Brooklyn O desabrochar de uma mulher e a descoberta de uma sociedade mais livre
Disponível no Netflix, hoje comento o filme Brooklyn, o sexta longa metragem de John Crowley. Com três indicações ao Oscar 2016, levou a estatueta de Melhor Atriz para Saoirse Ronan.
O longa narra a trajetória de uma imigrante irlandesa que desembarca no Brooklyn da década de 1950, onde ela rapidamente se envolve em um romance . Porém, o seu passado a alcança e ela tem de escolher entre dois países e as vidas neles.
A trama poderia ser piegas e bobinha, mas nas mãos certas resulta em um filme sobre escolhas, sonhos e desejos. O diretor tempera sua narrativa que oscila entre o drama e o romance.
O roteirista Nick Hornby mostra em Brooklin uma leveza e um humor que é bastante peculiar em suas obras. O longa trata das questões abordadas de forma leve, mas sem perder o peso que elas têm.
A atriz dá vida a uma personagem cheia de camadas que são lindamente reveladas para o espectador de uma forma muito sutil. Ve-se a evolução dessa menina que aos poucos se transforma em uma mulher pelas ruas de Nova York.
Brooklyn se vale da beleza, da delicadeza e da esperança sem, no entanto, perder o verdadeiro cerne: a busca por uma experiência de vida verdadeira para a protagonista e o poder de fazer sua escolha.
O longa se revela um filme interessante não apenas por tratar de imigração ou por ser uma história de romance clássico. Brooklyn chama a atenção por tratar dos sentimentos de pertencimento a um lugar que todos nós vivenciamos. Sobre as escolhas que fazemos nas nossas vidas e o que elas podem acarretar para o nosso futuro. Indo além da superfície, encontramos um filme que foge do convencional das histórias de migração. Em Brooklyn, o drama está na terra natal. O diferencial do longa é contar uma história de sucesso de um imigrante e os problemas enfrentados na volta para casa.
Eilis é uma personagem que consegue ganhar a atenção do público graças a excelente atuação de Saoirse Ronan, capaz de construir o processo de evolução de uma mulher altamente introspectiva e pouco sociável de início, com seu olhar e gestos pouco expressivos, até o momento em que ela se mostra mais livre e a vontade com as pessoas a seu redor, podendo se mover com liberdade e expor seus pensamentos em voz alta.
É verdade que essa transformação também é auxiliada pelo ótimo trabalho feito com os figurinos da personagem, que inicialmente são mais fechados e com cores mais escuras, e depois se tornam mais abertos e a personagem pode enfim utilizar tons mais claros pontuando a evolução da protagonista, suas mudanças internas, medos e conquistas.
Em Brooklyn é construída uma trama em volta das mulheres. A representação dada às personagens e a força que carregam vai bem além de relacionamentos superficiais e um platonismo em volta do amor. Eilis possue uma cumplicidade belíssima com sua irmã e uma constante lembrança de sua verdadeira origem.
Brooklyn é leve, descontraído e envolvente, um sopro de frescor para os filmes de época.
Realmente, uma obra tocante construída a partir de uma história muito simples.
Um ótimo entretenimento.
Aqui fica a dica.
Trailer:
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