Enviado por: Cecília Michelin
Achando-me mais escaldada no site de relacionamento – filtro mais apurado na troca de mensagens, algumas perguntas-chave, análise da ortografia, mais esperta para sacar se o ser não cai em contradição – eu descubro que temos amigos muito queridos em comum. Assim, crio coragem para marcar o próximo primeiro encontro.
Cara bacana, simpático, boa conversa, divertido, mas não rolou química. Que pena, seria perfeito, mas a gente não manda nisso. Ele liga no final de semana seguinte, convida para jantar, deixo claro que não vai acontecer nada, podemos ser amigos e nada mais. Ele concorda com as condições.
Saímos. Conheci amigos do indivíduo muito bacanas. Isso me faz lembrar que tudo tem o lado bom na vida, menos o LP do Wando, Nelson Ned, Calypso, Wesley Safadão e tantos outros. Salvou a noite. Ouvi música boa, bebi um vinho delicioso, muita risada e conversei até dizer chega.
Mais um convite e deixo explícito que continua o mesmo esquema, não vai rolar nadica. Ele aceita, mas não se conforma muito. Fica de bico. O programa é para almoçar com um amigo, diretor de uma empresa, o encontro também é para falar sobre business. Chegamos ao restaurante, vamos até à mesa, vejo o tal amigo (pelamor diga-se de passagem, que amigo, mas infelizmente casado, logo o lindo passou a ser uma amiga de infância). Aí vem a pérola master, meu acompanhante me apresenta para o amigo bonitão da seguinte forma:
– Fulano, esta é a Cecilia, mais eu ainda não a comi!
Silêncio geral no ambiente. O ar de cortar com faca. O amigo, pálido, olhos esbugalhados, incrédulo, lança:
– Você não falou isso, falou?
Olhei para o ser, sem apetite (já que não comeu) e vociferei:
– É, meu bem, agora nem vai comer. Digo mais, se estivermos no deserto, eu, você e um camelo, um ano na seca, adivinha com quem será? Com o camelo, claro!
Passei a tarde toda conversando com o tal amigo, cara decente, engraçado, culto e que embora tenha ficado muito sem graça com a situação surreal, soube tirar de letra. O ogro com anorexia ficou mudo, num canto, possesso, quase que batendo o pezinho.
Por mais louco que possa parecer, este ser não é má pessoa. Não sabe, mesmo, é lidar com sentimentos. E, para tristeza geral da nação, há milhares de homens assim, mulheres também. Do jeito ogro dele, queria fazer um “elogio”, essa mulher não é como as outras, eu “não comi”. Só que querendo agradar ou não, perdeu uma enorme oportunidade de ficar calado.
Com a esperança ainda de encontrar alguém normal, conheci em seguida outra criatura tudo de bom, que queria ser feliz para todo o sempre. Semana que vem conto.
Já passei por algo bem parecido..não tão explícito..dei muita risada mas não fiquei no evento..parti..kkkk