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Voltando para a casa dos pais… ajustes e reencontro!

Dominique - Casa dos Pais
Filhos saem de casa por diversos motivos. Porque se casam, porque vão morar sozinhos, porque querem. E também por diversos outros motivos resolvem retornar à casa dos pais: situação financeira precária, divórcio e reorganização da vida, questões emocionais e busca de suporte são alguns exemplos.

A grande arte desse reencontro entre pais e filhos é ajustar a nova convivência que exige adaptações de ambos os lados. Seja temporária ou permanente, é imprescindível que haja respeito e empatia. Todos mudaram durante o tempo em que não viveram juntos, naturalmente. As experiências nos agregam bagagem afetiva e cultural que podem modificar nossa visão do mundo e dos relacionamentos. Evoluímos e fazemos escolhas diferentes do que fazíamos tempos atrás. Os pais envelhecem e já não tem o mesmo ritmo de vida que tinham. Os filhos se desenvolveram, cresceram. Tudo mudou.

Os pais criam seus filhos para que sejam autônomos e independentes, certo? Não, nem sempre. Muitas vezes, inconscientemente, os pais podem desejar que os filhos sempre dependam deles. Isso ocorre por receio de serem esquecidos, medo da solidão e do desamparo da velhice. Nesses casos, os pais podem apreciar a volta dos filhos sem se darem conta dos reais motivos desse retorno, reforçando para que permaneçam.

Um filho pode desejar ficar ou voltar para a casa dos pais por receio de enfrentar o mundo com as próprias pernas. Sair de casa implica em se sustentar financeira e emocionalmente e muitos não se sentem capazes e preparados para isso.

Retornar pode ser acolhedor ou desconfortável, e dependendo de como pais e filhos se comportam, o convívio pode ou não ser saudável. A retomada do convívio pode ser de grande ajuda para uma parte ou outra, seja porque os pais precisam de cuidados ou porque os filhos é que precisam de apoio. O relacionamento pode amadurecer, ter espaço para resolver antigos problemas e criar afeto, compreensão e empatia nessa nova etapa da vida.

O problema é quando a relação se desgasta, os filhos se apoiam nos pais e não se desenvolvem para retomar a vida ou os pais se ligam aos filhos, criando uma dependência destrutiva. É preciso entender os motivos que estão conduzindo a esse retorno, pois quando entendemos e tomamos consciência de nossas ações, tudo se torna mais claro e objetivo. Por exemplo, uma pessoa deseja trabalhar com uma nova profissão, mas para isso precisa começar com um salário menor. Voltar para a casa dos pais significa então uma economia dos gastos, até que o novo campo profissional renda frutos e permita que a pessoa retome a vida.

Não creio que voltar para a casa dos pais seja algo vergonhoso ou problemático. Estigmatizar alguém que volta para a casa dos pais é reducionista. A maioria das linhas psicológicas e religiosas ressaltam os desafios da convivência entre as pessoas. É no encontro com o outro que nos percebemos e nos ajustamos.

Toda convivência precisa de regras para funcionar bem e esclarecer os limites e as expectativas de cada um (seja com relação às tarefas de casa, com os gastos, até horários e espaço físico e emocional de cada um) é essencial. Além disso, manter o diálogo, o canal de comunicação para os ajustes também é importante para que os combinados entre as pessoas sejam revistos e adequados conforme a vida evolui.

Conflitos vão surgir quando as pessoas não conseguirem se comunicar, não respeitarem os limites da vida do outro, tornando o convívio difícil e pouco esclarecido. É necessário, acima de tudo, compreender os motivos e disposições que levaram a isso, a qualidade do relacionamento que estabelecem e o acordo feito. Sem julgamentos, com respeito às escolhas de cada um.

Voltar para a casa dos pais não e fácil para os pais nem para os filhos, o que você acha desta situação?

Leia Mais:

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Histórias da Praia 1 – Amigas na reunião de condomínio

Alcione Aparecida Messa

Psicóloga, Professora Universitária e Mediadora de Conflitos. Doutora em Ciências. Curiosa desde sempre, interessada na beleza e na dor do ser humano. E-mail: [email protected]

4 Comentários
  1. Maravilhoso o texto e super atual…e é sempre bom lembrar que os desajustes maiores se dão por falta de confirmação do conceito “Familia”…

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Final do ano – tempo de reflexão pessoal e balanço da vida!

Dominique - Final do ano
O final do ano nos convida a fazer um balanço sobre a vida e automaticamente nos remetemos ao que realizamos ou não…. a dieta, a rotina de exercícios, a mudança de emprego e um tanto de outras coisas. É um momento precioso de avaliação e fechamento de um ciclo para iniciarmos outro.

É comum, no final do ano, estabelecermos metas e checarmos nosso compromisso com o que projetamos. Há quem se encha de esperança e novos planos, porém, há quem se sinta frustrado, ansioso e pouco realizado.

Questões mal resolvidas, mágoas, ressentimentos, vergonhas, remorsos e arrependimentos são alguns exemplos do que que pode tirar a nossa energia ao iniciarmos novos ciclos e projetos. Por isso, é preciso também olhar para dentro, para os nossos sentimentos, emoções e vivências e o final do ano é um momento perfeito para isso.

Sabe aquela faxina que fazemos em casa? Descartamos roupas e utensílios velhos, quebrados ou que não precisamos e usamos mais. As faxinas mostram nosso desejo de limpeza, abertura de espaço e organização. O que fazemos em casa é semelhante ao que podemos fazer também internamente, com nosso ambiente emocional.

Se a vida é resultado de nossas atitudes e escolhas e se queremos uma realidade diferente, é necessário fazer uma “reciclagem emocional” e transformar o que nos limita o crescimento e cria empecilhos. Uma mudança de rota deve ser realizada quando não estamos satisfeitos. Ao avaliarmos nossa trajetória durante o ano que passou, muitas vezes avaliamos a vida como um todo.

Para a faxina interna, cabe refletir sobre as seguintes questões:

Avalie sua crítica e autocrítica. De que forma você se trata e se percebe? Muito rígida? Punitiva? Permissiva demais? Reflita sobre o que pode e precisa melhorar nessa relação consigo mesma. Nossa auto-avaliação pode nos aproximar ou nos distanciar de uma existência saudável. Nenhuma mudança consistente ocorre de uma hora para a outra, mas quando nos dispomos a tomar consciência de nós mesmos, um primeiro passo já está sendo dado.

Avalie suas relações. Como estão seus relacionamentos? Perceba qual é a base das relações na sua vida e que tipo de troca tem sido estabelecida entre você e as outras pessoas. São relacionamentos equilibrados? Suficientes? Amizades, namoros, casamentos e relacionamentos familiares são relacionamentos que estabelecemos por afinidades, afeto e escolha. Mas ao longo da vida, as relações podem se modificar, o que era bom já não é tão bom e pessoas novas, com quem nunca imaginávamos nos relacionar se tornam mais próximas. Sacudir a árvore das relações é sempre necessário.

Abra espaço. Desejar coisas novas requer disponibilidade! Quando resolvemos pendências emocionais, consequentemente ficamos mais atentas ao que é novo e está ao nosso redor, ao nosso alcance. Assim como o armário fica cheio de roupas, sem caber roupas novas, nosso emocional pode também ficar entulhado. Por mais que algumas questões sejam difíceis de encarar e resolver, decidir enfrentá-las já inicia um movimento de superação. Fácil não é… mas faz parte de tomar as rédeas da vida e nos conduz a perceber pontos fortes e vulnerabilidades.

Amplie sua percepção. Como percebemos as pessoas e situações? A visão distorcida ou restrita da realidade (por questões emocionais, de nossa história de vida ou traumas) nos conduz a não explorarmos nosso potencial. As situações podem ser percebidas por diversos pontos de vista que podem diversificar nosso campo de possibilidades e oportunidades. Exercite!

Desacelere e comece a se perguntar qual é o seu propósito já que a vida pode estar sendo vivida sem a devida atenção ao bem estar e realização.

O final do ano pode ser o início de reflexões e curas internas que podem levar dias, meses ou anos. Fazer o balanço, escolher o que fica e o que vai ser “doado”, do ponto de vista emocional, é essencial para o autoconhecimento.

Nem sempre os caminhos são abundantes e repletos de felicidade o tempo todo. Não ´há mágica no final do ano. Assim é a vida real, cheia de realizações e tropeços. Mas cuidemos com carinho do que está ao nosso alcance e do que podemos escolher.

Eis um trecho de Drummond de Andrade para encerrar essa reflexão:

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Leia mais:

Comodidade, hábito ou perda de memória? Experimente ficar sem celular!
O dia em que o palito de dente ficou preso na saída – AIQDÓ

Alcione Aparecida Messa

Psicóloga, Professora Universitária e Mediadora de Conflitos. Doutora em Ciências. Curiosa desde sempre, interessada na beleza e na dor do ser humano. E-mail: [email protected]

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