Mil Vezes Boa Noite, dirigido pelo norueguês Erik Poppe, aqui realiza seu trabalho mais reconhecido. O longa foi premiado no Amanda Awards (o Oscar da Noruega) nas categorias de Melhor Filme, Fotografia e Trilha Sonora – e indicado ainda nas categorias Melhor Atriz (Juliette Binoche), Atriz Coadjuvante (Lauryn Canny), Direção e Montagem. Mil Vezes Boa Noite começa causando impacto e capturando de imediato o espectador.
Binoche é uma atriz acima de qualquer suspeita. Dona de performances não menos do que espetaculares, chama atenção em projetos considerados mais difíceis, como Camille Claudel, O Paciente Inglês, Cópia Fiel, entre muitos outros. Juliette Binoche é a melhor razão para se assistir Mil Vezes Boa Noite.
A trama narra a trajetória de Rebecca (Binoche), uma das melhores fotógrafas de guerra em atividade e precisa enfrentar um turbilhão de emoções quando seu marido (Nikolay Coster-Waldau) lhe dá um ultimato. Ele e a filha mais velha do casal não suportam mais sua rotina arriscada e exigem mudanças, mas ela apesar de amar a família, tem verdadeira paixão pela profissão.
As cenas de guerra são bem construídas pelo realizador.
Os primeiros quinze minutos deste drama são espetaculares. Mas a discussão da trama é outra: é sobre as mulheres que escolhem entre carreira e a maternidade, mesmo que os filhos já estejam grandes.
Mil Vezes Boa Noite – um filme sobre amor e dedicação incondicionais à profissão de alto risco em paralelo à preocupação familiar racional.
Depois de muitos contrastes entre cenas devastadoras e doces, chega um momento em que a protagonista se vê sem saída e tem sua inteligência emocional colocada à prova. Ela precisa “escolher” entre diferentes amores: o das crianças que precisam dela para (sobre) viver e o de suas crianças. Diante de tal agonia, parece que a força mostrada em cenários caóticos, é reduzida consideravelmente.
O não companheirismo do marido tem grande peso, talvez seja o maior, culminando no deslocamento de Rebecca, que, a princípio, tenta se adequar à rotina ideal de sua família, privilegiada por uma estrutura sólida.
Mil Vezes Boa Noite envereda em tempo integral pelos relacionamentos interpessoais, tendo duas “explosões” emocionantes como ápices do enredo.
Durante o acompanhamento de sua evolução, nos damos conta que estamos diante de conflitos ordinários e extremamente atuais, por mais que a profissão da protagonista soe como “inusitada”: qual é o lugar da mulher em uma sociedade que valoriza acima de tudo a família? O egoísmo e os extremos guiam a sociedade para o caos familiar e cultural?
Aqui fica minha sugestão para quem gosta de um drama intenso e perfeito para suscitar reflexões.