Hoje comento o belo Amante Por Um Dia, filme do francês Philippe Garrel que, apesar de não ser muito conhecido no Brasil, é um cineasta prestigiado pelo mundo.
Em seu novo filme apresenta uma história sobre amor, amizade e companheirismo. O enredo gira em torno de conflitos psicológicos aprofundados em seus personagens e passando por temas como a fidelidade amorosa.
A trama segue Jeanne (Esther Garrel, filha do diretor Philippe Garrel), que após terminar relacionamento de longa data com Mateo, volta para o apartamento do pai, o professor de filosofia Gilles (Éric Caravaca) que está morando com sua namorada e aluna Ariane (Louise Chevillotte). Superado o choque inicial, as duas passam a compartilhar segredos.
O filme foca tanto no relacionamento entre essas três figuras que vivem juntas, como em seus conflitos pessoais e usa desse cenário para discutir amor e traição.
A espinha dorsal do filme é mostrar como o tema fidelidade é visto pela ótica desses três personagens; pela desiludida Jeanne, pela fogosa Ariane e pelo homem maduro. A convivência dos três começa a levantar questões sobre o que é certo e errado na fidelidade. Assim eles percebem que todos têm muito a aprender.
Cada personagem sofre em algum nível com a insegurança gerada pelo amor e com a busca de uma liberdade pessoal. Coisas que não condizem com a estrutura tradicional de uma relação a dois, monogâmica.
O professor e a aluna tentam manter uma relação aberta, mas são ciumentos e inseguros demais para isso. A filha não consegue superar o fim do namoro e procura entender onde errou. A aluna procura ajudar e dar apoio à filha em sinal de irmandade e empatia. As duas se tornam muito próximas e complementares na visão sobre amor e sexo. A figura masculina do pai/professor nesse meio reflete sua experiência de vida muito mais vasta e complicada do que a das duas jovens.
Com esse trio de personagens, o roteiro faz com que o espectador se enxergue um pouco em cada um deles.
O roteiro escrito a quatro mãos acerta em cheio nos diálogos inteligentes e na elaboração das personalidades do trio.
A fotografia em preto e branco destaca a sutileza do relacionamento entre os personagens e a melancolia da trama.
Contando com o belo controle de iluminação dos cenários e a direção sensível de Garrel, a maior força da obra ainda fica por conta das duas atrizes principais.
Com interpretações valiosas através de suas expressões corporais e faciais que dão vida à Jeanne e à Ariane, as duas personagens são muito bem desenvolvidas por um roteiro que pretende provocar questionamentos.
Com tom assumidamente retrô (Nouvelle Vague), o filme defende seu charme com competência e sensibilidade em prazerosos 76 minutos.
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Amante por um dia está em cartaz nos principais cinemas, vale a pena conferir.
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