Um Instante de Amor retrata a figura feminina na sociedade

Adaptado do best-seller da italiana Milena Agus, Um Instante de Amor instiga o público a discutir a emancipação feminina, em especial naquilo que tange a sua sexualidade.

Gabrielle (Marion Cotillard, esplêndida no papel) é uma mulher bela e solitária que não sabe lidar com seus impulsos sexuais. Preocupada com a sanidade mental da filha, cada vez mais perturbada, sua mãe arma o casamento dela com o pedreiro José (o excelente ator espanhol Alex Brendemiahl). Após sofrer um aborto e descobrir que tem pedras renais, Gabrielle vai se tratar numa clínica e lá encontra a paixão que jamais teve pelo marido, um tenente à beira da morte ( o bonitão Louis Garrel).

Interessante a ideia de utilizar a doença renal de Gabrielle como metáfora para seu desejo reprimido. O filme resgata um conceito muito bem definido pela medicina grega – o de que os órgãos específicos adoeciam como causa e consequência de determinadas emoções em desequilíbrio. Os cálculos renais da protagonista estariam intimamente ligados ao sentimento do medo, natural para uma mulher da década de 50, que vivia o conflito de ter que domar o feminino dentro de si mesma. Embora o filme de Garcia se dedique ao feminino ela dá aos personagens masculinos um tratamento complexo, generoso, de muita sensibilidade.

É no desempenho do elenco que Um Instante de Amor certamente irá agradar ao público. A personagem Marion Cotillard é construída com muito empenho por uma atriz que se entrega de forma absoluta. Ela é sem dúvida uma das grandes intérpretes de nossa geração. Seu par romântico, Louis Garrel, se distancia cada vez mais do estigma de símbolo sexual. Com uma atuação surpreendente, Garrel se despe de qualquer vaidade para a composição de seu personagem, que aparece pouco, mas é fundamental para o desenrolar da trama. A dupla definitivamente é o maior atrativo de Um Instante de Amor.

O longa conta com uma bela e charmosa fotografia assinada por Christophe Beaucarne.

A trilha sonora com realce especial à Barcarola de Tchaikovsky é discreta e elegante.

O filme de Nicole Garcia não desperdiça sua força cinematográfica, pelo contrário, consegue traduzir o íntimo de seus personagens através de imagens e da essência de seu texto.

Dominiques, aqui fica minha dica da semana.

Bom programa!

Aproveitem!

[fve]https://youtu.be/AYA370PuTzc[/fve]

Seja a primeira a comentar

Comentar

Your email address will not be published.

You may use these HTML tags and attributes: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>

QUER MAIS CONTEÚDO ASSIM?
Receba nossas atualizações por email e leia quando quiser.
  Nós não fazemos spam e você pode se descadastrar quando quiser.
CADASTRO FEITO COM SUCESSO - OBRIGADO E ATÉ LOGO!
QUER MAIS CONTEÚDO ASSIM?
Receba nossas atualizações por email e leia quando quiser.
  Nós não fazemos spam e você pode se descadastrar quando quiser.
CADASTRO FEITO COM SUCESSO - OBRIGADO E ATÉ LOGO!
QUER MAIS CONTEÚDO ASSIM?
Receba nossas atualizações por email e leia quando quiser.
  Nós não fazemos spam e você pode se descadastrar quando quiser.
CADASTRO FEITO COM SUCESSO - OBRIGADO E ATÉ LOGO!
QUER MAIS CONTEÚDO ASSIM?
Receba nossas atualizações por email e leia quando quiser.
  Nós não fazemos spam e você pode se descadastrar quando quiser.