Tag: Sétima arte

Malasartes e o Duelo com a Morte: trapaças, mitologia e diversão

Dominique - Malasartes

Hoje comento e indico o brilhante e inovador filme Malasartes e o Duelo com a Morte, que o genial diretor e roteirista Paulo Morelli nos presenteou. Uma superprodução nacional que resgata o folclore caipira.

Pedro Malasartes é um personagem bem mais antigo do que se pensa. Originado há séculos em Portugal e Espanha, ele acabou sendo trazido ao Brasil na época da colonização.

Esperto e sedutor, nas histórias em que é protagonista, ele alterna entre a humildade e a malandragem.

Tem um bom coração, mas sempre quer levar vantagem em tudo. Com esse perfil bem brasileiro ele acabou se tornando um mito importante na cultura nacional.

Sendo um personagem tão importante para a cultura popular, nada mais justo que Malasartes ganhar um filme próprio.

Malasartes é um filme doce e inocente, ingenuidade pura e para toda a família.

Para o roteiro, Morelli mesclou a riqueza da cultura brasileira com elementos da mitologia grega e romana.

O resultado é um filme típico caipira com um mundo místico e criativo.

Morelli entrega uma história agradável e divertida, cheia de viradas no tempo certo e um ritmo que impõe ação contínua aos personagens muito bem construídos.

A trama é bem costurada com uma mitologia própria e uma história composta por trechos de diversos contos.

Dominique - Malasartes

Na trama Malasartes (Jesuíta Barbosa), escapa de uma situação atrás da outra, conhecido como trapaceiro em sua pequena cidade. Um dos seus mais ferrenhos cobradores é Próspero (Milhem Cortaz), o valentão local, cuja irmã Áurea (a graciosa Isis Valverde) está secretamente enamorada pelo protagonista.

A história toma contornos fantásticos quando a Morte em pessoa (Julio Andrade) pretende enganar Malasartes para que esse assuma seu lugar – já que o sujeito é considerado o único capaz de derrotá-la em um duelo de esperteza.

A história de Malasartes se divide em dois grandes momentos: o que se passa no mundo rural e o que se passa no mundo mágico. Os efeitos especiais ocorrem nos dois ambientes com muito mais ênfase no mundo virtual.

Os efeitos especiais são o carro chefe do filme. Cerca de metade do longa foi feito com efeitos visuais gerados por computação gráfica.

Sem dúvida, uma conquista para o cinema nacional poder criar pela primeira vez algo assim. Realmente impressiona, em especial a forma como o além-mundo é retratado, com as velas que contam os anos de vida de cada pessoa na terra.

Dominique - Malasartes

O elenco peso pesado, renomado, mais acostumado a trabalhar em dramas intensos, como Jesuíta Barbosa, excepcional no papel, Milhem Cortaz, Julio Andrade, Luciana Paes. Realmente ótimos atores com sinergia entre todos e excelentes atuações individuais.

A Direção de Arte tem dois momentos fantásticos: nos cenários caipiras bem elaborados e visualmente ricos e nos cenários e figurinos do mundo mágico.

Essa superprodução além de ótima distração é também uma experiência inusitada, inovadora, além de muito apropriada para o nosso momento brasileiro.

Vale a pena conferir!
Divirta-se assistindo Malasartes e o Duelo com a Morte!

[fve]https://www.youtube.com/watch?v=s_qtWlhxhlA[/fve]

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A Garota Ocidental: família, tradição e decisão

Dominique - Garota

Baseado em história real, A Garota Ocidental é um filme com direção e roteiro assinados pelo belga Stephan Streker, ex-crítico de cinema, que faz escolhas inteligentes para contar sua história com tema complexo sobre o quão importante é a religião e a imagem perante a sociedade dentro da comunidade muçulmana.

Noce (nome original do filme) acompanha a trajetória de Zahira, que, aos 18 anos, precisa lidar com a possibilidade de um aborto em meio a uma família muçulmana que defende o casamento arranjado em nome da tradição.

Mesmo sendo um tema tão presente e já discutido, não se torna enfadonho, pois consegue com delicadeza colocar o espectador na pele dos personagens e, talvez, até a compreensão do ponto de vista de cada um.

O drama trata questões que envolvem liberdade de escolha, o livre arbítrio e as prisões que a tradição e a religião muitas vezes impõem aos que a seguem.

Mais que um filme A Garota Ocidental é uma análise e grande objeto de estudo antropológico, valendo a pena seus intensos 98 minutos de projeção.

Zahira é interpretada pela atriz francesa Lina El Arabi, que em sua primeira, espetacular e primorosa atuação, traduz não só o papel da personagem, mas também todo o seu sentimento em olhares, movimentos e expressões corporais muito bem trabalhadas.

A Garota Ocidental foi premiado no Festival de Toronto em 2016. Propositalmente o filme abre mão da trilha sonora de forma que ela não sirva como condutora emocional do espectador, deixando com que a própria atuação, fotografia e figurino falem por si só.

O roteiro de Streker apresenta diálogos muito bem construídos que irão embasar argumentos de ambos os lados da questão, sem cair no maniqueísmo fácil.

O ritmo rápido imposto por uma mensagem com takes curtos conduz o espectador ao mesmo turbilhão pelo o qual a jovem está passando.

Com ótimas atuações e um desfecho arrebatador, esse é um daqueles filmes que você não pode perder!

Eu amei!!!

[fve]https://www.youtube.com/watch?v=NMdYtP7dtFg&feature=youtu.be[/fve]

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Z – A Cidade Perdida, uma aventura real e humana

Dominiques, hoje a minha dica vai para o exuberante Z – A Cidade Perdida, um filme de aventura, mas nada a ver com uma nova versão dos filmes do Indiana Jones.
Baseado no best-seller de não-ficção de David Grann, o longa conta com poucas cenas de ação.
A proposta é reproduzir as sensações de filme de aventura de décadas atrás.
A história remete aos grandes clássicos do gênero.

A produção gira em torno do explorador Percy Fawcett (Charlie Hunnam), que no início do século XX fez expedições para a Amazônia com Henry Costin (Robert Pattinson) e com seu filho Jack Fawcett (Tom Holland).
Ele queria provar a todos a existência de uma civilização perdida entre a Bolívia e o Brasil, onde hoje é o Acre.
No caminho, enfrentou a fúria dos índios e, depois de uma série de viagens ao local, desapareceu.

O diretor James Gray dá à aventura amazônica do coronel Fawcett um tom intimista e metafísico.
Na verdade, Z retrata a busca da cidade perdida como um caso de obsessão.
Fawcett é visto como alguém que precisa “resgatar o seu nome” e construir um prestígio a ser legado às próximas gerações.
Destemido, implacável e ambicioso, Fawcett não vê limites diante de si.

Esteticamente, o longa é quase uma obra-prima.
Gray deu um certeiro longo espaço à fotografia grandiosa de Darius Khondji, que fez um trabalho brilhante de captação das cores e luzes da selva.
O longa conta com efeitos especiais e tratamento de imagens prodigiosos.
Sem dúvida, um deleite para os fãs das modernidades visuais da sétima arte.

Os atores brilham em suas atuações.
O carisma de Hunnam (Fawcett) é inegável.
Quem se dá bem igualmente é Pattinson, irreconhecível atrás da pesada barba de Costin, o fiel escudeiro.
Sienna Miller abrilhanta o elenco no papel de Nina, a fiel esposa de Fawcett, que nunca deixou de honrar, além de carregar o peso do mundo sem ser reconhecida por isso.

Z traz de volta valores primordiais para o homem, perdidos há muito tempo, e levanta questões como o feminismo e o lugar da mulher por meio de fervorosos diálogos entre o protagonista e a esposa Nina, mostrando acima de tudo que tais dilemas não são novidade.

A direção de Gray é luxuosa sem ser chamativa. Z – A Cidade Perdida flui de forma eficaz, garantido o apreço dos aficionados pela história e amantes nostálgicos de uma era mais calma para o cinema.
Dominiques bom programa!!!

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Vermelho Russo: um filme para mulheres fortes e independentes

Dominiques que tal um filme nacional para este final de semana?
Vermelho Russo, o atrativo filme dirigido pelo carioca Charly Braun (do bom Na Estrada, de 2011).
É uma comédia dramática interessante, original, sensível e divertida.
O filme brinca com os limites entre a realidade e a ficção.

A obra foi inspirada em uma viagem realizada pelas atrizes Martha Nowill e Maria Manoella, em 2009.
Na trama, Martha Nowill (Marta) e Maria Manoella (Manu) interpretam duas jovens atrizes. Um tanto desiludidas com a carreira, que decidem ir à Rússia estudar o famoso método de atuação de Constantin Stanislavski, que busca a espontaneidade do ator.

Em pleno inverno na Rússia, as amigas vivem a dificuldade da língua e da dura rotina das aulas, encenando clássicos de Tchekhov.
Manu narcisista e fechada. Marta é extrovertida, mas bem insegura quanto a seus afetos.
Essas diferenças no modo de ser afetarão tanto a amizade, quanto as aulas de interpretação que estão tendo.
A evolução das aulas revela a importância do autoconhecimento e do domínio do papel ambos interligados.

A viagem por sua vez aflora em ambas crises de autoestima. Tanto pela falta de confiança na vida profissional, quanto por questões amorosas. Entre “rolês” culturais, ensaios teatrais, brigas e reflexões, o filme segue as duas, que tentam o tempo inteiro se descobrir como atrizes e como adultas.

Martha Nowill e Maria Manoella trazem um frescor da naturalidade em suas interpretações. Embebidas da própria vivência e de uma delicadeza entre o drama e o humor. O texto escrito a quatro mãos por Braun e Nowill e foi premiado com o troféu Redentor de Melhor Roteiro no festival do Rio 2016.

Sem dúvida Vermelho Russo é um filme sobre mulheres fortes e independentes, buscando o amadurecimento. A direção de fotografia bem clean, com planos bem limpos, fica num meio termo entre amador e documental. Numa combinação de expor a verdade em meio a ficção surge uma obra que responde com sinceridade tanto para a arte quanto para a vida.

Dominiques espero que vocês gostem!
Bom programa e divirtam-se!

Vermelho russo e um ótimo programa para quem procura algo diferente.

Leia Mais:

O integrante e imperdível Cidadão Ilustre
Pequeno e intimista, o discreto drama Melhores Amigos aposta no silêncio expressivo

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Pequeno e intimista, o discreto drama Melhores Amigos aposta no silêncio expressivo

Oi Dominiques!
Hoje falo do delicado, leve e afetuoso Melhores Amigos, um daqueles pequenos grandes filmes que não recebem a atenção que merecem. O diretor Ira Sachs tem sido muito elogiado por tornar situações corriqueiras atraentes cinematograficamente. Melhores Amigos é uma experiência acima da média.

Os garotos Jake e Tony se aproximam durante o funeral do avô de Jake. Logo, uma forte amizade nasce entre eles. Eles jogam vídeo game, andam de patins, vão às festas e compartilham seus sonhos. Jake gosta de desenhar e Tony vê na atuação o seu futuro.
Jake é tímido e Tony extrovertido. Mesmo tão diferentes, a química entre eles é evidente e emocionante. A amizade de Jake e Tony é ameaçada por causa de um problema envolvendo as duas famílias.

O filme é recheado de boas cenas que não necessariamente são definitivas para a narrativa, porém dão um tom maior de sensibilidade aos personagens, como por exemplo a aula de teatro das crianças. São momentos corriqueiros do cotidiano como esse que o filme atinge seu ápice de delicadeza.

Dominique - Melhores amigos

Vale destacar o elenco comprometido em entregar performances convincentes longe de excessos, mas o destaque especial vai para a ótima Paulina Garcia (protagonista do filme Glória, lembra?), mãe de Tony. Mesmo em papel secundário, Paulina faz a melhor interpretação do elenco, dando a sua personagem humildade e uma forte carga emocional.

Melhores Amigos poderia ser mais um filme completamente fundado numa relação estabelecida em meio às questões inerentes ao crescimento de dois meninos aprendendo mutuamente. Mas não é só isso. O diretor Ira Sachs, em parceria novamente com o brasileiro Maurício Zacharias, cria uma narrativa leve, mas que nem por isso deixa de tocar em assuntos difíceis.

Por mais simples que seja a história do longa existe humanidade, amor e tristeza na relação entre os jovens. Sachs conseguiu mais uma vez oferecer um retrato potente e genuíno de afeto no meio aos conflitos no Brooklin, em New York.

Crescer faz parte da vida, mas o amadurecer nem sempre é um processo natural, custando tempo e esforço. O roteiro escapa lindamente dos estereótipos e sintetiza, numa bela cena final, o significado de crescer e seguir em frente.

Dominiques, aqui fica a dica!
Vale a pena conferir o raro Melhores Amigos!!!
Bom programa!

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