Decidi conhecer a Ilha de Páscoa, em uma das minhas férias, final de novembro e início de dezembro. Sonhava em conhecer a ilha desde que assisti ao filme Rapa Nui. Já na Polinésia, é um dos locais mais remotos do mundo. Fica a quase 4 mil quilômetros de distância do Chile, umas 5 horas de viagem. Eu queria mar e passear naquele lugar cheio de mistérios e histórias. Reservei uma semana de hotel. Ficaria alguns dias em Santiago e depois iria para lá. Com tudo fechado contei a alguns amigos. Todos, mas todos me disseram a mesma coisa:
Você tá louca? A ilha é super pequena… não tem o que fazer lá este tempo todo.
Quando o avião pousou e vi o tamanico do lugar, me arrependi. A ilha tem 170 km2, pelo que li era a metade da cidade de Belo Horizonte. Como é de formação vulcânica, tem penhascos na maior parte da sua extensão. São poucas praias, de água gelada. No mesmo dia tentei mudar a passagem. No way. Só tem um avião que chega e outro que vai embora…. todos lotados. É caminho para a Polinésia Francesa. A saída seria comprar outra passagem, caríssima.
Voltei para a pousada e comecei a pensar o que iria fazer! Alguém que trabalhava 10 – 12 horas por dia, sem ter o que fazer e num lugar praticamente sem internet. Esta não era a minha primeira viagem sozinha no mundo. Já tinha passado 40 dias na Europa. Mas como contratava excursões locais, sempre tinha algum grupinho pra me juntar. Já tinha feito outras viagens menores também.
Mas sempre viajava com o tempo contado e muitas coisas pra fazer e conhecer. Eu não podia perder nem um segundinho… pagando em dólar ou euro, eu achava que precisava aproveitar tudoooo. Meus 7 dias seguintes não seriam assim. E foi aí que a minha lição começou. De que adiantam férias se eu só reproduzia a correria do meu dia a dia, mas em outro lugar?
A primeira lição foi aprender a me conectar com o lugar. Eu fique na pousada de uma grande família Rapa Nui. Batia papo e aprendia sempre alguma coisa, da ilha ou da cultura. Um dia me chamaram para ajudar os meninos da ilha, que estavam angariando dinheiro para participar do mundial de canoa havaiana. Trabalhei no bar do evento. Noutro dia, assisti ao jogo de futebol sentada na mesa das mulheres da comunidade.
Também visitei a ilha por vários caminhos diferentes. Fiz um dos trajetos de carro viajando norte-sul e, depois, fiz sul-norte. Mesmo lugar, mas um visual diferente. A perspectiva mudou. Nas viagens que costumava fazer eu nunca perceberia esta diferença. No mesmo dia, acordei cedinho pra ver o sol nascer de um lado e, mais tarde, se por do outro lado da ilha. A grande lição ali foi desacelerar, me conectar com as pessoas, relaxar para ver, ouvir, cheirar, experimentar, comer. Só consegui ter esta experiência porque estava sozinha. Somente eu e um lugar delicioso.
A opção de viajar sozinha requer – sim – coragem. Mas acho que vale a pena viver esta experiência uma vez na vida. Foi um momento somente meu. Esta conexão que disse foi com o lugar, mas depois comigo também. Eu voltei diferente.
Esta não foi a minha primeira viagem sozinha. Mas com certeza foi a mais especial. Em todas elas, eu aprendi um pouquinho e compartilho com vocês as minhas lições aprendidas.
# 1 – Ter a vontade, sem medo!
Não precisa ir longe, viajar para outro país. Há tantos lugares legais por aqui. Se tiver algum receio por conta de distância ou língua, experimente um lugar mais próximo de onde você mora. Quando você viaja valem os mesmos cuidados que você já tem onde mora. Quando fui para a Europa, deixei o roteiro com o meu irmão.
# 2 – Escolha um bom lugar pra ficar
Algum tempo atrás, fiz Airbnb, mas não olhei direito as redondezas da casa. Que ódio! Dá pra visualizar tudinho pelo Google Maps. Foi imprudência minha. No final, o lugar era muito gostoso, em um bairro familiar, mas um pouco distante. Gastei um pouquinho a mais de taxi.
# 3 – Planeje os dias com atenção
Depois de escolher o lugar, eu vejo antes quais são os principais pontos turísticos. Seleciono o que quero fazer por proximidade. Assim, economizo no tempo de deslocamento entre uma atração e outra. Não encho o roteiro de atividades. Não vale a pena. Eu fico cansada, e não curto cada um dos lugares. Se faltar algo pra conhecer, fica para a próxima vez.
# 4 – Descontos ou de graça!
A lista do que é pago numa viagem, além de hotel e alimentação, inclui: transporte, entradas e presentes. Dá pra pesquisar antes pra conseguir os bons preços ou promoções. Há cidades com um dia fixo para a entrada grátis em museus. Se dá, tento conciliar. Existem também aqueles passes livres, entrada gratuita em várias atrações por um preço fixo. Achei que valeu muito a pena em Paris, porque além da entrada, eu ainda escapei da fila!
# 5 – Ouse!
Você estará sozinha. Porque não aproveitar para fazer algo que nunca fez antes, experimentar alguma coisa nova. Claro que é pra tomar cuidado. Acho que a gente já não tem idade para estripulias juvenis. Pra te falar a verdade, nem tenho vontade. Mas também se acontecer algo legal, vou pensar antes de dizer um não. Ué, porque não? Além do mais, não terei testemunhas!
Ótimo!