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Uma Janela para o Amor – Uma celebração do amor

Dominique - Uma Janela para o Amor
Hoje comento e recomendo para você assistir nesse feriadão, o lindo filme baseado no livro de E.M.Foster, Uma Janela para o Amor, dirigido por James Ivory, disponível na Netflix.

A Room with a View, nome original, fez um enorme sucesso, chegando a receber sete indicações ao Oscar® e levando três estatuetas (Roteiro Adaptado, Figurino e Direção de Arte).

No início do século XX, Lucy Honeychurch, uma jovem e nobre inglesa, fez sua primeira viagem à Florença acompanhada de sua prima, Charlotte Bartlett. Hospedadas numa pensão, conhecem uma série de curiosos personagens, entre eles um velho advogado, Mr. Emerson, e seu filho, o excêntrico George. Nasce um grande amor entre Lucy e George. Ao retornar para a Inglaterra ela terá que se decidir se casa com Cecil Vyse ou segue com sua crescente atração.

Uma Janela para o Amor é um romance clássico que num primeiro momento se encaixa nos moldes de uma comédia romântica, mas que se mostra mais profundo do que isso com suas metáforas e simbolismos que funcionam nos mais diversos níveis.

Ao longo da história, Lucy passa por uma série de transformações que vão alterando a percepção que tem de si mesma e, mais ainda, da sociedade que a cerca. Aprende a questionar algumas convenções empregadas e se vê tomada por um forte desejo de independência, tanto que ao se ver no centro de um triângulo amoroso, pensa em não ficar nem com um, nem com o outro.

Dominique - Uma Janela para o Amor

E.M.Foster, através de situações mais corriqueiras, brinca com a etiqueta exagerada do britânico do começo do século XX, com a vulgaridade campestre versus o exagerado decoro urbano, com filosofia e religião, além de algumas insinuações de cunho mais sexual, usando em diversas dessas passagens um tom irônico e direto.

O filme tem saídas deliciosas, roteiro econômico e pulos no tempo permeados por legendas que suspendem mistérios. O problema não pertence aos outros. Está dentro dos personagens. Um belo exemplar de sentimentos, de labirintos internos.

Para Lucy, de sentimentos presos e prestes a explodir, entregar-se a George significa deixar o amor vencer a barreira que se impõe na luta entre os sexos. Ela quer ser uma mulher forte, mais forte do que ele, resolvida e talvez independente. Amar é uma saída à liberdade, não à servidão. Com delicadeza, graça e até ousadia.

A estrutura da obra é impecável. Ivory faz questão de tornar os lugares em personagens importantes da trama, criando planos admiráveis, especialmente na Itália, contrastando com eles o fulgor simples da juventude, a descoberta dos desejos, do corpo e do amor com a frieza e aparente eternidade da cidade.

Planos rápidos em estátuas, monumentos e obras arquitetônicas dão um contexto rico, destacam o espaço e quase oprimem os personagens diante de sua resistência e grandeza, enquanto homens e mulheres estão sujeitos a paixões que se resolvem de diversas formas no decorrer do filme.

O trabalho de pesquisa para os figurinos e a direção de arte, ambas agraciadas com o Oscar®, também excelentes.

[fve]https://youtu.be/eIzcNVZKWdE[/fve]

Sem sombra de dúvida Uma Janela para o Amor é uma adaptação belíssima, bem fiel ao livro.

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O mistério do Assassinato no Expresso do Oriente

Dominique - Assassinato
Baseado no livro, (clássico do suspense), o mais famoso de Agatha Christie, Assassinato no Expresso do Oriente é dirigido e protagonizado por Kenneth Branagh que dá vida ao famoso detetive Hercule Poirot.

Após a Bíblia e Shakespeare, Agatha Christie segue sendo a autora mais editada do mundo. Agatha morreu em 1976, aclamada como a dama do mistério e ainda é muito bom lê-la. Agatha não foi uma das maiores romancistas de sua geração, seu intuito era outro: o entretenimento puro e simples, de apelo popular.

Kenneth Branagh seguiu no longa com uma das características mais marcantes de seus projetos que é ser fiel à obra original. Branagh inovou com uma eficiente linguagem cinematográfica.

A versão literária se passa quase que inteiramente dentro de um trem. A rigor, um assassinato acontece no percurso da viagem do Expresso do Oriente. Impossibilitados de seguir o caminho por conta de uma avalanche que bloqueia os trilhos, cabe ao detetive Poirot interrogar os doze passageiros para tentar chegar a um veredicto sobre o responsável pelo crime.

Com o desenrolar da investigação, novos detalhes aparecem e revelam que há uma história maior por trás do que ocorreu naquele trem. Tudo é calculado para que o público se sinta dentro da história. Tudo é mostrado com um belo visual de cenas externas,  design de produção caprichado e ângulos de câmera muito bem planejados por Branagh.

A trilha sonora de Patrick Doyle é bonita e certeira ao aumentar o suspense sobre o que realmente aconteceu na cabine do trem. Exatamente por ser tão presente, a ausência da trilha também é marcante: o silêncio pontua os momentos de reflexão de Poirot sobre o crime.

Dominique - Assassinato

O elenco estelar conta com nomes de peso como Judi Dench, Michelle Pheifer, Penélope Cruz, Josh Gad, Jhonny Depp, Kenneth Branagh, entre outros.

A mise-en-scène do ato final, além de divertida e genial brincadeira fotográfica com um conhecido quadro de Leonardo da Vinci – A Última Ceia que representa a última ceia de Jesus com os apóstolos antes de ser preso e crucificado, é demais! Preste atenção! São muitos os detalhes que fazem do filme um programa atraente.

A história do filme continua forte. Densa! Um morto no trem, doze suspeitos. Quem matou? Por que? Mesmo sabendo você vai ficar balançada.

Agora é esperar ansiosamente pela sequência que deve mostrar Poirot com seu famoso bigode investigando uma morte no Rio Nilo.

Se você puder, vale a pena ver no cinema conferir Assassinato no Expresso do Oriente.

Assista ao trailer:

[fve]https://youtu.be/w3hokM1cosI[/fve]

Leia mais:

Algo de Novo – a história de duas amigas inseparáveis
Victoria e Abdul: a amizade da rainha com seu confidente

 

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Victoria e Abdul: a amizade da rainha com seu confidente

Dominque - Victoria e Abdul
O filme que indico e comento hoje é Victoria e Abdul.

Aos 82 anos, Judi Dench volta a interpretar a rainha Victoria em um longa que trata da polêmica relação da soberba monarca com seu fiel e adorado serviçal Abdul, indiano e muçulmano, que se torna seu “munshi”, termo indiano para designar professor.

Judi Dench revive o papel da monarca que reinou durante 63 anos a Inglaterra e uma população de quase 1 bilhão de súditos de seu império ao longo do século 19.

O roteiro adaptado por Lee Hall, baseado no livro de Shrabani Basu, que por sua vez pega como fonte os diários do verdadeiro Abdul (descobertos muito tempo depois, exatamente em 2010), é seguro, não apresenta surpresas, uma produção agradável, leve e correta.

Victoria e Abdul faz uma edificante narrativa de amizade, em que seres tão diferentes, pela sua geografia e pela sua condição social, conseguem se identificar. Essa com certeza é a maior força do longa. Essa interação entre seres opostos ou como um mero servo pode compreender aquela mulher no trono muito melhor que seus familiares. Essa relação afetiva é emocionante e faz com que o longa conquiste a atenção do público.

A história da amizade da rainha da Inglaterra, Victoria, e do jovem indiano Abdul Karim, acontece nas circunstâncias mais improváveis e se desenvolve devido à carência da soberana com a espiritualidade de Karim, que os torna indispensáveis um para o outro, chegando a incomodar a monarquia.

A monarca já vivia de luto pela perda de seu amado marido Albert e de seu filho mais novo e mesmo assim seguia com o fardo de seu reinado e poucas motivações para ser feliz. A ousadia de Abdul trouxe de volta a alegria de viver, em razão de sua história interessante, uma injeção de cultura diária e muita harmonia, fazendo com que a rainha quisesse ficar próxima dele, mesmo que isso lhe custasse enfrentar a alta nobreza. Odiado por todo escalão britânico, Abdul, mesmo assim, foi um sopro de juventude para a rainha.

Um fato curioso é que apesar de rainha, Victoria era também Imperatriz da Índia, mas pouco conhecia sobre o país, portanto, o indiano Abdul (Ali Fazal) vai lhe apresentando sua cultura e desenvolvendo um belo trabalho com a sua interpretação carregada de carisma, empatia e emoção.

A direção de arte tem uma composição ótima de cenários e ambientações que nos levam até essa época em questão. Além disso, há um cuidado pela elaboração de seus figurinos, tanto para o elenco principal, quanto para os figurantes que compõem a história, sabendo respeitar o estilo das roupas indianas, o luto da rainha, sempre de preto, tendo atenção até mesmo na viagem para a Escócia, onde vemos um visual característico do local.

Na fotografia está um dos grandes acertos do filme, pois além dos planos gerais cheios de detalhes para trabalhar toda essa estrutura por onde se passa a trama, usam-se planos fechados, quando necessário, conseguindo captar as emoções dos personagens.

Victoria e Abdul é um filme dirigido por Stephen Frears (do ótimo “A Rainha”) vem em bom momento: em plenas comemorações dos 70 anos da independência da Índia e depois da descoberta dos diários que Victoria escreveu em urdu (idioma indiano) e das correspondências de Karim, conservadas por um sobrinho neto. Quando a monarca morreu, seu filho, o rei Eduardo 7º, despachou o serviçal de volta à Índia e queimou todos os vestígios da relação dos dois.

Há uma bela química entre a dupla de protagonistas, acreditamos no carinho, curiosidade e motivação dos personagens. Fazal enfrenta uma tarefa difícil: Abdul é um apaixonado pela vida e ensina que as pessoas vivem para servir. É isso que o torna cativante, mas transmitir isso além do texto não é fácil.

Interessante observar que Fazal pronuncia pausadamente as palavras, como se pensasse muito antes do que fosse falar e como se não dominasse a língua inglesa, dando verossimilhança à atuação. Judi abdicou de qualquer vaidade para o papel (sem maquiagem e usando enchimentos para reproduzir a corpulência de Victoria) está como sempre fantástica!

Em síntese, a dupla principal faz um trabalho muito bom com fascínio.

O filme traz um humor interessante em sua narrativa com os personagens misturando drama, sarcasmo e autocrítica e, além disso, é muito espirituoso.

Vale a pena ir ao cinema para assistir a incrível produção de Victoria e Abdul.

God save the Queen!!!

[fve]https://youtu.be/e9x7GDeA6ok[/fve]

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