Aconteceu

A viagem que eu decidi não fazer no Edifício Esther!

Dominique - Edifício Esther
Era dia 1 de setembro, dia do meu aniversário. Dia ensolarado, fui encontrar a Dominique para um “café com projetos” e ainda ganhei meu símbolo #somostodasdominique: o famoso leque.  De lá fui encontrar meu marido para o almoço no topo do Edifício Esther, no centro de São Paulo, que há tempos estava querendo experimentar.  Uma viagem no tempo!

O porteiro, vindo do Congo, me recepcionou no térreo com tanta alegria que por um segundo imaginei que ele soubesse ser meu aniversário. Com um largo sorriso, me acompanhou até a porta do elevador.

Lá em cima, a hostess, importada da França, surgiu com um enorme sorriso dizendo “Bonjour Madame”. Foi a glória (será que ela também sabia?).

Encontrei meu marido no bar e brindamos a ocasião enquanto eu tinha uma aula de história com meu “husband” historiador/arquiteto:

O Edifício Esther é um dos primeiros edifícios modernistas da cidade. Construído na década de 30 e projetado por Vital Brasil. Inovador para sua época, com onze andares sendo que seus prédios vizinhos não passam do terceiro andar. Tornou-se símbolo da modernidade e passou a ser frequentado pela alta sociedade, artistas e intelectuais. O chef/padeiro/apresentador de programa de TV, Oliver Anquier, que residia na cobertura, transformou seu apartamento em restaurante ano passado.

Em seguida, nosso garçom, chileno, nos leva para a melhor mesa com melhor vista (ah, sim, meu marido deve ter avisado a todos, certeza!). O chileno sugeriu o medalhão com mostarda… Bem, devo dizer que sou vegetariana, mas estava tudo tão perfeito, aquela vista, aquele dia de sol, maridão, a francesa, o congolês, o leque da Dominique e decidi dizer “sim” ao chileno simpático.

Entre uma garfada e outra, um assunto e outro, uma espiada pela vista deslumbrante com a Praça da República aos meus pés…Ops!

O pedaço de carne parou no meio do caminho. Nem descia goela abaixo e nem subia boca pra fora! Tentei manter a pose e a calma, mas diante de meus olhos arregalados (percebendo que o ar que entrava não era suficiente) meu marido questionou se o bife estava ruim. Foi então que percebi que não conseguia responder, falar, grunhir…

Desesperei e o ar parou de vez. Meu marido continuava me perguntando se eu queria trocar com o prato dele e eu imaginava o mico de morrer no dia do meu aniversário com um pedaço de bife entalado na garganta (EU NEM COMO CARNE), no topo do Edifício Esther. Que mico! Imaginei as manchetes de jornal e decidi que eu não ia fazer aquela viagem. HOJE NÃO! E desci do salto!

Primeiro levantei-me e brinquei de mímica com meu marido. Eu mesma dava soquinhos nas costas a fim de que ele adivinhasse que tinha algo me entupindo. Não deu certo. Ele seguia me questionando o que estava se passando… Ou havia decidido que a natureza se encarregasse de forma natural a carregar a patroa dele.

Então fui para o meio do salão, repleto de gente saboreando as delícias do local e, lembrando da tosse do meu vizinho, daquelas que fazem a terra vibrar, em uma espécie de revanche de seu escândalo para tossir, fiz pior: dei o grito de guerra dos dragões de “Game of Thrones” com toda a minha força e vontade de não morrer no dia do meu aniversário. Foi estrondoso.

A hostess francesa, em um balé sincronizado com minha performance, abriu a porta do toalete e o pedaço de bife voou lá para dentro e ela, imediatamente, fechou o porta. Chique no último. Silêncio total! Todos admirados com a “tosse show”.

Não cantaram parabéns e também não houve aplausos, mas soube por uma tia que a amiga dela, em um domingo, sufocou com um pedaço de pizza e não teve a mesma sorte do que eu, portanto, considero que ganhei um presente de aniversário: a vida!

Este texto era para falar de viagens, para quem vem à São Paulo, não deixar de passar pelo Esther Rooftop e provar… o céviche!

Que tal visitar o Edifício Esther depois desta incrível história?

Leia Mais:

Quando foi que você fez algo pela primeira vez? Eu andei de bike! Parte 1
Natal mais divertido de toda minha vida – Graças ao Papai Noel!

 

Cynthia Camargo

Formada em Comunicação Social pela ESPM (tendo passeado também pela FAAP, UnB e ECA), abriu as asas quando foi morar em Brasilia, Los Angeles e depois Paris. Foi PR do Moulin Rouge e da Printemps na capital francesa. Autora do livro Paris Legal, ed. Best Seller e do e-book Paris Vivências, leva grupos a Paris há 20 anos ao lado do mestre historiador João Braga. Cynthia também promove encontros culturais em São Paulo.

5 Comentários
  1. Também passei o mesmo perrengue num almoço no restaurante Varanda do JK. Família toda reunida , brindando , conversa super animada…foi quando com um pedacinho da picanha divina, entalou…eu tentando engolir e ela resistindo e me sufocando…levantei e a sorte que nossa mesa estava perto da toillete. , corri e qdo me olhei no espelho eu estava azulada.e sem fôlego…nisso um anjo do céu surgiu , pediu licença e me abraçando por trás , deu- me um tranco e a picanha saiu feito um bólido e eu pude respirar…vi a morte de perto.Agradeci a essa senhora anjo que disse ter passado por uma situação idêntica.Respirei , voltei para mesa e brindei com uma Chandon que desceu redondinha!! Tim tim!!!!!!!!

    1. Que sorte vocé teve Darcy! Depois de ler seu relato acho que eu vou fazer um curso para aprender as manobras e ser mais uma a poder salvar alguém desta situação horrível!
      Ainda bem que tudo terminou com um brinde de Chandon! Tim tim à nossa segunda chance!

  2. Comigo aconteceu com a primeira garfada numa pitza com tomates com molho de vinagre.
    Levantei depois de tentar despistar e foi um show .
    Apareceu uma cliente que me agarrou pelas costas, abaixou minha cabeça e aos poucos fui me recuperando. O gosto tinha caído num lugar que me sufocou e fiquei sem respirar.

    1. Nossa Vera! Sei bem o que você sentiu! A gente ri depois, mas a sensação é horrorosa! Bom para aprendermos a prestar mais atenção!

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Evento #SomosTodasDominique!

Dominique - Evento
No dia 05 de dezembro, aconteceu o nosso primeiro encontro (o primeiro evento de muitos) e posso dizer que me sinto realizada.

Foi incrível ver todo mundo ali tão envolvido e comprometido com o tema. Foram mais pessoas do que o esperado e tudo estava perfeito.

Veja aqui o que disseram 2 mulheres que nos inspiram muito:

Constanza Pascolato
Empresária, consultora de moda, Integrante da Academia Brasileira de Moda

[fve]https://www.youtube.com/watch?v=avJbJk30fG4&feature=youtu.be[/fve]

Marta Khedi Schahin
Presidente do Hospital Sírio Libanês

[fve]https://www.youtube.com/watch?v=MAm-Yxfwhj4&feature=youtu.be[/fve]

Falamos também a querida Raquel Cardoso, uma das seguidoras da página Dominique.

Raquel Cardoso
Seguidora da página Dominique

[fve]https://www.youtube.com/watch?v=OofAo_SwXlw&feature=youtu.be[/fve]

O projeto Dominique vem sendo desenvolvido há três anos para dar voz às mulheres da nossa geração.

Não é porque temos mais de 45 anos que nos tornamos invisíveis. Ao contrário, somos mulheres decididas, sabemos o que queremos e o que não queremos, consumimos mais, estamos conectadas e representamos quase 10% da população. Isso não é pouca coisa, né? Por que então não nos reconhecemos nas propagandas da maior parte dos produtos?

Não queremos rótulos! Cinquentona, cinquentinha, idade da loba??? Que nada, somos muito mais que um rótulo, Somos Todas Dominique!

Chega de olhar julgador, por isso que a Dominique nasceu, para conversar com vocês! Ter a oportunidade de debater sobre essa questão neste evento foi maravilhoso.

Não vejo a hora de encontrá-las de novo. Querem um próximo?

Mas dá uma olhadinha nos melhores momentos do nosso evento

[fve]https://www.youtube.com/watch?v=G-yXJnDRjd4[/fve]

E aqui você consegue ver o evento na íntegra! Não é demais?

[fve]https://www.youtube.com/watch?v=LLjaCxFz498&feature=youtu.be[/fve]

Confira algumas fotos do evento:

« de 11 »
Agradecimento especial aos apoiadores do evento: Mitsubishi, May Macarons, Fatto ManuCarol Noel, Perrier JouetCorvo, Santa Festa, Fleur de Sucre, Gift ChicCleo Aidar e Credit Suisse.

Leia mais:

A grande e variada lista de amigas de uma Dominique
Quando eu crescer e envelhecer pra valer, quero ir para um asilo!

9 Comentários
  1. Descobri vocês !!!! e quanto mais vejo o site, assisto aos comentários, leio os textos me reconheço uma DOMINIQUE. Tb me senti diferenciada na infância e adolescência como Constanza fala na entrevista (graças a Deus), tb me sinto muito mãe mesmo não tendo filhos….queria muito participar de um encontro de vcs. Estou sonhando em ter um leque!!!

  2. Primeiramente, obrigada pela parte Dominique que me toca!
    Quando será o próximo encontro? Achei importante todas as colocações ,inclusive as inadequadas rsrsr do tipo nada Dominique,do tipo ” não se separem ! Os filhos vão sofrer muito…”
    Acho que essas são as pessoas que mais precisam ler ,e ouvir o que as Dominiques tem a dizer…Aguardo ansiosa!
    Lygia Durand

  3. Senti mto em não estar presente nesta reunião , a Consuelo me convidou , mas estava em um curso , no próximo me avise !!! Tenho acompanhado vcs , adoro !!! Contem comigo !!! Bjs !!!

  4. Parabéns Eliane, vc chegou lá, seu projeto merece todo esse reconhecimento porque é original e. Autentico!

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Quando foi que você fez algo pela primeira vez? Eu andei de bike! Parte 1

Dominique - Bike
E ai eu resolvi fazer uma coisa nova, não tão nova, mas que há 25 anos não fazia, então é nova de novo, certo? Fui andar de bike. Sozinha. Um alien loiro andando pelo Brooklin em pleno feriado, graças ao bom Deus, as ruas ermas, um ou outro gato pingado perambulando pelas calçadas. Afinal, depois de tanto tempo, não estava dominando tanto assim a magrela.

E adorei. De verdade, não sei se gostei mais de descobrir que ainda sei andar de bicicleta, comprovei que o ditado popular é verdadeiro, a gente nunca esquece depois que aprende a pedalar, ou se o que senti foi um tremendo orgulho de ter saído sozinha para fazer isso.

Já fazia quatro meses que havia me cadastrado no tal Bike Sampa do Itaú e passo pelas estações quinhentas mil vezes pensando: preciso ir, este final de semana eu vou, no sábado, talvez no feriado, no dia de Santo Expedito, Santo Antonio, Dia das Bruxas, Dia do Corretor de Seguros, Dia de São Nunca. Perdi a conta de quantos finais de semana me autossabotei, inventei as mais mirabolantes desculpas e não fui.

Quer saber, minhas pernas doeram uma barbaridade. Outras partes também. Mas fiquei feliz da vida com minha conquista. Andei de bike sozinha e não perdi o equilíbrio, nem o rebolado.

Ai, me achando a última Coca-Cola gelada no deserto, resolvi aceitar o convite de um pretendente para pedalar num domingo ensolarado. O itinerário partia da Avenida Roberto Marinho rumo ao Octavio Café, na Avenida Faria Lima, onde tomaríamos algo e voltaríamos. Bucólico, né?

Só não me atentei que o dito cujo é ciclista profissional, monta suas próprias bikes e pedala 60 km na subida com a mesma facilidade que caminho entre meu quarto e a cozinha. Simpático e atencioso, comprou um selim exclusivo para mocinhas e me emprestou a sua magrela mais turbinada.

Todo orgulhoso me mostrou a bike e disse:

– Esta é especial, de fibra de carbono, não chega a 700 gramas. Custa R$ 5.000,00.

Tive vontade na hora de sair correndo três dias sem olhar para trás! E se eu cair? E se a bicicleta quebrar?  Será que meus óvulos valem algum dinheiro? 

Ele me acalmou e me encorajou.

La fui eu, apavorada. Uma delícia a tal bike, nem sentia que estava pedalando de tão leve a danada. O problema é que o cara tem 2 metros de altura e mesmo abaixando todo o banco, meus pés não alcançavam o chão.

Quinhentos metros depois, apenas quinhentos metros, nem tinha atravessado a Avenida Santo Amaro, me desequilibrei e levei o maior tombo da minha vida. O cara, a alguns metros na frente se desesperou. Largou a bike dele imediatamente e veio correndo para me amparar. Parou carro para ajudar, gente perguntando se devia chamar o SAMU e eu querendo que um buraco se abrisse para morrer dentro dele escondida, a velha e boa síndrome de avestruz.

Minha maior preocupação era ter estragado a Ferrari de duas rodas. Quem tem uma bicicleta de R$ 5.000,00, meu Senhor? Descobri depois que muita gente.

Me machuquei bastante, mas como escorpiana genuína, insisti em continuar o passeio desde que ele não fosse atrás de mim como sugeriu. Só de saber que alguém estaria observando não conseguiria andar um metro sequer.

Nem cem metros, nova queda. Eu parecia o frango da Sadia depenado. Joelhos, tornozelos, braços, mãos e punhos sangrando, um estado de horror. Novamente um carro parou e quase mandei todos para aquele lugar. Minha coleção de hérnias de disco piorou muito depois deste fatídico episódio.

Desta vez, sem a menor chance de negociação, voltamos empurrando as magrelas, com direito a pit stop na farmácia para a compra de primeiros socorros.

Nem preciso dizer que nunca mais vi o galã.

Quantas coisas será que eu consigo mais fazer sozinha? God Only Knows.

E você? Já viveu algo parecido com essa aventura de bike? Conta ai!

Leia Mais:

Mentira do bem – 3 mentiras que contei para não fazer mal a ninguém
Infarto na hora H – Curiosidade tem limite, falta de juízo não!

Marot Gandolfi

JORNALISTA, EMPRESÁRIA, AMANTE DE GENTE DIVERTIDA E DE CACHORROS COM LEVE QUEDA PARA OS VIRALATAS.

8 Comentários
  1. Da próxima vez aceite o meu convite, tenho bicicleta que vale menos e, consequentemente , não precisará levar toda essa preocupação na garupa, te desequilibrando…

  2. Oi

    Tenho o mesmo problema! Se eu ficar com os pés muito longe do chão, complicou. Mas andar de bike é uma delícia! Vale uns tombinhos de vez em quando!!

  3. Geente, tenho 72 anos! Moro num lugar maravilhoso, que tem pontos de bike espalhados pelo clube todo e de graça! Domingo durante o almoço, soltei que meus netos, que já são grandes, poderiam me ensinar a andar de bike , isto é, reaprender ! VIXE!! FOI uma gritaria geral! Desisti ! Só fico dr olho comprido!!!

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Infarto na hora H – Curiosidade tem limite, falta de juízo não!

Dominique - Infarto
Tenho uma amiga, muito, mas muito querida, que se meteu numa encrenca monstro por pura falta de experiência, ingenuidade e um tico de Alice no País das Maravilhas.

Casada por 25 anos com o mesmo homem, primeiro e único. Infelizmente, uma série de mal entendidos e infortúnios ao longo dos últimos 5 anos, levou o casal a pedir o divórcio.

O impacto da solidão a assombrou. Preferia ficar num casamento já destruído a enfrentar a vida sozinha. O terror de se ver só fez com que o juízo que lhe restava escoasse pelo ralo.

No afã de encontrar um companheiro, parceiro, namorado ou algo do gênero, cadastrou-se em um destes aplicativos de relacionamento. Isso há 12 anos, quando não se falava muito sobre encontros através da internet.

Entra no aplicativo, preenche o perfil tomada por um medo surreal, mas sincera em todas as respostas. Absolutamente franca, aberta, clara, até demais da conta.

Sem noção, marca um encontro com um cara, aparentemente bonitão, que morava no interior. Graças ao bom e santo Deus foi num shopping de São Paulo o que na história não refrescou muito.

O furor uterino era tanto que, sem mais delongas, topou ir a um motel. Aquela vontade insana, ovários em polvorosa, adormecidos há anos, não permitiram nenhum traço de bom senso.

Sem julgamento ou rótulos, OK? Quem nunca entrou numa fria por falta de juízo? Pode até não ter sido neste tema, mas quem nunca errou que atire a primeira pedra, não é não?

Bem, chegam no motel que ela não ia há anos, o ambiente convidativo, uma bebidinha, anos na seca, começa o rala e rola. O que acontece? Não, não é o que você imagina! O infeliz sofre um infarto! Isso mesmo, ataque do coração antes de consumar o ato…se ainda tivesse sido depois, vá lá que seja!

Ela abre a carteira do dito cujo, não tem carteirinha de convênio, nem cartão de débito, nem de crédito e apenas uma cédula de R$ 50,00. Ops, pega o celular dele, afinal tem que chamar alguém da família. Aparelho travado.

Um corre-corre danado, ela em desespero, chama ambulância e leva para onde? O pai dela havia falecido há cerca de 10 anos e ela conhecia bem o Hospital Santa Cruz, relativamente perto de onde estavam.

Entra a ambulância fazendo o maior alvoroço no estabelecimento do prazer – deve ter atrapalhado a performance de vários casais – temos que convir que é algo inusitado uma sirene dentro de um motel.

Ela vai com o cara para o hospital. Infarto, cateterismo, angioplastia, UTI. Quando enfim conseguiu ver o acamado, descobre que ele não tem família, não tem dinheiro, nem lenço, nem documento.

Dias depois, ao receber alta, o médico chama minha amiga, a “suposta” esposa e dá orientações bem claras. Ele não pode viajar por quinze dias. Repouso absoluto. Como assim? Aonde fica? Na casa dela com os filhos adolescentes, claro! Até hoje não consegui concatenar as ideias e entender o que ela explicou aos pimpolhos.

Pois é. Levou a criatura para casa que ficou durante uma longa e interminável quinzena. Ele se recuperando deitado em sua cama de casal e ela no sofá da sala. Ele com direito a café da manhã, almoço e jantar.

Se a história já é um capítulo à parte no conto dos absurdos, resta uma questão de extrema importância: se o ser humano não tinha convênio, não tinha dinheiro, nem cartões de crédito, quem pagou a conta do hospital? Quem quase teve um infarto fui eu quando ela revela o ápice da surrealidade, seu ex-marido bancou as despesas hospitalares!

O infartado jurou que iria devolver o dinheiro. Faz 12 anos, 4 meses e 28 dias.

Infarto no motel? É o cúmulo do azar, concorda?

Leia mais:

Churchill: as 96 horas que antecedem o importante “Dia D”
O dia em que percebi o primeiro último dia da minha vida

Marot Gandolfi

JORNALISTA, EMPRESÁRIA, AMANTE DE GENTE DIVERTIDA E DE CACHORROS COM LEVE QUEDA PARA OS VIRALATAS.

2 Comentários
  1. Não sei se é um conto. Mas é uma situação muito plausível e fácil de acontecer, não com um desfecho tão dramático e inusitado! Todo cuidado é pouco!

  2. Ótima história é ótimo texto Marot!!! Proponho uma campanha de Dominiques para irmos atrás dele!!!

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O dia em que o palito de dente ficou preso na saída – AIQDÓ

Dominique - Palito
Você já comeu palito de dente? Eu tenho um amigo que já…

Reconheço que tenho um péssimo hábito há milênios. No dia-a-dia não sei comer pausadamente e nem saborear a refeição. Me atraco com a comida como se estivesse num ringue de MMA. Ou eu ou ela. Vivo correndo alucinadamente, sempre tirando o pai da forca. Paciência não é meu forte. Deve ser o último item da escala.

Quando a fome aperta a situação se agrava e muito. Meu humor é irascível. Tenho paúra de pegar fila. Evito a qualquer custo lugares com filas para esperar horas a fio.

Preciso querer muito, mas muito mesmo alguma coisa para me sujeitar a entrar numa fila indiana. Se for para comer, nem pensar. Não fico nem amarrada. Ao me deparar na entrada de um restaurante com um amontoado de gente que se procria à medida que o tempo vai passando não fico nem para salvar a vida de alguém. Há tanta opção para comer em São Paulo, me recuso a fazer um programa de índio, mesmo tendo tacape, cocar, arco e flecha no porta-malas do carro. Aliás, uso com mais frequência do que gostaria.

Para chocar os paladares mais refinados, confesso que considero a comida por quilo a invenção do século. Para meu esquema frenético de ser, cai como uma luva. Entro, me sirvo somente daquilo que eu quero, engulo a comida, pago e vou embora para Pasárgada.

Nem fast food eu aguento mais. Pegar senha para ser chamada, já basta quando vou fazer exames nos laboratórios, em jejum, tentando subornar alguém por um biscoitinho e um café.

Mas não estou só. Outros também se alimentam no estilo de um peru em véspera de Natal. Comer rapidamente virou uma epidemia. Basta ver as praças de alimentação dos shoppings. Ninguém esquenta a cadeira. Se inventasse um comprimido para o arroz, outro para feijão, um para carne e outro para legumes, o comércio de alimentos estaria muito mais rico do que já está.

Tenho um amigo, também jornalista, que no quesito velocidade em comer, dispara muito na frente, bem longe de mim. Jamais poderia participar de um rally gastronômico de regularidade.

Além de ser um Lewis Hamilton na degustação, o danado é guloso. Nem vê o que está comendo. “É para comer? Manda um ai”.

Num coquetel, esta criatura se empanturrou de salgadinhos. Fritos, assados, crus. O que pintasse na rede era peixe.

Amanheceu com uma dor aguda no abdômen. Foi levado às pressas para o pronto-socorro. Apendicite, pedra no rim, diverticulite? Ninguém sabia. O cara estava muito mal. Uivava como um lobo em noite de lua cheia.

Chegamos ao hospital para dar uma força e encontramos sua esposa às gargalhadas. Eu nem imaginava que o casamento ia mal. Fiquei assustada com o comportamento maquiavélico da adorável cônjuge.

Ela tentava desesperadamente pegar um fôlego, mas não conseguia. Tudo bem tem gente que sofre de riso nervoso diante de grandes traumas, mas aquilo já era demais.

Depois de alguns minutos tentando controlar sua risada frenética, eu já querendo bater em sua cara tamanho o desaforo com o marido doente, ela diz:
– Sabe o que ele tem? Palito.
Eu digo:

– Como assim? Que doença é essa Palito?

Ela não aguenta, ri de novo e explica:

– Ele comeu uma coxinha e nem sentiu o palito. O dito cujo ficou atravessado na horizontal na saída, entende?

O infeliz com o palito lá no fiofó foi para a cirurgia, tomou anestesia geral e o que é muito mais desastroso, teve que aguentar todas as provocações e a tiração de sarro.

Nem o médico conseguia falar com ele sem chorar de rir. E, cá pra nós, não tinha como  acusar o doutor de antiético. Ninguém se controlava.

Os mentecaptos no escritório tiveram a sacada de comprar caixas e caixas de palitos Gina para decorar sua sala.

Passaram-se 20 anos e ninguém esquece do ocorrido para desgraça deste ser. Um episódio surreal.

Nem assim aprendi a comer que nem gente normal.

Dica do dia: cuidado para não comer palito de dente!

Leia mais:

Comodidade, hábito ou perda de memória? Experimente ficar sem celular!
Feriado só com mulheres? Nossa Senhora Aparecida que me salve!

Marot Gandolfi

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