou infertilidade. 

Helena traz do consultório a bagagem de estudar questões sobre a feminilidade. É, inclusive, um convívio muito próximo com mulheres vivendo esses dilemas. Como é um tema muito amplo, ela optou em sua dissertação do mestrado por estudar as mulheres que decidiram ser mães tardiamente. 

50 anos de transformações!

No doutorado, ela seguiu a mesma linha de pesquisa e, agora, busca entender os dilemas, as dificuldades e os desafios de muitas Dominiques sem filhos. “O universo feminino está em transformação. Há duas gerações uma mulher não teria essa escolha”, afirma. 

Ela cita o o filósofo francês Gilles Lipovetsky para explicar que “nosso meio século mudou mais a condição feminina do que todos os milênios anteriores.” Vejam só… os últimos 50 anos! Bom, nós Dominiques sabemos muito bem sobre essas grandes mudanças. 

Mas como explica, ainda é preciso aprofundar-se nas questões psicológicas. Para isso, ela volta a citar Lipovetsky, em seu livro A terceira mulher – Permanência e Revolução do Feminino, “cada vez mais a mulher se constitui como sujeito diante de um mundo aberto e aleatório, estruturado por uma lógica de indeterminação social e de livre governo individual, análoga à que organiza o universo masculino. A existência feminina compõe-se agora de escolhas, por meio das quais a mulher se reafirma como protagonista de sua própria vida.”

Infelizmente temos de lembrar que as mudanças não atingem as mulheres de todas as classes sociais e ou regiões de maneira uniforme. “Essa é uma mudança que vem em ondas”, explica. Mas em algumas culturas – como a muçulmana ou africanas – talvez essa mudança demore ainda mais a acontecer. 

Protagonistas de verdade!

Se há pouco anos atrás essa discussão talvez nem estivesse acontecendo, está certamente na hora de repensarmos todos esses estereótipos.  Muitas coisas ainda precisam mudar para as mulheres tornarem-se realmente protagonistas. Podemos até ajudar!

Nós, Dominiques, vivenciamos todo esse dualismo da mudança de gerações. Somos as filhas das mulheres que tinham por padrão apenas o modelo de mãe e esposa. Alguns conceitos antigos – como a 3ª jornada de trabalho – ainda permeiam o dia a dia de muitas mulheres. 

Sabemos que não é bem assim. Hoje o mundo oferece inúmeras opções de realização para uma mulher. Certamente, ser mãe é apenas uma delas. Se no passado não havia alternativa, hoje temos. E as mulheres que não têm filhos podem viver sem culpa!

Dominiques para a pesquisa

A Helena está buscando Dominiques entre 50 e 55 anos para contribuir em sua dissertação de doutorado. Ela estabeleceu essa faixa etária porque, após os 50 anos, a condição de não ser mãe já está consolidada e muitas passaram ou estão passando pelo período difícil da menopausa. 

Quem topar participar, contribuirá para que a sociedade e os agentes de saúde – dentre esses os psicoterapeutas – possam ter uma visão mais ampla da mulher no mundo atual. A pesquisa é voluntária e confidencial, inclusive foi aprovada pelo Conselho de Ética da PUC-SP. 

Caso você aceite esse convite, ou deseje mais detalhes sobre o estudo, entre em contato com a Helena pelo e-mail [email protected] ou pelo WhatsApp (11) 99105.9547. 

Mais desafios para as Dominiques

A beleza e os desafios de recomeçar aos 50 anos

Envelhecer pode ser um barato!

1 Comentário
  1. Reforço o meu convite à participação na pesquisa que estou desenvolvendo. Assim, aquelas que tiverem entre 50 e 55 anos, morarem na Grande São Paulo e não tiverem filhos, por opção ou condição infértil, poderão contribuir para que ampliemos nossa compreensão sobre nós mesmas e nossas amigas Dominiques. Um grande abraço!

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Osteopatia como aliada na qualidade de vida após os 50 anos

Você conhece a Osteopatia? Apesar de ser um método terapêutico já antigo, ainda é pouco difundido por aqui. Não deveria, principalmente as Dominiques que sempre se queixam de uma dorzinha aqui… outra ali. Quem prefere substituir os remédios por opções alternativas também vai adorar! 

A osteopatia se baseia em anatomia e na fisiologia do corpo humano, tratando lesões musculoesqueléticas e alterações orgânicas em geral pela intervenção manual sobre os tecidos. O nosso organismo é uma junção de diversas estruturas e sistemas que, se não estiverem funcionando em harmonia, provavelmente podem causar diversos problemas. 

Um deles é a dor, que às vezes surge do nada e não sabemos direito como tratá-la. Segundo a osteopata Flavia Lèbre, é um método de diagnóstico e tratamento que tem como sua principal ênfase à integridade estrutural e funcional do corpo. Ela explica que uma disfunção ou patologia pode repercutir não apenas de maneira local, mas também sistêmica, influenciando então a capacidade de autocura do indivíduo.

Dessa forma, o método está baseado no princípio de que o nosso corpo tem uma capacidade de recuperação, que pode ser aumentada por meio dos estímulos. O osteopata, por meio da intervenção manual, estimula os tecidos e assim consegue intervir nos sistemas do músculo esquelético, visceral, cranial e metabólico.

Osteopatia é indicada pela OMS

Os resultados do tratamento osteopático já foram comprovados, tanto que a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu como prática de saúde e incentiva a sua utilização. Aqui no Brasil, a regulamentação é feita pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito), responsável por qualificar o fisioterapeuta como profissional habilitado a ter essa especialização.

O método da Osteopatia foi criado no final do século 19 pelo médico americano Andrew Taylor Still. Durante a guerra civil americana, ele observou e depois investigou a correlação existente entre as patologias e, em seguida, as suas manifestações físicas. 

O diagnóstico é individual, considerando as características de cada paciente e as suas próprias disfunções. A consulta inicial dura mais ou menos uma hora e, a partir dela, o osteopata determinará o número de sessões necessárias e o intervalo entre elas.

A osteopatia é uma terapia que pode ser usada em qualquer idade e não apresenta efeitos colaterais. O paciente também não precisa tomar medicamentos. Uma recomendação é que pacientes portadores de algumas patologias mais graves devem consultar o médico antes de começar o tratamento. 

Dominiques… recorrer à osteopatia é bom e você pode obter ótimos resultados. Mas lembrem-se que essa terapia não cura os problemas diagnosticados. A melhora pode, sim, acontecer em consequência de uma série de estímulos feitos que colaboram no tratamento. É um trabalho conjugado entre médico e osteopata. 

Osteopatia para Dominiques

Você já deve estar imaginando como a osteopatia pode te ajudar com alguns problemas ou dorzinhas do dia a dia, né? Há diversos benefícios para as mulheres de mais de 50 anos, independente se passou ou não pela menopausa. Quer ver:

  • pode ajudar nas dores das articulações e amenizar aquela sensação de estar enferrujada;
  • na menopausa, os tecidos encolhem enquanto músculos e ligamentos são alongados causando dor. A osteopatia ajuda em restabelecer a mobilidade articular;
  • pode reduzir as dores de cabeça, tão frequentes para algumas mulheres durante a menopausa
  • contribui no tratamento contra a depressão, proporcionando equilíbrio entre corpo e mente e proporcionando o bem-estar.

Em suma, esses são apenas alguns benefícios que a osteopatia pode proporcionar para as Dominiques. Depois me conta o que você achou e quais tratamentos alternativos costuma fazer!

Mais sobre saúde para Dominiques

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Pode culpar a menopausa pelos seus lapsos de memória

* Flavia Lèbre é osteopata e tem consultório em São Paulo.

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A beleza e os desafios de recomeçar aos 50 anos!

Nós, Dominiques, estamos naquela fase da vida em que muito do que fazia sentido talvez não faça mais. O que era até então incontestável simplesmente transfigura, trazendo muitas vezes dúvidas e medos. Minha missão acabou? O que vou fazer do resto da minha vida? É hora de recomeçar????

Eventualmente, a resposta estará no recomeço. Em 29 de janeiro, faremos um novo encontro entre Dominiques, em São Paulo. Enquanto isso, o que você acha de já começarmos online a nossa conversa sobre o que é Recomeçar?

A terapeuta corporalista Liliane Oraggio, de 56 anos, prefere pensar nessa fase de vida como um ótimo momento para “se atualizar”. A escolha da palavra faz todo sentido. Recomeçar significa retomar algo após um período de interrupção. Atualizar-se é adequar-se aos dias de hoje, modernizar-se.

Para Liliane, o maior desafio nesse período é justamente compreender “o que está sendo finalizado em nossa vida” para descobrir quais são os novos comportamentos que estão surgindo. Esse é o momento propício para atualizar o estilo de vida ou o relacionamento. Por vezes, é nesse momento que algumas mulheres encontram uma segunda carreira. 

“A natureza sempre age de uma forma muito bonita. Quando um processo termina, já começa a brotação de algo novo. É assim na biologia e não podemos esquecer que a menopausa é um processo biológico”, reflete Liliane, cuja linha de trabalho chama-se Processo Formativo. Para ela, é justamente a noção de que uma forma está se desfazendo (e outra está vindo) que ajuda nesse período de transição do que chamamos de Recomeçar. 

A temporalidade e liberdade

A psicóloga Patrícia Leonardo, de 40 anos, a mulher de 50 anos é uma mulher liberta ou que conquistou a própria liberdade com a temporalidade. Portanto, para ela, a existência passa a estar essencialmente ligada ao tempo. Nesse sentido, recomeçar pode significar como ela deseja “seguir” seus dias, sua vida, dar sequência à própria existência.

A maturidade permite a mulher de 50 anos a realização de seus desejos. No entanto, caberá apenas a ela concretizá-los. Antes disso, havia uma incongruência de ser o que não se é. Quando alcança a maturidade, essa liberdade pode ser vivida. Não há mais a obrigação de desempenhar determinados papéis, de determinadas maneiras que antes lhe eram impostas/exigidas. “Ela não deseja mais ser aceita, ela se aceita como é”, avalia Patrícia, cuja linha de trabalho é a Abordagem Humanista Centrada na Pessoa.

O desafio da Maturidade

É o momento de transformação de um adulto no auge da sua potência para o adulto da maturidade. Num dia, você é aquela mulher poderosa, sexy, que consegue cumprir diversos papéis de uma forma“exuberante”. Finalmente chega uma nova fase da vida, quando muitas coisas que fazíamos/acreditávamos deixa de fazer sentido. A maturidade nos brinda com a oportunidade de nos atualizarmos e de escolher novos papéis. 

Mas nenhuma transformação acontece sem o enfrentamento de dilemas e a busca para a resposta de inúmeras. 

  • Preciso estar à disposição o tempo todo dos filhos, do marido?
  • Será que quero ser sexy o tempo todo? 
  • Preciso ser produtiva no trabalho na mesma velocidade? 

Além de buscar as respostas para o que queremos ser, simultaneamente esta fase também chega com as eventualidades já sabidas, mas que nunca estamos preparadas. É a morte na família ou do companheiro. Algumas mulheres se dedicaram inteiramente ao casamento e agora vivenciam a separação. A psicóloga  Fabiana Tena Maldonado, de 47 anos, terapeuta Gestalt, explica que não há uma conduta padrão para passar por essas experiências.

Algumas vezes é um processo lento, em outros um período difícil de superar. A busca pelo auto conhecimento será fundamental para lidar com esse período de insegurança. “O suporte emocional auxiliará nas respostas a esses questionamentos necessários e construtivos dessa nova mulher que precisa se redescobrir e encontrar um novo sentido”, conforme explica Fabiana.  

Ter consciência para recomeçar

Liliane também reconhece que essa transição não é fácil. Contudo, ela assegura que as mulheres que tiverem maior consciência – antes – dos seus processos subjetivos e corporais passarão por essa transição de uma forma mais orgânica. Não raro, a clareza sobre o significado desse período vem depois de passarmos por um grande turbilhão de acontecimentos. “É a vida que acontece. Quanto mais tempo temos, mais fatos e transformações experimentamos”, comenta Liliane. 

É importante relembrar que essa etapa significativa na vida da mulher apresenta-se junto de outro grande desafio, que é o de “desormonar”. “O corpo da mulher deixa de ser alimentado por uma eletricidade neuro-química”, explica Liliane. Portanto, é preciso se reorganizar e se atualizar também para vivenciar as mudanças do ritmo de sono, digestão e prontidão de raciocínio. Quem leva uma vida mais agitada, com muitas responsabilidades, depois da menopausa não conseguirá mais. Dessa forma, será fundamental atualizar também o ritmo do corpo. 

Topar o desafio de se reorganizar e se atualizar determinará como a mulher viverá os próximos momentos da sua vida. A terapeuta Liliane costuma dizer que essa fase é a “infância da velhice”. Com 50 anos temos a clareza de que a vida tem um começo, meio e fim. E mais: que a cada dia vivido temos menos tempo. 

A clareza da finitude é o incentivo para viver outras experiências. Esse é o momento para arriscar-se. A mulher de 50 anos não está mais presa a antigos parâmetros familiares ou do trabalho. Ela já sabe o que quer, vai lá e faz! É até paradoxal pensar assim. A mulher se coloca em novos desafios, mas sem deixar de ser quem ela é. É o momento perfeito para arriscar-se e fazer!

Aviso!

Esse encontro será aqui na sede do Projeto Dominique, na Faria Lima. Mas, menina, esse evento lotou em menos de 24 horas. Caso tenha interesse de vir no próximo, deixa seu nome na lista de espera (aqui), que estes nomes serão os primeiros a serem chamados, tá?

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Sobre a Menopausa – video


Dominique

Nasceu em 1964. Ela tem 55 anos, mas em alguns posts terá 50, 56, 48, 45. Sabe porque? Por que Dominique representa toda uma geração de mulheres. Ela existe para dar vida e voz às experiências, alegrias, dores, e desejos de quem até pouco tempo atrás era invisível. Mas NÓS estamos aqui e temos muito o que compartilhar. Acompanhe!

2 Comentários
  1. Amei a materia eu hoje com 58 anos sei muito bem o que quero p minha vida quero mais libertade sou casada pena estar sem trabalho que me impossibilita de ter total liberdade.

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Caminhos Cruzados – Calor Infernal. Seria o tal Fogacho?

Era o dia. Dia de apresentar o projeto para a última instância de aprovação: o presidente da empresa. Tinha muita confiança no trabalho. Era excelente. Matador.

Mas não custava um cuidado extra na hora de me arrumar. Já sabia há semanas o que vestiria. Aquela calça escura, muito bem cortada, nem justa nem larga. Escolhi uma blusa decotada de alças finiiiinhass, daquela seda que é quase um bijou de tão delicada, como diria minha avó. Branca. Branquíssima. Tinha que, de alguma maneira, valorizar aquele colo bronzeado e tão tratado.

Um cinto mais largo que o normal, com uma fivela bacanuda, era o toque de informalidade da roupa. Agora o blazer. Seriedade é fundamental. Não basta ser. É preciso parecer! Peguei meu melhor blazer, aquele que se compra uma vez na vida. Digamos que seja uma daquelas peças definitivas que você nunca mais comprará, sabe como é?

Um colar extravagante. Mas não muito. Afinal, sou uma profissional antenada e moderna. E, para arrematar o look, aquele sapato preto podre de chic e de salto altiiiiiisssiiimo. Uma escova lisa superbem feita que só a Neuzinha sabe fazer. Maquiagem leve, com uma pele sedosa contemplando e valorizando todas as marcas dos meus 50 anos. Uma última conferida geral e até o espelho, rotineiramente imparcial, aplaudiu o resultado!

Encontro as outras duas pessoas do escritório já no cliente. Sala de reunião pomposa. Devem ter trazido uma montanha inteira de Carrara para fazer aquela mesa. Cadeiras brancas de couro é coisa de gente que não tem medo de ser feliz, né? Bom…

Chega o presidente com sua entourage. Cumprimentos, cinco minutos de amenidades e começa o show. Estou confiante. O projeto é forte. Minha apresentação, apaixonada! Vejo o interesse na postura dos espectadores. Tenho controle total sobre a audiência.

Sei disso. Três décadas na profissão me deram esta sensibilidade.

Que delícia. Chego ao último slide e um enorme obrigada sorri na tela. As luzes se acendem. Começam as dúvidas. Não há pergunta que eu não tenha resposta.

Estou tão segura que reclamo jocosamente do ar condicionado. Que calor amigos. Será que não podemos aumentar um pouquinho este ar? Uma moça muito prestativa atende ao meu pedido. Mas se passam alguns minutos, e continuo sentindo um calor que na verdade só aumenta.

Começo a transpirar. Olho em volta, e vejo que todos estão à vontade em seus espaços. De repente, sinto algo inexplicável. É como se um vulcão dentro de mim entrasse em atividade. Uma explosão de calor dos pés à cabeça. Minha primeira reação automática é tirar o blazer.

Mas, péra.
Não posso tirar!!
A blusa é de alcinha!
Meus braços!!!!
Lembra que falei lá em cima que tenho 50 anos?
Nãooooo!
Mas não dá.

Está começando a aparecer no meu rosto esta revolução térmica. Vou tirar o casaco. Dane-se o braço! Mas aí noto que aquela minha blusinha branca de palha de seda, tão delicada, não só está molhada, mas encharcada de suor e pateticamente grudada ao corpo. Desespero!

Escuto ao longe meu nome. Quando dou por conta, todos estão olhando para mim, aguardando minha resposta. Mas qual foi a pergunta? Olho desesperada para meu colega. Ele assume e responde. Ufaaa…

O presidente interrompe e pergunta se eu estou bem. Constrangedoooorrrrrrr. Abro um largo sorriso e continuo o assunto de onde meu colega parou. Porém, continuo pingando. De vulcão passei a me sentir uma cachoeira.

Cataratas!

Meu Cabelo molhou!
Ai meu Deus…
Meu cabelo ‘nãoooooo’!
10,9,8,7,6,5,4… Pufffff!
O pixaim! O pixaim!
Começando pela nuca.
Sabe aquele cabelinho danado de ruim que a gente tem perto da nuca?
Pois é…
O meu é especial! Ele encrespa e arma com um gigantismo assustador.

Ainda falando e tentando ser natural, discretamente enfiei a mão na minha bolsa em busca de uma piranha, grampo, fivela, durex, clips, fita isolante, arame farpado, qualquer coisa para prender o que já se podia chamar de juba naquele momento.
Obviamente minha concentração e foco já tinham ido pro Iguaçu. Não sabia o que estava acontecendo.

Bem, na verdade sabia sim. Tive meu primeiro fogacho. É esse o nome? PQP!! As fichas começam a cair na velocidade que as gotas escorriam pela minha testa. Olho em volta, para ver se alguém estava reparando. E ora veja, sim… todos estão! Saco!

As mocinhas, novinhas, com um sorrisinho no canto da boca. Até imagino o que estão pensando. “Aí tia… ficou nervosa?? Tá que nem minha mãe. Velha suando é dose!” Os homens da mesa fingem que não estão notando. Mas não conseguem parar de olhar para meu cabelo pingando, e minha base matte da Mac derretendoooooo… Matte… tá bom..

E pensam que são discretos! Os colegas, ambos homens, boquiabertos ao perceberem que, pela primeira vez, me viam insegura e titubeante. A coisa só piorava. Quanto mais tentava disfarçar, mais suava. Viscoso, ciclo vicioso dos infernos. Interminável show de horror.

Mas, na ponta da mesa, vejo uma mulher que não tinha notado ainda. Também pudera… Como notá-la? Ela tinha quase 60 anos! Sim, sim, sim, sim… sou péssima!! Mas, ao cruzar com seu olhar, vi imediatamente um sorriso de acolhimento. Um sorriso de entendimento e compreensão.

Uma generosidade que naquele momento acho que nem Madre Tereza seria capaz.

Ela pediu a palavra. E começou a comentar o projeto. Tirou os olhares de cima de mim. Deixei de ser o foco. Juro, não lembro uma única palavra que ela disse. Consegui respirar, me acalmar e, lentamente, voltei ao normal. Normal é maneira de dizer, né? Meus cabelos… ai, ai, ai… Recomposta, olhei com cumplicidade para minha mais nova amiga de infância, retomei a palavra serenamente.

Finda a reunião, vieram as congratulações e as despedidas. Não conseguia pensar em outra coisa que não fosse agradecer aquela santa. Mas não lembrava o nome dela.
Angela?
Não! Não, não era com A.
Mas era nome de música.
Gabriela?
Dindi??
Li-gi-aaaa…
Ufaaa…
Tom não me deixaria na mão!
– Lígia! Chamei com uma intimidade que só parceiras de infortúnio podem ter.

Ela olhou para mim, abriu um sorriso e veio em minha direção.
– Lígia – falei novamente com grande cumplicidade
– Antes de mais nada, obrigada! Não sei como retribuir sua gentileza durante a reunião!
– Ora, ora, não há de quê! Já estive em seu lugar.
– Mas, Lígia, ninguém me contou que seria assim.
– Não. Ninguém conta. E, pior, poucas de nós são solidárias. Nem nesta nossa fase da vida. Parece que não reparamos ou não queremos ver nas outras as mazelas que logo serão nossas.
– Lígia, querida, independente do projeto, vamos manter contato.
– Vamos sim. Será um prazer. Mas meu nome é Luiza!

E foi assim que senti meu primeiro fogacho.

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Vamos falar sobre reposição hormonal?

12 dicas para lidar com o calor da Maspassa

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

23 Comentários
  1. oi bom dia!passo por esta situação,percebi q era os sintomas da menopausa porquê,qualquer vento sentia frio,agora estou sempre suando, desanimada, não queria usar o chá da Folha de amora,porque emagrece mas vou tomar,se não der certo vou tentar a soja,q contém isoflavona estou sempre cansada,o pior pra mim é tomar alguma coisa q me faça perder peso,

  2. Sou uma felizarda.
    Ou uma exceção para confirmar a regra?
    Nunca senti nada no climatério.
    Nunca fiz reposição hormonal.
    Nem tive cólicas qdo menstruava.
    Estou agora com 86 anos.

  3. Muito bom meninas, vcs e o texto da Dominique já preparam bem pra está fase e dão uma boa consolada geral!! Essas trocas são incríveis!!Valeu,bjs

  4. Minha menopausa foi antecipada, quimioterapia e radioterapia aos 34 anos e aos 40 iniciou tudo; calores, falta de libido, engordei pra caramba, mas até hoje estou dando a volta por cima e vivendo bem, graças a Deus.

  5. Minha menopausa foi fabricada, esterectomia,aos 41 anos, não passei por muitos sintomas, mas tive uma depressão horrível e tbm não tinha ninguém para me ajudar, foi barra mas superei. O que eu não entendo é porque o maior inimigo de uma mulher na maioria das vezes é outra mulher

  6. Simplesmente tudo isso é muito mais !!! Amei o texto um misto de riso e choro uma verdade explícita !!!!!!

  7. Baita texto! Amei, mas o que me assusta é a falta de cumplicidade entre as mulheres (mais jovens) e o que mais me surpreende é exatamente cumplicidade entre as Dominiques, Luisas, Ligias. Meninas, fiquem espertas, vcs chegarão lá e tomara que com nossa elegância e bom humor.

  8. Tenho 54 anos e no ano passado comecei a ter os temíveis calorões mais intensamente. Nao faco reposição hormonal e sempre achei que não ia passar por isso pois minha mãe me contava que não teve nenhum sintoma da menopausa. Durante o inverno é tranquilo mais já estou me preparando para o verão. Haja lenço e leque, não saio de casa sem…

  9. É a vida, a vida das mulheres! Mas, é bonita é bonita e é bonita! Vamos em frente, voltando a usar lenço (de algodão) leques, ar condicionado no mais gelado
    e vento muito vento.

  10. Adorei. Sei bem o que é isso. Falavam que era só no início e depois diminuiria mas que nada. E com esse verão de 40 graus do Rio eu derreto. Cabelo só curtinho. Dizem que a amora faz bem. Realmente diminui. Mas ser mulher é sofrer no paraiso. Então quanto mais relex menos suor e o calorão diminui. Qto a solidariedade só tive de quem passou por essa situação. É tentar brincar e ir levando.

  11. Tenho 59 anos e já passei por muitas situações desagradáveis, os fogachos aconteciam nos melhores momentos, nas reuniões com amigos, com a família na mesa, na faculdade da terceira idade, parece não ter fim. Faço reposição hormonal há 10 anos e só tenho trégua no inverno que diminuem um pouco mas no verão eu sofro. Não sei até quando vai durar e super entendo quem passa por isso. Força mulheres!

  12. Simplesmente verdade tudo o que foi exposto. Discordo apenas de que não fui informada sobre esse cemitério,ironizando o climaterio, rs. Minha falecida mãe sofreu muito,falava sempre sobre essa famigerada fase, mas eu, jovem, pensava que fosse um certo exagero.
    Mas não é não! Pior fase que estou vivendo é essa. Situações como a do texto são rotineiras no meu dia a dia. Maquiagem fica borrada, cabelo que é muito liso, fica oleoso com o suor. Não faço reposição hormonal. Optei por produtos naturais. Nada adiantou.
    O que fica, são as sensações de forte calor, depois frio. Uma tristeza sem fim. Vontade de largar tudo e sumir do mapa. Solidão.
    Realmente, eu acho que nós mulheres poderíamos ter uma velhice menos conflituosa. Uma sacanagem com a gente.

  13. Oi já vai fazer 5 anos que estou com esse fo cachos não tem remédio que cure e horrível não sei o que fazer e ainda tem hipotiroidismo tome hormônio se alguém encontrar algum remedio q cure me avise Abraço Obrigada.

  14. Imagino seu sofrimento nunca passei por um dilema desses mas os fogaçaos não me abandonan tenho 54 anos e tenho sofrido kkkkkkkk sua estória me desculpe mais deu graça

  15. Sensacional!!! Gargalhei lendo seu texto porque me vi nesse cenário…. Parabéns, você conseguiu colocar muito bem o que é o estado dá menopausa e com muita bom humor. Beijos

  16. Amei!Estou passando exatamente por isso.
    Ainda não encontrei essa tal de solidariedade e o nome fogacho só descobri semana passada kkk
    Abraços!!

  17. Além de não serem solidárias ainda exclamam, “nossa, não, eu ainda não estou “”nessa”” idade…
    “Nossa, vc não faz reposicao?”…
    “Credo, é menopausa precoce ?”
    Aí gente eu já escutei cada uma…

  18. E a cunhada que, muito gentil, coloca um VENTILADOR do lado do meu lugar a mesa, na reuniao de familia….Hoje nem me importo mais, levo um leque japones na bolsa !

  19. Adorei! Já passei por muitos momentos desses! O pior são os olhares de ironia que rola aqui em casa. Rolavam, rolavam! Porque, Dominique, acredite em mim, isso passa! Enquanto esse dia mágico não acontecesse, o melhor é manter esse seu bom humor.

    1. Quando me dei conta estava lendo e estava presa aos textos. Sou bem mais velha, nos anos 50 ja tinha 11, mas estou encantada com
      o que li. Parabéns! Nasceste para escrever com certeza. E eu vou te acompanhar pela leitura. Um abraco

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Os fatores que contribuem na redução da libido, além da menopausa!

A menopausa causa uma série de mudanças no corpo da mulher em virtude das flutuações hormonais. Até mesmo as mais jovens, na pré-menopausa, podem sentir alguns sintomas. Uma das queixas mais comuns é a redução da libido. A diminuição do desejo sexual é, também, uma questão delicada e complexa. 

O mecanismo de atração da mulher é influenciado por fatores externos e psicológicos. A ginecologista Rita Dardes, que conversou recentemente conosco sobre reposição hormonal (aqui), explica que a libido não é influenciada apenas pelos hormônios. “A mulher funciona diferente. Em primeiro lugar, ela precisa ser aquecida e estar bem. Fatores externos influenciam muito”, destaca. 

A dra. Rita coordena o Ambulatório de Climatério da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde também é professora adjunta do Departamento de Ginecologia. Ela conta que o tema é recorrente e por vezes instiga uma conversa de mais de uma hora com suas pacientes. Também é essencial romper a vergonha de falar com a médica. 

A falta de desejo pode estar ligada à diminuição dos hormônios testosterona, estrogênio e progesterona. Hoje, há recursos modernos e mais seguros a fim de ajudar as mulheres a enfrentar essa fase. A dra. Rita explica que a reposição hormonal é o principal. 

Ela costuma utilizar a testosterona no tratamento de suas pacientes. O medicamento deve ser formulado e só pode ser utilizado se associado à terapia hormonal completa. Como a reposição não é recomendada a todas as mulheres, a ginecologista recomenda a conversa com o médico de confiança. 

Como enfrentar a queda na libido

“Mas não é verdade que o hormônio vai melhorar 100% o problema”, evidencia a ginecologista. Uma vez que a libido envolve fatores psicológicos, é fundamental entender o que mais está impactando na vida da paciente. 

A baixa libido pode estar relacionada a problemas no relacionamento, como por exemplo brigas constantes. Além disso, rotina estressante bem como pelas dificuldades materiais, como falta de trabalho ou dinheiro, também influenciam o bem-estar. 

Outras mulheres sofrem as consequências de problemas físicos, como a secura vaginal. O impacto na vida sexual é grande. Muitas mulheres sentem-se culpadas ou mesmo ficam com vergonha de dividir o problema com seus parceiros. Neste caso, o laser pode ser um aliado da paciente. Já falamos dele aqui

Antes de prescrever a reposição hormonal, a dra. Rita esclarece que é fundamental mostrar o impacto desses fatores externos. Algumas vezes, a recomendação é que a paciente mude o comportamento. “Ela pode apimentar o relacionamento com brinquedinhos, comprar uma lingerie nova ou trocar mensagens quentes com o parceiro”, sugere. 

Outra mudança que a mulher pode fazer está relacionada ainda ao seu estilo de vida. Dessa forma, a prática de exercícios físicos faz bem ao corpo e à cabeça. Cuidar-se também influencia na autoestima bem como no bem estar geral. Enfim, a menopausa é uma fase de transformação e pequenas adaptações pode fazer toda a diferença na vida da mulher.

Um estímulo para a vida sexual

Temperar a vida sexual já é um assunto corriqueiro por aqui. Qualquer Dominique sabe que a vida sexual pode não ser a mesma que o vivido anos antes. Do mesmo modo, também não é para o parceiro! Vale mesmo é deixar todos os tabus de lado e vivenciar coisas novas. Por que não, hein?

Você já ouviu falar sobre a Massagem Tântrica? Já falamos aqui que também é uma baita terapia alternativa bem como pode melhorar o sexo. Topa tentar?

Quem gosta de apimentar a relação, contamos aqui a história de um casal que ousou muito para aquecer o fogo dos velhos tempos. Você não vai acreditar na aventura que eles criaram. 

Você já experimentou usar um brinquedinho para apimentar o relacionamento? Contamos aqui as aventuras de três Dominiques em sua primeira visita a uma Boutique Sensual. Uma história imperdível. 

Às vezes, um livro pode instigar a sua imaginação e ser bem estimulante. Já pensou em incluir a literatura erótica na sua rotina de leituras? Confira aqui os 10 melhores livros apimentadíssimo.

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