Tag: 2019

O Rei : História de Henrique V

Timothée Chalamet estrela Henrique V com fidelidade aos fatos
históricos.

Uma produção Netflix dirigida e escrita por David Michôd, “O
Rei”, conta a história de Henrique V, que foi monarca da
Inglaterra por um período de nove anos, entre 1413 até 31 de
agosto de 1422, dia da sua morte.
“O Rei”, filme estrelado por Timothée Chalamet, ator indicado ao
Oscar pelo “Me Chame Pelo Seu Nome”, é uma adaptação de
várias peças de Shakespeare que contam a história do Rei
Henrique V, que herda o reino após a morte de seu pai, Rei
Henrique IV, bem no meio da Guerra dos Cem Anos contra a
França.
O filme peca justamente ao “cortar” alguns eventos históricos,
talvez até pela necessidade de fazê-lo em não criar um filme
muito longo.
O excelente David Michôd mostra a história que é rica em
detalhes, e foca em mostrar a breve história e inexperiência de
um jovem rei de 27 anos que nunca se deu com o pai, e não
tinha ambição alguma ao trono.
Aí entra a ousadia do diretor, ao escalar como seu protagonista o
jovem ator de 23 anos de idade, o maravilhoso Timothée. Ao
olharmos o ator em cena de “O Rei” fica claro que o ator nascido
em Nova York, e que possui cidadania americana e francesa,
apesar de ser adulto possui traços de adolescente.

É neste terreno que florescem os maiores predicados do
contemporâneo astro. Dado que é capaz de nos encantar e
comover em suas facetas mais frágeis, ao mesmo em tempo que
assombra com sua presença e fibra – vide o discurso nada
melodramático antes da grande batalha, do tipo, curto, direto,
passional e poderoso. O cineasta, além de tirar mais uma
performance superlativa de Timothée, também foi capaz de
fisgar alguns elementos muito interessantes do resto do elenco.
O longa de Michelôt se aproxima mais da versão de Henrique V
por Kenneth Branagh em 1989, ambos valorizam os traços de
discurso pacifista identificáveis na peça de Shakespeare. Como
“O Rei” chegou em 2019, em meio ao Brexit, e ao
exacerbamento do isolacionismo político no mundo todo, o
relato do diretor se presta a lido como uma grande defesa não
necessariamente da arte política ou da arte de guerra, mas sim
da diplomacia, num mundo marcado pelo instinto de
antagonizar.
O drama ainda mostra, em vários tons de angústia, a tragédia e
tristeza, que guerras são sempre a pior forma de mostrar poder,
e, mesmo que a vitória seja alcançada, a derrota emocional é
para sempre.
Na primeira cena do filme já temos a impressão de que a
fotografia e direção de arte serão impecáveis – e são – tendo em
vista a idéia do filme em ser um “épico de guerra”, mas que no
decorrer se mostra mais como um drama histórico, talvez por
seguir muito a linha de peças teatrais.
Pode ser uma grande surpresa a alguns, mas o ótimo, “O Rei” usa
do mais renomado poeta e dramaturgo da língua inglesa para

apresentar uma história de passagem da juventude adolescente
à maioridade.
Com belas atuações dos protagonistas, trilha sonora
convincente, e boa contextualização dos personagens e do
ambiente, “O Rei” é, sem dúvida, ótimo, nos dando encanto em
conhecer mais sobre a monarquia britânica tão fascinante, como
também, bastante complexa.

Assista o Trailler

Tags: Dramaturgia, Skakespeare, 2019, O Rei, David Michôd,
Drama Épico, Drama Histórico, Reino Unido 2019, Timothée
Chalamet, The King, Joel Edgerton, Netflix, Entretenimento em
Casa, Lily-Rose Depp, Robert Pattinson, Guerra, França,
Inglaterra, Guerra dos Cem Anos

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Judy

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Parasita mostra quadro dramático da Coréia do Sul com visão moderna de luta de classes

O filme Parasita, premiado com a Palma de Ouro em Cannes e pré-selecionado ao Oscar 2020 como representante da Coreia do Sul, está cotado pela crítica como o melhor filme do ano. O longa é de Bong Joon-ho, renomado autor do cinema sul-coreano.

A nova obra do cineasta trata da família de Ki-woo que está desempregada, morando em um sórdido porão na parte mais pobre de Seul. Min-hyuk, amigo próximo de Ki-woo, está se preparando para morar no exterior, e indica o amigo para um trabalho como professor particular de inglês de uma jovem garota da abastada família Park.

O jovem vê uma oportunidade ali e bola um plano para que todo seu clã comece a trabalhar para a família Park. Porém, não imaginam os segredos que se escondem dentro da mansão dos Park e o quanto serão afetados por estes.

O diretor parte para uma visão assumidamente caricatural das classes sociais, cuja desigualdade é representada pela estrutura literal das casas – a mansão dos ricos, o meio-andar dos pobres e um porão ainda mais precário que desempenhará um papel importante na trama.

Enquanto a riqueza dos Park os torna ingênuos e ignorantes sem curiosidade devido ao comodismo de suas posses, a pobreza dos protagonistas motiva  a malandragem, a habilidade de criar as artimanhas para ascenderem socialmente.

Diferença de classes

Os ricos são marcados aqui por viverem alienados num mundo particular em que até mesmo a existência dos pobres é ignorada. Os pobres são relegados a subempregos e condenados a viver em pardieiros, passando dificuldades de todos os tipos.

Entre muitos picos de thriller psicológico e um humor que passa por todas as fases, Parasita é uma experiência única. Surpreende a um nível que poucas obras modernas fizeram.

Desde sua estréia em longas-metragens, o diretor Bong Joong-ho apresenta características de críticas e sátiras sociais aliadas a uma comédia de toques cruéis, cenas de violência e uma abordagem direta sobre como o meio social (em situações normais e extremas) influencia os indivíduos de diversas maneiras.

Dialogos afiados

Os diálogos afiados e deliciosamente orgânicos mais a atuação excepcional de todo o elenco torna essa jornada de pseudo-escalada da pirâmide social cativante desde o início, da qual não conseguimos tirar os olhos (é fato que as 2h10 do filme passam desapercebidas).

O diretor provoca dor aguda ao retratar um mundo reduzido onde todas as camadas sociais são impactadas, revelando o abismo social existente entre nós. 

Um país que passou pelo subdesenvolvimento a um invejável avanço tecnológico e cultural, o progresso parece ter deixado rastros de seu ritmo vertiginoso nas relações entre as pessoas e classes sociais. 

A obra do cineasta busca uma reflexão clara no meio de toda a brutalidade: iluminar – no sentido figurado – o parasitismo, intensificando o ressentimento de agonia das classes mais baixas, além da batalha sangrenta entre os mesmos pelas migalhas dos mais abastados. Simplesmente desolador.

Parasita é de longe um dos grandes filmes desse ano carregado de bons filmes!

Amei!

Parabéns Bong Joon-ho! 

Bravo!!!!

Assista o trailer

Selecionados Oscar 2020

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2 Comentários

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Viver Duas Vezes comove com lindo road movie

María Ripoll, diretora do longa Viver Duas Vezes, mais uma vez apresenta uma comédia dramática, agora apostando nas doses de emoção. Lançado em 2020, é o mais recente filme falado em língua espanhola e uma produção original da Netflix.

Emílio (Oscar Martínez) é um ex-professor de matemática que vive sua vida na companhia de seu inseparável Sudoku. A situação complica, porém, quando ele é diagnosticado com Mal de Alzheimer. Preocupado em esquecer seu amor de infância, Emílio convence sua família a partir em busca da amada.

A viagem, que ocupa a parte central do filme, acaba se tornando o momento em que todos os personagens devem enfrentar todos os enganos que eles mesmos cometeram. Porém, precisam encontrar coragem para mudar suas vidas, ou começar uma nova.

Apesar de se passar na Espanha, a história poderia ocorrer em qualquer lugar do mundo.

Viver Duas Vezes é um típico road movie, sentimental e emocionante, que apesar de não ter pretensões conta com atuações magistrais da dupla de protagonistas. Dentro da dor que é uma doença degenerativa, aprendemos muito sobre o poder da reconciliação e na união de forças.

O elenco tem uma química incrível. Oscar Martínez (Relatos Selvagens) está simplesmente espetacular como ex-professor rebelde, sistemático, mas com alma. O ator consegue muito bem ordenar a evolução da doença de modo que a deixe crível e realista.

Sua neta, encenada pela pequena e adorável Mafalda Carbonell, ponto alto da produção, esbanja carisma, graça e sagacidade, além de acrescentar muito na relação entre os dois, tornando esses elos muito mais cativantes.

Já Inma Cuesta é a filha/mãe resiliente e evolutiva, que precisa ajudar um pai debilitado, ao mesmo tempo em que enfrenta uma turbulência no casamento com seu marido, vivido pelo bonitão Nacho López: um esquecível coach que pouco tem a fazer na trama.

O que mais funciona é o elenco carismático que consegue nos colocar em uma verdadeira montanha-russa de emoções.

Nesse pequeno círculo familiar estabelecido na obra, representando uma sociedade que exercita cada vez menos a empatia, um terreno frio em que o contato humano se tornou algo raro, a mensagem transmitida no belíssimo final é de pura esperança, falando diretamente à emoção de se perceber necessário na jornada de outros, certificar-se que sua passagem tocou de maneira profunda a vida de quem amamos.

Dirigido com extrema sensibilidade, Viver Duas Vezes é daqueles filmes que ficam na cabeça dias após ter visto.

Aborda um tema complicado com leveza e muito humor, sem ser superficial, desaguando num oceano de lágrimas no final.

Lindo!

Lindíssimo!

Amei! 

Assista o trailer

https://youtu.be/KHiEH1dOwiw

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No Fim do Túnel


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Alicia Vikander é a alma de Pássaro do Oriente, thriller psicológico sobre traumas e culpas

Filme que entrou recentemente para o catálogo da Netflix, “Pássaro do Oriente” é instigante, conta com elenco competente e entrega um bom suspense.

Baseado no livro “Delito sem Provas”, escrito por Susana Jones, o longa se passa na Tóquio de 1989 e acompanhamos Lucy Fly (Alicia Vikander), uma tradutora vivendo no Japão para fugir do passado.

A protagonista conhece a garçonete Lily (Riley Keough) e o fotógrafo Teiji (Naoki Kobayashi), iniciando um estranho relacionamento com o rapaz e se sentindo, ao mesmo tempo, atraída e incomodada por Lily. Tudo vira de cabeça para baixo quando sua nova amiga desaparece e ela se torna suspeita de um suposto assassinato. 

A relação da protagonista com Lily e Teiji também cria um interessante jogo de mistério e sedução. Inicialmente uma amizade, os personagens de Vikander e Kobayashi desenvolvem uma tensão sexual crescente, apenas com poucos diálogos e troca de olhares. Não apenas a beleza dele a atrai, como também, a sinceridade e a aparente falta de timidez, tão tradicional nos jovens japoneses, a conquistam.

É incrível como uma história com 106 minutos de seqüências lentas, que se desenvolvem de maneira subjetiva, ou seja, de difícil entendimento consiga passar tão rápido. O espectador não se cansa.

Embora o roteiro seja pausado e complexo, as cenas constantemente voltam a acontecimentos passados da história, de modo a torná-las cada vez mais explicadas. Assim pode-se acompanhar o desenvolvimento da narrativa.

Além da maturidade artística, “Pássaro do Oriente” é a mais incitante e hipnotizante produção, do conceituado cineasta, diretor e roteirista inglês, Wash Westmoreland.

Além do suspense do clima sexy oitentista, o filme é visualmente atraente.

Vencedora do Oscar por “A Garota Dinamarquesa”, a sueca Alicia Vikander se destaca ao transmitir toda a personalidade disciplinada da tradutora através de pequenos atos, por exemplo, como ela se arruma e como ela amarra o cabelo. Vikander impressiona com seu domínio do idioma japonês.

A atriz é quem apresenta emoções que mais se aproximam da sobriedade, enquanto o galã japonês (Kobayachi) se impõe com sua presença física e voz profunda, sempre acompanhada de um sorriso sutil e olhar penetrante.

Riley Keough – na vida real neta do roqueiro Elvis Presley – é a força solar em “Pássaro do Oriente”, sensual e radiante, servindo como contraponto, tanto para Lucy quanto para Teiji. 

A fotografia é assombrosa de tão elegante, realmente magnética, especialmente nas cenas noturnas. Com takes ricamente construídos e bem centralizados – se passando na cidade de Tóquio, a cidade é quase uma personagem por si só.

A trilha sonora é primorosamente orquestrada, evocando emoções do que aquilo que está na tela merece.

Envolvente e bem construído, “Pássaro do Oriente” acaba por ser uma excelente surpresa no catálogo da Netflix.

Aqui fica a dica de um filme que adorei! 

Vale a pena conferir!

Confira o trailer

Filmes no Oriente

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Parasita

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História de um Casamento – com atuações precisas de Scarlett Johansoon e Adam Driver, Noah Baumbach mostra como o amor é complicado

História de um Casamento, dirigido pelo diretor americano, Noah Baumbach é uma produção original Netflix, provável candidato ao Oscar em diversas categorias.

O longa já lidera o número de indicações do Globo de Ouro nas categorias de melhor filme dramático e melhor atriz e ator para Scarlett Johansson e Adam Driver. Laura Dern concorrente como atriz coadjuvante, além de além de melhor roteiro e melhor trilha sonora original.

O filme foca num casamento por meio de um retrovisor, à medida que os dois parceiros, um diretor de teatro de Nova York e uma atriz com um passado e um potencial futuro em Hollywood, seguem em direções opostas. Sua veracidade inspirou comparações com seu próprio casamento com a atriz nascida em Los Angeles, Jennifer Janson Leigh, da qual ele se divorciou em 2013.

Como tantas histórias infelizes, esta também começa por algo que passa por felicidade, começando com declarações de amor. No entanto, logo o espectador será forçado a se desfazer de ilusões e encarar o que tem pela frente – um casal em crise. 

Do casamento ao divórcio

Enquanto o lado racional de Nicole e Charlie pedia uma separação amigável, a realidade é outra. Se um casamento exige comprometimento, um divórcio é a sua negação.

No entanto, uma característica bem norte-americana surge com a entrada dos advogados em cena, transformando o que seria uma separação amigável numa batalha campal.

Franco e apaixonante, o filme nos leva a picos emocionais inimagináveis. Sensível, ele relata com precisão os desgostos de duas pessoas que decidiram separar suas vidas terminantemente.

Esse é um filme que vale a pena ser discutido não só pela sua qualidade, com um roteiro extremamente sensível, bem atuado e precisamente captado pelo diretor de fotografia. Mas pela perspicácia com que trata o tema escolhido.

E nesse contexto, Scarlett e Driver cativam nossos olhares, fascinando-os com sua densidade e entrega dos personagens. Vivendo os dramas e dissabores de Nicole e Charlie, ambos se tornam a combinação perfeita na telona. Eles têm uma química que extrapola, invadindo a mente do espectador que atento observa duas pessoas ideais se perderem de si mesmas.

Um show de interpretação

Scarlett está brilhante em passagens admiráveis (o relato dela no primeiro encontro com a advogada é primoroso). Mas o fato é que a câmera de Baumbach está mais interessada nas reações dele, e menos dela. Assim Adam Driver acaba descobrindo um terreno fértil para mergulhar de cabeça, hipnotizando o púbico de tanta emoção. Prepare o coração, e muitos lençinhos.

Laura Dern dá um show particular com toda a sua excelência, brilhante no papel da advogada Nora, maquiavélica e belicosa, ainda que a composição que oferece não esteja muito distante daquela vista na série Big Little Lies. 

Para enfrentar essa fera, Charlie contrata um velho profissional humanista (Alan Alda), mas depois se vê obrigado a substituí-lo pelo igualmente sanguinário (Ray Liotta), único capaz de nivelar-se a terrível Nora.

História de um Casamento é o passaporte da Netflix rumo ao Oscar, prometendo uma linda jornada que pode e deve render indicações a Scarlett Johansson e Adam Driver.

Belo! Belíssimo! Eu amei!

Assista o trailer

.

Concorrentes Oscar 2020

A Odisséia dos Tontos

Parasita

1 Comentário
  1. Um soco no estômago…Amei esse filme. Uma história comum a tantos casais retratada se uma maneira sensível e ao mesmo tempo perturbadora. Vale muito a pena assistir.

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