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8 em Istambul, Ethos ou Bir Başkadır

Mini-série Turca espetacular no Netflix.

8 em Istambul, é o nome dado no Brasil, Ethos em inglês e em Portugal, e Bir Başkadır no próprio idioma turco.

O título dado para o Brasil, refere-se aos 8 personagens envolvidos na série, porém confesso que demorei muito tempo até fazer essa ligação.

Ethos, palavra grega que significa o modo de ser, o caráter e originou a palavra ética. Esse título, já traz bem mais complexidade, o Ethos religioso que é o “caráter moral”, é usado para descrever o conjunto de hábitos ou crenças que definem uma comunidade ou nação.

O tradutor já foi bem menos preguiçoso aqui do que no nosso querido Brasil.

Digo isso, porque depois de assistir a mini-série, fui pesquisar a tradução do título em turco para o português, e descobri, se não me falham as fontes, que Bir Başkadır é um dito popular que significa que algo ou alguém é único, não havendo no mundo nada comparável – sempre com sentido positivo. Sem dúvida, esse é o melhor título para essa obra que fala de 8 vidas únicas, com realidades e mentalidades diferentes apesar de serem todas de uma mesma etnia: a turca.

O primeiro episódio começa com Meryem, uma jovem toda coberta de acordo com os costumes da religião muçulmana, no consultório de uma moderna a até um tanto pedante psiquiatra que atende um hospital público. A jovem foi direcionada para tratamento com a Dra Peri, pois nenhum problema clínico justificou seus desmaios repentinos

Meryem, com apenas seu lindo rostinho a mostra, é uma expressiva e inteligente jovem de pouca instrução, religiosa. Mora na área rural e periférica de Istambul, na casa com seu irmão mais velho que é super autoritário. Moram junto, os sobrinhos e a cunhada que vive uma perigosa depressão.

A série traz em seu subtexto grandes reflexões sobre preconceitos de toda sorte, machismo estrutural, polarização de uma sociedade que vive em extremos. Interessantíssimo seja para turcos, seja para brasileiros.

Apesar da trama se mover lentamente e a cinematografia lembrar um filme de arte, está longe de ser uma série chata ou enfadonha. Talvez não seja daquelas que maratonamos, até porque tenho certeza, você vai parar para refletir entre um episódio e outro.  

As questões psicológicas permeiam todos os personagens com amarrações muito interessante.

Talvez seja a humanidade e a empatia palpável com que Ethos (obviamente, prefiro esse título a 8 em Istambul) trata seus personagens que fizeram da série um fenômeno. Em um momento de intensa polarização social e desconfiança mútua em muitos eixos da nossa sociedade, a série imagina um modo diferente de vivermos juntos. É como se o Ethos nos colocasse a todos no consultório do terapeuta.

Vale a pena conferir, e insista ainda que no começo ache muito devagar.

Leia também:

Borgen – A série que ajuda a entender como se faz a boa política.

8 em Istambul tem em comum com a série dinamarquesa Borgen , o protagonismo feminino, a política mais ou menos explícita e muitos conflitos pessoais. Ahhh, Tem mais uma! Não conseguimos entender uma única palavra nem de uma, nem de outra série já que ambas estão com o som original.

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

3 Comentários
  1. Gerci disse:
    Seu comentário está aguardando moderação. Esta é uma pré-visualização, seu comentário ficará visível assim que for aprovado.
    Achei uma pena a série não ter tido uma segunda temporada. Faz resenha da série A Atriz, está disponível na Star Plus, por favor????
  2. Oi Dominique, só queria esclarecer que na maioria das vezes não é o tradutor que escolhe os títulos dos livros e das séries, essa é sempre uma escolha comercial, para algo que chame mais a atenção e que “VENDA” mais. Por exemplo, o que vende mais “O som da música” ou “A noviça rebelde”?O primeiro titulo seria a tradução mais literal do filme “The sound of music”… Enfim, só queria dizer mesmo que “preguiçoso” não seria a melhor forma de descrever o tradutor, que nessa horas é meio que impotente. Abraço…

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Relação de filmes e séries que já comentei e que continuam passando no Netflix

Nessa quarentena a que todos deveriam estar obedecendo, nada melhor do que um filminho ou uma boa série. Por isso, preparei para você Dominique que é leitora e apreciadora da Sétima Arte, uma relação de filmes e séries já indicados e comentados.

Você poderá ler a resenha e ver o trailer, caso não se lembre, ou que não tenha visto ainda. Difícil essa minha escolha porque muitos bons filmes já saíram do catálogo Netflix. 

Tomara você encontre boas opções para escolher seus preferidos e que seja um bom entretenimento nesses dias de confinamento social. 

Relação de filmes e séries que já comentei e que continuam passando no Netflix. Divirta-se!

A Livraria

Agnus Dei

A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata

As Telefonistas (Série Espanhola)

Brooklin

Coisa Mais Linda (Série Nacional)

Diário de Uma Paixão

Jane Eyre

Lazzaro Felice

Mademoiselle Vingança

Mary Shelley

Nossas Noites

O Guardião Invisível

O Menino que Descobriu o Vento

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Você gosta de séries? Eu prefiro minissérie!

Prefiro minissérie. Ahhh, você gosta de séries, né? Eu gosto. Quer dizer, gostava. De fato, o que gosto mesmo é de minissérie, ou seja, histórias com começo meio e fim. FIM!! Dá pra entender?

Não importa quantos episódios ou capítulos, desde que sejam numa mesma temporada.

Tô parecendo meio radical? Então vou explicar meu ponto de vista.

A minissérie é uma boa história. Essa história pode render um longa metragem ou 8, 9, 15 episódios de uma minissérie, dependendo da criatividade do roteirista. Se conseguimos contar uma boa história em 2 horas, por que havemos de contá-la em 15 episódios?

É simples. Porque gostamos de continuação. Escritores e roteirista podem ser muito bons, criando uma trama muito envolvente, entretanto numa temporada já conhecemos os personagens, qual o centro da história, as possíveis reviravoltas e o melhor de tudo é quando temos um fim. Sempre temos um fim.

Esse foi o caso de Big Little Lies, uma das minissérie que mais gostei em minha vida. Gostei da minissérie que não apenas teve uma trama super envolvente, mas desfecho espetacular. Pra mim tava bom. Me satisfiz com os 8 episódios e tive muito prazer em saber que tinha acabado.

Em virtude de um enorme sucesso, os produtores decidiram que uma segunda temporada, que não estava prevista, deveria acontecer, tornando Big Little Lies numa série com muitas temporadas.

Só um detalhe: a história da primeira temporada fechou tão redonda de tal forma que não deixou gancho para uma continuação. Sem problemas! Inventaram um gancho e enfiaram a inegavelmente atriz das atrizes, Meryl Streep, para tentar renovar a magia da trama, o que em minha humilde opinião, não deu certo.

Você assistiu Método Kominsky?

Primeira temporada maravilhosa sempre com diálogos fantásticos assim como uma amarração perfeita. Segunda temporada? Decepcionante, encheção de linguiça, lugares comuns. Justamente porque a surpresa e expectativa já tinham sido totalmente exploradas na primeira temporada. E mesmo assim deixaram um gancho para a terceira temporada que provavelmente não assistirei. Aliás, assisti a segunda de teimosa, porque há tempos que só assisto a primeira temporada de qualquer série.

Você lembra da Praça é Nossa? Tinha a surdinha da praça, que já sabíamos que todos os programas ela apareceria do mesmo modo e que ela escutaria as coisas de uma maneira diferente do que tinha sido dito. Em todos os episódios ela teria dificuldade para sentar e levantar assim como acabaria toda cena com seu indefectível bordão.

Assim como a Dona Bella (Zezé Macedo, na Escolinha do Professor Raimundo) toda cena acabaria espernenado no chão e gritando pois entendeu uma ingênua frase de maneira maliciosa. Toda vez. Não estou dizendo que esse humor é ruim, mas é previsível e tem com certeza seu público. É dessa maneira que eu vejo as segundas temporadas das minisséries. Em conclusão, são esticadas desnecessárias em boas histórias.

A excessão disso são os SitComs.

Pelo menos na minha opinião, por mais que se tenha uma trama permeando todas as temporadas, todos os episódios têm começo meio e fim. Você pode perder um, quatro ou eventualmente até cinco episódios que sempre se encontrará quando voltar a assistir. Pode perder uma temporada inteira, que provavelmente não fará diferença.

Os personagens ficam em nossas memória e deixam saudade. Quer ver?

  • Big Bang Theory
  • Friends. Você acredita que friends já tem 25 anos? Vira e mexe eu me pego vendo reprises.
  • Fran Nanny
  • Mash
  • Seinfeld
  • A Feiticeira
  • Jeanny

Diga-me você. Gostaria de saber. Quais séries você ficou triste quando acabou depois de 9 temporadas? Assistiu a todas?

E minissérie? E Sitcom?

Com toda certeza essa é apenas a minha opinião. E deve ter um monte de gente que não vai concordar. Isso é muito saudável. Quero saber.

Leia também :

Tábula Rasa – Instigante série Belga

Coisa Mais Linda – na era da Bossa Nova

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

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Instigante, série belga Tabula Rasa trabalha um poderoso jogo de memória

Com clima carregado e sombrio, a série belga Tabula Rasa pode ser uma ótima surpresa do catálogo da Netflix.

Tabula Rasa inova por mesclar suspense, drama e terror psicológico de forma contundente e por ter, acima de tudo, um protagonista que se sobressai aos seus personagens: a mente, ou mais especificamente, a amnésia. Uma vez que você não é capaz de confiar em seu cérebro, como distinguir o que é real da fantasia?

Esse é o grande ponto de Tabula Rasa, que leva o espectador pelos caminhos tortuosos da mente da personagem principal, alterando entre o momento presente, flashbacks, alucinações e pesadelos. E, principalmente, fazendo com que a confusão proposital entre estes momentos torne sua trama pouco previsível.

A trama mostra a vida de Mie que é todo o dia uma página em branco desde que sofreu um acidente de carro e perdeu parte da memória. Como se isso já não fosse difícil o bastante, ela acaba internada em uma instituição psiquiátrica por ser a principal suspeita no desaparecimento de um homem. Mie foi a última pessoa a ser vista com ele, mas ela não tem a menor idéia de quem seja.

A história vai sendo narrada em dois tempos.

Ao mesmo tempo em que vemos Mie no hospital psiquiátrico nos dias de hoje, também temos flashbacks dos últimos quatro meses de sua vida: a relação com o marido, o dia a dia com a filha, as dificuldades causadas pela perda de memória, e principalmente, sua rotina desde a mudança para a casa de seu avô – perfeita casa mal assombrada de filme de terror.

Barulhos estranhos à noite, objetos caindo, portas batendo. Não dá para saber se isso acontece por algum motivo sobrenatural ou se tudo é da cabeça da protagonista.

A cada episódio surpresas são lançadas na tela e cada informação funciona como uma peça desse intrigante quebra-cabeça. E cada reviravolta contribui para o crescimento da empatia pela protagonista e do interesse pela série, que jamais permite que alguém consiga antecipar muitos dos seus mistérios.

Em atmosfera de tensão os primeiros episódios são bem confusos, nos deixando na dúvida o tempo todo. Mas é na metade da série que uma revelação fundamental para o entendimento das coisas acontece. Não dá para imaginar o que está por vir.

A atmosfera sombria e a fotografia predominantemente escura dão todo o clima de apreensão que comanda a série.

As atuações também são ótimas, dando vida aos personagens perturbados e imperfeitos, com destaque também para Benoit, o marido da excelente Mie, e sua mãe Rita.

A série mostra uma produção excepcional, com um roteiro cheio de reviravoltas e revelações que prometem colocar à prova os nervos de quem a assiste.

Tabula Rasa, sucesso entre o público na TV Belga, busca chocar e fazer o espectador maratonar os seus nove episódios rapidamente.

Preparada para tudo isso?

Se estiver ótimo programa para você.

Aqui fica a dica.

Trailer

Mais na Netflix

Um Crime Perfeito

Diário de uma Camareira

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Método Kominsky- Série diverte e emociona com dupla de atores

Douglas e Arkins excepcionais em Método Kominsky

Premiada no Globo de Ouro 2019 como a melhor série na categoria comédia, Método Kominsky conta com diálogos rápidos, boas pitadas de sarcasmo e humor ácidos. Toda história é centrada na amizade entre Sandy Kominsky, ex-astro de Hollywood, e seu agente Norman. A dupla é brilhantemente interpretada por Michael Douglas, que também foi premiado com a estatueta de melhor ator, e Alan Arkin.

Com apenas oito episódios, nenhum com mais de trinta minutos de duração, a produção conquistou a aprovação da crítica e do público.

Michael Douglas é Sandy Kominsky, um ator que já foi bastante celebrado, mas que agora encontra-se em pleno ostracismo. Passa o dia ensinando o tal “método Kominsky” de atuação em aulas de interpretação, enquanto não é chamado por seu agente Norman (Alan Arkin), para um novo trabalho.

Esse, no entanto, tem seus próprios problemas. Tanto que não aparece no próprio escritório há dois anos. Está lidando com a doença da esposa que vem a falecer no primeiro capítulo. Mas nada de desespero. Essa é uma comédia muitas vezes dramática, outras um pouco amarga, mas que faz rir, sim, da vida, das nossas debilidades e das ironias que o tempo costuma pregar.

Essa é uma comédia muitas vezes dramática, outras um pouco amarga, mas que faz rir, sim, da vida, das nossas debilidades e das ironias que o tempo costuma pregar.

O personagem de Michael Douglas não é um fracassado. Ao contrário. Foi bem na profissão. Seu curso cheio de alunos que o veneram, e ele ensina um método próprio de atuação. A melancolia que pauta a narrativa não advém de situações extremas ou surpreendentes. Ela é gerada por acontecimentos previsíveis na vida de qualquer pessoa. Sandy passa pelas coisas naturais do envelhecimento e esse é o tema central da trama.

A maior qualidade no texto da série é mostrar Sandy e Norman tropicando pelo caminho. Em em seus erros e faltas, tendo um ao outro para seguir em frente.

Não é o que ambos queriam, mas é o que ambos precisam. Por isso, que a série mais que funcionar, entretém com qualidade e toca profundamente.

Danny e Douglas mostram um envelhecer divertido
Método Kominsky reúne uma lista impressionante de participações especiais como Ann-Margaret, Elliot Gould, Danny Devito. Eles aparecem em pequenas cenas, mas que mostram o prestígio da produção.

O elenco central é compacto. Além dos dois, há Mindy (Sarah Baker), filha de Sandy, que administra o curso, e Lisa (Nancy Travis), uma divorciada com quem ele se envolve.

 A Netflix considera a série como comédia, mas o que ela pratica não é qualquer humor. Trata-se daquela graça azeda extraída de situações tristes. Feita muito bem pelos mais refinados roteiristas e atores.

Um dos grandes acertos da série é saber entregar ao espectador, várias possibilidades de risos, além da emoção dentro da história.

 Método Kominsky é assumidamente uma produção saudosista. Feito por e para aqueles que não têm medo de lidar com a velhice – e, por conseqüência, a morte – de braços abertos. E por que temê-la se podemos dar boas risadas dela?

Descrita como uma carta de amor à amizade, por Chuck Lorre seu idealizador, a série é uma ótima opção para quem gosta de séries leves mas repletas de tiradas inteligentes que definitivamente agradam, e muito.

Veja também: Nossas Noites 
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