Cinema

Mademoiselle Vingança – A vingança é um prato que se come frio

Hoje comento o filme “Mademoiselle Vingança”, uma produção original da Netflix. Adaptado pelo diretor Emmanuel Mouret, que escreveu o roteiro, do romance de Denis Diderot de 1784, “Jacques le Fataliste et son Maître.

O longa se passa no século XVIII, França 1750. 

Depois de um tempo resistindo às investidas do sedutor Marquês de Arcis, madame de La Pommeray, uma viúva reclusa, decide assumir um relacionamento entre eles. Passados dois anos juntos, o marquês se sente entediado e acaba o romance de uma maneira amigável. Madame, loucamente apaixonada e terrivelmente machucada, decide se vingar dele com a cumplicidade de Mademoiselle de Joncquières e sua mãe.

“Mademoiselle Vingança” é um drama romance de época como poucos. 

O diretor desenrola um elaborado plano para vingar a imperiosa madame do sofrimento causado pelo libertino marques, que não se cansa de cortejar e de descartar mulheres de respeito e ou nem tanto. Em um cenário bucólico, há certo prazer em ver pessoas manipulando pessoas, até que Madame de La Pommeray quebre o silêncio e torne o terceiro ato a parte mais interessante do longa. “Mademoiselle Vingança” é bom porque traz lições para um e outro lado.

O filme funciona muito bem por dois fatores: atuação e roteiro. Cécile de France e Edouard Baes estão excelentes em seus papéis de protagonistas. Cécile consegue imprimir em seu trabalho uma sutileza exemplar, apesar da história parecer um melodrama comum, ela mostra nuances da madame principalmente a partir da metade do filme, quando ela executa seu plano. Baer encarna o marquês com uma naturalidade absoluta. Seu personagem é tipicamente do homem que supostamente protege as mulheres para conquistá-las e depois quando se cansa simplesmente as deixa.

O roteiro vai te prender do começo ao fim.

Filme autoral de época, o drama romance conta com um vocabulário pomposo da aristocracia francesa – conseguindo extrair ao máximo, o humor dos cortejos expressados pelo marques, assim como a rigidez gestual nas respostas de madame.

O rigor formal dos planos dão unidade ao longa. Um pouco romance, um pouco drama cheio de reviravoltas vai desde uma abordagem mais romanesca entre o marquês e a madame, até uma história de vingança.

Os cenários maravilhosos na França do século XVIII chegam a deslumbrar com seus bosques, jardins e castelos, como também os cenários de interiores para lá de suntuosos.

A música clássica de época, belíssima, sem falar do figurino que vai deixar você embasbacada.

Este filme foge da regra dos filmes franceses, pois não é lento nem arrastado, é redondo e bem costurado e com um final surpreendente!

Um excelente entretenimento.

Um filme lindo e muito agradável de se ver!

Aqui fica minha dica.

Adorei!

Mais filmes franceses:

Jovem e Bela

O diário de uma camareira

2 Comentários

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Gloria Bell – Drama-comédia sobre amor e solidão com a intensidade de Julianne Moore

Hoje minha dica é o filme Gloria Bell, já nos cinemas, feito para você Dominique de carteirinha.

Sebastián Lelio, grande diretor chileno revisita o projeto, que dirigiu em 2013, chamado “Gloria”, para fazer um remake americano mais sofisticado e com potencial de atingir premiações. “Gloria Bell” trata-se de uma refilmagem plano-a-plano do original. Vale o ingresso por mais uma atuação comovente de Julianne Moore. Filme com intenções simples, despojadas, mas que se diferencia pelo esmero da execução.

Na história, Gloria é uma divorciada que está no auge de sua meia-idade e, apesar das limitações, tem espírito livre, vontade de viver e ser feliz.

Gosta de dançar e se sente uma jovem em plena descoberta do mundo, no entanto quando Arnold (John Turturro) entra em sua vida, o amor, a solidão e o desespero colidem enquanto ela precisa aprender a viver consigo mesma, o que faz render a trama por toda uma jornada de autoconhecimento da protagonista.

O trabalho excepcional da direção utiliza planos fechados, closes e detalhes para mergulhar no íntimo da sua protagonista como se a câmera não existisse. Essa busca pelo realismo é alcançada com êxito e destaca o filme dos demais.

Julianne Moore distingui-se pela sua expressão corporal e olhares penetrantes, por uma atuação segura de si e divertida, cativante, reflexo de uma carreira brilhante. Claramente a atriz se identifica com a personagem e abraça todas suas qualidades e defeitos.

A escolha da atriz é perfeita, e sua representação da personagem é o que permanece do filme original.

O roteiro se sustenta no trabalho de Moore, que vai do sorriso às lágrimas de maneira natural e graciosa. A trilha sonora transcende e se insere dentro dos diálogos da protagonista, que fala pouco, mas que expressa seus pensamentos através das canções que escuta no rádio.

Realmente é um dos pontos mais altos do filme, deixando a vontade de escutarmos em looping eterno os hits dos anos 80. Quando você menos espera já está cantando ou batucando dentro do cinema.

A direção de arte faz um trabalho excelente na composição dos ambientes e dos lugares escolhidos para representar o filme.

“Gloria Bell” conta uma história banal, sobre uma mulher comum, que precisa lidar com o fato de estar envelhecendo ao mesmo tempo em que vê o amor idealizado se perder em sua juventude.

“Gloria Bell” traz uma divertida, melancólica e poderosa reflexão, já que fala da busca desenfreada pela felicidade ao lado de outra pessoa, quando a primeira grande lição da vida é aprender a amar a si mesmo.

Você vai se emocionar, se identificar e dar muitas risadas!
Adorei!!!
Aqui fica a dica.

Confira outro remake:

Perfeitos Desconhecidos

2 Comentários
  1. Adorei seu comentário! Vou acompanhá-la pra não perder nenhuma dica sua. Após ler suas resenhas observaremos o filme com olhar apurado sem perder nenhum detalhe importante ❣️

    1. Dorothy! Que bom, isso me deixa muito feliz! Eh muito importante ter esse retorno! Obrigada querida

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Frases de Charles Chaplin, um grande artista do cinema mudo

Você conhece as famosas frases de Charles Chaplin?

[fve]https://youtu.be/evcijUeznEA[/fve

Charles Chaplin que também conhecido como Carlitos foi um grande ator, dançarino, diretor e produtor inglês.

Não há uma pessoa que não conheça o personagem do filme O Vagabundo.  Um andarilho pobretão com as maneiras refinadas e a dignidade de um cavalheiro vestindo  um casaco esgarçado, calças e sapatos desgastados e mais largos que o seu número, chapéu coco,  bengala e seu marcante bigode.

Entre seus filmes mais famosos estão O Vagabundo de 1915, Tempos Modernos de 1936 e O Grande Ditador de 1940. Esse grande artista do cinema mudo também é também autor de frases fantásticas. Tanto que resolvi fazer um vídeo com as minhas preferidas.

Mesmo com o vídeo, coloco abaixo as frases escritas caso você prefira.

Leia aqui as Frases de Charles Chaplin
  • -A vida é maravilhosa se não se tem medo dela.
  • Creio no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror.
  • Você nunca achará o arco-íris, se você estiver olhando para baixo.
  • Cada segundo é tempo para mudar tudo para sempre.
  • Nada é permanente nesse mundo cruel. Nem mesmo os nossos problemas.
  • O tempo é o melhor autor, sempre encontra um final perfeito.
  • Falar sem aspas, amar sem interrogação, sonhar com reticências, viver sem ponto final.
  • Aprender a se colocar em primeiro lugar não é egoísmo, nem orgulho. É amor próprio.
  • A vida me ensinou a sorrir para as pessoas que não gostam de mim, para mostrá-las que sou diferente do que elas pensam…
  • As pessoas, às vezes, machucam as outras pelo simples fato de estarem machucadas.
  • Chorar não resolve, falar pouco é uma virtude, aprender a se colocar em primeiro lugar não é egoísmo.
  • Enquanto você sonha, você está fazendo o rascunho do seu futuro.

Clique aqui para saber mais sobre Charles Chaplin.

Gostou das frases do Charles Chaplin? Tem alguma favorita?

Dominique - Charles Chapin

Leia Mais:

Fiz um vídeo com frases para refletir e espalhar por aí! Vem ver!
Frases de Martha Medeiros – Pérolas perfeitas para cada ocasião

2 Comentários
  1. Esqueceram da Minha favorita…. O amor é ajudado pela força a doçura do perdão traz a esperança e a paz

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Série Coisa Mais Linda conta com temas atuais na era da Bossa Nova

A Netflix acaba de lançar Coisa Mais Linda, sua nova série original brasileira, aliás, de encher os olhos, situada entre o final da década de 50 e o começo dos anos 60. É uma época mágica, quando o Samba e a Bossa Nova começam a tomar forma, mas também uma época difícil para alguns grupos da sociedade, principalmente o das mulheres.

Contamos com as histórias pessoais de Malu (Maria Casadevall), Adélia (Pathy Dejesus), Lígia (Fernanda Vasconcelos) e Thereza (Mel Lisboa), tratando de assuntos íntimos e profissionais, que se interligam em determinado ponto da trama. Expõe várias problematizações vividas por mulheres da época (e nos dias atuais), como por exemplo, a falta de credibilidade e apoio no ambiente profissional, preconceito racial, abuso físico e psicológico, violência doméstica, aborto, maternidade, etc.

Rio de Janeiro e Bossa Nova

Apesar dos assuntos sérios citados acima, a Bossa Nova, as belas paisagens do Rio de Janeiro, a fé, a coragem e o bom humor das personagens trazem uma leveza essencial para a série.

O drama romance é dividido em sete episódios de em média 50 minutos cada um e nos traz uma perspectiva sobre o papel da mulher na sociedade nas décadas de 50 e 60. Porém trata de temas bem atuais e nos leva a refletir sobre o caminho percorrido até aqui e no que ainda devemos evoluir.

Cada uma das quatro protagonistas da série sai do padrão esperado para mulheres “comportadas” da época e trilham um caminho de transgressões durante os sete episódios. O melhor é ver como cada uma dessas personagens se esforça para se descolar de suas realidades, cada uma no seu tempo e da sua maneira.

As realidades muito diferentes e a tentativa de uni-las pelas dores femininas cria um ambiente de sororidade interessante e  a história que a série tem para contar é envolvente, reflexiva e até intrigante. Apesar de não serem as temáticas principais, o roteiro brilha mesmo ao trazer cenas interessantes que apontam para um racismo institucionalizado da sociedade, a forma como a imposição da masculinidade desestabiliza pessoas e a posição da mulher no ambiente corporativo. Todas essas discussões ganham força ao encarar feridas que mostram a pouca evolução que tivemos nessas linhas nos últimos cinqüenta anos. 

Elenco impecável

O elenco feminino está simplesmente maravilhoso! Capiteneando o barco, Maria Casadevall, arrasa ao construir uma Malu consistente e apaixonante. As demais atrizes também exibem um trabalho perfeito, ajudadas por um texto que se desenvolve com muita competência. O elenco masculino também faz sua parte, com destaque para Ícaro Silva, o Capitão, e Gustavo Vaz, o violento Augusto Soares. Homens tão diferentes um do outro quanto reais.

A parte técnica e a visual de Coisa Mais Linda beira o impecável. A fotografia com cores quentes ameniza e ambienta o Rio de Janeiro do seriado com um aspecto nostálgico. Já as cenas situadas no bar contam com uma iluminação rica em contrastes, que dão bastante destaque para as apresentações musicais e deixam as reações da platéia com um aspecto mais sombrio.

Coisa Mais Linda entrega uma primeira temporada de tirar o fôlego com um final inquietante, mas que nos agrada em gênero, número e grau!

Coisa Mais Linda é daquelas séries que dão orgulho da qualidade!

Muito bem feita, muito boa!

Imperdível!

Amei!!! 

Filmes com mulheres fortes:

Jovem e Bela

A Livraria

A Favorita


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A Educação é a maior das soluções

Em sua primeira experiência na direção de um longa-metragem, Chiwetel Ejiofor esbanja sensibilidade no drama “O Menino Que Descobriu o Vento”, filme original produzido pela Netflix. O ator, que também é roteirista e um dos protagonistas do filme, ganhou notoriedade atuando em “12 Anos de Escravidão”.

Com roteiro adaptado do livro homônimo escrito em 2009 por William KamKwamba, o longa narra a história real ocorrida em 2001 com a família do próprio William (interpretado por Maxwel Simba, em seu primeiro filme).

William, um garoto nascido em um vilarejo no Malawi, cresceu vendo os pais e vizinhos trabalhando como agricultores para sobreviverem. Seus pais, apesar da vida pobre, lutavam para custear os estudos dos filhos para que William e a irmã Annie pudessem ter um futuro melhor.

Mas esse cenário muda quando o governo começa a comprar terrenos próximos e derrubar árvores, em função do desenvolvimento industrial, o que influencia nas mudanças climáticas na região, fazendo com que tenham chuva em excesso e também longos períodos de seca.  

A história mostra todas as questões que levaram o povo do vilarejo à miséria, e esse se torna o ponto alto do filme.

Assim como a fome, a educação é outro tema base do roteiro. William é uma representação perfeita de que o comprometimento é o melhor companheiro que a educação pode ter.

“O Menino Que Descobriu o Vento” é um daqueles filmes de cortar o coração em que não há nada que esteja ruim que não possa ficar pior e que, ainda assim, nos mostra como aos olhos sonhadores de uma criança ainda há esperança para a humanidade.

As atuações, todas de extrema importância em seus papéis. Destaco Maxwel Simba, que nos traz um William curioso, inteligente e emotivo, mostrando com clareza os sentimentos e nos arrancando lágrimas e sorrisos. Ele tem um daqueles rostos adoráveis que nos faz querer acompanhar cada expressão.

Ejiofor também brilhante como Trywell KamKuamba, dando emoção para algumas das cenas mais fortes do filme. Ainda, no papel de Agnes KamKuamba, mãe de William, a atriz franco-senegaleza Aïssa Maïga traz a visão importantíssima da mulher num mundo duro, dominado pelos homens e suas mesquinharias e merece aplausos pela sua atuação.

Os cenários são muito bem feitos e nos transportam para o próprio vilarejo de Malawi, com suas casas rústicas e estradas de terra. O diretor de fotografia utiliza a desolação das secas nas paisagens em meio à narrativa com planos abertos mostrando toda a aridez ao redor da aldeia. São pouquíssimas cenas noturnas, dado que o importante aqui é capturar, com a claridade da luz do sol, cada traço de emoção genuína do elenco.

Outros filmes na Netflix:

Jovem e Bela

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