Sem pieguice, com narrativa simples, fluida e elegante, Uma casa à Beira-mar fala de solidariedade e humanismo.
Hoje minha dica é o emocionante longa, Uma Casa à Beira-mar, em cartaz nos cinemas.
Ambientado na região de Marselha, sul da França, o drama francês, Uma Casa à Beira-mar, dirigido por Robert Guédiguian, narra a história de três irmãos que se reencontram depois que o pai fica doente, em estado vegetativo.
O patriarca construiu um restaurante próximo à praia e fez do local o seu paraíso particular. Quando ele adoece, os filhos voltam à região para cuidar dele.
Angèle (Ariane Ascaride) é a última a chegar. Ela não guarda boas lembranças do lugar e precisa lidar com medos e rancores que a fizeram ficar longe dali e do pai por 20 anos.
Armand ficou por lá e tenta tocar o restaurante “bom e barato” fundado pelo pai.
Joseph é um desempregado amargo, escritor frustrado e namora uma mulher bem mais jovem (Anaïs Demoustier), que, aliás, parece estar à procura de novas emoções.
Com o passar dos dias, os irmãos precisam enfrentar a doença do pai e decidir o que fazer com a herança deixada, a casa e o restaurante.
Os irmãos discorrem sobre o passado, ficar ou não na pequena cidade, sobre lutar para sustentar os sonhos ou aceitar a realidade cruel das sociedades contemporâneas.
O cineasta olha para o passado, não por pura nostalgia ou para tirar conclusões apressadas sobre o presente, porém com a certeza de que algo bonito e de valor ficou para trás.
Guédiguian atinge uma leveza em que o menos é realmente mais. Sem alarido e com a melancolia que só os diretores na maturidade conseguem alcançar, eleva ainda mais seu humanismo em Uma Casa à Beira-mar.
Existe um tema de fundo que se revelará dominante – a dos refugiados que deixam seus países por causa da fome, da guerra, da falta de oportunidades. Eles são um tema da atualidade europeia e representam um desafio para governos e para quem ainda defende a existência de uma sociedade civil solidária.
Como cineasta, Guédiguian mantém um idealismo romântico, o apego às coisas simples, aos laços familiares, à ideia de comunhão entre os necessitados.
O longa é sobre vidas sociais versus individuais, que aprendem a cada dia o poder da tolerância em aceitar os limites, tempos, quereres, defesas, fragilidades, vulnerabilidades, solidões e outras consequências existencialistas das convivências interpessoais.
Os diálogos são realmente inteligentes. Todos parecem ter uma forma profunda e final de dizer as coisas sobre a vida e o que a resume, o que pode fascinar ou afastar.
O trabalho de Guédiguian consegue entreter e nos fazer apaixonar pela história da vila e seus ideais. Talvez a paixão esteja concentrada no próprio ser humano e seus debates internos, entre trabalho e relacionamentos.
Uma Casa à Beira-mar é apenas simples e neste olhar empático ao ser humano encontra-se uma sofisticação que poucas obras conseguem alcançar.
Belo!!!
E o desfecho emocionante!
Veja o trailer:
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Grata pela Dica ….! Amei este filme ! Realmente o Mundo girou …e o charme???Filme extremamente real! e, atual….sonhos, verdades, ….Evouimos para muito mais tristezas … econômicas e sociais …Lindo trabalho .., muitas emoções..,e nos leva a importantes reflexões
Maria Helena, não vejo a hora de assistir!