Tag: Cinema

Frida – A personagem acima de tudo. Disponível na Netflix!

Dominique - Frida
Existem personagens que, de tão fortes e complexas, são a garantia de uma boa história.
É o caso de Frida Kahlo (1907-1954), pintora mexicana, considerada a primeira artista surrealista da América Latina. Por isso, escolhi o filme “Frida” (2002), disponível na Netflix, que conta a história dela.

Como história de amor “Frida” é um sucesso. Porém como relato fiel sobre a vida da atormentada artista e suas motivações por trás de sua obra, o filme pode deixar a desejar. Mas que não o impede de ser muito bom.

Salma Hayek encarna Frida no longa que retrata sua história de vida. Do acidente que deixou sua saúde muito fragilizada, passando por suas aventuras românticas com outras mulheres até aos seus casos amorosos. Estes envolveram as relações de amor com Diego Rivera (Alfred Molina),  e a extraconjugal com o revolucionário russo León Trotsky (Geoffrey Rush).

Comunista, bissexual, beberrona, ousada e talentosíssima, esta filha de um imigrante alemão e uma mexicana católica e tradicional, decidiu transpor toda e qualquer barreira que a ela se apresentasse.

Frida viveu 25 anos, às turras, com o difícil, mulherengo e egocêntrico Diego Rivera (1886-1957). Ele foi um dos mais importantes artistas mexicanos, ícone do movimento Muralista, pintor de  grandes murais públicos.

A produção coloca muita ênfase no casamento turbulento de Kahlo e Rivera. Deu pouca atenção à mulher celebrada como ícone feminista, modelo de liberação sexual e originalidade.

Dominique - Frida

Um ponto forte do filme é a forma como a diretora Julie Taymor consegue, de maneira surreal, dar vida às angustiadas pinturas de Kahlo.

O longa é arrebatadoramente latino, visceral e inquieto, coerente com a personalidade da artista plástica mexicana,.

Frida concorreu a seis indicações para o Oscar® (Melhor Atriz, Direção de Arte, Figurino, Maquiagem, Trilha e Canção).  Ganhou um bem-vindo Oscar® de Trilha Sonora e um injustificado de Maquiagem. Mas merecia também o de Melhor Atriz . A mexicana Salma Hayek  encantou pela ótima interpretação. Vivendo convincentemente a sua personagem e encarnando o papel de uma forma tão intensa chegou a pintar alguns dos quadros vistos no filme.

O filme encanta também pela agilidade da narrativa, figurino formado por roupas exóticas e coloridas. A latinamente vibrante trilha sonora inclui Burn It Blue interpretada por Caetano Veloso.

É um filme para se assistir e gostar sim, mas não para ficar na história como uma biografia audiovisual de uma das maiores personalidades do século XX.

[fve]https://www.youtube.com/watch?v=S7c_JdPpaQE[/fve]

Frida é, sem dúvida, um ótimo entretenimento e se você não assistiu ainda, tenho certeza que vai gostar!

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Amante Por Um Dia – Um filme francês sobre amor, traição e fidelidade
A Duquesa – Um lindo filme de época disponível na Netflix

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  1. Cilene disse:
    Seu comentário está aguardando moderação. Esta é uma pré-visualização, seu comentário ficará visível assim que for aprovado.
    Não está disponível na Netflix

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Amante Por Um Dia – Um filme francês sobre amor, traição e fidelidade

Dominique - Amante por um dia
Hoje comento o belo Amante Por Um Dia, filme do francês Philippe Garrel que, apesar de não ser muito conhecido no Brasil, é um cineasta prestigiado pelo mundo.

Em seu novo filme apresenta uma história sobre amor, amizade e companheirismo. O enredo gira em torno de conflitos psicológicos aprofundados em seus personagens e passando por temas como a fidelidade amorosa.

A trama segue Jeanne (Esther Garrel, filha do diretor Philippe Garrel), que após terminar relacionamento de longa data com Mateo, volta para o apartamento do pai, o professor de filosofia Gilles (Éric Caravaca) que está morando com sua namorada e aluna Ariane (Louise Chevillotte). Superado o choque inicial, as duas passam a compartilhar segredos.

O filme foca tanto no relacionamento entre essas três figuras que vivem juntas, como em seus conflitos pessoais e usa desse cenário para discutir amor e traição.

A espinha dorsal do filme é mostrar como o tema fidelidade é visto pela ótica desses três personagens; pela desiludida Jeanne, pela fogosa Ariane e pelo homem maduro. A convivência dos três começa a levantar questões sobre o que é certo e errado na fidelidade. Assim eles percebem que todos têm muito a aprender.

Cada personagem sofre em algum nível com a insegurança gerada pelo amor e com a busca de uma liberdade pessoal. Coisas que não condizem com a estrutura tradicional de uma relação a dois, monogâmica.

O professor e a aluna tentam manter uma relação aberta, mas são ciumentos e inseguros demais para isso.  A filha não consegue superar o fim do namoro e procura entender onde errou. A aluna procura ajudar e dar apoio à filha em sinal de irmandade e empatia. As duas se tornam muito próximas e complementares na visão sobre amor e sexo. A figura masculina do pai/professor nesse meio reflete sua experiência de vida muito mais vasta e complicada do que a das duas jovens.

Dominique - Amante por um dia

Com esse trio de personagens, o roteiro faz com que o espectador se enxergue um pouco em cada um deles.

O roteiro escrito a quatro mãos acerta em cheio nos diálogos inteligentes e na elaboração das personalidades do trio.

A fotografia em preto e branco destaca a sutileza do relacionamento entre os personagens e a melancolia da trama.

Contando com o belo controle de iluminação dos cenários e a direção sensível de Garrel, a maior força da obra ainda fica por conta das duas atrizes principais.

Com interpretações valiosas através de suas expressões corporais e faciais que dão vida à Jeanne e à Ariane, as duas personagens são muito bem desenvolvidas por um roteiro que pretende provocar questionamentos.

Com tom assumidamente retrô (Nouvelle Vague), o filme defende seu charme com competência e sensibilidade em prazerosos 76 minutos.

[fve]https://youtu.be/E1eZ5-GaFYc[/fve]

Amante por um dia está em cartaz nos principais cinemas, vale a pena conferir.

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Eu, Tonya – Sarcasmo, Irreverência, ironia e más escolhas

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Tom & Jerry & Lewis – Deliciosas lembranças daqueles sábados

Algumas coisas me arremessam à minha primeira infância.

Engraçado, né?
Como ter lembranças dos 3, 4 ou 5 anos?
São raras.
Algumas vezes, meu pai me levava com meu irmão ao cinema do Shopping Iguatemi, nas manhãs de sábado.
Tom & Jerry.
Você tem ideia do que era emocionante?
Sim…Tom & Jerry na telona também era muito legal.
Mas emocionante mesmo era o papai sair sozinho conosco!
Só nós três de mãos dadas.
Meu outro irmão era muito pequeno ainda para nos acompanhar.

Antes de começar o desenho, passava algo em preto e branco, com um homem falando difícil.
Era interminável! E muito, muito chato. Ainda mais diante de nossa ansiedade infantil.
Eu, como sempre, ou ao menos durante minha infância, me continha e esperava. Mas meu irmão não…
– Muda pai! Muda de canal, papai! Muda pra começar!
Era isso toda vez. E toda vez o cinema inteiro gargalhava com o pedido choroso daquela criança.
Eu morria de vergonha!

Mas um dia ele falou que iríamos assistir algo diferente.
Um filme de verdade.
E lá fomos nós três.
O horário também era diferente. Fomos à tarde.
O público também era diferente. Crianças mais velhas.
O cinema também era outro. Numa rua movimentada.
Mas o homem falando difícil naquele filme preto e branco era igual.
Ai que chato!
E começa o filme.
Era um moço fazendo caretas e andando esquisito.
Lembro-me nada ou quase nada do que se passou na telona.
O que ficou foi a deliciosa gargalhada de meu pai.
Gargalhava tanto que quase perdia o fôlego e falava:
– Esse fulano é um gênio!

Depois desse dia, assistimos juntos muitos filmes de Jerry Lewis.
Ele e meu irmão sempre acharam mais engraçado do que eu.
Não via muita graça naquele pastelão ou naquele moço sempre se dando mal.
Às vezes, morria de pena dele, sei lá.

Com o tempo comecei a ver a coisa de outra maneira.
E claro virei mais que fã.
Sou uma grande admiradora.

Tanto que para mim e meus dias difíceis tenho um remédio que quase sempre dá resultado.
Para mim, este vídeo com música de Count Basie e interpretação divina de Jerry é arco-íris em dia de chuva.
Assisto compulsivamente uma vez atrás da outra.
Não sei o que nele tem efeito calmante em mim. E energizante. Não sei mesmo.

Hoje Jerry Lewis faria 92 anos.
Meu pai teria 84.
Saudade de sua gargalhada.

[fve]https://www.youtube.com/watch?v=kS21T_p0pNA[/fve]

Jerry Lewis com certeza deixou saudade…

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Meu primeiro pilequinho. Dei PT com licor de cacau
Amiga pra valer é tão gostoso quanto café com leite

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

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A Forma da Água – Encantadora história de amor em belo conto de fadas

Dominique - A Forma da Água
Hoje comento A Forma da Água, filme vencedor do Oscar® 2018. Como esperado, acabou levando quatro estatuetas das treze a que foi indicado – Melhor Filme, Direção, Trilha Sonora e Direção de Arte.

Durante a década de 60, em meio aos grandes conflitos políticos (Guerra Fria) e as grandes transformações sociais ocorridas nos EUA. Elisa, zeladora em um laboratório experimental secreto, conhece e se afeiçoa a uma criatura fantástica, mantida presa no local.

A Forma da Água é inegavelmente uma encantadora história de amor. O longa segue a vida da faxineira muda Elisa (Sally Hawkins) e o seu encontro inesperado com uma criatura aquática (Doug Jones).

A Forma da Água pede ao público que veja o monstro anfíbio como muito mais que aquilo que os vilões do filme estão convencidos que ele seja. Especialmente através das interações com Elisa é possível conhecer e compreender as várias facetas da criatura. Ambos trazendo luz para a vida um do outro.

A interpretação de Doug Jones como a criatura anfíbia é o grande destaque do longa. O ator revela uma representação sutil aliada a um realismo surpreendente para um personagem bizarro.

A expressividade corporal de Jones encontra harmonia perfeita na interpretação de Sally Hawkins. A atriz está sensacional como Elisa, mostrando que dentro da sua aparente fragilidade e silêncio forçado, existe uma pessoa vibrante de emoções. Ela é doce, triste, intensa e apaixonada. Muda desde o nascimento, ela não se torna menos articulada por isso.

Del Toro tem a árdua missão de nos fazer apaixonar tanto por Elisa e pela criatura, quanto pelos dois juntos.

Dominique - A Forma da Água

O engenho do roteiro de A Forma da Água é misturar monstro, espionagem, ambientação “noir” e a luta contra preconceitos.

A relação entre uma mulher muda e um ser bizarro é uma quebra de paradigma. Principalmente para uma sociedade que lamentavelmente até hoje distingue pessoas por etnias, gênero etc. Na década de 60 a coisa era bem pior.

Se há algo irrepreensível em A Forma da Água é o cuidado e a atenção em cada detalhe. Do figurino ao design de produção, passando pela sonhadora, nostálgica e linda trilha sonora, que amei, sem falar ainda da bela fotografia, o filme é irretocável!

Empregando sua essência de fábula para enriquecer tematicamente a história, o longa é contemporâneo em sua discussão sobre o preconceito e a intolerância. Não é coincidência que o vilão, um homem branco heterossexual, seja contraposto a um homossexual e às duas mulheres (uma delas negra) em sua tentativa de destruir um ser que julga diferente do que consideraria “humano”.

A Forma da Água é provavelmente o filme mais doce de Guillermo Del Toro e que diz muito sobre a sensibilidade artística do cineasta.

[fve]https://youtu.be/-DTVuQTZr3E[/fve]

A Forma da Água e um filme que vale muito a pena ser visto. Aproveite, está no cinema!

Leia Mais:

Todo Dinheiro do Mundo – Vigor e ótimas interpretações regem um grande sequestro
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Todo Dinheiro do Mundo – Vigor e ótimas interpretações regem um grande sequestro

Dominique - Todo Dinheiro do Mundo
Dirigido por Ridley Scott, o thriller Todo Dinheiro do Mundo teve uma indicação ao Oscar® de Melhor Ator Coadjuvante pela interpretação de Christopher Plummer como o bilionário, frio e avarento, Jean Paul Getty, famoso por não querer pagar o resgate do sequestro de seu neto predileto, Jean Paul Getty III, herdeiro do seu império de petróleo.

Ridley Scott conduziu muito bem o caso de assédio de Kevin Spacey. Ao demiti-lo imediatamente de Todo Dinheiro do Mundo, agiu em favor da opinião pública. Conseguindo assim três indicações já no Globo de Ouro.

Acertou em cheio na sua substituição por Christopher Plummer. O fato é que essa situação inusitada mostrou o enorme valor e flexibilidade de Ridley Scott atrás das câmeras.

O longa é um produto que não mostra seus problemas de bastidores. O que acaba sendo um feito inacreditável quando lembramos o que foi alcançado em tão pouco tempo. Literalmente questão de semanas.

As sequências com Jean Paul Getty são várias e suas interações com seu braço direito Fletcher Chase (Mark Wahlberg) e sua nora Gail (Michelle Williams) não são poucas. Revelando um esforço, invisível, que Scott soube guiar com maestria e que o elenco entregou com grande competência.

Aliás, competência é a palavra que ecoa ao longo da produção que lida com uma notória história ocorrida em 1973. Trás a tona um dos sequestros com maior repercussão no mundo que fascina até hoje. Não pelos desdobramentos do crime, mas pela exposição da maneira de pensar e agir de Jean Paul Getty, o homem mais rico do mundo na época.

Dominique - Todo Dinheiro do Mundo

Apesar da fama da história e seu conhecido desfecho, o que importa, na verdade, não é o final e muito menos a fidelidade histórica, já que muita coisa foi alterada para fins dramáticos, mas sim as várias lições de vida que o roteiro de David Scarpa tenta passar.

O filme é inclemente sobre Getty e sua famosa reação. Elementos que só são suavizados pela magistral interpretação de Plummer que empresta uma camada de solidão a esse homem que tinha tudo, mas ao mesmo tempo não tinha nada!

Já Gail, a mãe desesperada para ter o filho de volta, surpreenderá com sua atuação. A atriz entrega um trabalho encantador como uma mãe lutadora e dedicada, mas que carrega um pouco de frieza.

O ex-espião da CIA, Fletcher Chase é o negociador-chefe de Getty encarregado de descobrir quem está por trás do crime e convence de forma eficiente.

Até mesmo o neto, com atuação contida, é natural e vai bem como sequestrado.

A fotografia exprime bem o calor do Marrocos, o calor humano do lar de Gail, o tom frio da cinzenta Londres e a austeridade e frieza de Getty.

Muito bem colocada é a reconstituição de época ilustrada pelos figurinos.

Ridley Scott entrega um filme que é muito mais que os escândalos que o marcaram. A história dos Getty ficará por muito tempo com o espectador. O que por si só já revela todo o mérito do longa!

[fve]https://youtu.be/zFA4Yrt8F0Q[/fve]

Todo Dinheiro do Mundo é um filme que vale a pena conferir.

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