Eu vi minha mãe hoje e ela morreu há 19 anos. Não sou vidente, não fui a centro espírita nem encontrei nenhum médium. Simplesmente olhei no espelho. Cada dia que passa, vejo um traço dela em mim. Os olhos grandes, as olheiras, o cabelo, a expressão, o jeito de rir, o jeito de não rir. Sou parecida por dentro, nas entranhas, naquilo que eu jamais poderia imaginar e até naquilo que eu não queria ser.
Juro que não sei explicar se tais semelhanças se devem à genética ou à convivência, mas há momentos em que eu me confundo, me vejo falando frases que escutei durante a vida toda, uma espécie de mantra, e boa parte destas falas percebo agora, nessa altura do campeonato, que são crenças absolutas, veja só. Mãe, aquilo que era verdade, não é bem assim! E agora, como fica?
E o outro lado da moeda é muito mais sério. Olho bem para meu rebento. Minha pequena está se soltando para o mundo. Cabeça boa, personalidade forte, sabe o que quer, o que não quer. Sempre fiz questão de prepará-la para o mundo, dar liberdade com responsabilidade e agora caio para trás quando me vejo a analisá-la. Claro, sem que ela perceba. Vejo que tem um pedaço meu ali também, um pedaço que me assusta. Um pequeno ser focado, preocupado e objetivo com apenas 20 anos.
Que medo. O mantra que quero para meus filhos é o de ser feliz. Quem é feliz faz os outros felizes. Gente feliz é de bem com a vida. É feliz assim, por nada!
Ninguém tem que ser parecido com ninguém. Mãe é mãe. Paca é paca. O resto a gente já sabe.
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