Tag: Deuses de Amora

QUAL O CAMINHO PARA O OLIMPO? – ep.3

Ôôô… felicidade viu!
Pele boa.
Brilho nos olhos.
Riso fácil.
Claro que naquele segundo encontro trocamos telefones.
Mas não anotei em papelzinho desta vez.
Na-na-ni-n-a-não
Gravamos em nossos celulares.
O que?
Menina, com o trabalhão que tive para encontrá-lo depois daquele primeira one night stand, desta vez eu gravei o celular, fixo, trabalho, e-mail, endereço, rg, cpf, número do sapato, matrícula de reservista.
Não perderia meu Paulo/Adonis* de novo.

Ahhh, sim. Nesta noite contei meu nome verdadeiro.
Tentei fazer parecer engraçado ter dito que me chamava Maia e que isso não tinha sido uma mentira.
Apenas uma fantasia. Que Maia era muito mais instigante que Carla.
Não colou muito. Mas também não atrapalhou muito.
E fomos em frente.

Trocamos algumas mensagens durante a semana.
Confesso. Tive que me conter. Minha vontade era mandar um milhão de mensagens.
Ligar e falar com ele o tempo todo.
Mas me contive.
Ele tinha voltado para Ribeirão Preto, e não sabia direito quando voltaria.
Não sabia? Ou estava me despistando?
Não sabia? Ou não queria me dizer quando voltaria?
Carla, Carla!!
PQP.. 42 anos no lombo e insegura deste jeito???
Ahhh, é… Tem isso.
Não contei para ele, ainda, que tenho 50 anos.
Ahhh, mas ele é tão maduro. Tão sério.
Não me parece que vai se impressionar com nossos 10 anos de diferença.
Não são 10? Ai, como você é preciosista, tá bom… 11 anos!!
12???? Mas por que 12??? Ele não disse que tinha 39 anos?
Ahh é, vai fazer..

Agora, por que esta preocupação toda?
Cazzo… Só se preocupa assim quem quer um relacionamento.
Quem quer namorar… mãozinha dada, cineminha domingo à tarde, troca de presentinhos de dia dos namorados, conhecer os amiguinhos dele, conhecer a família dele……. affffffffffff.
Mas não eram só umas trepadinhas?? (Perdoe o meu francês).
Sim, só isso.

Bom… As escassas trocas de mensagens continuam por mais eternas duas semanas, até que ele me conta que ficará por aqui por 15 dias.
Sabe aquela felicidade que sentimos quando uma calça jeans de 10 anos fecha novamente?
Multiplique por 10.
Não… Por 20!
Eu não me aguentava.
Já comecei a planejar cada detalhe daqueles 15 dias.
Do almoço na chegada do dia 1 à noitada, do café da manhã do dia 2, da surpresa que faria no dia 3…
Mas, pera!
Quando foi mesmo que ele falou que queria me ver?
Ele não falou.
Repassei tooooodaaaas as mensagens.
Não. Ele não falou.
Chamei a Nena.

– Nena, veja se tem alguma entrelinha aqui que diz subliminarmente que ele quer me ver.
– Nop…

Não aguentei.
Liguei!
Ora bolas!!
Que papo é esse de mensagem, SMS, torpedo???
Quero é falar com ele!!!
Liguei mesmo!
Caixa.
Liguei de novo!
Caixa.
Liguei de novo, só que desta vez para a Nena.
E acredite… meio que em desespero.
Ela só não riu porque sentiu que eu estava tristinha mesmo.
Nena me consolou. Conversou. Falou. Pouco adiantou.

E o final de semana chegou.
Nena me arrastou para o cinema.
Chorei até. O filme nem era tão triste. James Bond..
Quando saímos, ligo meu celular e tcharammmm.
Adivinha?
Três ligações perdidas.
1ª – da minha mãe!!!!
2ª – da minha mãe!!!!!!!
Mas não faria você, leitora, chegar até aqui se não tivesse algo muito legal pra contar, né?
3ª – ligação perdida do Paulo/Adonis.

– Neeennnnnaaaaa, mamãeeeee me ligou!!!!
Ela me olha com um certo pesar me vendo retornar a ligação. kkkk.
– Alô? Oi… Tudo bem? … Tudo… Vi que me ligou… É, estava no cinema com uns amigos. Amanhã??? Amanhã almoço com meus filhos…
Nena me olhou espantada.
– Pois é, Nena – expliquei depois – tenho filhos. E é almoço de domingo.
– OK… Te encontro lá umas 17 horas. Beijos…
Pulinhos, pulinhos, muitos pulinhos de felicidade.

No dia seguinte me encontrei com Paulo em seu apartamento.
Ele quase não teve tempo de virar a chave da porta.
Não estava me aguentando de saudade.
Beijei, apertei, afaguei, abracei…
E melhor.
Fui correspondida.

Depois deste domingo, durante aquelas duas semanas, tive que trabalhar, óbvio.
Mas o trabalho, meus filhos, meus afazeres eram só interrupções para o momento do dia em que encontraria Paulo.
Sim querida…
Nós nos encontramos todos os dias.
E todas as noites.
Óbvio que aquilo já era um relacionamento.
Óbvio que eu já estava apaixonada.
Óbvio que a diferença de 12 anos não me incomodava.
Não… Não me incomodava dentro de quatro paredes.
No apartamento dele.
Em nossos jantares a dois.
Mas, por algum motivo, para as pouquíssimas pessoas (duas além da Nena: minha gineco e meu personal) que ousei contar sobre este meu relacionamento, não consegui falar da idade.
Senti vergonha.
Senti medo do julgamento.
Mas tinha certeza que isso com o tempo passaria.
Era uma questão de acomodação.
Eu precisava me acostumar com a ideia.
Ahhh, mas isso se o Paulo estivesse na mesma vibe que eu, né?

Mas… Reload um tantinho o texto.
Relacionamento? Em duas semanas?
Carla, Carlinha, Carlota… Sua romântica. Isso está mais para um affair!!!
E por isso mesmo que fiz muito bem em não contar para os meus filhos.
Tava cada vez mais difícil inventar desculpas.
Mas, também, não os vejo muito preocupados comigo.
Na real, estão pouquíssimo interessados no que faço ou falo, contanto que não atrapalhe os interesses deles.
Essa geração millennial é de lascar, viu?

Voltando.
Fora essas minhas crises, dramas, nóias e neuras posso dizer que nos divertimos muiiitoooo.
Conversamos sobre tudo.
Paulo é um homem culto. Inteligente. Com ideias jovens e frescas, claro.
Ele espantosamente conhece coisas, músicas e costumes da minha época. Isso facilita muito.
Ele lê. Gente!! Ele lê!! Jornal, livro, revista!! Baita diferencial, vai?
Esportista.
Bom… aí eu dava um jeito de ir de bike do lado dele enquanto ele corria.
Cozinhei para ele.
Fiz surpresinhas.
Ele também fez.
Sem falar no sexo, né?
Ahhhh.. Morra de inveja!!!
Lembra como era? Pois é..
Teve dia de eu pedi arrego. Juro…
Foram dias felizes. Muito felizes… Muito.

E chegou o dia de ele voltar para Ribeirão.
Ahaaaaa!!! Tá achando que me matei de chorar, né?
Que fizemos despedidas apaixonadas e chorosas?
Que fui levá-lo até o carro e fiquei olhando ele ir embora??
Nada disso!!!
Sério!!
Nós nos despedimos na frente do Uber que me levaria para a minha casa.
Um beijinho rápido.
Queria perguntar quando ele voltaria.
Mas não consegui.
Quando vi que meus olhos iriam marejar, voltei para dar-lhe um outro beijo junto com um beliscão naquele bumbum lindo!
Com muita vontade!! E vendo a sua cara divertida e surpresa fechei a porta do carro.
– Aceita uma bala, uma água?
– O senhor não teria um Clover Club, teria?

* Se você não entendeu e QUER entender o porquê Paulo/Adonis, veja as histórias anteriores:

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

5 Comentários
  1. Tem mais .?
    Continua está tão bom sua história.
    Sabe que me coloquei em seu lugar e é uma PUTA experiência para ninguém botar defeito.
    Felicidades. Bjs

  2. Adorei e vivenciei cada episódio como os tivesse vivido!
    A narrativa, deliciosamente pseudo-apimentada,deixando que esses detalhes ficassem por conta de cada uma!
    Não vejo a hora de mais narrativas!
    Se reencontraram,voltaram a se amar?
    Não nos mate de curiosidades!

    1. Sheila, hoje tem mais texto. Que bom que esta gostando da história da Maia e do Adonis. Somos todas deusas merecedoras do Olimpo, nao acha? Beijocas querida..

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