De Cabeça Erguida – A relevância da segunda chance

“De Cabeça Erguida” filme de Emmanuelle Bercot, abriu a 68ª edição do Festival de Cannes de 2015.

Trata-se de um projeto ambicioso que mistura documental e ficção, resultando um trabalho indispensável na filmografia de sua idealizadora.

O longa foi a primeira produção de uma mulher a abrir o evento em 30 anos.

A trama acompanha a vida do jovem Malony, dos seis aos dezoito anos de idade. Com um histórico familiar totalmente desfavorável, Malony se torna um delinqüente juvenil com temperamento desequilibrado, dividindo seu tempo entre pequenos crimes e internações em centros de correção e reformatórios, onde cumpre pena por seus atos. Mesmo assim, o adolescente recebe a ajuda de uma juíza e de um educador, que lutam e se esforçam a todo o custo para salvar o garoto e lhe dar uma nova chance.

A dificuldade do personagem em criar laços, a insegurança que surge em se aproximar de alguém, a impaciência, a sexualidade bruta, entre tantos outros aspectos conflitantes do personagem, são muito bem criados por Bercot. É interessante notar que o espectador não se sente entediado diante da narrativa; muito pelo contrário: ele se sensibiliza com o protagonista, mesmo detestando seus atos. O protagonista desperta a comoção do público, como se quem assistisse quisesse lhe estender a mão, pois sabe que ele realmente precisa.

Apesar de alguns momentos sombrios, o filme nos propicia sempre uma ponta de esperança – e o desfecho, a cena final em si, tem uma beleza e um significado ímpares.

“De Cabeça Erguida” proporciona uma visão crítica de criminalidade na juventude, ressaltando o papel dos educadores na transformação dessas vidas, sugerindo também a importância da família bem estruturada na construção da personalidade do indivíduo

Esse retrato serve como reflexo de alguns dos principais problemas que são caros à Europa, em especial a França. Em alguns momentos inclusive, traz à tona questionamentos atuais em escala mundial, chegando próximo aos brasileiros com a questão da maioridade penal.

Bercot também autora do roteiro optou por uma direção inquieta o que dá um tom bem realista ao filme e sua direção de atores mostrou-se excepcional o que levou a interpretações igualmente excepcionais. 

Catherine Deneuve está brilhante fazendo a juíza. Sara Forastier é de um assombro em cena ao interpretar a desnaturada e drogada mãe de Malony, roubando a atenção de quem assiste. Benoît Magimel, o tutor do jovem protagonista, tem uma interpretação excelente e repleta de sutilezas.

Mas realmente não há como negar que a escolha do novato Rod Paradot – fazendo sua estréia no cinema – para interpretar Malony é o grande acerto da produção.

Paradot desenvolve seu personagem explosivo deixando o espectador sempre esperando pelo pior, mas sempre com uma ponta de esperança.

“De Cabeça Erguida” um filme capaz de gerar bons debates e
fazer pensar – em suma uma produção necessária que há anos
não tínhamos.
Muito bom!!!

Trailer:

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