Fiquei perturbada quando percebi que sentia isso. Foi difícil reconhecer que tenho essa maldade dentro de mim.
E não é porque todo mundo tem que me sinto melhor.
Sim senhora. Você também sente Schadenfreude.
Assim como saudade que é uma palavra que supostamente só existe em português, Schadenfreude é uma palavra alemã de difícil tradução.
Literalmente quer dizer alegria ao dano, é um empréstimo da língua alemã para designar o sentimento de alegria ou satisfação perante o dano ou infortúnio de um terceiro.
Que coisa, né? Esses alemães!! Você com certeza acha que não sente isso. Imagine se vai ficar feliz em ver o outro se dar mal? Jamais!!
Deixa ver se eu consigo explicar.
Hummm, vejamos.
Você tem aquele almoço das amigas de infância que tanto gosta. Encontram-se com uma certa frequência, o suficiente para quererem continuar se vendo. A essa altura todas vocês já sabem que a convivência continua não é saudável para ninguém.
Vão chegando, uma a uma naquele restaurante do momento. Badaladíssimo.
Aí chega a Vivian. Na hora você percebe que ela engordou. Não 1 quilo ou 2, mas uns 5 ou 7. Afffffffffffff
Qual seu primeiro sentimento? De verdade? Lá no íntimo? Não minta!!!
Você pode sim se solidarizar quando ela se queixar. Provavelmente você dirá que nem percebeu que ela engordou. Ou que ela está exagerando. Mas teve uma ligeira sensação de prazer ao vê-la chegar mais gorda.
A sensação de que ela fracassou em alguma coisa, fez você sorrir internamente. Seja você magra ou gorda. Tanto faz.
Surpreendentemente o fracasso dos outros nos faz bem.
Podemos até tentar nos censurar. Censurar o pensamento, pois o sentimento é impossível.
É claro que não estou falando de catástrofes, isso não desejamos para ninguém (eu acho, pois aí já seria sadismo, né?).
Reconheceu-se? Pensa bem..
Tá bom. Esquece a amiga que engordou.
Você já deu risada das Vídeo Cassetadas do Faustão ou de alguma Pegadinha? Pronto. Foi um momento em que se sentiu feliz em não ser o outro. E isso é Schadenfreude. E Schadenfreude faz parte da “natureza humana”.
Melhor entender e reconhecer do que negar o sentimento.
Agora, não é porque reconheci, que gosto de sentí-lo e aposto que você também não. Fui procurar entender melhor esse sentimento tão complexo e vi que muito já se falou e já se escreveu sobre ele, veja só.
Me diverti muito quando li o que a historiadora de emoções britânica Tiffany Watt Smith escreveu sobre o desenho animado Os Simpsons em seu livro Schadenfreude—The Joy of Another’s Misfortune.
Homer Simpson torcia para que a loja de Ned Flanders, seu vizinho caretão, ficasse às moscas e ele fosse à falência, simplesmente para que não tivesse sucesso.
Porém Homer se arrependia da praga rogada antes que ela se concretizasse, atitude de que a autora do livro se aproveita para discutir até onde vai nosso desejo que o outro se “ferre ” realmente.
(Se nunca assistiu os Simpsons isso aqui não vai fazer o menos sentido. Então assista!!!)
Em outro texto li que esse sentimento remonta ao início das civilizações onde pequenos grupos lutavam uns contra os outros pelas sobrevivência em ambientes hostis. Daí o prazer em ver o dano alheio.
Nesse texto li ainda que a empatia também vem dessa mesma época, só que era sentida por membros de uma mesma turma pois para sobreviver, todos deveriam ser muito unidos e solidários e era aí que surgia a empatia que é a capacidade de se colocar no lugar do outro.
Agora vamos lá.
Sabemos que a Schadenfreude é coisa da Natureza humana.
Sabemos também que é um sentimento da idade da pedra.
Chegamos a conclusão que a Schadenfreude e a empatia são dois lados de uma mesma moeda pois ambos os sentimentos são maneiras de lidarmos com o sofrimento alheio.
Num mundo em evolução, onde conseguimos encarar de frente nossos piores “EUs” podemos tentar empatizar mais. Deve ser uma questão de treino. Imagine como sua amiga que engordou está se sentindo mal. Bem, na verdade você imagina, né? That is the point.
Mas como falei, talvez precisemos treinar.
Se não der nessa geração, talvez dê na próxima, ou na outra. Mas não podemos achar graça quando alguém se dá mal.
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O que me faz mais feliz é que sempre estamos aprendendo assuntos novos. Jamais soube sobre a existência nem tão pouco escutado essa palavra e seu significado “schadenfreude”. Pensei… conclui que em alguns momentos da vida já senti “schadenfreude”. Aprender, refletir e se policiar… rsrs!!!!! Bjs!!!!!!!
Bacana e corajoso abordar esse tema, confortante pra todos. Abordar abertamente é, na minha opinião, o início do exercício para começar a sentir menos..É a parte mais difícil de todo exercício, é o começar. É reconhecer, detectar, dar nome ao boi. Poxa, sentimos sim schadenfreude!!Todos nós.
Então, primeira etapa, ok.
Segunda, muito exercício e força de vontade pra queimar mais essa gordura !! Kkkk
É a vida, muito bom meninas,bjss