Hoje comento para você, A Vida e a História de Madam C.J.Walker, minissérie dividida em quatro episódios, que traz uma narrativa cultural abordando uma parte da vida de Sarah Breedlove.
Estando até hoje no livro de recordes como a primeira mulher negra a chegar ao primeiro milhão por conta própria, Madam C.J. Walker foi uma mulher à frente de seu tempo, trazendo os conceitos do empoderamento e empreendedorismo feminino à uma época em que mulheres não podiam nem ao menos dividir o mesmo espaço que os homens.
A minissérie traz a oscarizada Octavia Spencer no papel de Sarah Breedlove e Tiffany Haddish interpretando sua filha Lelia.
Os acontecimentos do seriado têm como base a biografia escrita pela bisneta de Sarah, e retratam os altos e baixos da vida da empreendedora em um recorte histórico que vai da emancipação negra nos Estados Unidos (1863) até sua morte (1919).
A Vida e a História de Madam C.J. Walker, baseada numa história real conta a incrível jornada de Sarah desde sua origem até se tornar a primeira mulher dona de um império.
Sua história começa em 1908, em St. Louis – Louisiana, ao sul dos Estados Unidos quando Sarah (Octavia Spencer, claramente emocionada por interpretar esse papel) ainda é uma lavadeira que ganha moedas lavando roupas. Um dia ela recebe a visita de Addie Munroe, uma vendedora que lhe oferece um precioso produto que promete fazer o cabelo das mulheres negras crescer mais rápido e ficar mais sedoso. Esse produto muda a vida dela para sempre, que, a partir dele, ganha auto-estima necessária para correr atrás de seu próprio sonho.
Através do cabelo, Sarah encontrou seu sonho e poder. E a minissérie nos brinda com frases impactantes como “o cabelo é a nossa herança”. “Ele diz de onde viemos, onde estivemos, e para onde vamos, o cabelo pode ser liberdade ou prisão”.
Todo o elenco é composto por mulheres e homens negros, e tem na direção Nicole Asher, negra também, que entende a história de Sarah com mais aproximação, o que a ajuda a retratar a história real de Sarah sem fetichização, e sim com empatia.
Narrada pela protagonista, a série aborda temas como racismo, violência doméstica, a sororidade, e a estética como ferramenta de empoderamento.
A minissérie de Nicole Asher é tão impactante quanto o forte olhar da protagonista Octavia Spencer, esplêndida como sempre. Além de ter a oportunidade de interpretar um ícone admirável, a atriz cresce nos momentos em que o roteiro lhe permite ousar. Os olhos de Spencer falam e transbordam emoção que impacta o público. Ao mesmo tempo, a atriz consegue dar o tom firme da personagem em momentos de enfrentamento dela para com os outros principalmente com os homens. Ótimos também, Tiffany Haddish, que vive sua filha herdeira, Carmen Egojo que é sua rival nos negócios, e Blair Underwood, seu marido na maior parte da série.
O figurino é fantástico, e as excelentes ambientações se contrastam com vestidos, cabelos e chapéus da época que em cenas marcantes é embalado por um hip hop, super atual – e a combinação ficou ótima.
A caracterização assim como a direção de arte são pontos de destaque. Desde a recriação, no ambiente miserável, logo nas primeiras cenas que representam a pobreza e os problemas dos cabelos da personagem, até o luxuoso banquete final no último episódio, surpreendem pelo requinte e detalhismo.
O ritmo da série prende a atenção do espectador por discutir o machismo, luta de classes, de raças, e uma abordagem muito sensível sobre o papel da mulher negra no início do século XX, não se esquecendo de acrescentar o “girl power”.
A cadência durante os quatro episódios é muito agradável, sendo possível maratoná-la de uma vez só.
Eu amei conhecer um pouco da história dessa mulher admirável e extraordinária!
Em tempos de quarentena nada melhor do que assistir uma minissérie também.