Aconteceu

Como foi o nosso encontrinho das Dominiques sobre recomeçar!

Não tenho o que falar, apenas sentir! O encontrinho das Dominique foi incrível, acolhedor, revelador, motivador… Muitas não se conheciam na “vida real” e agora formaram novos laços de amizade. A energia transbordou pela sala cheia e a conversa durou mais de duas horas! 

O tema do nosso encontrinho é um dos mais comentados aqui no blog e nas redes sociais: falamos sobre Recomeçar. É uma questão presente na vida da maioria das Dominiques, mas muitas vezes difícil de conduzir. Já falamos sobre isso por aqui, quando conversei com três terapeutas. 

Desta vez, a nossa convidada foi a Márcia Ricardino, que é executive coaching e já apoiou muitos profissionais no auto-conhecimento, no auto-desenvolvimento e na descoberta de novas competências. Brincamos que ela é “coaching de vida”. A Márcia destacou o papel que cumpre em ajudar muitas mulheres a fazer as perguntas certas para encontrar a saída. 

A nossa convidada é uma Dominique e já experienciou vários recomeços. Também compartilhou com a gente alguns cases e suas recomendações. Segundo ela, algumas mulheres optam em buscar na educação um novo caminho. Mas ela reconhece que fazer cursos não está no projeto de vida de outras mulheres. Entender sobre o seu propósito é essencial. 

Nessa hora, algumas Dominiques contaram que por vezes é difícil “levantar do sofá”. Realmente, essa questão não envolve apenas a disposição e força para ir lá e fazer! Há muitas indagações envolvidas, e até algumas adversidades totalmente relacionadas à fase da vida (e a maledeta da menopausa). 

Foi inspirador ver que todas as Dominiques concordaram que – se for necessário – devemos buscar o apoio profissional, seja com médico ou terapeuta. Essa falta de motivação pode ser uma questão hormonal ou até uma depressão. Por isso, o importante é buscar ajuda, entender que é normal e preparar-se para o novo caminho. 

Todas passam por isso!

Não importa a idade, todos os dias vivemos e começamos algo novo. Então porque será que passamos a ficar tão interessadas em falar sobre Recomeçar após os 50 anos?

Um exemplo foi o nosso encontrinho. Todas as Dominiques confirmadas estiveram presentes na conversa que organizamos aqui em São Paulo, no escritório da Eliane Cury Nahas. Olhem que maravilhoso. 

A nossa geração está envelhecendo, mas nós não nos acomodamos com ocorreu com algumas mulheres de mais de 50 anos. Sim, não vou falar que é a geração anterior porque no nosso encontrinho participaram Dominiques incríveis de 70, 72, 73 anos! 

Conversamos, então, sobre quais seriam os fatores que mudaram em nossas vidas e que nos fizeram refletir e até pensar no Recomeço. Foram mais de 2 horas de uma conversa descontraída, divertida, mas também íntima. Entre Dominiques estamos à vontade para compartilhar nossos medos, angústias, preocupações ou decisões!

É a minha vez!

Muitas Dominiques comentaram que o Recomeçar – de certa forma – é resgatar um desejo que ficou para trás por conta das tarefas da “vida”. Até pouco tempo, o dia a dia era repleto de tarefas com os filhos, casa, marido, familiares, trabalho… UFA! Não dava tempo!

O resgate deste “tempo perdido” é a fagulha para repensar sobre quais serão os novos planos ou mesmo resgatar sonhos antigos. Algumas Dominiques contaram que pararam por opção de trabalhar para se dedicar à família. Agora está acontecendo uma mudança de “função”. 

É uma reflexão importante porque há muitas mudanças, em diversos aspectos da vida de uma mulher quando chega aos 50 anos. 

  • Os filhos saem de casa e perdemos a função de mãe.
  • Alguns casamentos chegam ao fim. Quem estava sozinha hoje tem meios (digitais) para viver novos amores.
  • O trabalho muda por diversas razões: aposentadoria, mudança de carreira ou mesmo o desemprego.
  • Os nossos pais precisam cada vez mais de apoio e passam a ser como filhos. 

Falar, falar e falar!

Não foi nenhuma surpresa constatar com as Dominiques que conversar e ter amigas é essencial para vivermos nossa nova fase de vida. E tem mais: muitas disseram que agora é a hora de criar novos laços e da nossa maneira. 

É que por muitos anos, muitas de nós criamos relacionamentos de certa forma “impostos”. Eram os amigos da família, do marido, dos amigos dos filhos. 

Agora é a hora de escolher as novas amizades e ter perto as pessoas que fazem bem. E que tal ter novas amizades em diversos grupos/tribos diferentes? As participantes do nosso encontrinho mostraram que esse pode ser o caminho: a amiga do carteado, de passear, de trocar confidências… Lembraram até de uma frase: “não envelhece quem ainda tem a capacidade de fazer novos amigos”.

Ninho vazio

A nova vida dos filhos, seja pelo casamento deles ou por estudar fora, renderam ótimas risadas entre as Dominiques. Algumas Dominiques contaram que aprenderam a falar mais “não” para os filhos para poderem dedicar o tempo para elas mesmas. 

“Eles têm que se virar sozinhos!” Muitas participantes confidenciaram que não querem mais se envolver em tudo na vida dos filhos. Elas comentaram que agora podem ter uma  nova vida, uma nova rotina e experimentar coisas novas. Algumas contaram que os filhos até se espantam quando dizem que não podem ajudar.  

Importância da educação

Outro ponto importante sobre Recomeçar está relacionado a estudar. Muitas Dominiques comentaram sobre a rapidez com que o mundo mudou nas últimas décadas, em partes por conta da tecnologia. Para elas estudar não está relacionado apenas a nova carreira ou para crescer profissionalmente. Ganha-se cultura e também novas amizades. E isso é essencial. 

Como vocês podem ver, o nosso encontrinho foi sen-sa-cio-nal! Todas saíram com vontade de “quero mais”. E teremos, claro! Teremos novas atividades e também combinamos um projeto novo… que vou contar em breve aqui. 

E agora quero saber sobre você! Você está passando por essa fase também? Compartilhe aqui o que significa Recomeçar e suas considerações sobre essa questão tão importante para todas as Dominiques. 

Dominique

Nasceu em 1964. Ela tem 55 anos, mas em alguns posts terá 50, 56, 48, 45. Sabe porque? Por que Dominique representa toda uma geração de mulheres. Ela existe para dar vida e voz às experiências, alegrias, dores, e desejos de quem até pouco tempo atrás era invisível. Mas NÓS estamos aqui e temos muito o que compartilhar. Acompanhe!

7 Comentários
  1. Quero saber onde funciona esses encontros.
    E também horários, mensalidades,etc….
    E a programação?

    1. Olá Alba, tudo bem? Esses encontrinhos acontecem em SP, e têm vários formatos e periodicidade mínima de 1 vez por mês. Estamos com, ideia de replicarmos em outras cidades. Fique de olho em nossa programação no Insta e no Facebook. Vc é de onde? Beijocas Equipe Dominique

  2. Gostaria de saber mais sobre como funciona não moro em São Paulo, quem sabe poderíamos implantar em minha Cidade com os profissionais certos. Caso pudessem me mandar algo fico muito agradecida. Parabéns a todas as envolvidas.

  3. Nao conhecia esse grupo deve ser fantástico essa reunião encontro pois sempre bom conhecer pessoas para compartilhar experiências parabéns

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Como era o mundo apenas 100 anos atrás!

Parece inacreditável que tantos avanços tecnológicos e comportamentais aconteceram nestes últimos 100 anos. Sabe que eu me surpreendo. Esses dias eu vi algumas fotos antigas e confesso que eu me diverti observando como mundo era tão diferente de agora.

Nada polêmico, viu. São apenas curiosidades de uma sociedade que acabava de assistir o fim da 1ª grande guerra mundial e se preparava para uma profusão de mudanças e inovações. Claro que eu resolvi compartilhar com você alguns fatos interessantes. Afinal, quem não gosta?

Quanta coisa mudou!

Loucos anos 20

Essa época ficou conhecida como “os loucos anos 20”. (Nem imagino como ficará conhecida nossa década!) Mas tudo começou em 1.919, justamente com a “volta à normalidade” do pós-guerra. Foi um período de efervescência cultural nas grandes cidades do mundo e o início da ruptura com muitos costumes antigos.

Adolescentes?

Não existiam adolescentes? Pois é, os jovens com mais de 13 anos já eram considerados adultos. A garotada começou a ser chamada de adolescente só partir dos anos 40.

Novos utensílios e acessórios

Cozinhas em todo o mundo começavam a ganhar acessórios diferentes e um deles foi a tostadeira. Nesta mesma época foi criado o zíper, que era chamado de “prendedor separável”.

A música mais tocada

Uma das músicas mais tocadas no ano foi Rosa, do Pixinguinha. E há 100 anos esta canção ainda nos emociona. Isso é que é parada de sucesso!

Fashion!

A guerra obrigou muitas mulheres a trabalhar. E o vestuário preciso ser adequado à praticidade do dia a dia. Os vestidos começam a ficar mais curtos e novas tendências (as melindrosas!) ganham as ruas.

Maquiagem

As mulheres começavam a usar maquiagem. Até então, quem coloria o rosto ficava mal falada na sociedade. Claro que antes disso algumas davam uma ajudinha às escondidas com um pouquinho pó translúcido e batom.

Lingeries

As mulheres conseguiram um pouquinho mais de conforto nas lingeries. Nesta época, as mulheres podem optar por peças íntimas menos apertadas do que os espartilhos e mais proporcionais ao corpo feminino.

O mundo e as cidades

O mundo contava com apenas 57 países e o Brasil tinha só 1.300 cidades. Hoje são 190 países (membros da ONU) e 5.568 municípios brasileiros. Imagina passear por Copacabana e Ipanema. Pena que não tinham criado ainda o maiô.

O mais alto do mundo

A Torre Eiffel era a estrutura mais alta da terra! Olha que ela tem apenas 300 metros, baixinha perto do Burj Khalifa (em Dubai) com 828 metros.

Sem medalhas

O Brasil não tinha participado ainda de nenhuma Olimpíada. A estréia aconteceu em 1920. Foi só em 1932 que a nadadora Maria Lenk integrou a nossa equipe olímpica, sendo a primeira mulher sul-americana a disputar nos jogos.

Deu para você se distrair um pouco? Conta outras histórias de fatos inusitados de outras décadas.

Mais fatos interessantes:

Os anos de guerra e paz e o significado do número 9

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Você já perdeu o carrinho de compras dentro do supermercado?

Hoje, fazendo umas comprinhas, perdi meu carrinho no super mercado. Tudo que precisaria para nosso almoço de domingo já estava nele. Nada demais refazer a compra. Mas fiquei intrigada, onde estaria meu bólido? Por que alguém o levaria?

2 hipóteses:

  • Alguém o pegou por engano e decerto o devolveria em minutos.
  • Alguém o levou na má fé uma vez que minha blusa estava dentro. Mas era só a blusa ( que já não vale muita coisa de tão velhinha) pois o celular e a carteira estavam comigo.

Cheguei junto aos mocinhos do super e com muito bom humor falei:

-Meus anjos, acho que temos um problema. Meu carrinho sumiu.

-Onde foi que a senhora o viu pela última vez?

-Estava perto dos tomates – disse eu, aliás com um saco de tomates caquis na mão.

-A senhora se lembra do que havia no carrinho?

E comecei a me sentir prestando um depoimento, em pleno corredor dos refrigerantes. Mas o mocinho estava genuinamente preocupado, mesmo eu tendo falado que meus valores estavam comigo.

Ele quis refazer o caminho do crime, ops, o caminho por onde minhas compras possivelmente estiveram. Fomos juntos. Passamos pelos tomates, pelas cebolas, batatas, viramos num outro corredor passando pelos alfaces, espinafres e repolhos até chegar no corredor do manjericão, folhas lavadas, sálvia e cebolinha.

Puff..Meu carrinho estava ali.

Corri para ele para ver se todas as minhas comprinhas estavam no lugar que eu havia deixado. E sim, estavam.

O mocinho exultante proferiu:

-Graças a Deus (sério, ele falou isso mesmo).

– Será que alguém levou achando que tinha um celular embrulhado na blusa e quando viu ser apenas uma blusa devolveu?

-Ahhh, muito provavelmente – disse ele generosamente.

Porque na real, há uma terceira hipótese além das duas já citadas. Existe a possibilidade do meu precioso carrinho nunca ter saído daquele lugar, e o mocinho sabia disso. E eu também.

Leia Também : Fui às compras, atacada e magra

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

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Anos de Guerra e Paz e o significado do número 9

Semana que vem entramos no mês 9 de 2019. Dominiques… é quase cabalístico. Eu já tinha ouvido falar sobre os grandes acontecimentos que marcaram os anos com final 9. Só que eu nunca fui atrás para mais informações. É tudo verdade! Eu conto mais detalhes a seguir, mas primeiro quero falar sobre o número 9!

Pode ser simples, mas já pensou que número 9 representa o final de um ciclo e começo de outro? Bom, nós sabemos muito bem porque é quando nos tornamos Dominiques 🙂 A numerologia também destaca mais pontos positivos do que negativos para esse algarismo. Indicaria a realização, a paciência, a tolerância, a generosidade, entre outros adjetivos positivos.

Talvez por isso grandes acontecimentos se desenrolaram nos anos final 9. O problema é que muitos eventos negativos também ocorreram consistentemente todas as décadas… Não é para você ficar preocupada  e nem se trancar em casa esperando esse 2019 passar! Foi por pura curiosidade que resolvi pesquisar o que rolou desde 1919 para provar a tese de que estamos num ano pra lá de especial. 

Anos de Guerra e Paz

O ano de 1919 já começou com a reunião da Conferência de Paz de Paris, motivada pelo final da 1ª Guerra Mundial. O encontro iniciou as discussões sobre as condições de paz com a Alemanha. No meio do ano, foi assinado o famoso Tratado de Versalhes. Mas o mundo ainda continua um pouco “sombrio” e neste ano Mussolini também fundou a organização que daria origem ao Partido Fascista na Itália. 

1929 foi o ano que o mundo quis apagar. Começou com a grande depressão econômica mundial, cujo início foi a quebra da Bolsa de Valores de Nova York. O efeitos foram sentidos em vários países, inclusive aqui no Brasil, com a crise do café. Mas também foi em 1929 que duas grandes referências da paz nasceram: Martin Luther King Jr e Anne Frank. 

No segundo semestre de 1939, começou a 2ª Guerra Mundial. O conflito envolveu a maioria das nações do mundo e só terminou em 1945. Há consequências e impactos que têm efeito até hoje. Há poucos destaques positivos para o ano de 1939. Um deles é o lançamento do filme …E o vento levou, que é considerado o mais bem-sucedido da história do cinema. O personagem Batman também aparece pela primeira vez nos quadrinhos. Pena que até hoje ele não conseguiu vencer o mal! kkk

1949 quase furou o padrão. Mas foi neste ano que o mundo tomou um outro “formato” que causou grande impacto nas décadas seguintes. É quando foram criadas as República Federal da Alemanha, a República Democrática Alemã e a República Popular da China. 

Praticamente no primeiro dia de 1959 começou a Revolução Cubana, que deu início ao regime socialista de Fidel Castro em vigor até hoje. Aqui no Brasil aconteceu a Revolta de Aragarças, quando oficiais da Força Aérea Brasileira e do Exército Brasileiro tentaram iniciar um levante militar com tomada de poder sem sucesso. 

Já o ano de 1969 marcou pelas mudanças comportamentais e inovações que começaram a reverberar em todos os cantos do mundo. Em julho, Neil Armstrong pisou pela primeira vez na Lua, na missão Apollo 11. Em agosto foi realizado o festival de música Woodstock. Já em outubro foi enviada a primeira mensagem pela Arpanet, considerado o início da internet. Enquanto isso aqui no Brasil, a Junta Governativa Provisória assume o poder para, em outubro, dar lugar ao mandato do general Emílio Garrastazu Médici, sem eleições diretas. 

O ano de 1979 marca o início da abertura política no Brasil, com a promulgação da Lei da Anistia pelo presidente João Figueiredo.  Na europa, Margaret Thatcher tornou-se a primeira mulher a ser primeira ministra do Reino Unido. Mas do outro lado do mundo começava a Revolução Iraniana, que fechou o Irã sob o comando do aiatolá Ruhollah Khomeini.

O ano de 1989 é marcado por grandes eventos, como a queda do muro de Berlin e a abertura política dos países da antiga cortina de ferro. Na China, os protestos estudantis culminaram no massacre da Praça da Paz Celestial. No final deste ano, os presidentes George H. W. Bush e Mikhail Gorbachev anunciaram o fim da Guerra Fria. Aqui no Brasil, foi eleito por voto direto o presidente Fernando Collor de Mello. 

No ano de 1999, começou na Europa a união de diversos países a partir da criação de uma moeda única, o Euro. A nova moeda começou a ser efetivamente usada em transações eletrônicas. A proximidade com o novo século traz novos conflitos e neste ano aconteceu nos Estados Unidos o maior atentado em escolas do mundo, o Massacre de Columbine. 

Já no século 21, o ano de 2009 foi marcado por momentos de tranquilidade e de inquietação. Os conflitos na Faixa de Gaza deixavam o mundo em alerta. Outras brigas pipocavam diversos outros países, principalmente no Oriente. Nos Estados Unidos o presidente Barack Obama recebeu o prêmio Nobel da Paz por  “esforços para reforçar o papel da diplomacia internacional e a cooperação entre os povos”. O Brasil foi escolhido como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. 

Ufa! Foi um baita do resumão. Claro que não consegui cobrir tudo o que aconteceu de importante em um século. Mas dá mesmo pra gente concluir que os anos final 9 são diferenciados e registraram grandes acontecimentos aqui e no mundo. 

E você tem mais alguma lembrança? Compartilha aqui.

Mais sobre 1969

E se o Woodstock tivesse acontecido no Brasil

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O dia que uma cozinha esquentou a Guerra Fria

Chegada do homem a Lua. Corrida espacial. Guerra da Coréia. Corrida armamentista. Não. Não foi nada disso que há exatos 60 anos desestabilizou e enfureceu a União Soviética num dos maiores calores da tão famosa Guerra Fria. Não foi um novo satélite ou um míssel de longo alcance, mas sim uma cozinha. Isso mesmo. Uma cozinha equipada.

Ahhhh, essa história é muito boa. Vamos lá.

 Estados Unidos e União Soviética decidiram publicamente que a melhor maneira de aliviar as tensões que a Guerra Fria impunha a um mundo já desestabilizado era unirem-se em torno da ideia de mostrar ao mundo como cada uma das nações vivia. Mostrar em diferentes exposições como cada uma delas vivia. Criaram assim a  Exposição Nacional Americana, um dito um programa de intercâmbio cultural.

Os soviéticos trariam uma exposição para Nova York em junho de 1959, e os americanos fariam uma exposição em Moscou em julho do mesmo ano. Sendo esta a Guerra Fria, cada lado também viu isto como uma oportunidade para enviar muitos espiões para reunir toda a inteligência que pudessem.

Os soviéticos foram para Nova York com suas máquinas da indústria e satélites da Era Espacial, exibindo orgulhosamente a tecnologia que derrotaria teoricamente os Estados Unidos no espaço.

E agora? O que fariam os americanos? Levariam um foguete? Mandariam o computador mais moderno para calcular a área de Vladivostok? Qual tecnologia exibiriam os americanos que embasbacasse os Soviéticos e mostrasse toda superioridade americana?

Aiii, como eu invejo a inventividade e a criatividade americana. Eles conseguiram levar multidões a exposição que foi aberta no dia 24 de julho de 1959, irritando profundamente os líderes Soviéticos.

Mas como? Com o quê?

Com uma cozinha. Uma cozinha muito moderna e futurista ilustrando o American Way of Life.

Multidão Russa na expo59
Filas gigantescas para a Exibição americana em Moscou 1959

Multidões foram conferir como a vida de uma americana era mais fácil do que de uma coitadinha de uma dona de casa daquele gelado país.

Lava-Louça sonho de consumo até hoje

O que convence mais do que a tecnologia aplicada no dia a dia para facilitar a vida da gente? Uma geladeira que só faltava falar. Máquina de lavar pratos, que luxo!! Imagine uma soviética que enfrentava o tanque de lavar roupa com sua água gelada num inverno siberiano vendo pela primeira vez uma inacessível máquina de lavar roupa americana. Ahhhh, isso sim era tecnologia.

Soviéticas visitando cozinhas americanas

O que convence mais do que a tecnologia aplicada no dia a dia para facilitar a vida da gente? Uma geladeira que só faltava falar. Máquina de lavar pratos, que luxo!! Imagine uma soviética que enfrentava o tanque de lavar roupa com sua água gelada num inverno siberiano vendo pela primeira vez uma inacessível máquina de lavar roupa americana. Ahhhh, isso sim era tecnologia.

O aspirador de pó robô

Sacada genial dos americanos, mesmo que em alguns momentos suas traquitanas não passassem de ficção científica para época. Imagine você que eles levaram um aspirador de pó robô. É o que chamamos hoje de Roomba, e que me lembro de ter visto primeiramente pelos idos de 2015.

Os americanos não levaram apenas cozinhas para Moscou. Levaram seus carros, obras de art, lanchas, TVs, desfile de moda e tudo que mostrasse as felicidades e alegrias do consumo.

Um filme de Charles e Ray Eames (sim, o da cadeira) que descrevia a vida na América contada através de imagens fixas projetadas em sete telas gigantes de 20 por 30 pés. O filme é composto por 2.200 imagens. Os espectadores são inundados com imagens cuidadosamente selecionadas pela equipe de design de Eames, algumas fotos tiradas por Charles e Ray.

Agora, imagina a hora que os russos perceberam o jogo americano.

Acho que foi daí que surgiu a expressão “só falta combinar com os russos” (a verdadeira origem da expressão está no link). Os caras devem ter babado de raiva. Tanto que Nikita Khrushchev não conseguiu conter sua irritação e entrou num “debate” totalmente televisionado, com Richard Nixon, o Vice-presidente americano, na noite de abertura da exposição. Onde? Na frente da cozinha. E o episódio ficou conhecido como o Debate Na Cozinha

Guerra Fria na Cozinha
Guerra Fria na Cozinha

Os dois homens discutiram sobre tudo em exibição, com Nixon insistindo que o capitalismo americano permitia um padrão de vida muito mais alto. Khrushchev oscilou entre insistir que o americano médio não podia pagar as coisas que Nixon lhe mostrava e depois dizer que, mesmo que pudessem, o povo soviético logo teria esses mesmos bens de consumo.

Aiii meus sais..Quanto mais pesquiso para escrever esse texto, mais maravilhada eu fico. Minha vontade é de escrever e contar outras historinhas que aconteceram há exatos 60 anos em plena Guerra Fria . Mas acho que já está de bom tamanho, né? Caso alguém queira se aprofundar no assunto, coloquei alguns links no final do texto.

Contudo , para terminar PRECISO ainda contar uma curiosidade sobre o evento.

Modelos magérrimas. Bonito para uns, miséria para outros.

As mulheres soviéticas assistiam aos elaborados desfiles de moda admiradas. Mas além das roupas, claro, o que mais impressionou as soviéticas foi a magreza das modelos americanas. Elas estavam penalizadas por perceber que se passava fome na América do Norte.

Leia também:

Onde estão as mulheres na Tecnologia?

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

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