Tag: Autoestima

Qual é seu preço? Caro é aquilo que não vale.

Não estava exatamente apaixonada. Interessada era a palavra que definia melhor o sentimento de Dominique por Cassio. Teve outros relacionamentos desde sua separação, 10 anos antes. Nenhum deles traumático, no entanto, alguns foram complicados o suficiente para lhe dar experiência e sabedoria no quesito . 

Cassio despertava em Dominique curiosidade e aquela vontade de encontrar mais uma vez. Era, sem dúvida, um homem interessante. Já passado dos 50, talvez bem próximo dos 60, estava física e mentalmente em forma. Não que fosse um Adonis, até porque nessa idade, raramente homens o são, mas era atraente e exalava masculinidade. Além disso, sua perspicácia aliada a seu bom humor, tornavam-no um papo divertido.

Em comum tinham a liberdade, tanto financeira quanto familiar, já que eram profissionais bem sucedidos, separados, com filhos criados e independentes.

Conheceram-se na casa de amigos um ano antes, e saiam com certa frequência, mas sem qualquer tipo de comprometimento. Iam a bares e restaurantes descolados, eventualmente a algum show ou exposição e invariavelmente terminavam na cama de um ou de outro. E era bom, muito bom.

Foi jantando naquele restaurante de cozinha contemporânea, daquele chef meio metido, já na segunda garrafa de vinho que surgiu o assunto.

— Todo mundo tem seu preço – falou Cassio.

— Até concordo, mas a que você se refere?

— A tudo. Refiro-me a absolutamente tudo. Seja na política, na empresa, vendendo segredos industriais, pessoais, ou o próprio corpinho, uma hora chegam no nosso valor. Pode ser que tenham pessoas que se vendam caro, mas no final é só chegar no número certo.

— Hummm – murmurou Dominique pensativa- Talvez, mas e quando dinheiro não é mais um atrativo? Você acha que Bill Gates teria um preço?

— Mas é claro! Sempre teve e continua tendo. Não se iluda com seus bilhões, muito menos com a fundação da Melinda. Obviamente não serão alguns pares de Dólares que o corromperão, se é que essa é a palavra, entretanto, sempre há algo que ele ainda deseje, ou que ele preze demais a ponto de não querer perder.

— A troco do que, então, Mr Gates aviltaria sua consciência?

— Querida Dominique, você já é bem grandinha para saber que o que move o mundo é dinheiro, poder e sexo, não necessariamente nessa ordem

Todo mundo tem seu preço – complementou Cassio de maneira enfática.

— Boa Cassio, então eu te pergunto o que te move nesse momento? E qual seria o seu preço?

–Ahh, não é dessa forma que se chega no valor de uma pessoa. Faça uma pergunta mais específica, porque senão é impossível até de devanear e mergulhar em meus íntimos desejos e pecados.

-Não sei se entendi. Como assim? Que tipo de pergunta, Cassio?

— Deixa eu pensar…. O melhor jeito de explicar é te fazer uma proposta. Mas não se ofenda, ok? Estamos em ambiente controlado, com teor alcoólico elevado e é só um exercício de retórica, quem sabe de luxúria.

— Querido, fique tranquilo, pois como bem sabe, sou mulher criada.

-Dominique, por quanto você toparia fazer sexo? Qual o valor em dinheiro, que te levaria a transar com alguém?

-Tipo aquele filme com a Demi More? Como se chama mesmo? Ah, Proposta Indecente?

-Mais ou menos, porque no caso, você não é casada e seus dilemas morais, se é que os tem, devem ser de outra ordem.

Dominique sorriu, e disse que precisaria refletir , pois de bate-pronto não conseguia pensar em nada.

A conversa seguiu animada, e a terceira garrafa de vinho foi apenas uma boa desculpa para grandes inconfidências e ousadias mútuas.

Já no cafézinho e no clima para o que viria, Cassio retomou o assunto.

-Vamos lá Dominique, sem pudores, me diga, por que valor entregaria esse corpinho lindo?

-Você o tem de graça. Sempre. Com muito prazer.

— Eu sei, eu sei..Ah Dominique, entra na onda. Digamos que você precise ajudar um filho, ou sei lá o que te motivaria.

Dominique ficou séria por uns instantes, pensativa, e logo sorriu.

— Cem mil, Cassio. 1 zero zero zero zero zero.

— Fechado. Eu pago seu preço.

Dominique sorriu olhando fixamente nos olhos de Cassio, e quando percebeu que ele se mantinha sério, aguardando uma resposta, estourou na gargalhada.

— Não estou brincando Dominique, quero você e pagarei por isso.

— Como faço para levar uma coisa dessas a sério? Não quero seu dinheiro, não preciso dele

— Algo a motivou quando fez seu valor. Pense nisso, entre no personagem. Vamos experimentar algo diferente ma cherie.

Depois de alguns segundos de hesitação, Dominique estendeu a mão para Cassio dizendo:

— Negócio fechado. Temos um acordo. Escolha dia, lugar e eu estarei lá, pronta para servi-lo e para satisfazer seus desejos, mas já aviso que só aceito meu dinheiro em cash.

— Sem problema, você o terá em notas conforme deseja, por isso, faça por merecer seu pagamento. Não espero nada menos do que seu melhor como profissional para essa noite.

— Quando?

— Semana que vem, quarta-feira, 18h30, no meu escritório.

— No seu escritório, Cassio? No nosso acordo estava incluído plateia?

— Isso é problema meu Dominique. Preocupe se com sua parte.

Naquela noite, Dominique disse que não iria para casa dele. Pediu para que a deixasse em casa despedindo-se com um singelo beijinho no rosto e diante de toda estranheza de Cassio disse.

-Mon Cher, se transarmos agora, podemos tirar o brilho ou até mesmo o suspense de quarta-feria. Até lá, não nos falaremos.

Despediram-se rapidamente para não correr o risco de caírem em tentação

Nos cinco dias que se seguiram, ambos trataram dos detalhes do negócio a fim de que nenhum pormenor fosse esquecido.

Dominique dedicou um tempo enorme para se preparar até porque não conseguia pensar em outra coisa. O que usaria? Não queria ser um clichê, no entanto, tinha que surpreender Cassio e principalmente excitá-lo, sabendo que uma coisa era decorrente da outra. A meia arrastão, a pinta no rosto, coisas assim estavam fora de questão apesar de não ter nada contra. Precisava de algo que também a estimulasse.

Foi em sua meditação matinal que teve o clique de como montaria seu personagem.

Pensou em todos os detalhes, nos mínimos. Agendou cabelo e maquiagem naquele salão TOP. Não poupou dinheiro, tempo ou capricho, afinal era inegável que Dominique estava deslumbrada e excitadíssima com a ideia de alguém pagar aquela montanha de dinheiro para passar uma noite com ela. Lisonjeiro! Sabia que se contasse, a maioria das pessoas julgaria e provavelmente no mal sentido, todavia ela não estava disposta a explicar, muito menos justificar suas atitudes. De mais a mais, esse era um assunto privadíssimo apesar de muito divertido. No fundo, talvez, Dominique dividisse com Valentina, sua amiga mais aberta a novas experiências. Pensaria nisso depois…

Arrumou sua vasta cabeleira num penteado cheio de ondas. A maquiagem foi um pouquinho mais carregada do que aquela natural do tipo “acordei assim, nasci desse jeito”, mas antes, dedicou-se a uma sessão de massagem, para além de hidratar, relaxar e deixar os pensamentos fluirem.

Sua roupa estava toda separada, esperando-a para completar sua fantasia. Vestiu-se e perfumou-se com cuidado, pois não há nada pior do que excesso de cheiro, mesmo sendo esse, dos melhores franceses. Sua única hesitação foi na hora de escolher a bolsa para compor o visual. Sorriu ao pensar que não fazia ideia do volume de notas de seu “pagamento”, mas tinha a certeza que não caberiam em sua clutch habillé.

Estava orgulhosa. Será que orgulhosa era a palavra? Que sentimento era aquele? De regojizo? Prazer? A autoestima altamente enaltecida por saber que lhe desejavam tanto a ponto de pagarem uma pequena fortuna.

O fato de não precisar do dinheiro, ao invés de lhe trazer dilemas morais, trouxe muita tranquilidade para executar essa fantasia que não era só do Cassio, obviamente, mas sua também.

Pronta, deu uma última olhada no espelho, pegou a chave do carro, chamou o elevador e torceu para encontrar com algum vizinho a fim de testar o resultado final.

Chegou na porta do prédio de Cassio, 10 minutos antes do marcado, e esperou no carro que se passassem os 10 e mais cinco.

Apresentou-se na portaria com seu nome real, afinal não havia porque mentir, e ficou muito feliz ao ver cabeças virando por onde passava. Talvez não fosse comum, mulheres irem a um edifício comercial daquele jeito, naqueles trajes, mas naquela altura do campeonato, seu ego não acreditava em outra coisa que não fosse a admiração por sua beleza e charme.

Quando a porta do elevador abriu, Cassio a esperava do lado de fora.

Dominique viu toda a surpresa nos olhos do “cliente”. Cassio poderia ter esperado por tudo, mas jamais por Dominique vestida com seu chiquetérrimo vestido longo de festas preto. Era uma daquelas roupas definitivas, que compramos uma vez na vida, sabe? Super bem cortada, realçava as curvas de Dominique sem entregá-las assim como a ousada fenda lateral fazia com sua perna bem torneada. O decote exibia um colo bronzeado e suas charmosas sardas, coisas de gente que tomou muito sol na juventude. Um colar de pedras da cor azul-turquesa realçavam a beleza de seu tom de pele. O toque final Dominique deixou para a sandália de tirinha de saltos altíssimos e mega sexy.

Cassio deu passagem e não escondeu sua expressão de apreciação.

-Uau, Ma Cherie, você está um arraso. Muito chique. Um tesão.

Dominique sorriu enquanto analisava lentamente o ambiente. Um balde de gelo com uma garrafa de champagne transpiravam ao lado de taças de cristal e de uma bandeja de petit fours. Ah, Cassio sabia o que era bom.

Nunca esteve lá antes, e estava admirada com a sofisticação e o nível de detalhes do lugar.

Grandes plantas verdes davam volume para cantos e vasos com orquídeas brancas espalhados por pontos estratégicos, conferiam textura e contrastes.

A iluminação não era a típica luz branca fria de escritório, pelo menos não as poucas que estavam acesas e que davam um tom ambar aos móveis super modernos e de design daquele ambiente.

Dominique girou sobre si mesma naquele salto finíssimo e altíssimo e parou de frente a Cassio que agora estava a centímetros dela.

— Somos só nós dois? Onde estão todos? O que você fez com o pessoal que ocupa todas essas mesas?

— Eu te falei, Dominique, que disso cuidaria eu, e decerto cuidei. Hoje foi dia de home office depois do almoço. Ou não. Todos dispensados.

— Eles não quiseram saber o porquê? Não ficaram curiosos?

— Sim, ficaram, e é por isso que é bom ser o chefe vez por outra, e não precisar dar satisfação. Amanhã as fofocas correrão soltas, mas e daí? O que importa é que você está aqui, e está uma delícia.

Cassio abriu o champagne e serviu uma taça para Dominique pegando suavemente em sua mão.

Viraram cadeiras das mesas próximas e sentaram-se frente a frente. Dominique cruzou as pernas, deixando por cima, justamente a perna cuja fenda do vestido exibia gloriosamente.

Guilherme sorriu e perguntou.

— Por onde começamos? Você preparou alguma surpresinha para mim?

— Sim, muitas, pois você sabe que não brinco em serviço e justamente por isso, começaremos pelo meu pagamento. Negócios negócios…

— Sim, Dominique, você tem toda razão – disse guilherme levantando-se.

Caminhou até um armário, destrancou-o e de dentro pegou uma caixa grande, prateada, que parecia estar pesada.

Então esse é o volume que daquele dinheiro todo, pensou Dominique.

— Aqui está Ma Cherie. U$ 100.000,00

— Cem mil Dólares??????? – Gritou Dominique

— Não combinamos a moeda naquela noite, lembra? Você falou apenas 100.000, então me vi no direito de escolher a moeda, e para você, nada menos do que dólares minha querida.

Dominique pousou a pesada caixa na mesa ao seu lado e abriu a tampa. Seu sorriso esmaeceu.

-Cassio, o que é isso? Que dinheiro é esse? – Perguntou ela segurando um punhado de notas coloridas que poderiam ser tudo, mas jamais dólares.

— São 100.000 dólares liberianos. Como falei, não chegamos a combinar a moeda.

— Que brincadeira é essa? – disse ela se afastando- Quanto vale isso?

-Ma cherie, de que importa o valor? você não mprecisa, e estamos brincando.

-Não! Não! Quanto vale isso???

-Algo em torno de 200 dólares americanos. Você não tem ideia do trabalho que me deu achar dólares liberianos – Disse Cassio estourando na gargalhada.

Faltava o ar para Dominique.

Ela se afastava da caixa como se nela estivesse contido o mais tenebroso dos insultos. Olhou profunda e agressivamente para Cassio e disparou:

— Como pode você ser tão insensível? Como pode você ser tão estúpido? Quer dizer que eu não valho R$100.00,00? Eu não valho mais do que U$200,00? O que te levou a pensar que esse seria o meu valor, o meu preço?

-Ahhh, Dominique, sério que você achou que eu pagaria R$ 100.000,00 para uma transa com você?

No mesmo momento que falou, arrependeu-se mortalmente, entretanto já era tarde e tentou corrigir.

— Tudo isso não passa de uma brincadeira, transamos de graça, você não precisa desse dinheiro, e eu quis apenas dar um toque de humor a isso tudo.

— Que você me pagasse com notas do Banco Imobiliário, Cassio, mas jamais com um a moeda desvalorizada atribuindo-me assim um valor desmerecedor. O que você fez foi aviltante! Não, não preciso do dinheiro, nem você! Entretanto achei estarmos em um jogo de sedução, jamais imaginaria uma canalhice dessas. O que você pretendia? Me submeter? Me humilhar? Mostrar quão pouco eu valho perto de você? Ahhh Darling, sinto muito. Nada disso.

Cassio parecia, de fato, estar surpreso e confuso com a reação de Dominique sem saber como lidar com a situação.

Dominique pega sua clutch, e sai em direção a porta apressada, segurando o choro.

Cassio segura-a pelo braço.

-Não saia assim, fique para conversarmos.

Dominique olhou para ele com cara de nojo, desvencilhou-se num arranco, abrindo a porta para sair quase que correndo.

-Você veio de carro? Espera que eu te levo. Deixa eu pegar as chaves.

Dominique, apertava freneticamente o botão do elevador como se apertar mais de uma vez fosse acelerar a velocidade de sua chegada.

— Não precisa Cassio. Toda puta que se presa tem sua própria condução.

Finalmente quando o elevador chegou, ela entrou fazendo um sinal para que Cassio não a acompanhasse e antes que a porta se fechasse Dominique falou:

— Só volte a me procurar quando tiver U$100.000,00. Em dinheiro e a vista. Adeus.

XXXXXXXXX

Leia também : Recomeços aos 50 anos existem?

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

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Eliane Elias perfeita ao piano

Esta semana fui  assistir ao show da Eliane Elias aqui em Portugal. E se teve algo que me impressionou além de seu piano foi sua segurança e autoestima.

E por coincidência li ontem o post da nossa Dominique Eliane com a análise do texto que Luiz Fernando Veríssimo escreveu sobre egos envolvendo Picasso e seu quitandeiro. Talvez por conta da reflexão que aquela história me causou, prestei tanta atenção no comportamento da música. Se não leu o post ainda, leia agora (aqui) porque vou dar spoiler e o texto vale a pena.

Pois então, lá vemos que além de toda a importância já preconizada da tão famosa  autoestima, o que fica é que só nos dão valor quando nós mesmas nos valorizamos e principalmente nos gostamos.

Voltando ao tema principal de hoje que é Eliane Elias. Se você não tem ideia de quem seja essa jazzista brasileira, não se sinta mal ou desinformada. Apesar de brasileira, Eliane Elias fez toda sua carreira no exterior.

Pouco conhecida em sua terra natal, sabe-se lá porque, ela é um fenômeno da música instrumental e cantada no hemisfério norte.

O show foi no Centro Cultural de Belém. Ahhh o CCB merece que eu fale só dele em algum outro texto, pois é um complexo cultural que amo.

Comprei com muita antecedência pois sou chata. Se é para ir a show, tenho que sentar pertinho do artista. Vê-lo muito de perto bem como quase conseguir sentir seu perfume, porque senão vejo por dvd ou no youtube.

E colega, já fui a muito estádio. Assim sendo, nessa altura do campeonato quero um pouquinho de conforto.

Bem, voltando a autoestima e ao show em si.

Pontualmente, sim, pontualmente às 21h Eliane Elias entra no palco acompanhada de um contrabaixo e uma bateria. Usa um vestido justo, ligeiramente acima do joelho que brilha um pouco porque o palco pede brilho, né? Salto altíssimo e uma cabeleira loira digna das jovens e famosas blogueiras. Sim, cabelos longos, muito longos. Por que falo isso tudo? Porque Eliane Elias é uma Dominique nascida em 1960. E sem medo de ser feliz, ousa usar um vestido bem justo e relativamente curto em suas exuberantes curvas com suas madeixas que passam e muito da altura do ombro.

Eliane Elias Em Belém

Aí ela senta em seu banquinho a frente do piano e toca as primeiras notas. Pronto. Entendi tudo.

Fogo!! Ela toca com tanta facilidade que parece estar a  brincar. Chacoalha-se toda acompanhando, ou melhor, dançando enquanto toca.

Sabe o que é isso? Intimidade. E essa intimidade tão natural impressiona e seduz quem assiste.

Adoro quando o artista conversa com a platéia pois desse modo me parece que gera-se uma certa cumplicidade, sei lá. E a cada música Eliane conta uma histórinha saborosa ora sobre composição ora sobre os personagens envolvidos.

Quando Lili canta (permita-me assim chamá-la) ouvimos uma voz aveludada que talvez já tenhamos ouvido até melhores.

Não sei se ela percebe que cantar não é seu forte, mas age como se fosse Maria Callas.

Sem a menor cerimônia desfila os Grammys que ganhou. Entretanto faz questão de contar que o primeiro veio depois no  seu 25o disco e após 7 infrutíferas indicações.

Contou com muito orgulho, que aos 17 anos acompanhou em turnê Tom, Vinicius e toquinho.  E com muita naturalidade, como se fosse merecedora e naturalmente por consequência de seu talento conversar com estes mestres madrugada afora. Aiii que inveja!!! Bem, num desses papos, Tom confidenciou-lhe que o compositor que mais admirava no mundo era Dorival Cayme. Que não havia outro. Mas que por um capricho do próprio ídolo, compôs apenas 100 músicas. APENAS!!

Contou isso de maneira coquete aproveitando para emendar numa música de Caymmi, Morena Rosa. Neste momento ela se levanta para cantar em pé longe do piano, desfilando pelo palco.

Vi ali toda a segurança e autoestima daquela Dominique. Com sua mania de passar a mão na cabeleira, sambando discretamente e esbanja charme aproximando-se dos dois outros músicos.

E amigas, o mais giro é ver que Eliane Elias com aqueles quilinhos a mais próprios desta fase de vida das Dominiques, desfila com a certeza de que está muito gostosa. E olha..Tendo a concordar!!

Faz tanto charme para o menino baterista enquanto canta, que achei que era uma paquera. Vira-se para voltar para o piano, passando pelo grisalho músico do contra-baixo. Vê-se ali uma troca de olhares intensa e cúmplice. Óó raiossss! Como pode ser ela tão segura??

Assim que saí do teatro fui ler sua biografia. Descobri para minha surpresa, que ela é casada com um dos músicos que a acompanhava no palco aquela noite. E não é com o miúdo da bateria mas sim com o charmoso homem que sorriu para ela durante todo o espetáculo.

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Barbara Godinho

Sou uma Portuguesa meio tropicalizada. Moro em Lisboa, já fui curadora de museu e exposições. Hoje trabalho com turismo. Apaixonei-me pelo projeto Dominique e cá estou a colaborar.

1 Comentário
  1. CARA BARBARA GODINHO, PARABÉNS PELAS ACERTADAS OBSERVAÇÕESM EU QUE JÁ FUI MÚSICO QUANDO JOVEM, JUSTAMENTE NA ÉPOCA DA BOSSA NOVA (SOU
    CARIOCA – RIO DE JANEIRO) SÓ VIM SABER DA ELIANE ELIAS HÁ UNS DOIS ANOS). FIQUEI IMPRESSIONADO COM A DESENVOLTURA DA MOÇA, E A QUALIDADE MUSICAL DE SEUS GRUPOS, EMBORA SE SAIA BEM CANTANDO, NÃO É VERDADEIRAMENTE SEU FORTE. MAS, ELA SE COMPLETA BEM COM AS DEMAIS QUAIDADES, TUDO COMO A SRA. HOJE NÃO DEIXO DE APRECIAR QUASE DIARIAMENTE ALGUMAS DE SUAS OBRAS NO YOU TUBE.

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Sobre autoestima, ego, pretensão e bom humor.

Autoestima é sempre algo a ser perseguido. Principalmente depois que completamos 5 décadas, ela é essencial. Algumas pessoas a têm em bom patamar pois cultivaram durante uma vida. Outras nunca a tiveram e provavelmente nunca a acharão por mais que procurem.

Agora nós Dominiques, temos um trabalho extra pois além de recuperar nossa própria autoestima tão machucada, temos que ensinar o mundo a nos respeitar. Já falei um bocado sobre isso – veja aqui.

Assim sendo, deixa eu te contar uma historinha* que li há tempos sobre uma pessoa com autoestima colossal – Pablo Picasso.

Dizem que o Picasso nunca tinha dinheiro no bolso.

Quando ele terminava de jantar num restaurante, o dono aproximava-se da mesa com a nota, esperançoso, e perguntava se ele ia pagar ou assinar.

Picasso fazia uma mímica de procurar dinheiro nos bolsos, mas sempre acabava assinando a nota. O dono do restaurante mandava emoldurar e depois vendia como um Picasso autêntico, por muito mais, é claro, do que o valor do jantar. Entretanto se a comida estivesse especialmente boa ou se o seu grupo fosse grande, Picasso não assinava apenas a nota. Fazia um rápido desenho na toalha, que, depois, mesmo com as manchas de comida, passava a valer uma pequena fortuna. Ou então fazia uma rápida escultura com miolo de pão e palitos.

Quando precisava mandar buscar alguma coisa no armazém, Picasso rabiscava uma pomba ou uma odalisca num papel e dava para a empregada pagar a conta.

Certa vez, a empregada saiu para fazer o rancho levando um bico-de-pena razoavelmente bem acabado – a conta seria grande – e voltou com as compras e mais um horrível desenho feito em papel de embrulho e assinado embaixo pelo dono do armazém, Monsieur Pinot.

– O que é isso? – quis saber Picasso, segurando o papel com a ponta dos dedos.

É o troco – explicou a empregada.

Desse dia em diante, dizem, Picasso olhava com respeito, cada vez que passava pelo armazém de Monsieur Pinot. Tinha encontrado um ego maior que o seu.”

*Foi escrita por Luis Fernando Veríssimo e está no livro Comédia da Vida Pública – 1995, ed. L&PM

Adooooooro essa história, quer ela seja verdade, quer ela seja pura ficção.

Agora analisemos: Monsieur Pinot realmente achava que poderia desenhar algo do valor das obras de Picasso? Ou que uma obra dele não pagasse uma compra no mercadinho?

Claro que o ego de Monsieur Pinot e sua autocrítica sabiam que ele não era artista e passava longe de qualquer tipo de talento pictórico.

O que acontece é que o quitandeiro tinha autoestima suficiente para brincar com um mestre, considerado quase uma lenda viva.

E não. Isso não é pouca coisa. Poderia ser considerado arrogância, apesar de ter sido arrogante justamente quem subjugou a moeda de troca corrente, tomando como certo e aceitável o valor “superior”de um pedaço de papel.

Veja bem, o ato de M. Pinot nada teve de arrogante ou sem noção. Muito menos foi ele pretensioso embora até possa parecer. Ele usou uma das armas mais poderosas do universo que é inegavelmente o bom humor.

Acredito piamente que o bom humor é uma das maiores qualidades de uma pessoa da mesma forma que o bom senso.

A coragem de usar-se de humor com um homem como Picasso, veio sem dúvida alguma de uma autoestima muito bem lustrada e em dia.

E vou além. Quando você acha que Pablo Picasso prestaria atenção a Monsieur Pinot, da quitanda, tornando-se até eventualmente um amigo?

Veríssimo diz em seu texto que Picasso achou finalmente alguém com o ego maior que o seu. Mas sou obrigada a discordar. Porque não foi o tamanho do ego daquele homem simples da Cote D’Azure que cativou o ilustre pintor mas sim a sua autoestima .

Quem gosta de si próprio, sente-se merecedor do outro, seja ele quem for. No caso Pablo Picasso.

Entendeu?

autoestima Picasso

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Eliane Elias – Muita autoestima na vida e ao piano

Ao procurar um novo amor é preciso paquerar-se antes.

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

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Evite 5 atitudes que te fazem parecer mais velha

Eu sei que não é possível deter o tempo. Mas dá pra dar uma bela ajuda apenas com mudanças de hábitos e de atitudes. Eu diria que são medidas anti-envelhecimento que vão além da plástica, da academia e do uso de cosméticos.

É preciso abrir a mente para coisas novas, sem passar dos limites. A linha é tênue, meu bem! Mas eu consegui estabelecer as minhas medidas.

Quer saber quais são?

Fiz uma lista de 5 coisas que contribuem com esse propósito. Nunca é fácil no começo, mas depois a gente acostuma e nem se dá conta…

1 – Deixar de reclamar para sorrir!

As pessoas com semblante risonho parecem mais jovens. Além disso, o riso diminui o nível de cortisol, o hormônio do estresse. O sorriso, ainda que forçado, nos torna mais resistentes tanto ao estresse psicológico como físico. Essa é a razão pela qual quando nos divertimos parecemos rejuvenescidos. Agora, sendo Dominiques, levamos a vida com mais leveza. Já dá pra sorrir mais, hein?

2 – Praticar a postura elegante

Com o tempo, a tendência é caminhar curvada para frente, o que nos faz parecer uma vovozinha. Já quando caminhamos ereta, mantendo os ombros ligeiramente jogados para trás, até o nosso humor muda. E, vamos combinar que, bem-estar pessoal e otimismo são duas sensações que rejuvenescem de cara. Para uma postura impecável, abuse do Pilates.

3 – Ficar bonita sem sair do seu estilo

Adoro acompanhar a moda, mas sem a ditadura de segui-la ao pé da risca. Tem de acompanhar meu estilo e me fazer sentir bem. A roupa diz muito sobre nós! Por isso, eliminei peças com texturas extravagantes e materiais exóticos (como aquelas que parecem tecidos estofados). Envelhecem demais! O mesmo vale para roupas cheias de botões e bolsos e com um aspecto pesado.

A make é outra grande aliada, mas cuidado! O lápis preto na linha d’água em excesso, pode deixar o olhar pesado e intensificar a área das olheiras. Outro erro é fazer várias camadas de base que tenha alta cobertura alta, o que marca ainda mais as linhas de expressão.

Roupa e maquiagem adequadas fazem toda a diferença do mundo.

4 – Bom uso do tablet e celular

Pode usar sim, mas do jeito certo. Manter o pescoço torcido para olhar a tela piora rugas no queixo e no pescoço. Os segredos contra esses estragos? Não abusar desses equipamentos e consultá-los sempre segurando-os na altura dos olhos.

Já não dormimos tão bem, né? E a iluminação das telas prejudica ainda mais. Quem aqui não carrega o celular pra cama? Experimente deixá-lo longe por uma noite.  

5 – Ser Dominique do século 21

Aceitar que o mundo atual é diferente do passado. Os jovens vão trabalhar de cabelos coloridos e isso não os torna menos competentes. Em São Paulo já usam patinete pra se deslocar. Ter uma casa própria já não é o sonho de muitos, que hoje podem trabalhar pelo computador de qualquer lugar. Vamos abrir os olhos pro novo sem juízo de valores?

Então, que tal mudar algumas atitudes para melhorar sua imagem e autoestima?

Leia mais em Até na moda existem tabus?

Anti aging

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Mulherões, é assim que mulheres se descobrem ao posarem para um ensaio

Conheço muitas mulheres que são mulherões, mas que detestam aparecer em fotos. Outras que acreditam que o tempo bom já passou e que não devem mais ter imagens registradas.

Dominique - Fotos
Umas tiram fotos só do rosto, do corpo nem pensar. Por que temos ideias tão distorcidas de nós mesmas?

Só que justamente uma sessão de fotos vem transformando a vida de muitas mulheres e para melhor! Quem diria?

Conversei com a fotógrafa Chris Day, uma Dominique linda e superativa, que foi modelo e trabalhou em publicidade.

Em 2001, fez um estágio no jornal New York Post e presenciou os ataques terroristas, gerando palestras, exposições e um livro.

Em 2009, lançou seu segundo livro, “Europa”, com imagens em preto e branco de alguns países europeus, comercializadas em ampliações fine art para decoração e colecionadores.

Chris Day vem desenvolvendo o projeto “O Sagrado Feminino”, tema hoje que é seu foco fotográfico.

De modelo à fotógrafa, Chris se apaixonou pelas possibilidades da imagem no universo feminino.

Dominique - Fotos

Ela capta imagens de mulheres e suas fases, momentos, dores e desafios, sua espiritualidade e força, suas diferenças…tão iguais em seu studio.

Ser mulher é fazer parte da criação, ser guardiã da família e da espiritualidade, ser mulher.

É ser Mãe de todos, amando incondicionalmente, exercitando a compaixão e justiça.

Ser mulher é exaltar o Sagrado em todos nós!

Não só suas curvas e texturas, como o encantamento, tão difícil de registrar num primeiro momento.

Sim, num primeiro momento, porque na primeira conversa com a modelo/cliente, Chris tem a oportunidade de captar sua audácia, timidez, força ou sensualidade em cada um de seus movimentos, gestos, palavras…ferramentas que usa durante o ensaio fotográfico.

Esta conversa cria o vínculo de confiança, porque o ensaio “acontece” na medida da entrega, dela e da modelo, seja um ensaio ou um retrato.

A magia acontece quando fotógrafa e modelo entregam seus corações ao momento, quando a mulher se desnuda de seus desejos, medos, preconceitos, estando vestida ou não.

E a mágica está ali, fica registrada para sempre, na imagem e na memória.

A transformação acontece, a experiência registra a beleza, o amor próprio, o “se dar o direito de”.

Não é pouco dizer que a transformação acontece, que a mulher entende que deve ter mais momentos só para ela, que merece sentir-se bonita, cuidada, especial.

Ela vai crescendo à medida que vai apoderando-se do que muitas vezes deixou lá atrás, sua sensualidade, sorriso solto, sua melhor parte, o prazer de estar fazendo algo só para ela.

Estas mulheres percebem, muitas pela primeira vez, o quanto são verdadeiros mulherões.

A transformação acontece em ambos os lados.

Chris e sua irmã, Vanessa Ornelas, maquiadora e produtora, se envolvem de tal forma, que a emoção toma conta ao ver a modelo feliz, inteira, dona de si.

Algo acontece em meio a sombras, batons, flashes, lentes e câmera, saltos agulha e taças de champagne.

Chris é inserida numa dimensão à parte, como num sonho, realizada e feliz por estar contribuindo com seu trabalho para o reencontro de mulheres consigo mesmas.

Modelos, clientes queridas, que tornam-se amigas e cúmplices, no resgate do profundo

“Sagrado Feminino” e se dão conta que são mulherões com M maiúsculo.

Dominique - Fotos

Não é raro depois de verem suas fotos ou books prontos, as modelos/clientes entrarem em prantos.

Não se reconhecem, não acreditam que são “mulherões” que esbanjam sensualidade e charme.

Também não é raro que estes books sejam um ponto de virada para muitas destas mulheres.

Algumas se separam.

Para outras seus companheiros passaram a vê-las de outra forma, reacendendo a chama do relacionamento.

Outras mudam até de carreira.

É muito mais que uma sessão de fotos, sensual ou não.

É uma porta que se abre rumo ao desconhecido com infinitas possibilidades de se amar mais e acreditar mais em si mesma.

 

Fotos são um retrato da alma não acha? Que tal fazer uma sessão dessas e descobrir que você é um desses mulherões?

Leia Mais:

 

Liberdade foi o presente que ganhei de 50 anos.
Papo de mulher! Vamos falar de laser íntimo e rejuvenescimento?
Os 50 trazem de tudo, mas nada como a sensatez e a ousadia!

3 Comentários
  1. Ednalva disse:
    Seu comentário está aguardando moderação. Esta é uma pré-visualização, seu comentário ficará visível assim que for aprovado.
    Amei gostaria de fazer uma sessão de fotos tenho 54 anos
  2. Eu amaria fazer uma sessão de terapia fotográfica, mas moro em MT e imagino o quão caro deve ser.

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