Cinema

Depois Daquela Montanha: uma jornada de sobrevivência

Dominique - Montanha
Baseado no romance homônimo de Charles Martin, o longa dirigido pelo palestino Hany Abu-Assad, Depois Daquela Montanha, conta a história da jornalista e fotógrafa Alex (Kate Winslet) e do médico, neuro cirurgião, Bem (Idris Elba) que após terem o vôo cancelado se conhecem e decidem alugar um jatinho para não perderem seus compromissos. Ele tem uma cirurgia agendada e ela tem o próprio casamento marcado.

Tudo transcorre bem no início da viagem até que um acidente derruba o avião em território gélido, no alto de uma montanha nevada. Os dois únicos sobreviventes, além do cachorro do piloto, recém conhecidos travam esforço de aproximação ao mesmo tempo em que precisam sobreviver em meio ao frio rigoroso, escassez de alimentos e a incerteza do resgate. Mais gravemente ferida em decorrência do acidente, a fotógrafa tem dificuldades de locomoção e depende da ajuda do médico, situação que gera desconforto entre ambas as partes.

A abertura do longa é muito boa, os vinte primeiros minutos são fluidos e o roteiro é direto.

A partir daí a história vai se desenrolando aos poucos. Devido ao acidente e ao fato de os personagens estarem perdidos e isolados, lutando para sobreviver, é compreensível que as coisas aconteçam mais lentamente, mas há química entre os atores e ambos sustentam bem a trama, calcada, sobretudo, nos diálogos e interações entre os dois.

Dominique - Montanha

Kate Winslet, como sempre, maravilhosa! É de uma entrega absoluta em seu personagem. Seu trabalho corporal, forma de olhar, trabalhar a cena, tudo muito elaborado e natural. Ela está extremamente confortável no papel, desenvolta e cativante.

Idris Elba conduz as cenas muito bem, tem uma expressão forte, um charme particular e é indiscutivelmente talentoso.

O terceiro protagonista é um simpático cão labrador que fica preso na montanha com a dupla. É impossível não se apaixonar pelo cachorro.

O filme, rodado no Canadá, tem fotografia estonteante, assinada por Mandy Walker, valoriza as paisagens geladas em lindíssima locação.

Um grande acerto é o grau dos desafios a serem contornados pelos sobreviventes. O senso do realismo evita que a ação descambe para o exagero e verossimilhança à história.
Depois Daquela Montanha não é um filme perfeito, não ficará na memória, mas muito bom de se ver.

A belíssima trilha sonora, fotografia impecável e atuações esplêndidas fazem do longa um entretenimento muito agradável.

Vale a pena assistir Depois Daquela Montanha no cinema. Divirta-se!

[fve]https://youtu.be/FV9cnUDNT2k[/fve]

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Big Little Lies: uma supersérie que você não pode perder

Dominique - Big Little Lies
Big Little Lies, a premiada e estupenda série da HBO, disponível no NOW, mostra com competência como uma atração pode ser dinâmica, misteriosa e madura. Uma história sobre mulheres, um suspense bem servido e drama da melhor qualidade.

A série baseada no romance de Liane Moriarty, adaptada por David E. Kelley e dirigida em sua totalidade por Jean-Marc Vallée, conhecido por filmes como Clube de Compras Dallas (2013), tem personalidade e confere um ar delicado e importante às cenas dramáticas.

Sete episódios foram suficientes para fazer de Big Little Lies uma das melhores produções da temporada.

O ponto central da trama é a vida de três mulheres: Madeline, Celeste e Jane, vivendo conflitos por conta de relacionamentos, criação dos filhos, das fofocas e comentários da pequena e idílica cidade de Monterrey, uma daquelas cidades costeiras da Califórnia em que o clima é agradável e o pôr do sol, um espetáculo à parte.

O que se sabe logo no começo da trama é que houve um assassinato e todas as “pessoas do bem” do local são potenciais suspeitas. A morte, portanto, é de certa forma, apenas uma desculpa para investigarmos a vida dessas personagens, todas mulheres lindas e perfeitas levando vidas de sonho em casas deslumbrantes em um cenário paradisíaco.

A única exceção é mesmo Jane que carrega consigo um passado sombrio e que demora realmente a se abrir. Sua presença na série funciona muito bem quase como uma forma de o espectador poder mais facilmente se identificar naquele ambiente. Essas questões de fundo na série é que são importantes e não a morte misteriosa.

A dedicação das atrizes é o ponto forte no seriado. Um show à parte. Madeline (Reese Whiterspoon) é a líder e Reese está nada menos que perfeita ao interpretar uma mulher energética, que cuida das amigas e que quer saber de tudo. Reúne as linhas narrativas e ainda lida com seus próprios problemas pessoais com seu casamento atual e, talvez, principalmente, com sua filha mais velha. É ela que funciona como a alma da minissérie.

Celeste (Nicole Kidman) é aparentemente o ser mais perfeito de Monterrey, vida, marido e filhos (gêmeos), tudo perfeito. Kidman, magnífica, brilha como Celeste e seus momentos com a terapeuta do casal (Robin Weigert) são estarrecedores, chegando mesmo a serem perturbadores de tão verossímeis.

Dominique - Big Little Lies

Jane (Shailene Woodley) é a recém chegada à Monterrey com seu filho, a mãe solteira que tem escrito na testa, preciso de ajuda. Shailene convence perfeitamente bem como uma alma perturbada, perseguida por um passado que a assombra. Renata (Laura Dern) é a mãe rival que não faz parte do clubinho de Madeline na escola onde seus filhos estudam.

Laura Dern é uma coadjuvante, mas sua presença é importante, comanda a atenção da câmera e do espectador quando sua Renata está em cena. Bonnie (Zoë Kravitz) é a nova esposa do ex-marido de Madeline e melhor amiga de sua filha adolescente.

Os personagens de uma dimensão humana impressionante estão à altura desse grande elenco. Não deixe de prestar atenção ao trabalho das crianças.

Os roteiros lidam nos sete episódios com uma riqueza de situações que hoje são discutidas aberta e contundentemente por aí e que tocam especialmente as mulheres por serem as vítimas.

Existe uma vestimenta de elegância em Big Little Lies que é usada a favor das revelações que são o conta-gotas, mas sempre presentes e relevantes. Há a violência doméstica, violência verbal, estupro, bullying e traição, sempre funcionando como denúncia e elemento integrante da narrativa.

A trilha sonora dita o ritmo de tudo. Muitas das músicas aparecem como escolhas da filha mais nova de Madeline, a pequena Chloè, de apenas seis anos, tem uma pegada soul pop, também muito rock, com nomes como Elvis Presley, Rolling Stones, Alabama Shakes, Charles Bradley, Otis Redding e Fleetwood Mac. O próprio final teve sua cereja do bolo com uma versão de You Can’t Always Get What You Want!

Demais! Você vai amar!

Fotografia competente, com belas imagens de Monterrey, montagem complexa, inteligente e intrigante, sem falar da história, interessantíssima!

A execução do desfecho é tão incrível que mesmo tendo sido possível deduzir o que havia acontecido o fim não perde sua potência. Muito pelo contrário, a maneira como tudo se desenrola deixa o espectador extasiado.

Apesar de todas as intrigas, rivalidades e competição entre as mulheres, Big Little Lies tem um desfecho revitalizante, totalmente Girl Power.

Assista Big Little Lies para descobrir quem morreu, quem matou, mas sobretudo assista para conhecer essas cinco mulheres e suas histórias!

Tocante, emocionante, imperdível. Uma grande série!

[fve]https://www.youtube.com/watch?v=IXmAfsKAZ2o&feature=youtu.be[/fve]

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Entre Irmãs: o filme que retrata a força do amor fraternal

Dominique - Irmãs
O épico Entre Irmãs é um belo filme do diretor Breno Silveira (Gonzaga: De Pai Para Filho, Os dois Filhos de Francisco), um diretor que sabe contar, como poucos, histórias sobre o interior do nosso Brasil.

O longa baseado no livro A Costureira e o Cangaceiro, de Frances de Pontes, tem um bom roteiro assinado por Patrícia Andrade.

Apresentando um épico genuinamente brasileiro, o filme se conecta com figuras da história do Brasil e, mesmo com uma história que se passa quase um século antes da data que chega aos cinemas, apresenta temas essenciais para o Brasil de hoje.

O longa narra a vida de duas irmãs costureiras, uma impetuosa (Luzia, vivida por Nanda Costa) e a outra sonhadora (Emília, interpretada por Marjorie Estiano). Elas vivem em Taquaritinga do Norte, interior de Pernambuco, mas ainda jovens são separadas pela força do destino. A impetuosa é sequestrada por um bando de cangaceiros, chefiados por Carcará, ao passo que a outra realiza o desejo de se casar com um belo herdeiro do Recife e descobre que seu sonho, na realidade, é um pesadelo.

A história que se passa na década de 30, mostra o preconceito pela mulher e o machismo que as duas irmãs enfrentam. Uma por parte do grupo de Carcará no sertão de Pernambuco e a outra por parte da alta sociedade na cidade grande.

Apesar da distância, elas sabem que uma só tem a outra no mundo e cada uma, a sua maneira, vai se afirmar de forma surpreendente. As protagonistas, excelentes, mostram maturidade e grande sensibilidade que cativam e comovem o público.

Cyria Coentro que faz a tia Sofia, merece destaque, compondo o trio da primeira parte do filme.

Entre Irmãs faz uma bela reconstituição de época, com figurino impecável assinado por Ana Avelar, como também a caracterização e maquiagem de Martín Trujillo.

Dominique - Irmãs

Os locais escolhidos foram o sertão pernambucano, com sua seca e pobreza e Recife com sua sociedade rica e preconceituosa.

A fotografia belíssima de Leonardo Ferreira utiliza filtros em tons sépia e marrons para contrastar com o amarelo e vermelho que representam o clima nordestino. As cores mais frias que dão o tom mais sóbrio da capital, ajudam a passar ainda mais realismo para o filme.

Breno Silveira acertou em quase todos os detalhes, errou apenas na duração, o que não compromete a qualidade dessa produção nacional.

Apesar de ser ambientado no século passado, a abordagem de alguns temas são bem atuais, especialmente o preconceito sobre a mulher e o machismo, o maior problema enfrentado por Emília e Luzia. Também a homossexualidade escondida ou vista como uma doença, a “cura gay”.

Entre Irmãs é sem dúvida um filme feminino e intimista que merece ser visto, apreciado e discutido.

Eu adorei!

Assista o trailer:

[fve]https://youtu.be/NrFYL1k6q34[/fve]

Leia mais:

41ª Mostra Internacional de Cinema traz diversos filmes a São Paulo
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4 Comentários
  1. Maravilhoso do começo ao fim.
    Tudo impecável.O tema, o realismo, os conceitos ainda tão vigentes e a força das irmãs para viver vidas tão diferentes.
    Maravilhosa tb a interpretação das protagonistas.Imperdível.

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41ª Mostra Internacional de Cinema traz diversos filmes a São Paulo

Dominique - Mostra
A 41ª Mostra Internacional de Cinema está rolando a todo vapor em SP.

Serão apresentados 394 filmes (incluindo 30 curtas), vindos de 59 países e exibidos em 43 salas.

Entre os destaques, está o documentário do artista Ai Weiwei, “Human Flow”, sobre a crise dos refugiados. O chinês, que também fez o cartaz da Mostra, é presença certa no evento.
A lista de homenageados que ganham retrospectivas traz nomes como os de Paul Vecchiali, Alain Tanner e Agnès Varda, que será a primeira diretora mulher a ganhar um Oscar® honorário em novembro. Ao todo, a programação reúne 98 filmes dirigidos por mulheres.

Este evento é a chance de ver, em primeira mão, filmes consagrados nos grandes festivais como o de Cannes, Berlim, Veneza.

Além de você poder assistir filmes dessa seleção infindável, você poderá também discutir, no 1º Mostra-Folha, com debates gratuitos sobre arte, política e o mercado de cinema.

Além desse, outros eventos paralelos estão acontecendo como Memórias de Cinema em que personalidades do cinema e da cultura darão seus depoimentos sobre os filmes que marcaram suas vidas.

É claro que não conseguirei ver todos os filmes da Mostra, mas escolherei alguns títulos para você e comentarei o melhor deles.

Programação do evento Memórias de Cinema
Espaço Itaú de Cinema Augusta – Anexo 4 – das 18h às 19h

26/10 – Quinta
Marina Person

27/10 – Sexta
Di Moretti

30/10 – segunda-feira
Eran Riklis

31/10 – terça-feira
Laurent Cantet

Para você cinéfila que se animar, uma vasta programação te aguarda.

A 41ª Mostra Internacional de Cinema ocorre até dia 03/11. Não perca!

Para mais informações, clique aqui.

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As Pontes de Madison: um clássico para Dominiques

Dominique - Pontes
Hoje a minha dica é um filme que me emocionou e ficou na memória. Trata-se do belíssimo e sensível “As Pontes de Madison”, 1995, dirigido de forma inteligente por Clint Eastwood, que constrói uma história com protagonistas apaixonantes e apaixonados.

“As Pontes de Madison”, um dos mais delicados e lindos filmes de Eastwood, baseado no romance homônimo de Robert James Waller e roteirizado por Richard Lagravanese, conta a história de Francesca, uma dona de casa dedicada e esforçada que vive para satisfazer e organizar a vida dos dois filhos e do marido. Enquanto faz tudo por aquelas pessoas, como aprendeu que deveria, não recebe nada em troca, além da indiferença dos três.

Em uma das viagens do marido para exposições de animais, ela conhece Robert, um fotógrafo aventureiro, que já conhece quase todos os lugares do mundo e nunca se prendeu a mulher nenhuma. Os dois acabam se apaixonando e vivendo uma das histórias mais tocantes do cinema.

O amor proibido é, ao mesmo tempo, um amor maduro que supre carências e encanta.
Tudo isso chega ao espectador em forma de flashback, através de um diário encontrado pelos filhos de Francesca após sua morte. Enquanto leem, eles vão percebendo o que a história narrada pode mudar em suas vidas.

Para viver o casal, Eastwood escolheu a si próprio e a fantástica Meryl Streep, que soube como transmitir as frustrações e a carência de uma mulher em uma época e, principalmente, em um local onde mudanças não eram bem vindas.

O papel de Francesca foi tão bem interpretado que Streep foi indicada merecidamente a vários prêmios: Oscar® de Melhor Atriz, Cesar de Melhor Filme Estrangeiro, Globo de Ouro de Melhor Filme e Atriz Drama.

Dominique - Pontes

Junto com a bela história, uma direção segura, o filme que se passa em 1965, conta com a belíssima fotografia de Jack N Green, que se aproveita ao máximo das belas paisagens do Condado de Madison, em Iowa, e das pontes a que o filme se refere. Empregando cores suaves e coerentes com a decoração da casa, a fotografia realça a sutileza com que Richard e Francesca se envolvem. A casa simples, típica do interior dos EUA, como também as roupas dos personagens (figurino de Coleen Kelsall) ambientam perfeitamente o espectador à época da narrativa, o que é importante para compreender o drama de Francesca.

A linda trilha sonora de Lennie Niehaus, especialmente em sua música tema composta em parceria com Clint Eastwood, embala os momentos especiais do casal. Niehaus evita tornar a trilha repetitiva utilizando as canções de época (Jazz) que tocam no rádio como as interpretadas por Johnny Hartman com sua voz grave e marcante.

Um fato que difere o longa de outros romances é a idade dos protagonistas. Eastwood estava com seus 65 anos e Streep passava dos 40, ou seja, um amor maduro para uma audiência igualmente mais experiente. Isso não significa que o público mais jovem tenha sido espantado pela trama, mas é certo que o andamento mais lento e a própria história tende a atrair espectadores mais velhos. Louvável, já que boa parte dos filmes do gênero tende a esquecer esta parcela do público.

“As Pontes de Madison” é, sem dúvida, uma obra primorosa, linda, dolorida, bela e extremamente sensível.

Realmente inesquecível e emocionante!

Enfim, é um daqueles títulos que merece ser visto por todos!

Se você costuma chorar pode preparar o lencinho.

Vale a pena ver e rever As Pontes de Madison!

[fve]https://youtu.be/bn79t3d3UiQ[/fve]

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