Para o escritor turco Orham Pamuk, com a literatura, nos aproximamos de uma imensidão de pessoas e de lugares que não teríamos a menor chance de conhecer na vida real.
Quando mergulhamos nas profundezas de um personagem, isso nos ajuda a conhecer melhor as pessoas que estão à nossa volta.
Ler, diz ele, não melhora a nossa capacidade de julgamento e, sim, a de nos colocarmos no lugar do outro.
Escolha a poltrona, ajeite a almofada, ligue o abajur e experimente um desses cinco livros para mergulhar em novas vidas e mundos.
Stoner, John Williams
Eis a prova de que a literatura tem o poder de revelar o extraordinário em qualquer vida, mesmo a aparentemente mais inexpressiva. A narrativa vai da infância à morte do professor de literatura William Stoner, um sujeito inteligente, pacato e centrado.
O autor consegue nos envolver completamente nos pequenos e grandes dramas vividos por ele em 70 anos, das desavenças familiares e percalços do mundo acadêmico à descoberta tardia do amor e do sexo.
Curiosidade – o autor disseca a que ponto uma mulher pode ser cruel e nos faz ver que o mal pode estar bem perto.
A Amiga Genial, Elena Ferrante
Leitores brasileiros e americanos caíram de amores pela saga criada pela escritora italiana que mantém sua identidade escondida. Já são quatro volumes publicados no Brasil.
A história de duas amigas de infância tem como pano de fundo os acontecimentos que marcaram a Itália na época a partir dos anos 50 e passa pelos fenômenos sociais que marcaram a segunda metade do século 20, dos quais nós também fomos participantes ou testemunhas.
Com um ritmo empolgante e personagens inesquecíveis, é daqueles livros que fazem a gente dormir de madrugada e perder a hora do compromisso.
Suave é a Noite, F. Scott Fitzgerald
O fascínio pelas frivolidades dos ricos e famosos não começou com as revistas de fofocas. Escrito nos anos 1920, o livro retrata a rotina ociosa dos americanos que foram gastar seus milhões na Europa dos nobres decadentes, entre recepções, passeios de iate e compras sem limite de preço.
Cronista de um mundo em decomposição, prestes a quebrar com a crise econômica de 1929, Fitzgerald vai fundo na história de um brilhante psiquiatra que se casa com a paciente, uma herdeira milionária.
Sob a falsa euforia dos personagens, ele capta com profundidade a carga de tédio, frustração e sofrimento que habita cada um. Além do retrato de uma época, o livro foi um dos primeiros a tratar da recém-inventada psicanálise.
A Fugitiva, Alice Munro
O estilo despretensioso, recheado de situações corriqueiras, disfarça o que realmente a escritora está nos dizendo – a vida não é fácil e somos muito mais complexos do que podemos aguentar.
Momentos de felicidade, autoengano, escolhas erradas e máscaras caídas compõem o playback visto e revisto pelas personagens em diferentes momentos da vida. Ao nos provocar uma forte identificação com suas protagonistas, as oito histórias curtas quase valem por uma sessão de terapia.
Ganhadora do Nobel de Literatura de 2013, a canadense também é aclamada por ter levado uma nova densidade a esse gênero literário.
A Última Névoa: e a Amortalhada, María Luisa Bombal
A autora chilena é tida como um enigma na literatura. Escreveu poucas obras nos anos 1930 e nunca mais publicou uma linha, mesmo tendo conquistado a admiração de grandes escritores e influenciado muita gente pela inventividade e linguagem onírica.
O livro reúne duas novelas de fundo autobiográfico. Na primeira, uma mulher casada procura escapar de uma sufocante vida conjugal com a ajuda da imaginação. Entre outras qualidades, Bombal deu voz a mulheres frustradas pela falta de independência e pela rotina estéril. Na segunda obra, surpresa! Como Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, traz o relato de uma defunta observando o ritual da própria morte e passando a limpo sua vida.
Deixe a literatura fazer parte da sua vida!
Se não encontrar as obras em livrarias, procure no site Estante Virtual.
Leia mais:
Os 10 melhores livros apimentadíssimos para a imaginação rolar
QUIZ – Será que você sabe o que esse emoji quer dizer?
Obrigada pela indicação que propiciou o encontro com “A Última Névoa: e a Amortalhada” de María Luisa Bombal… na busca do livro encontrei também o artigo http://www.revistas.usp.br/caracol/article/view/98966/97493 … manhã de encontros!
Excelentes as dicas! Já conheço quase todas as obras citadas, com exceção da tetralogia A amiga genial, a qual pretendo iniciar a leitura nestas férias