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Lazzaro Felice – Italiano, inédito e premiado

Hoje comento o belo e instigante filme, Lazzaro Felice, vencedor do prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cannes deste ano. Já em exibição no Netflix antes mesmo de estrear nos cinemas brasileiros.

Poético e desconcertante, “Lazzaro Felice”é um dos grandes acontecimentos cinematográficos de 2018. Representa a Itália na disputa por uma vaga para Oscar de Melhor Filme Estrangeiro,

O longa-metragem assinado pela italiana Alice Rohrwacher,  retrata as relações de trabalho e poder no mundo contemporâneo, de forma idílica e perturbadora. Esteticamente intrigante, o longa não é apenas um espetáculo para os olhos. É uma verdadeira reflexão sobre o capitalismo, seus desvios e perversidades.

O personagem-título, vivido de forma sublime pelo estreante Adriano Tardiolo, é um garoto pobre e pouco inteligente, mas extremamente bondoso. Explorado pelos familiares, faz trabalhos forçados diariamente. Ainda colabora com a marquesa, proprietária das terras onde vivem, (numa região rural italiana) que também os explora em regime de escravidão como se vivessem na Idade Média. Mas tudo se passa em algum momento dos anos 1990, a julgar pela onipresente dance music dos aparelhos de walkman. No entanto após um acontecimento, Lazzaro retorna à vida no século XXI.

Lazzaro Felice não compreende mais a lógica desse mundo, mas pretende reencontrar sua família e viver como antigamente.

Economizando nas expressões faciais, ele consegue uma performance mais corporal. Entrega-se inteiro para convencer como um sujeito que pode ser confundido com um tolo, guarde em si uma bondade que ninguém pode tirar. E apesar dos dissabores diários, ele ainda consegue sorrir e ser otimista.

Lazzaro gosta de deixar as pessoas felizes. Mesmo que isso não lhe traga qualquer benefício, a não ser ver um sorriso estampado no rosto delas. Por Isso faz que as pessoas o explorem. Ai temos uma batalha velada da maldade humana contra a bondade da alma de Lazzaro e isso é muito bem representado aqui.

Lazzaro com sua ingenuidade e servidão, é o fio condutor de um registro das mudanças sociais e econômicas de uma Itália em permanente convulsão.

Um filme de arte, construído com cuidado, com atuações acima da média, e que traz uma profunda reflexão. Quando não às lágrimas, mas que, ao fim deixa a nossa alma leve.

Trailer de Lazzaro Felice

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Maria Callas – Em Suas Próprias Palavras

Hoje não posso deixar de indicar o filme, Maria Callas – Em Suas Próprias Palavras, que teve sua estréia semana passada nos cinemas, filme lindo, emocionante, e obrigatório. 

Maria Callas nasceu em 1923 na cidade de New York, numa família de imigrantes gregos. Incentivada pela mãe a desenvolver os talentos artísticos desde cedo Callas foi logo reconhecida internacionalmente. Foi considerada a maior celebridade da ópera do século XX e a maior cantora de todos os tempos.

Dirigido pelo estreante Tom Volf, o documentário Maria by Callas (título original) já inicia com uma fala maravilhosa da cantora.

– Cantar é uma tentativa de subir aos céus.

A vida de Maria Callas foi cercada de polêmicas, amores, frustrações, cobranças do público e da crítica. A maneira encontrada pelo documentário para abordar isso foi montar o filme todo por meio das palavras da própria Callas.  Aliás, como revela o título em português.

O filme de Tom Volf tem qualidades intrínsecas. Quando não ouvimos a própria Callas, a atriz Fanny Ardant, que já fez o papel da cantora num filme dirigido por Franco Zefirelli, ou a também cantora lírica da atualidade, Joyce DiDonato, leem trechos de correspondência íntima de Maria (bem mais do que de “LaCallas”) para pessoas amigas. Às vezes tão famosas como ela como Grace Kelly. Outras vezes para pessoas amigas fora do circuito público do high society da época.

O conflito entre a vida artística tão exigente e a vida pessoal e familiar que não se realizaram nunca em plenitude é o que está na base da abordagem do filme. Maria tem que levar Callas para sempre. Compromete  sua intimidade e suas pretensões a uma vida simples e comum. A celebridade engole a pessoa.

Situações de estresse, de uma grande depressão, entre outros fatos íntimos que acometeram sua carreira, são muito bem ilustrados no documentário. O longa enfoca a personalidade de Callas e sua maneira de pensar sobre a vida.

A partir de entrevistas, do vasto e belíssimo material de arquivo, das filmagens pessoais e cartas íntimas, a vida e a carreira de Maria Callas são reconstituídas.

Além de excepcional cantora, Maria Callas também boa atriz. Condição esta, indispensável para o seu retumbante êxito na ópera. Trabalhou para ninguém menos que Pier Paolo Pasolini em Medeia, por exemplo. Mas a difusão do canto lírico para diversas gerações – venceu tudo. Já próxima da precoce morte, aos 53 anos, Callas buscava, mais uma vez, retornar aos palcos, lugar onde se sentia em casa.

Callas, se naturaliza grega por conta de seu envolvimento amoroso com Aristoteles Onassis. Apesar de provocar grande decepção e frustração, acabou resistindo, como forte amizade até a morte dele. Segundo o que se vê no filme o papel Maria Callas na vida de Onassis foi muito mais forte do que o de Jacqueline Kennedy. E o de Onassis para Callas, total e arrasador.

O filme de Tom Volf emociona, ao resgatar essa bela história, e ao nos apresentar maravilhosas performances musicais da grande diva.

A arte e a beleza são fascinantes para quem desenvolve a sensibilidade para apreciá-las.

Imperdível!

Aqui fica a dica.

Trailer:

2 Comentários
  1. Henrique,desculpa estar respondendo para vc só agora.Adorei seu comentário,. Vc eh realmente um leitor antológico! Valeu!!!

  2. Elzinha, o documentário é exemplar! A vida da diva qdo começa a decair ele põe una música sem voz… etc. As falas dela são qse tdas inéditas. Ma ra vi lho so!!!!

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Torne-se uma expert em digital com essas 6 dicas!

Você está online o dia todo. Provavelmente circulou a maior parte do tempo entre o seu e-mail e as suas redes sociais. Quando precisa usar alguma ferramenta diferente, pronto! Não sabe qual pode ajudar e nem pra quem perguntar. É assim com você também? Por isso fizemos essa listinha de 6 sites com serviços e ferramentas super úteis e o melhor, gratuitos.

Vamos lá:

Ferramentas do Google: Você já deve ter ouvido falar do Google Drive. É possível gravar imagens e compartilhar com outras pessoas. Mas conhece todo o potencial da ferramenta? Com o e-mail do Google você não precisa mais ter programas como Word, Power Point ou Excel, por exemplo. As versões do Google Drive são gratuitas e se chamam Documentos, Apresentações e Planilhas. Essas são apenas as básicas. Há, ainda, Desenhos e Formulários. Você acessa o seu Drive no canto direito da página, num ícone com nove quadradinhos, perto da sua foto.

PowTon – Quer elevar as suas apresentações profissionais a um outro nível? Esse é o site que vai te ajudar a montar slides de forma criativa, usando inclusive interatividade e até animações. Super simples pra mexer, você pode fazer a inscrição usando o login social (seu perfil de rede social). O site já disponibiliza alguns templates prontos, que você pode customizar como quiser. Essa dica vale a pena salvar em seu favoritos.

Typeform – O Google Drive oferece uma versão simples de formulário. Mas você pode criar um formulário ainda mais profissional e lindo, que vai parecer ter sido programado especialmente para a sua pesquisa. A ferramenta para construir um formulário criativo é o Typeform. E o melhor, é super fácil de usar. Com uma conta ativa você pode usar os templates disponíveis ou criar do zero uma pesquisa. É bastante intuitivo, não precisa ser PHD pra usar a ferramenta. Você pode conferir.

Freepik – Quer usar uma imagem ou um desenho lindo em seu site ou apresentação. Pois saiba que copiar qualquer imagem do Google pode infringir os direitos autorais de alguém. Mas não se preocupe. O Freepik é um banco de imagens gratuito, com milhares de fotos e desenhos que você pode baixar sem problemas. O site fornece também arquivos em vetor ou .psd, que são arquivos profissionais de imagens. Em alguns casos, é preciso apenas indicar o autor da imagem.

IMDB – Internet Movie Data Base ou Banco de dados sobre cinema na internet é “O” site para quem ama cinema ou televisão e quer saber mais sobre as produções e os artistas. O site reúne dezenas de dados, como imagens, vídeos, artistas, história, prêmios, curiosidades, popularidade e muito mais. O aplicativo do celular ainda mais fácil de ser usado. É essencial quando você assiste a um filme ou série e quer tirar aquela dúvida na hora sobre qualquer informação.

Canva – Quer criar uma imagem especial para o Facebook ou Instagram ou um folheto? O Canva é a ferramenta que vai fazer você se sentir como um diretor de arte. Ele possibilita criar vários outros formatos de imagens, como capa de facebook, currículo, papel timbrado, certificado, capa de livro, infográfico… ufa! Você precisa entrar para verificar tudo o que é possível criar nessa ferramenta. Muito fácil e intuitivo de usar. Você pode personalizar todas as suas criações a um nível profissional.

Todas as indicações são de ferramentas fáceis e simples de serem usadas. Não é preciso ser um expert em internet, viu. Basta gastar um tempinho mexendo para descobrir como usar e pronto. Aos poucos, você vai ganhando domínio sobre a aplicação e fazendo criações ainda mais produzidas.

Imagem: Designed by Freepik

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Beleza Americana – Drama reflexivo, critica o “american way of life”

Quem nunca assistiu “Beleza Americana”?  Se você não assistiu, trata-se de uma grande produção que levou cinco  Oscars, incluindo a de Melhor Filme em 2000.

Beleza Americana vale a pena ser visto e re-visto, e digamos que é quase obrigatório. Abordando temas polêmicos, o filme dá espaço às diversas interpretações. Essa é uma característica que difere os bons filmes dos ótimos.

Em 1999 quando estreou, o longa tomou o mundo da sétima arte de assalto, e até hoje, quase vinte anos depois, continua incrivelmente atemporal.

Dirigido por Sam Mendes, o longa narra o cotidiano do casal Carolyn e Lester Burnham, que vive, aparentemente sem problemas conjugais morando em uma bela casa, e com ótima vizinhança. Porém, Lester não se sente feliz, e cada vez mais se afunda em depressão. Ele enxerga as coisas mudarem quando conhece Angela Hayes, uma atraente adolescente, amiga de sua filha. A partir desse momento, ele sente que pode mudar sua vida.

A fotografia e enquadramentos de Mendes que insistentemente evidenciam a presença de rosas no ambiente em que passam algumas seqüências, não se tratam de simples rosas, porém de “american beauties”. Tanto no nome original do filme, quanto em sua literal tradução nacional, a “american beauty” é a variação de uma rosa muito comum nos Estados Unidos, visualmente perfeita, sem cheiro e sem espinhos.

A sutileza com que Mendes as apresenta faz um paralelo com as famílias de classe média americana que protagonizam sua história e que, aparentemente perfeitas com suas belas casas, carros e sorrisos, são emocionalmente e evidentemente vazias.

A imagem do “modo de vida americano” que é importada para outros países como forma eficaz e feliz de se viver é quebrada e desmascarada nesse enredo intrigante.

A crítica social em torno da superficialidade da classe média americana é a base central do roteiro.

Isso não é nenhuma novidade para nós, mas o mérito está na maneira como foi elaborada esta idéia, e de como esta foi transmitida para o público. Isso sim foi o que fez a diferença nos distintos lances de ver o “american way of life”.

O filme possui um humor cínico, sarcástico, eleva um suspense clichê, porém, interessante e cômico. Seu nível de drama transcende ao espírito sentimentalista. Chegamos a

ter nojo dos personagens e ao mesmo tempo nos compadecemos dessa vida miserável de cada um.

O que falar das interpretações? O ar irônico dado ao personagem de Lester, não poderia ser melhor. Parece que só Kevin Spacey possui essa tática de ser dramático e irônico ao mesmo tempo. Ele sem dúvida é um dos melhores atores da atualidade nesse gênero de filme.

O roteiro expôs as loucuras da vida pós-moderna de um país cheio de ilusões de uma maneira sutil e ao mesmo tempo descarada para o restante do mundo.

Muito explorado, e muito bem interpretado, American Beauty, não é somente um filme para ganhar premiações. É especial principalmente pela pluralidade de sensações dada ao expectador durante cada cena.

Instigante, dramático e reflexivo.

Amo esse filme!

Aqui fica a dica!

Trailer:

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A despensa de minha avó

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Gaga – O Amor pela Dança

O Amor pela Dança – A Linguagem da dança contemporânea redefinida.

 ”Gaga – O Amor pela Dança”, um documentário esteticamente lindo, rico de material de pesquisa.  Mesmo seu personagem sendo pouco conhecido do grande público. Gente bonita dançando, música boa, segredos de bastidores, um coreógrafo polêmico e arredio a entrevistas.
Gaga – O Amor Pela Dança já tinha tudo para dar certo entre os amantes da arte do movimento, e mesmo assim ainda entrega muito mais.

O diretor Tomer Heymann apresenta Ohad Naharin, o renomado coreógrafo e diretor artístico da Companhia de Dança Batsheva, de Israel, um dos mais importantes do mundo que redefiniu a linguagem da dança contemporânea.

O documentário é uma imersão no processo criativo da companhia por trás de suas apresentações únicas e um olhar sobre a fascinante história do artista de 60 anos, também conhecido como Mr. Gaga.

Mesclando imagens das apresentações coreografadas, imagens dele dançando, entrevistas, imagens de acervo, e o uso de sua própria voz in off, o documentário busca fazer um panorama do que foi e ainda é a dança na vida do coreógrafo e como ela repercutiu ao longo dos anos pelo mundo.

Com passagens belíssimas de vídeos de alguns de seus espetáculos, o filme traz um aspecto poético que consegue transmitir toda a sensibilidade presente na vida do artista.

Gaga – O Amor Pela Dança

Naharin inventou sua própria linguagem para se expressar com o corpo e,  consequentemente a denominou de “Gaga”.

A técnica Gaga é uma série de desafios propostos ao bailarino para que ele “ouça” seu corpo, entenda tensões e limites. É um jogo entre esforço e prazer, improvisando a partir disso.

É um privilégio testemunhar o processo de sua criação. A obsessão por atingir o sublime. A dramaticidade intrínseca às coreografias,  àquelas que ecoam episódios reais, o profissionalismo em constante relação com a emoção. Tudo é capturado com paixão pelo diretor.

As verdades e mentiras contadas por Naharin sobre sua vida são entremeadas por cenas de suas famosas coreografias e imagens de arquivo da infância no Kibutz, dos anos de serviço militar, das aulas de balé ao lado de Rudolf Nureyev em Nova York.

 

O diretor dá asas ao bailarino que supostamente esnobou Martha Graham e Maurice Béjart. Ele tirou a primeira bailarina do coreógrafo americano Alvin Ailey, Mari Kajwara, com quem se casou.  O amor e a colaboração estreita com a companheira Mari oferece um bonito tom romântico ao documentário. As imagens do casal dançando juntos são tão bonitas que justificam qualquer história.

Gaga – O Amor Pela Dança é uma produção que vai maravilhar os amantes do gênero.  Vale como oportunidade de conhecer uma figura que revolucionou a arte da dança.    Desperta admiração dos profissionais dessa área ao redor do mundo.

Lindo demais!

Aqui fica a dica!

 

Veja Também:

Dançar faz muito bem

A Arte de Georgia  O’Keeffe

 

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