Era um sábado. Em uma semanas mais intensas de minha vida profissional. Por mais gratificante que seja, sempre é de uma exaustão sem tamanho.
Mas o tão almejado sábado chega. Viajo para a praia, onde me recarrego. Ao chegar em meu infinito particular sinto-me meio perdida com tanto tempo disponível para o ócio.
Não sei por onde começar.
O tempo está feio e convida à reflexão.
Mas acho que não estava a fim de refletir.
Lembro da minha listinha de músicas, que vou anotando ao longo das semanas e prometendo que, quando tiver tempo, vou incluí-las no meu Spotify. Ótima pedida!!!
Começo com Eisbaer, do Nouvelle Vague, passando por Touch Me, do The Doors, Up in the Sky, do Robert Cray Band, e chego em The Look of Love, com Nina Simone. Música gostosinha, com deliciosa interpretação desta diva. Eu me detenho um pouco mais no resultado desta busca e me deparo com uma pasta com toda a obra de Burt Bacharach. Baixo todas de imediato. Ao ouvi-las, noto a grandiosidade de sua orquestra.
Metais… Muitos metais… Cordas… e uma infinidade de instrumentos que dão a suas obras todo um tom realmente grandioso. Aí, inevitavelmente, mesmo não querendo, começo minha reflexão.
Eu não queria refletir, lembra?
A obra de Burt Bacharach é quase que, na sua totalidade, dedicada a trilhas de filmes. E suas obras de maior sucesso acontecem na década de 60 e 70, se não me engano.
Tudo encaixando numa linearidade cronológica, histórica e musical.
Músicas delicadas, românticas, idealistas, beirando o ingênuo, contrastando com arranjos suntuosos.
Coisas de uma época. Coisas de cinema e de Hollywood.
Porém, imediatamente, minha não desejada reflexão, me leva ao nosso quintal musical.
Na hora me lembro de uma música de Chico, que adoro.
Acontece que sempre que ela começa a tocar, sua grandiosidade instrumental inicial, me irrita, mas me irrita muito.
Falo de maravilhosa Rosa dos Ventos.
Uma obra prima.
Cheia de entrelinhas.
Cheia de significados.
Mas porque aquele início tão rebuscado? Ok… Ok… Anos 70.
E pra não falar que estou de marcação com o Chico, me lembrei tb de Hoje e Universo Em Seu Corpo.
Músicas viscerais de Taiguara que simplesmente não ornam com todos aquela orquestração. Minha opinião.. Mas vai ver que o problema sou eu. Aliás, com certeza o problema sou eu.
Se pensar bem tem outra situação com a suntuosidade dos metais que muito me irrita.
Fico absolutamente incomodada sempre que escuto o rufar dos tambores e o toque das cornetas que precedem a entrada de sua alteza real…………….. A NOIVA!!! Que noiva? A noiva que entrará às 7 horas na igreja. E a das 8 horas e a das 9 horas.
Sei que hei de me arrepender profundamente deste comentário.
Minhas futuras norinhas provavelmente casarão com todos os metais e tambores disponíveis na cidade de São Paulo e, quem sabe, até com as bandas marciais escocesas!!! Mas isto é outro assunto para outra hora .
Coincidência ou não, acabo minha jornada musical, já na madrugada de domingo, com outra música de trilha sonora de filme. Everybody’s Gotta Learn Sometimes, com Beck.
Linda!!! Tocante!!
Os instrumentos são quase dispensáveis diante de visceral interpretação de Beck.
Mas talvez seja apenas meu momento intimista quase melancólico. Vai saber…