Hoje comento o longa francês Uma Família de Dois!
Um filme no melhor estilo sessão da tarde e isso é um elogio, pois um filme sessão da tarde é aquele que você vai ver várias vezes sem cansar e gostar sempre.
Na trama, Samuel (Omar Sy) é um “bon vivant”que tem a vida que pediu a Deus: trabalha em um resort na costa francesa, onde é o responsável por levar os hóspedes para passeios de iate e organizar as festas mais badaladas da região.
Tudo vai bem até o dia em que Kristin (Clémence Poésy) aparece, deixando-lhe uma criança que ela alega ser de Samuel. O bonitão, então, parte para Londres em busca da mãe da menina, mas é tarde demais: Kristin sumiu sem deixar notícias.
Samuel decide ficar na capital inglesa, onde assume a paternidade e cria um forte laço com a pequena Glória (Gloria Colston) que a cada dia que passa mais alimenta o desejo de conhecer a mãe.
Hugo Gélin, em seu segundo longa-metragem, dirige sem rodeios, é eficiente na condução da trama do personagem que se vê obrigado a mudar seu comportamento ao se deparar com as responsabilidades da vida.
A história ganha muito quando, anos depois, Kristin retorna do nada para requerer a guarda da filha. Apesar de o argumento parecer vilanizar essa figura feminina ( afinal para muitos é socialmente “aceitável” que um homem abandone uma criança, mas nunca que uma mulher o faça), é aí que se desenvolve o arco dramático da fita – e as melhores cenas surgem, tanto cômicas, quanto tristes.
Existem poucos atores tão carismáticos quanto Omar Sy. Ele tem um tom cômico perfeito para esse filme e consegue mergulhar no drama quando é necessário, fazendo lágrimas correrem.
Mas ele não está sozinho. Temos um trio sensacional composto pela atriz mirim Gloria Colston que é uma graciosidade por si só. Sem esforço algum ela consegue nos cativar. Para fechar o trio temos o divertidíssimo Bernie (Antoine Bertrand) que faz o melhor amigo dos dois, um alívio cômico que merece ter seu trabalho reconhecido.
A direção de Hugo Gélin consegue casar de maneira positiva a outros departamentos. Seja a limpa e bem enquadrada direção de fotografia de Nicolas Massart ou na edição de Valentin Feron e Grégoire Sivan. Com a maior parte dos planos centralizados, o diretor os utiliza de maneira interessante, a fim de intensificar o drama de seus personagens, tornando-os o centro de nossa atenção. Tal feito gera um resultado interessante, uma vez que o que vemos nos cativa muito mais que a base da história.
O longa embalado por trilha pop e com músicas originais de Robert Simonsen se encaixam de forma leve e adequada ao filme, sem dúvida agrada.
Uma Família de Dois é uma história gostosa de se assistir, entrega o que promete, entretêm e emociona.
Qualquer um que convive com crianças e com o universo infantil vai se sentir tocado e vai se conectar com o drama do personagem Omar.
Talvez uma das obras sobre paternidade mais belas dos últimos anos. Com um desfecho surpreendente, esse é um filme que vai emocionar.
Assista Uma Família de Dois, tenho certeza que você vai amar!
Bom programa.
[fve]https://youtu.be/ummsBoLRCVs[/fve]
Leia mais:
Como Nossos Pais: um filme moderno e real que gera reflexões
Dunkirk: uma batalha no inicio da Segunda Guerra Mundial