Cinema

Adeus, Minha Rainha – Os últimos dias de Versalhes na Netflix

Banner_Adeus Minha RainhaO longa Adeus, Minha Rainha, adaptado do livro de Chantal Thomas, se passa a poucos quilômetros de Paris, no Palácio de Versalhes, onde viviam o Rei Luis XVI e a Rainha Maria Antonieta.

No palácio pouco ou nada se sabia sobre o que estava acontecendo na capital às vésperas da Revolução Francesa, no ano de 1789.

Dirigido por Benoît Jacquot, Adeus, Minha Rainha (Les Adieux à la Reine), que abriu o Festival de Berlim de 2012, mostra o momento em que os boatos sobre Queda da Bastilha começaram a chegar aos ouvidos dos funcionários do palácio e tudo virou um “salve-se quem puder”.

Não vemos o povo revoltado, mal vemos Luis XVI. Benoît Jacquot se concentra mesmo em Maria Antonieta e seus serviçais. Entre eles, a leitora oficial, Sidonie Laborde vivida por Léa Seydoux, uma moça simples que ama os livros e sua rainha, a atriz Diane Kruger.

A tensão pelas notícias de Paris, junto aos boatos da vida pessoal da rainha, vai conduzindo a vida de Sidonie que só tem como desejo, ser útil àquela que ama incondicionalmente.

Bela e sedutora, a temperamental Maria Antonieta tem um amor secreto, a duquesa Gabrielle de Polignac, vivida por Virginie Ledoyen.

Segundo o diretor, esse romance entre as duas aconteceu de fato e é muito conhecido na França.

O longa não se aprofunda numa série de questões, como o passado da protagonista e a relação entre Antonieta e Gabrielle. Mas é eficiente ao criar um personagem interessante em um dos momentos históricos mais importantes da história da França.

Interna_Adeus Minha RainhaAdeus, Minha Rainha não tem pretensão em contar toda a vida e ainda a morte da arquiduquesa austríaca e a rainha da França, mas sim mostrar suas diferentes facetas e seu lado mais frágil: o coração.

Interessante em Adeus, Minha Rainha é exatamente a exploração desse sentimento escondido, desse desejo reprimido, mesmo que diante de algo tão mais urgente, como a salvação da própria vida.

O ponto alto do filme são as atuações de Léa Seydoux e Diane Kruger. Seydoux cria um sentimento contido, introspectivo e que consegue expressar toda a sua angústia interior, dividindo com o espectador sua percepção e nos torna voyeurs nessa imensa Corte.

Diane Kruger, além do sotaque natural dá autenticidade, faz uma Maria Antonieta que sentimos de carne e osso, conseguindo humanizá-la e fugir do lugar comum que esperaríamos do personagem.

A reconstituição de época é efetivamente um dos grandes destaques dessa produção. A maior parte do filme se passa dentro do Palácio de Versalhes e traz cenários deslumbrantes, como a Galeria dos Espelhos, o Petit Trianon e alguns aposentos que não aparecem em outras produções.

O cenário acaba se transformando em um personagem essencial ao longa e coloca o espectador dentro da cena, cercado de móveis e figurino de época impecáveis, além dos diálogos bem construídos e um elenco que funciona e convence o público.

A trilha sonora não passa despercebida, chama atenção também por sua competência e beleza.

O filme ganhou três prêmios Cesar, o principal da França, o Oscar francês: Melhor Fotografia, Figurino e Cenografia.

Sem dúvida, Adeus, Minha Rainha é um deleite visual, com atmosfera extraordinária passada nos últimos dias de Versalhes.

Um filme lindo de morrer, além de ser um ótimo entretenimento.

Aqui fica a dica.

Bom programa!

Trailer:

https://youtu.be/Tb0ASfPYM4g

Leia mais:

Os Sabores do Palácio – Um filme delicioso na Netflix

Perfeitos Desconhecidos – A verdade através dos celulares na Netflix

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Os Sabores do Palácio – Um delicioso filme na Netflix

Banner_Os Sabores do PalácioHoje comento Os Sabores do Palácio, um filme belo que é uma delícia de se ver, disponível na Netflix.

Dirigido por Christian Vincent, o longa permite passar duas horas de mágico prazer gastronômico.

A trama verídica mostra o período no qual Danièle Mazet-Delpeuch trabalhou na cozinha particular do Palais de l`Élysée, residência oficial do então presidente francês, François Miterrand.

Danièle não era somente uma interiorana que foi enviada à Paris numa missão especial.  A francesa revigorou o setor da produção de foies gras, além de ser uma pioneira na organização de estágios para estrangeiros na iniciação em french cuisine.

O início do longa se passa, anos mais tarde, no Arquipélago de Crozet, na Base Científica Alfred Faure, onde a chef cozinhou por um ano, sendo que a narrativa volta algumas vezes sem explorar muito esses momentos.

Um dos aspectos mais interessantes do filme é justamente mostrar a relação de Hortense com o regente da França que se dá pelo gosto em comum pela simplicidade em várias questões: entre elas a culinária.

Interna_Os Sabores do PalácioMuito bom em Os Sabores do Palácio (Les Saveurs du Palais) é perceber que não há maior prazer do que o de redescobrir o gosto simples das coisas. Equiparado a ele, só o deleite causado pelos pratos elaborados no filme que são de uma perfeição capaz de encher os olhos e a boca de água. O feito se dá ao trabalho de famosos chefes franceses, como Guy Legay (do Hotel Ritz de Paris) que ajudaram na parte técnica do projeto.

O maior destaque fica por conta da protagonista, Hortense Laborie e sua sempre notável intérprete que construiu uma personagem que exala vigor e personalidade forte. Por seu trabalho em Os Sabores do Palácio, Catherine Frot recebeu sua nona indicação de Melhor Atriz no César, o Oscar Francês.

Méritos não faltam já que ela incorpora a personalidade da cozinheira mesclando doçura, petulância e certa neurose sobre a realização das refeições do presidente.

O fato de ter um cargo importantíssimo no Eliseu parece ter aumentado muito seu ego. No entanto, ela jamais poderia fraquejar, pois desde o início sofreu hostilidade da cozinha central, formada unicamente por homens que a olhavam de cima para baixo com ar de deboche. Impor-se em um meio masculino não é para fracas.

Os diálogos entre Hortense e seu assistente Nicolas (Arthur Dupont, que soube aproveitar muito bem seu papel) vão encantar os amantes da gastronomia.

“Os Sabores do Palácio” pode agradar tanto a quem gosta de cozinhar quanto aqueles que apenas degustam, mas apreciam a bela e meticulosa preparação dos pratos, como também agradará aos que gostam simplesmente de uma história bem contada.

Vale a pena conferir!

Sem dúvida um ótimo entretenimento! Os Sabores do Palácio – Cozinha de Excelência.

Trailer:

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Perfeitos Desconhecidos – A verdade através dos celulares na Netflix 

A Amante – Autoaceitação e busca da liberdade, um drama imperdível

 

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Perfeitos Desconhecidos – A verdade através dos celulares na Netflix

Banner_Perfeitos DesconhecidosPerfeitos Desconhecidos, último trabalho do diretor espanhol Álex de la Iglesia, acaba de ser adicionado ao catálogo da Netflix.

O longa é um remake da comédia dramática italiana “Perfetti Sconosciuti, sucesso de crítica, público e euros arrecadados.

A versão espanhola também estreou nos cinemas de seu país de origem com grande êxito. Mesmo assim, este não deixa de ser um filme polêmico. Apesar de manter a sinopse original, o espanhol não deixou de revestir a obra com seu próprio tom de comédia.

Apesar de ter um começo lento, seu desenvolvimento é muito agradável. Mesmo que não se reconheça em algum personagem, você simpatizará com as opiniões dos temas discutidos, como monogamia, opção sexual e preconceito.

Numa noite de eclipse lunar, onde as ruas de Madrid parecem estar uma loucura, o casal Alfonso e Eva está nos preparativos para um jantar que será realizado em sua bela casa.

O que consistiria em apenas mais uma reunião entre amigos, como tantas outras antes desta, toma um rumo inesperado, quando no meio da conversa, surge uma ideia: “Porque não fazer algo diferente? Vamos jogar um jogo”. Todos os convidados deveriam deixar seus celulares destravados em cima da mesa, ao alcance de todos. Chamadas, Whatsapps, notificações no Instagram e Facebook, a vida compartilhada por um instante com todo mundo.

Seria um jogo inocente ou uma proposta perigosa?

Interna_Perfeitos DesconhecidosDurante quase duas horas, o diretor constrói uma atmosfera simultaneamente cômica e tensa. Risos provocados geralmente são risos de nervoso e a tensão fica a cargo, quase sempre, de situações absurdas e disparatadas.

O público fica curioso para saber qual será o próximo telefone a tocar, quem será o próximo amigo exposto e o que ele esconde de todos os outros. Como se dão essas relações tão socialmente mascaradas e forjadas é o grande fio condutor da trama.

Outro dos grandes méritos do trabalho do diretor – e que aqui se faz presente – é a habilidade em conseguir desenvolver toda a narrativa num único espaço cênico sem que a linguagem do filme flerte com o teatral.

Muito do projeto se deve à escolha de um elenco afiado que sabe trabalhar com uma trama calcada nas palavras.

A comédia de humor dramático também trata como lidamos com as redes sociais, a relação de dependência e ansiedade com o celular.

Polêmicas e gostos à parte, é inegável que a cada novo filme o trabalho autoral de Álex de la Iglesia se evidencia.

Essa produção espanhola surpreende e é uma ótima pedida para relaxar nesse fim de semana. Um filme divertido que te prende do começo ao fim.

Trailer:

Leia mais:

Dica de filme cheio de emoção no cinema – Uma Casa à Beira-mar

O Vazio do Domingo – Drama de reconciliação e redenção na Netflix

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Dica de filme cheio de emoção no cinema – Uma Casa à Beira-mar

Banner_Uma Casa à Beira-marSem pieguice, com narrativa simples, fluida e elegante, Uma casa à Beira-mar fala de solidariedade e humanismo.

Hoje minha dica é o emocionante longa, Uma Casa à Beira-mar, em cartaz nos cinemas.

Ambientado na região de Marselha, sul da França, o drama francês, Uma Casa à Beira-mar, dirigido por Robert Guédiguian, narra a história de três irmãos que se reencontram depois que o pai fica doente, em estado vegetativo.

O patriarca construiu um restaurante próximo à praia e fez do local o seu paraíso particular. Quando ele adoece, os filhos voltam à região para cuidar dele.

Angèle (Ariane Ascaride) é a última a chegar. Ela não guarda boas lembranças do lugar e precisa lidar com medos e rancores que a fizeram ficar longe dali e do pai por 20 anos.

Armand ficou por lá e tenta tocar o restaurante “bom e barato” fundado pelo pai.

Joseph é um desempregado amargo, escritor frustrado e namora uma mulher bem mais jovem (Anaïs Demoustier), que, aliás, parece estar à procura de novas emoções.

Com o passar dos dias, os irmãos precisam enfrentar a doença do pai e decidir o que fazer com a herança deixada, a casa e o restaurante.

Os irmãos discorrem sobre o passado, ficar ou não na pequena cidade, sobre lutar para sustentar os sonhos ou aceitar a realidade cruel das sociedades contemporâneas.

O cineasta olha para o passado, não por pura nostalgia ou para tirar conclusões apressadas sobre o presente, porém com a certeza de que algo bonito e de valor ficou para trás.

Guédiguian atinge uma leveza em que o menos é realmente mais. Sem alarido e com a melancolia que só os diretores na maturidade conseguem alcançar, eleva ainda mais seu humanismo em Uma Casa à Beira-mar.

Existe um tema de fundo que se revelará dominante – a dos refugiados que deixam seus países por causa da fome, da guerra, da falta de oportunidades. Eles são um tema da atualidade europeia e representam um desafio para governos e para quem ainda defende a existência de uma sociedade civil solidária.

Como cineasta, Guédiguian mantém um idealismo romântico, o apego às coisas simples, aos laços familiares, à ideia de comunhão entre os necessitados.

O longa é sobre vidas sociais versus individuais, que aprendem a cada dia o poder da tolerância em aceitar os limites, tempos, quereres, defesas, fragilidades, vulnerabilidades, solidões e outras consequências existencialistas das convivências interpessoais.

Os diálogos são realmente inteligentes. Todos parecem ter uma forma profunda e final de dizer as coisas sobre a vida e o que a resume, o que pode fascinar ou afastar.

O trabalho de Guédiguian consegue entreter e nos fazer apaixonar pela história da vila e seus ideais. Talvez a paixão esteja concentrada no próprio ser humano e seus debates internos, entre trabalho e relacionamentos.

Uma Casa à Beira-mar é apenas simples e neste olhar empático ao ser humano encontra-se uma sofisticação que poucas obras conseguem alcançar.

Belo!!!

E o desfecho emocionante!

Veja o trailer:

Leia mais:

O Orgulho – Preconceito, intolerância e o valor da palavra – nos cinemas

Desobediência – Um filmaço cheio de emoção. Imperdível!

2 Comentários
  1. Grata pela Dica ….! Amei este filme ! Realmente o Mundo girou …e o charme???Filme extremamente real! e, atual….sonhos, verdades, ….Evouimos para muito mais tristezas … econômicas e sociais …Lindo trabalho .., muitas emoções..,e nos leva a importantes reflexões

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O Vazio do Domingo – Drama de reconciliação e redenção na Netflix

Banner_O Vazio do DomingoEntre os títulos originais Netflix, O Vazio do Domingo, que comento hoje, é um filme denso, dramático, instigante e desafiador.

Mais de trinta anos depois de abandonar sua família, Anabel (Susi Sánchez) recebe uma visita inesperada de sua filha Chiara (Barbara Lennie). Ela cede a seu desejo de passar dez dias em uma vila remota entre Espanha e França.

Sob a refinada direção do catalão Ramón Salazar, O Vazio do Domingo aborda o vínculo entre mãe e filha, o reencontro após décadas de separação, tudo retratado sem obviedade. Seja pelo apelo emocional embasado na crença de um elo de sangue falar mais alto, seja em uma investida na raiva guardada durante tanto tempo e o desenrolar, portanto, de um grande drama de reconciliação.

O diretor deixa claro que ser mãe e filha é questão de conexão emocional e que esta é construída e não determinada.

Interna_O Vazio do DomingoEm momento algum O Vazio do Domingo dá respostas fáceis, muito pelo contrário, o diretor se mostra audacioso quando alimenta o clima de mistério, quando esconde de nós os segredos que estão por trás das complexas personagens. Realça de forma espontânea o texto enquanto uma relação marcada pelo peso da culpa, pela dor e pela esperança de redenção é construída.

Não sabemos as circunstâncias em que o abandono aconteceu e isso é um dos combustíveis para o filme se tornar tão reflexivo.

O retrato, que foge de romantizações acerca da figura da mãe – amável, imaculada, presente – é um acerto, e a história compreende abordar muito além da maternidade.

Salazar esbanja delicadeza ao realmente estreitar a relação entre mãe e filha, delicadeza encontrada nas poderosas atuações da dupla de protagonistas.

Direção fotográfica impecável, com enquadramentos dignos de se tornarem quadros emoldurados. Não se deixe enganar pelo ritmo vagaroso do filme, pois sua real narrativa é feita pelas imagens, gestos, luz e cortes.

Com DNA feminino envolvendo o abandono materno, O Vazio de Domingo se revela um drama intimista que aposta nos ciclos que se fecham e que trabalha as lacunas que infelizmente são impostas pelo afastamento.

Um filme inquietante capaz de julgar e compreender, de agredir e se compader.

O desfecho é arrebatador!!!

Aqui fica a dica.

Não perca!

Trailer:

https://youtu.be/TsGGP3tyls0

 

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Maquiagem para pele madura – Vídeo 1 – Pele

Papo de mulher – Vamos falar sobre laser íntimo e rejuvenescimento?

 

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