Nossas histórias

Passei o Carnaval de 2020 no Brasil. Eu e o Corona.

Como ficar longe do Carnaval carioca?

Depois que você o conhece, não existe lugar no mundo que queria estar em fevereiro que não seja nos arredores da Sapucaí. Não, ninguém vive por 25 anos no Rio de Janeiro impunemente. Falei isso no texto anterior quando expliquei que voltei a morar em Portugal recentemente.

O plano perfeito: fugir do frio europeu dessa época do ano, aproveitar o verão brasileiro, ver os meus filhos, os meus amigos, os meus lugares prediletos, enfim, esganar a saudade até matá-la e ainda de quebra, pular o Carnaval de 2020. Obviamente para fazer tudo isso nada menos do que 30 dias, ou seja, fevereiro e ainda alguns dias de março.

Ter deixado o meu apezinho em Ipanema, ajuda muito a esticar as minhas temporadas em Terra Brasilis.

Lá fui eu no voo das 10h da manhã da minha querida TAP. Adoro voos diurnos. Assisto todos os filmes que estou atrasada, já que não durmo mesmo, e quando chego no destino ainda tenho a noite inteira para descansar. É colega, foi-se o tempo….

Bem, tudo lindo maravilhoso e como dizem, tudo de bom nesse país tropical abençoado por Deus.

Chegavam notícias de uma distante Itália tomada pelo COVID-19, mas no Brasil era tudo samba, choro e futebol.

Desfiles, blocos, bailes, trios elétricos. Teve de tudo. Lindo. Lindo. Águias de Ouro ganhou o desfile em São Paulo e Viradouro no Rio. Claro que eu estava na arquibancada sambando, pulando, nos 2 dias de desfile, na apuração quarta-feira torcendo para a Grande Rio (verde/vermelho, minha gente), assim como no desfile das campeãs no sábado seguinte. Quando digo que amo Carnaval, acredite!

E passou o Carnaval de 2020.

Menina, uns dias depois na semana seguinte, acordei toda dolorida. Culpei as minhas 5 décadas e tralalá e a vida mansa que andava a levar em Cascais. Tomei um relaxante muscular e fui para praia.

O Mate e o biscoito Globo não caíram bem. Bateu aquele enjoo chato, mas como ir embora justo agora que todo o mundo tinha chegado? Rio 40 Graus. Aguenta Barbara… Faça jus a seu nome!

Troquei o mate pelas caipirinhas e o enjoo foi melhorando. Ou a tontura aumentando. Sei lá.

Cheguei em casa me sentindo quente. Ahhhh não! Todos esses anos morando no Rio e vou ter febre de sol? Isso é coisa de principiante!

Descansei aquela tarde toda e fui tomar um choppinho com a turma ignorando o meu mal-estar.

Lá no boteco, soubemos do primeiro caso de COVID diagnosticado no Brasil, e coincidentemente no mesmo dia do primeiro em Portugal também. Estava tranquila em ambos os casos, pois foram em São Paulo e no Porto. So far away from Ipanema, right?

Voltei para o meu ap. e tive uma noite do cão. Minha febre voltou. Uma tosse chata e um mal-estar medonho.

Sim, inegavelmente eu estava com o tal COVID19, corona ou o raioqueoparta. Acontece que essa não era uma possibilidade para mim naquele instante, por não reconhecer os sintomas, já que por ser tudo muito recente, a divulgação de prevenção e dos cuidados ainda estava por acontecer. Eu simplesmente não tinha como saber. Quando liguei para o meu filho, alguns dias depois, já mal conseguia respirar.

Fui internada as pressas na UTI. Os protocolos eram inexistentes, até porque, infelizmente, fui a primeira pessoa no Rio a ser entubada, acredita?

Ninguém fuma por 30 anos impunemente e isso sem dúvida, deve ter contribuído para ter tido aquela pneumonia tão agressiva. A falta de ar e a sensação de asfixia são aterrorizantes assim como passar por tudo isso sozinha num leito de UTI. Mesmo sedada a maior parte do tempo sobrou medo e solidão. Os médicos e enfermeiros, apesar de atenciosos, não conseguiam esconder o medo quando se aproximavam. Era tudo muito novo, e ninguém esperava encontrar aquele vírus logo após o Carnaval de 2020.

Vou poupar-lhe dos detalhes desse horror, mas foram quase 20 dias de hospital. Para você ter uma ideia da luta que travei contra o vírus, perdi quase 8 quilos nesse tempo internada.

Sabe quando na minha vida consegui perder 5 quilos que fossem, em 20 dias? Nem no auge das minhas paixões e muito menos das desilusões.

Fato é que quase morri. Saí do hospital ainda precisando de cuidados e assim sendo, desmarquei o meu voo de volta que seria dia 15 de março.

Assim que eu desmarquei, Portugal entrou em estado de calamidade, ou seja, fechou as fronteiras e cancelou todos os voos.

Bem, o que não tem remédio, remediado está. No Brasil fui ficando, tratando de recuperar-me a esperar pelo momento de voltar.

O começo do confinamento foi muito conturbado por conta da minha doença e recuperação de maneira que só comecei a sentir o isolamento de fato, no final de abril.

Abril. Maio. Junho.

Chega, né? Tá bom! Queria voltar para Portugal, pois lá, no começo de junho, eles começaram a voltar ao normal. Fizeram por merecer e já estavam liberados e livres. Ou quase.

Enquanto isso, a coisa no Brasil só piorava.

A TV brasileira fazia questão de contar os seus mortos dentro da minha sala de estar. Muito triste. Essa mesma TV esfregava na minha cara a incompetência e mau-caratismo do ser humano. Desolador. Um enorme desencontro de informações e uma enorme aflição por conta de um total desgoverno.

Confesso que já estava a beirar a depressão, e também, não é para menos com tudo que já tinha passado até ali.

Então comecei a procurar ocupação. Fiz cursos, pães, novenas, lives, meetings, músicas, dei ordem em armário e o resto até que me dei conta da minha imunidade.

Se teve algo de bom nesse episódio todo, foi o fato de eu já estar imunizada. Realmente não sei se valeu o preço altíssimo que paguei, mas uma vez pago, ser livre para poder ir e vir e não sentir aquele medo que paralisa é catártico.

Comecei com caminhadas pelo calçadão e inscrevi-me para possíveis trabalhos voluntários em hospitais, os quais fui chamada para um ou dois apenas. Passei eu mesma a fazer as minhas compras no mercado com visitas diárias a padaria.

Foi aí que os telefonemas começaram. Muitas amigas, mas muitas mesmo, ligaram para avisar que esse vírus poderia ser contraído por mais de uma vez. Insistiam que nada garantia que eu estava imune.

Aquela preocupação em massa intrigou-me demais. Infelizmente, pior que isso, começou a incomodar, pois, sutilmente, passaram a me controlar.

Na-na-ni-na-não! Aqui não violão!

Percebi que tinha a turma da dor de cotovelo, e para essa um abraço!!

Mas tinha outro povo que estava tão apavorado, mas num grau tão grande de histeria que realmente acreditava contra todas as evidências, que eu deveria ficar em casa trancada, mesmo estando imune. A esses, perguntei quando, na opinião deles, estaríamos liberados. Silêncio.

Tenho cá para mim, minhas teorias a respeito, entretanto, todas polêmicas demais para esse Brasil polarizado, ainda mais se for eu, uma portuguesa, a dizê-las.

Foi aí que a TAP, a minha querida TAP confirmou o meu voo de volta para o dia 23 de junho. Ahhhh, que felicidade. Eu acho.

Finalmente o Carnaval de 2020 chegaria ao fim.

Arrumei as minhas coisas numa ansiedade infantil. Ameacei fazer um bota-fora só para colocar terror na mulherada, mas acabei por despedir-me por telefone mesmo só daqueles que tinha certeza não me alertariam para o risco de eu entrar num avião.

Continua…Vai ter outro texto só para contar como foi meu regresso. Ou você pensa que foi fácil?

Leia Também:

Por que Barbara Godinho decidiu voltar para a sua Terra Natal?

Barbara Godinho

Sou uma Portuguesa meio tropicalizada. Moro em Lisboa, já fui curadora de museu e exposições. Hoje trabalho com turismo. Apaixonei-me pelo projeto Dominique e cá estou a colaborar.

1 Comentário
  1. Texto maravilhoso! Me identifiquei em gênero, número e grau. Também sou Covid Free! Não passei, graças a Deus, por suas agruras de internação, muito menos UTI. Mas posso imaginar seu sofrimento. Agora, quanto à cobrança, inspeção dos outros e a raiva em todoS quererem me cobrar o tal “fica em cada”, aff! Ninguém merece! Pelo nos não merecemos, né? Viva a imunidade! Fui, peguei e venci!!
    Beijo, Barbara e Passeie Bastante!

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Viúva aos 40 anos. Como recomeçar?

Dominique estava prestes a chegar a suas Bodas de Porcelana com apenas 40 anos de idade. Quem diria que já eram 20 anos de casamento e 3 filhos, duas meninas e um rapaz. Guilherme, seu primeiro e único namorado, estava com 45 anos. Casaram-se muito cedo mas não se arrependiam pois era uma união feliz, com mais altos do que baixos.

Com os filhos crescidos, a vida estava entrando numa gostosa velocidade de cruzeiro. Claro que Guilherme continuava trabalhando demais, talvez mais do que o necessário, entretanto esse era dele e jamais pararia.

Até o dia que parou.

Naquela manhã de abril de 1979, em que a TV narrava a revolução Iraniana, bem como a queda do Xá e a volta dos Aiatolás, Dominique ouviu um baque surdo vindo da garagem apesar do volume da TV.

Estava lá, ao lado do Opala, Guilherme caído no chão com as chaves de casa na mão.

Foi um infarte fulminante. Sem a menor chance para Guilherme.

Dominique não sabia e nem ao menos suspeitava quando acordou naquele dia, que as mulheres do Irã perderiam o que conheciam como vida. Assim como ela.

Passados o enterro, a missa, um mês, as pessoas se afastaram e as contas chegaram.

Dominique nunca tinha trabalhado tampouco se preocupado com o futuro com a certeza que Guilherme cuidaria de tudo. Não tinha ideia do que era preciso para manter uma casa com 3 filhos quase adultos, muito menos de onde tiraria isso.

Descobriu que Guilherme tinha um seguro de vida que daria conta da situação por uns 6 meses se ela controlasse as despesas direitinho, mas e depois? Como faria?

E foi naquela agonia que aquela jovem viúva passou o ano de 1979. Tentando saber como recomeçaria ,ou melhor, como continuaria sua vida e de seus filhos.

Não achou emprego porque não tinha formação ou experiência. Tentou trabalhar em uma loja como vendedora. Mas sempre fora compradora e acabou demorando para se adaptar ao novo papel. Pena que a dona da loja não teve a paciência necessária para sua curva de aprendizado.

E o ano ia acabando assim como o dinheiro do seguro.

Foi quando inesperadamente, como que se enviado pelos deuses, recebeu um telefonema de seu vizinho de chácara. Sim, tinham uma pequena chácara para lazer de final de semana mas não pisava lá desde quando o Xá Reza Pahlevi e sua Farha Diba saíram do Irã rumo ao exílio naquele longínquo janeiro de 79. Parecia que décadas tinham se passado, porém eram só 10 meses, 10 meses que a separavam daquele alegre fim de semana de janeiro na piscina com os filhos, sobrinhos, irmãos e com Guilherme.

Bem, seu vizinho, o Sr. Lázaro estava ao telefone fazendo uma proposta para a compra de sua chácara. Dominique não negociou. Não sabia se era bom ou ruim o valor. Sabia apenas que não teria como pagar a conta daquele mesmo telefone em que falava no mês seguinte.

Fechou negócio naquele momento. Anos mais tarde descobriria, por acaso, o significado do nome Lázaro: Socorro de Deus.

Bem, Dominique agora tinha que fazer esse dinheiro sustentar sua família. Mas como?

Separou uma parte pequena e começou a procurar um imóvel comercial em São Paulo. Perguntou, fuçou, rodou e acabou comprando uma loja no centro da cidade. Alugou rapidamente e assim garantiu uma modestíssima renda mensal. Isso já era alguma coisa.

Todos ficaram surpresos quando tempos depois Dominique resolveu vender a casa confortável em que moravam em Alto de Pinheiros inesperadamente. A família próxima chegou a aventar a possibilidade dela estar passando necessidades.

Não estava. Ela sabia o que estava fazendo. Mudou-se com os 3 filhos para um apartamento super pequenininho e com o que sobrou do dinheiro, comprou outro imóvel.

E assim foi a vida de Dominique pelos 10 anos que se seguiram a morte de seu marido.

Trabalhou dia e noite. Aprendeu muito. Quebrou a cara algumas vezes mas não se abateu, até porque não podia parar. No final das contas, mais ganhou do que perdeu. Era uma mulher com tino comercial, quem diria! Tanto que em 1989, depois de finalmente conquistar uma certa segurança financeira, deu-se ao luxo de pensar até quem sabe namorar. Não estava nem com 50 anos ainda. Imagine, ficou viúva com 40.

Muitos perguntavam por que ela não tinha refeito sua vida amorosa. Dominique respondia:

– Quando se dorme sem saber com que dinheiro será comprado o almoço dos filhos, a última preocupação e arrumar um namorado.

Bem, foi naquele novembro de 1989 tomando uma caipirinha com uma amiga no Bar Supremo, que Mateus puxou papo, comentando a queda do Muro de Berlim e suas implicações.

Dominique não imaginava que assim como as Alemanhas, ela também estava começando uma nova história aquele dia. Uma história de união e prosperidade sem deixar que o passado fosses esquecido, porém sem deixar que ele tomasse conta do presente.

Aliás, sabe o que quer dizer Mateus? “O Presente de Deus”.

Leia também : Nossas Noites

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

3 Comentários
  1. Essa é uma história real ou ficticia
    De todo modo, serviu-me de esperança, me vejo na mesma situação, porém sem filhos.

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Recomeços aos 50 anos. Existem? Sim senhora.

Dominiques me pedem para falar sobre recomeços aos 50 anos.

Recomeços….

Fico eu pensando cá com meus botões. Todo dia que acordo é um recomeço porque sou uma nova pessoa, com novas dores pelo corpo.

Mas acho que não é a isso que elas se referem.

Imagino e só imagino o tipo de recomeço de que estamos falando.

Chegamos aos 50, 60 anos. Mais do que recomeçar, decerto, muitas vezes temos que nos reinventar.

Palavrinha meio que na moda essa, que quando acompanhada da palavra resiliência chega a me dar frio na espinha e visões de bruxos da auto ajuda.

Verdade é que nessa idade parece que mudamos de patamar, dessa forma, coisas que faziam sentido antes, deixam de fazer.

Só para exemplificar, vou falar de um fato bem bobinho, quer ver?

Suas compras de supermercado. Como era sua compra de supermercado quando você tinha os filhos em casa? E agora depois que eles saíram de casa, como é? Com toda a certeza aquela compra monstruosa deixou de fazer sentido, aquela geladeira abarrotada, os Toddynhos e os Gatorades, né? Confesso que ainda hoje, passo pelas gôndolas dos Danoninhos com uma certa nostalgia.

Quantas de nós não chega aos 50/60 anos com questionamentos existenciais?

E agora? Já trabalhei, aposentei-me, já criei meus filhos. Minha missão acabou? O que vou fazer do resto de minha vida?

Bem, a resposta eventualmente estará no recomeço.

Ah, existe outro tipo de recomeço. Não raro, vemos mulheres que estavam casadas há 25,30 anos, inesperadamente ficando sozinhas.

Mas como assim? Passei mais tempo com ele do que com meus pais. Como ficar sozinha justamente agora? Conseguirei refazer minha vida amorosa? Vou ter dinheiro não apenas para meu plano de saúde mas para para minha velhice? Vou ter companhia para ir a um teatro, um cinema, uma caminhada? Para quem vou contar as miudezas de meu dia? Por mais que eu fique tentada, não vou ligar para uma amiga para contar que acordei gripada justo no dia que a faxineira faltou.

Bem queridas amigas, casadas ou não, com ou sem filhos, a verdade é que estamos numa fase de recomeços. Em todos os sentidos. E por onde começar?

Affff, como é difícil até de pensar nisso.

Não tenho fórmulas e nem cases de sucesso prontos e formatados para apresentar. Mas conheço algumas histórias. E você deve conhecer outras. Que tal se contássemos aqui algumas delas? Pode ser inspirador.

Sabe o que eu acho? Podemos contar todo tipo de história. Com final feliz ou não. Sabe por que? Porque somos humanas e não somos feitas só de sucessos.

É importante saber que outra colega se deu bem, mas também alguém entrou numa roubada. Isso faz com que nos sintamos mais próximas.

O que vocês acham? Acho que eu vou começar contando aqui uma história sobre recomeço, tá?

E para que todas tenhamos voz sem constrangimento, vou dar o nome de Dominique para todas as personagens de nossas histórias. As histórias de recomeços aos 50 terão sempre uma Dominique como protagonista.

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

3 Comentários
  1. Conheci agora o blog. Apaixonei!!!tenho muitas histórias. Hoje aos 58 anos tenho que me reinventar todo dia.

  2. Existem, sim senhora !
    Recomecei em um outro continente… trazendo comigo só meus filhos e algumas roupas, sapatos, bolsas e maquiagens.
    O restante ficou tudo no meu apartamento no Rio. Deixei, com saudades, minha família e meus amigos.
    Mas Andréa, mudar para outro país, em outro continente, com 50 anos ? Isso, exatamente… completei meio século, olhei para trás e não parecia ter vivido tanto tempo… Chegou a hora de uma mudança radical. E foi.
    Hoje, moro em Gaia, em Portugal, com o meu casal de filhos adolescentes, minha mãe vem me visitar mas foge do inverno, mas ano passado já não queria voltar para o Brasil – agora já tem, até autorização para moradia até 2024 !!!!!
    Foi tudo fácil ? Claro que não, mas valeu a pena e vale, sempre, recomeçar, se reinventar…
    Eu fiz com 50, a minha mãe com 87 !

    1. Andrea querida…Que história bacana. Inspiradora e corajosa. Mudar de país nao é para qualquer um. Conheco de perto algumas das dificuldades que deve ter passado. Nao todas. Mas conheco também a sensacao de liberdade, de felicidade, de êxtase misturado com frio na espinha, de passar a régua e comecar do zero. Comecar do zero é maneira de expressao, uma vez que a nossa bagagem e nosso passado nos acompanham onde quer que estejamos. Beijo grande e obrigada por seu depoimento..

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Saias justas e Roubadas no Natal? Veja 13 dicas para escapar delas.

Roubadas no Natal? Ahh gente, para!! Natal, Ano Novo, tudo de bom!

É mesmo? Será?

Tudo é bom quando tudo corre bem, mas eu não conheço época do ano mais propícia para encrencas que essa.

Ao longo dos anos, fui colhendo dicas e sábios conselhos para sobreviver aquelas roubadas no NATAL e faço questão de dividir esse conhecimento todo com vocês porque afinal de contas #SomosTodasDominique.

Vamos lá?

1.Tem gente que não gosta de Natal. E faz questão de falar pro mundo o quanto ela detesta. Não entre na dela. Não se deixe contaminar.

2.O Natal vai ser na sua casa? Ahhh minha filha, quem mandou se oferecer? Ok, ok, entendi. Chegou a sua vez pois é você que está no topo da “cadeia alimentar” agora. Então facilite!! Não invente! É peru e tender. Pronto. Não tem essa de fazer feijoada grega com azeite do deserto do Kwait.

3.Peça ajuda. Em todos os sentidos. Pros comes, pros bebes, pra servir e principalmente para arrumar depois. Claaaaroooo

4.E aquele cunhado chato, hein? Você já sabe que todo ano ele bebe demais e acaba falando mal da sua mãe. Aff. Mas você já sabe disso. Então esse ano enche ele de comida desde o minuto que ele chegar fazendo ele comer tanto que não sobrará espaço para mais nada, nem pra pensamento.

5.Amigo secreto. Affff. Não faça. Não deixe. PROÍBA!!!! Além de chato, decerto alguém fará alguma brincadeira que outro alguém não gostará e pior, tem gente que liga de verdade para o presente que vai ganhar. Compara o que ganhou com o que deu. Vale a pena? Vale nada.

Muita atenção à próxima dica:

6. Você é convidada? Faça com a anfitriã tudo aquilo que gostaria que fizessem com você. AJUDE!

7. Procure o lado bom, interessante e divertido de qualquer situação, porque ele deve existir.

8. Eu sei. Encontrar justamente no Natal neguinho que você não viu o ano inteiro é phoda, mas dentre esses quase estranhos deve ter alguma alma que tem um papo interessante ou até mesmo aquele parente maluquetes. TODO mundo tem um parente maluquetes. Sente do lado dele. Garre nele e divirta-se muiiito. Todo mundo vai querer saber porque vocês estão rindo tanto.

9. Se eventualmente alguma coisa não sair como você esperava( e é muito provável que isso aconteça), relaxe e dê risada. Quem sabe no próximo você acerta? Ou ainda melhor, quem sabe a cunhada, diferentemente de você, acerte tuuudo no Natal do ano que vem, mas na casa dela!!

10. Crianças..ahhh as crianças. São suas? Não? Então não se sinta culpada então por não achar graça nelas correndo e gritando de um lado para o outro. E presta atenção!! Vou falar sói uma vez!! O Papai Noel vai passar de madrugada na casa deles!! Não na sua. Poupe-se!!

11. Engov e similares nos banheiros sempre pois não é só seu cunhado que bebe além da conta.

12. Música. Muita música. Mas tenho certeza que nem a Simone aguentaria um CD inteiro só de músicas Natalinas. Por isso mesmo mescle os tipos de música ou então feche as janelas para não correr o risco de alguém se sentir tentado a pular aos acodes do And so this is Christmassss que na minha opinião é uma música mas deprê que a música do Fantástico no Domingo à noite.

Agora a dica mais importante nessa série de Roubadas no Natal:

13. E finalmente, DI_VIR_TA-SE. Natal é uma festa de celebração. Pense lá no fundo o porque daquilo tudo. Tenho certeza que você vai saber a resposta e tudo ganhará um colorido impressionate.

Leia Também :

Dicas para um Natal bem divertido

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

1 Comentário
  1. Ótimas dicas! Identifiquei-me com várias situações. Vou tentar fortemente seguir as dicas para mudar meu bad mood de Natal e tentar melhorar tb o dos que me cercam. Valeu!

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Insensatez do coração – a história que Tom Jobim escreveria.

E foi sem querer. Essas coisas não mandam aviso. Não foi porque eu quis. Nem ela.

Era um dia de verão, desses dias que só um país tropical tem. Abafado, úmido e meio cinzento.

Já tinha rodado toda a cidade naquele começo de ano na inglória tarefa de tentar vender, vendedor que sou, mas antes do Carnaval como sabemos, nenhum comprador ousaria comprar.

O melhor que tinha a fazer era resignar-me com um belo chopp gelado para esperar a tempestade que se aproximava chegar e partir.

E ela veio. Com fúria. Delicioso temporal que lavava as ruas, as pessoas e as almas.

Seguro e refugiado dentro daquele boteco, avisei minha esposa que provavelmente chegaria tarde já imaginando as marginais inundadas e o trânsito completamente parado.

Lindinha, minha querida. Um anjo, mas preocupada que só. Nem mesmo o advento do celular e minhas constantes mensagens a tranquilizam. Então, sempre antecipo o problema. Melhor para nós dois.

Isto posto, aprecio a corredeira que se forma em frente ao bar, sem pressa, sem objetivo. Apenas olhando e apreciando.

Quando de repente, interrompendo o barulho da chuva ela entra no bar encharcada. Ela quem? Ela, a mulher mais encantadora que já tinha visto . Não….Não…Ela era simplesmente a mulher mais encantadora que já tinha sentido.

Cabelos negros molhados escorrendo pelos ombros num ousadíssimo vestido grudado no corpo que deve ter sido muito discreto quando seco. Calçava um pé de sandália e o outro trazia na mão. Ahhh… Fora pega de surpresa pela chuva.

Eu não conseguia tirar os olhos dela. Acho até que fui deselegante pois num determinado momento ela se virou de súbito me encarando.

-Olá. Precisa de algo? Você está ensopada – disse eu tentando disfarçar.

-Obrigada, não há muito o que fazer, a não ser esperar a chuva parar.

E sentou-se em minha mesa sem cerimônia, pedindo um chopp para me acompanhar no delicioso exercício de olhar a chuva.

E foi assim. De repente, sem aviso e sem pedir permissão que meu coração caiu de amores por essa mulher tão diferente. Ahhh coração mais desavisado. Foi logo se apaixonando.

E a paixão cega. A paixão desnorteia. A paixão ilude. Mas a paixão é irresistível quando já se está a bordo.

Entreguei-me aos caprichos daquela morena. E a submeti aos meus. Contava os minutos para estar com ela. Tudo que eu pensava era nela. Tudo que eu fazia, era para esperar o momento de estar com ela.

E chegou…o Carnaval, a Páscoa, o inverno. E aquele amor que mais era um vício, não arrefecia nem esfriava.

Até um dia que cheguei em casa e não encontrei minha lindinha. Ué..Ela sempre me esperava acordada com o jantar pronto mesmo quando eu tinha “reunião” com “clientes”.

Liguei para seu celular e nada. Liguei de novo. E de novo.

Comecei a ficar preocupado. Depois de horas sem notícia, fiquei muito preocupado. Meu coração não se aquietava. Ele estava apertado… A Morena me mandava as habituais mensagens de fim de noite, mas não tinha cabeça para responder.

Saí de carro atrás de minha lindinha. Madrugada a fora e nem sinal de minha esposa.

Comecei a suspeitar que algo muito errado estava acontecendo. Refiz meus passos.

Será que ela tinha desconfiado de alguma coisa? Será que eu tinha dado alguma bandeira?

Bem, eu andava realmente meio desligado, muito tempo no celular trocando mensagens com minha morena. No mundo da lua dos apaixonados, aquele mundo para poucos corações. Impaciente por vezes talvez. Mas será que ela percebeu alguma coisa?

Sim, parece que percebeu sim.

Depois de 5 dias sem notícia alguma e de meu enorme desespero, ela apareceu em casa para pegar pertences.

Quando a vi entrando, meu coração quase saiu pela boca. Não sabia se a abraçava e a enchia de beijos ou de porradas pela preocupação que me causou (Obviamente jamais bateria nela, foi apenas maneira de falar).

Ela entrou, acenou com a cabeça e passou por mim como se lá eu não estivesse. Fui atrás tentando abraçá-la e perguntando o que tinha acontecido.

Ela me olhou com um desprezo que nunca tinha visto ou sentido vindos de ninguém.

Ela descobriu meu affair. E eu neguei. Neguei e neguei.

Eu sei..eu sei…Clichê..Baita clichê. Mas fazer o quê?

E continuei negando até que ela já sem forças para argumentar, simplesmente saiu.

Foi embora me deixando lá com minhas verdades e com minhas mentiras.

Ah, insensatez que você fez
Coração mais sem cuidado..
Fez chorar de dor
O meu amor
Um amor tão delicado

Ah, porque você foi fraco assim?
Assim tão desalmado
Ah, meu coração quem nunca amou
Não merece ser amado

Vai meu coração ouve a razão
Usa só sinceridade
Quem semeia vento, diz a razão
Colhe sempre tempestade
Vai, meu coração pede perdão
Perdão apaixonado
Vai porque quem não
Pede perdão
Não é nunca perdoado

Insensatez por Tom Jobim e Vinícius. Agora escute a música com cuidado. Vai escutar outra música, tenho certeza.

Primeira Publicação – 25 de janeiro 2019

Leia também outros textos que escrevi sobre Tom Jobim:

Passeando com o passado

Relatos de uma mulher apaixonada

E uma playlist no Spotify só com Tom – Fiz especialmente para hoje.

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

15 Comentários
  1. Adorei sua imaginação que me levou ao sentimento da paixão e do fruto proibido!
    Muito sentimento e conexão com a música e com o Tom. Também fico feliz por ter tido a chance de ver o Tom ao vivo Show Dominique comtineuvnos enviando essa maravilhas do que refresca a mente e nos ajudam a acalmar o espírito. Bjs

  2. Adorei a homenagem!
    Q privilégio ter visto esses genios e escutado essas poesias q transmitem casos comuns de forma tão peculiar e única. Aliás Eliane, Dominique está genial na abordagem de temas tão casuais com simplicidade,coloquialidade e bom humor. Parabéns!

    1. Olá Ivana!!! Tb tive o privilégio de assistir esses monstros!! Ahhh como eu amo um bom show!! E obrigada pelo elogio. Na verdade eu que agradeço seu tempo para ler meus rabiscos!! Beijocassss

  3. Meninas, cresci escutando Bossa Nova. Que previlégio! Esses gênios queridos são riquezas brasileiras, são curativos, alegria, emoção, cultura, tudo junto!
    Só que antes disso tudo a nossa Bossa é paixão…
    Tá explicada a “Insensatez”,o “Infinito enquanto dure”, o “Perdão cansa de perdoar”, etc.
    Só que daí têm os ônus né, com os quais nossos gênios não estavam muito preocupados !
    Bom pra nós, que herdamos esse trabalho lindo e poderemos para sempre dar boas viajadas !

  4. Querida Eliane !
    Até senti a chuva , bebi o chope e conheci a morena .
    Alguns amigos homens , mais sensatos , dizem-me que rezam para que isto nunca lhes aconteça … eles sabem que o coração é assim mesmo e que no segundo em que uma mulher lhes causar esta paixão, tudo o que está estabelecido na sua vida cairá por terra .
    Pelo caminho , todos sabemos , quanto é saborosa essa “insensatez “ enquanto a mastigamos e o sabor rola na nossa boca …
    obrigada !
    Adoro ler os teus textos !

    1. Nossa Ze Valério. Não poderia ter tido um complemento melhor para o texto do que seu comentário. Além de suuuper verdadeiro, sensato e incrivelmente sensível, vc escreveu de maneira lindíssima. Amei…

  5. Amei a história principalmente por adorar a música e os compositores. Que gostoso poder entender a música. Agora muito mais.

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