Tag: Memórias

Marron-Glacê – A Receita da minha avó

Tenho pensado muito na vovó. Lembrado de nossas histórias. Outro dia estava escrevendo sobre a lenda de São Martinho e sua relação com castanhas portuguesas, e adivinha? Lembrei de quando minha avó fazia em casa Marron-glacê para o ano todo na época de natal.

Marron-Glace
Receita de Marron-Glacê de minha avó. Escrita por ela em seu sagrado e organizado caderninho.

Minhas amigas Dominiques gostaram do texto e das receitas. Mas algumas, para minha surpresa, pediram a receita da vovó.

Fui procurar e achei. Com a letrinha dela, com as observações, e até o desenho de como amarrar as castanhas na gaze. 

Colega, essa época já é punk. Imagina esse reencontro com o caderno da vovó? Nossa, como me lembro dele. Na verdade deles. Ficavam todos em uma gaveta, embaixo da bancada de trabalho na cozinha. Os de capa azul eram os para receitas salgadas. Os verdes para doces. Ou vice-versa. 

Acho que já contei que quando era pequena, dormia todos ou quase todos os finais de semana com ela. E domingo de manhã, preparávamos o almoço da família. Quer dizer, eu com 4,5,6,7,8 anos era sua “auxiliar”. Tinha um banquinho de madeira em que subia para alcançar a bancada. E lá, do alto do meu banquinho, recebia minhas tarefas. E a primeira delas sempre era pegar o caderno.  

  • Ayouni, pega o caderno azul.  Hoje vamos fazer Salpicão que seu tio adora.    E lá ia a vovó fazer a maionese em casa!!! Sério!! 
Que delícia está sendo lembrar desses momentos. Mas bem, vamos ao Marrom Glacé.

Menina.. Jura que você quer fazer em casa??? Você tem ideia do trabalho? Quando achei a receita, comecei a ler. Reli porque achei que não tinha entendido. Mas não. É isso mesmo. São diaaaaaassssss….

Há 50 anos até entendo ela fazer. Hoje só pode ser em amor a castanha ou ao fogão né?

Mas você pediu e aqui está. 

Receita de Marron-Glacê da vovó Helena

Ingredientes:

  • 6 Kg de castanhas (yesssss…ela fazia para dar de presente e para ter de estoque em casa durante o ano)
  • 6 kg de açúcar (quem disse que era light?)
  • Lascas de erva doce
  • 2 Limões cortados em 4 – um para cada caldeirão – (isso, você leu certo. caldeirão)
  • Duas favas de baunilha
  • Rolos de gaze e barbante

Modo de fazer:

Descascam-se as castanhas que devem ser grandes e frescas.

Num caldeirão colocar água para ferver com um pedaço de limão. Mergulhar as castanhas na agua fervente de 6 em 6 para não deixar a agua esfriar e conseguir controlar esse rápido cozimento. (é minha linda, O trabalho só começou. De 6 em seis!!!!

Em seguida, ainda quentes, tirar com delicadeza a pele das castanhas.

Depois de todas já sem pele, embrulhamos em gaze duas a duas. 

Colocar os pacotinhos nos caldeirões e cobrir com água já fervendo. Deixar cozinhando no fogo baixo por 2 horas. 

  • Dia 1. Assim que completar o tempo indicado acrescentar o açúcar, e cozinhar por mais 90 minutos. Nos primeiros 20 minutos  fogo forte e depois fogo baixo. Sempre fervendo. Neste momento juntar as favas e lascas de baunilha que também deverão estar num saquinho de gaze. Completados os 90 minutos desligar o fogo, tampar a panela e deixar descansar por 12 horas.
  • Dia 2. Após 12 horas de descanso, cozinhar por mais 90 minutos. No começo fogo alto e depois baixo, mas sempre fervendo. Completados os 90 minutos desligar o fogo, tampar a panela e deixar descansar por 12 horas.
  • Dia 3. Gataaaaa….Vai repetir o procedimento de novo. Sério. Após 12 horas de descanso, cozinhar por mais 90 minutos. No começo fogo alto e depois baixo, mas sempre fervendo. Completados os 90 minutos desligar o fogo. 
Deixe esfriar. Tire a gaze com muiiiito cuidado para não quebrar as castanhas. Essa é uma operação realmente delicada.

Aí é só colocar em potes esterilizados. Você sabe esterilizar potes? Ahhhha vovó sabia. Tá na receita. 

Mas sabe o que eu acho? Você não precisa fazer 6 kgs . Faz um kg só. E come no dia, ou no dia seguinte. E depois se der certo, faz mais um kg. Porque fazer o próprio Marron-glacê é mesmo um luxo!!

Eu infelizmente, não tenho a habilidade necessária. E apesar de ter sido “assistente”da vovó fui uma péssima aluna. Se por acaso você experimentar a receita, me conta como ficou? Vai me fazer tão feliz….


Você conhece a história do Marron-glacê? Veja aqui

Dica da Dominique:  se você ama Marron-Glacê e não está afim de ter essa  trabalheira, a Dora, minha amiga faz o melhor Marron (para os íntimos) que já comi. Vou pedir para ela deixar o e-mail dela nos comentários. 

Marron-Glacê
Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

19 Comentários
  1. Muito obrigada por compartilhar a receita da sua avó! Vou ver se consigo fazer pelo menos 1Kg. Não sou muito boa na cozinha hahahaha.

    1. Olá,adoro marrom glacê, gostaria de comprar, é um pouco complicado pra eu fazer.
      Pode me passar o valor por Lilo?

  2. Muito obrigada por compartilhar uma receita tão nobre de sua família. Deus abençoe você.

  3. Tem que dar trabalho mesmo pra fazer, pq um marrom glacé é uma iguaria ímpar, um carinho na alma!!! Parabéns a quem se propõe a ele!!

      1. Celina disse:
        Seu comentário está aguardando moderação. Esta é uma pré-visualização, seu comentário ficará visível assim que for aprovado.
        Olá,minha receita é exatamente essa. Todo Natal ,à partir de outubro, já abro minha lista de reservas ,porque a produção é limitada,pelo tempo e trabalho. Quem se interessar me ligue. WhatsApp 11981752522 Obrigada
  4. Minha tia também fazia o marrom glacê a receita dela veio da Itália,ela passou pra mim a nossa é quase igual só que leva cinco dias para ficar pronta minha tia morreu com noventa e três anos e ainda fazia é muito gostoso.

  5. Yaouni Eliane , essa é mesma receita que fazemos a 40 anos !! Sempre com a supervisão de minha mâe, que aprendeu com minha avó que era muito amiga da sua avó D Helena
    D Helena sempre me foi muito especial, mulher de fibra e de um capricho ímpar
    Deixo aqui meu contato para as Dominique’s 99185 2144 ❤️❤️❤️❤️

    1. Ola pessoal !
      Afinal não entendi se tem alguém que faz os marrons para vender … queria muito ! Obrigada

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Envelhecer pode ser um barato!

Por: Cibele Hatoum

Em 19 de setembro a minha tia Margarida fez 93 anos. Fui dar um beijinho nela, como sempre, ver meus primos e a Neia (que trabalha lá tem décadas e diria que é a sua filha número três). Fui tomar aquele cafezinho, que eu nunca dispenso, como também o papo bom que ele provoca.

Olhando minha tia ali, sorridente, serena, feliz, indo e vindo em seus lapsos de memória, nos comentários que nos remetem a um passado tão gostoso ou nos fazem rir pela inocência que só o tempo devolve, eu pensei:

– Uau! Tá passando rápido demais!

Tia Margarida foi (e ainda é) uma das mulheres mais bonitas que eu já conheci. Figura imponente, classuda, vaidosa, sempre impecável com seus cabelos, unhas, maquiagem e perfume.

Ela, como minha mãe e as outras tias, era de uma geração em que o cuidado pessoal era automático, até o seu chinelinho de ficar em casa tinha um saltinho! Mas isso não a fazia frágil, tampouco fútil. De maneira alguma.

Viúva muito cedo, com dois filhos pequenos pra criar, a mulher que nasceu na década de 1920 e foi criada pra ser esposa foi muito mais que isso. Em um tempo que isso era bem incomum, tia Margarida e tia Minerva fizeram faculdade. Mulheres maduras, no final dos anos 70, não tinham essa pegada. Mas elas iam. Juntas! 

Orgulhosas e com um queixo tão empinado que muitos despreparados poderiam confundir com “metideza”, essa forma que encontraram de enfrentar o preconceito e a estranheza, era como encaravam a timidez em meio a tantos jovens numa cidadezinha na época com pouco mais de 20 mil habitantes… Elas “invadiam a praia” da moçada.

Estudaram, se formaram e se aposentaram como professoras de desenho. Elas eram fortes demais. Todas elas, cada uma a sua maneira. Mas hoje dedico minha lembrança a ela. A tia Margarida. A que cultivou com minha mãe a amizade mais sólida e cúmplice que já vi em uma existência inteira.
A que enfrentou suas limitações e sem se dar conta, se fortaleceu através das dificuldades, e principalmente, da sua suposta fragilidade.

Hoje, ela encanta com a doçura e a meiguice despretensiosa que a idade traz, talvez características da doença, mas isso pouco importa porque ela só quer dias assim: simples e felizes. Agradecendo o carinho. Agradecendo o amor. Ela agradece o tempo todo. Quando dá umas “fugidinhas” da realidade a gente busca ela novamente e ela canta! 

Surpreende por lembrar fielmente as musiquinhas infantis em árabe que eu já havia esquecido, canta hinos de anjos (que a Neia ensinou pra ela), e sorri, feliz da vida!

Envelhecer pode ser assim: leve!

Quando a gente abandona o peso das expectativas. Quando a gente não se cobra nada e se dá o direito de dizer o que pensa, resgatando uma liberdade que a infância levou, contando com a tolerância de todos porque, afinal de contas, a idade impõe esse respeito. É uma conquista do tempo não perdê-lo com o que não vale a pena.

Envelhecer pode ser muito bom.
E eu fico muito feliz em vê-la assim.
Que venham mais dias como esse….. e muitos aniversários tia querida. 
Para que continue cantando e encantando a todos nós.

Cibele Hatoum é jornalista.

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Queen longe do Oscar. Aquele que tocou em São Paulo em 1981

Queen e seu filme Bohemian Rapsody foram a indicação da Elzinha recentemente. Ainda não tinha assistido.

Sei lá. Tenho destas coisas. Não gosto de ver histórias sobre coisas que vivi. Bobagem, prepotência ou até mesmo uma certa dose de lirismo eu acho. Mas depois de ler a resenha de minha amiga, fiquei com uma certa inquietação.

Aconteceu de semana passada eu pegar um avião para uma viagem mais longa e no entretenimento a bordo adivinha?? Bohemian Rhapsody.

Sem desculpas, mas ainda com aquela sensação desagradável da provável frustração, dei um play.

Menina, no que se refere a música eu muitas vezes pareço uma louca. Tenho algo em meu sangue que me obriga a acompanhar alguns ritmos. Seja andando, no carro, no super mercado. Uma determinada música sopra em meus ouvidos e é como se eu fosse enfeitiçada. Começo a acompanhar o ritmo tentando ser discreta. Portanto, como você deve imaginar, passei todo o vôo, com os fones de ouvido, estalando os dedos, balançando a cabeça e provavelmente cantando um tantinho mais alto do que o que imaginei ser um sussurro.

Se gostei do filme? Sinceramente? Tanto faz. O que eu gostei mesmo foi de ouvir as músicas de minha vida. O delicioso do filme são as músicas originais, tocadas em sequência. Porque vamos combinar, uma é melhor que a outra né? O filme é apenas “música de fundo” para a espetacular trilha sonora.

Agora, me parece que cometeram um erro crasso, ou uma licença poética desgraçada, trocando o show do Queen no Morumbi em 1981 pelo Rock in Rio em 85.

Gente, a primeira vez que o Queen tocou no Brasil foi em São Paulo, no estádio do Morumbi numa sexta feira, dia 20 de março de 1981!!

Imagem Estado de SP, de 1981. Matéria sobre show

Eu sei! Sei porque eu estava lá! Eu e mais 199.999 pessoas. Yessss. E essa foi a primeira vez que tivemos um GRANDE show de rock no país.

E eu fui!! Eu fui e não foi qualquer coisa para mim. Foi um evento que marcou minha vida.

Tá bom, o show do Genesis também marcou em 77. O do Tom Jobim em 88. Tá… tá… Um monte de shows de música marcaram minha vida. Mas eu já falei pra você. Não conto minha vida por anos ou fatos, mas por músicas.

Apesar de minha memória estar se desintegrando, lembro-me de muitos detalhes deste dia.

Um paquerinha – crush como se fala hoje, foi me pegar na porta da escola dia 20 de Março de 1981 as 17h00.

Sim. Porta da escola porque deveria estar no terceiro colegial. Agora imagina minha moral: Um Reco (lembra dessa palavra?) lindoooo de olhos verdes, parando na frente do colégio com sua Brasília azul ou branca. Isso era o máximo para uma garota. Menino mais velho, CPOR, motorizado, passando me pegar para me levar a um show??? Wowwwwww.

Mas o que meus amigos de escola viram foi a possibilidade de uma carona porque ir da Avenida Paulista até o Morumbi era longe pra caramba. Moral da história: um monte de imberbes coleguinhas que também iam ao show entraram na Brasilia que não era amarela. E tenho a impressão, que meu amigo do exército não gostou muito de minha tropa.

Depois que chegamos tudo passou porque nos perdemos. Sobramos eu e o reco. Portanto todo mundo feliz.

Foi único e inesquecível. A cena dos isqueiros realmente aconteceu. E foi a primeira vez que vi. Não existiam celulares. Não existiam neons. Apenas isqueiros porque fumávamos todos. Ai que saudades.

O que eu não sabia, é que também foi inesquecível para o próprio QUEEN.

Não sabia que toda aquela emoção também foi única para eles . Isso está no filme. Acho até que eu estou no filme naquela cena antológica que na verdade não foi uma cena mas parte do show do Queen que aconteceu no ano de 1981 em São Paulo em que eu acendi meu isqueiro e cantei Love of my Life.

Mas se você não está acreditando muito na histórinha que contei, veja aqui alguns vídeos originais daquele show do Queen de 1981 que algum gênio gravou e disponibilizou para nosso deleite.


Leia Também :

Genesis – Um dos shows que marcou minha vida

Astor Piazzolla – O show que faltou

Charles Aznavour, vovó e eu.


Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

24 Comentários
  1. Eu, meu irmão e amigos tivemos este privilégio em estar neste mega show do Queen no Morumbi.
    Foi um maravilhoso show.
    Morumbi não cabia mais gente.
    Lotado a até a tampa e todo mundo cantando junto com a banda.
    Só de lembrar eu fico emocionado.
    Maravilhoso, Maravilhoso.

  2. Pessoal? Passei por aqui e vi todos esses comentários, realmente me remeteu a uma série de lembranças daquele dia! Eu me lembro de tudo do Queen, mas se eu não estou enganado (era muito jovem na época), foi o Net Matogrosso que abriu o show do Queen? Eu fui no sábado e algo que me marcou foi o Ney cantando Rosa de Hiroshima naquele Morumbi lotado!!!

  3. Há exatamente 40 anos, o Queen, uma das maiores bandas da história se apresentava no Brasil pela primeira vez, e no Estádio do Morumbi!

    Em uma época que grandes shows eram raros no país, a banda se apresentou nos dias 20 e 21 de março de 1981, levando um total de quase 200 mil pessoas ao Morumbi.

    Diferente do que foi retratado no filme Bohemian Rhapsody, que conta a história do Queen, o primeiro show deles no Brasil foi em São Paulo, e a banda se surpreendeu dporque não esperavam ver em um país tão distante, onde não se fala inglês, as pessoas conhecendo as letras e pulando sem parar durante as músicas. (Aquela história no filme que foi no Rock in Rio não está bem contada. Foi, isto sim, no Morumbi em 1981.

    É preciso lembrar que não existia internet, celular e não era um mundo tão globalizado e conectado naqueles tempos. Logo, receber novidades ou informações de outros países, era algo que dependia muito de jornais, revistas ou do que as TVs e rádios escolhiam trazer.
    Ainda não havia completado 16 anos. e ainda assim lembro-me como se fosse hoje, de tudo o que cercou o Evento. Ee e meus colegas fizemos até uma “radio” e Cine Clube no meu Coégio (Oswaldo Aranha)que fica no Brooklin (Rádio e Cine Clube Humberto Mauro) onde tocávamos nos intervalos das aulas, a BAnda Queen direto. Quem não gosta do: A night on the Opera (album do Queen)? Jamais esquecerei esse Grande Show e àqueles tempos de mocidade…

  4. Boa tarde!
    Hoje os algorítimos do Youtube me carregaram – sabe-lá por que – para vídeos do Queen… Provavelmente por anos e anos de buscas do material… O que não faço mais com frequência por falta de tempo, mas não de vontade.
    De repente, me vi aqui e esse belo relato me remeteu novamente àquele ano onde menor de idade, sem dinheiro, sem carro e de família humilde, assistir o Queen era um sonho distante.
    Desde os dez anos de idade era TOTALMENTE apaixonado pelo Queen e também por Elvis, Tom Jones e tudo que pudesse consumir do repertório italiano, desde Peppino até Claudio Baglioni…
    Garanti a carona para o show com o irmão de um amigo que também iria e o mesmo comprou os ingressos com o dinheiro que consegui vendendo ioiôs, fazendo carretos na feira e vergonhosamente, com alguns trocados que furtei da bolsa de minha irmã… ERA O QUEEN!!! NÃO ME CONDENEM.
    Alguém lembra das grades arrancadas na hora da entrada? Compramos para a geral mas, o tumulto na abertura e a falta de policiamento proporcionou uma cena triste de selvageria, onde nos prensaram no alambrado e derrubaram uma parte e nós (estávamos em doze pessoas), sem ter para onde fugir, tivemos que correr em direção ao gramado, para não sermos pisoteados.
    FIQUEI NO GARGALO! Segunda fileira, logo embaixo do Fred… Era um sonho…
    Muitos outros shows vieram e assisti depois desse, também antológicos (Barry White, Air Supply, Raíces de América) mas, sempre em meus momento saudosistas, é desse Show que resgato o melhor de minha vida, por me sentir privilegiado em fazer parte de tão seleto Grupo e sabendo que as novas gerações, mesmo do Rock in Rio, JAMAIS terão a magia que vivenciamos naquele ano de 1981, tendo em nossa frente DEUSES DA MÚSICA, que engrandeceram nossos corpos, mentes e espíritos.
    Com os anos, somos mais sucintos em nossas conclusões porém, percebi que me tornei prolixo em minhas explanações… Perdoem a verborragia, mas me senti impelido em saborear vossos relatos e dividir um pouco de meus momentos com pessoas tão especiais, que partilham de um mundo e de uma realidade que hoje, existe apenas em nossas memórias, infelizmente!
    Um grande PRAZER me deliciar com seu texto, minha Cara!
    Muita luz e paz à todos!

  5. Na realidade, eles usaram duas ENORMES licenças poéticas naquela mesma cena, caso não tenham sido erros crassos mesmo. Primeiro por que colocaram o público do Rock in Rio 85 como se fosse no primeiro show do Brasil em 81 que foi em Sampa no Morumbi, nesse público do Rock in Rio eu estava e reconheci de cara na cena do filme, e depois por que ele mostra essa cena para a Mary Austin no filme, mas ainda com os cabelos mais compridos e sem o bigode ainda como usava só antes disso, quando na realidade nessa temporada na América do Sul de 81 ele já usava os cabelos curtos e sempre aquele bigode pra harmonizar melhor com os dentes mais pra fora.

  6. Também estive lá, eu e meus quatro melhores amigos. Estudávamos no Bandeirantes e saímos fa aula direto pro estádio, onde chegamos às 14h30. Com ingresso de pista, queríamos ficar colados no palco. Nosso menor amigo o japa Oswaldo Koiti salvou a vida de uma moça, as pessoas começaram a pressionar quem estava próximo ao portão, ela era bem baixinha e não estava conseguindo respirar, meu amigo conseguiu abaixar e subir com ela nos ombros quase desacordada. Quando entramos, o namorado da garota deu uma camiseta do show de presente pra ele. O japa foi o herói da noite do melhor show de nossas vidas!

  7. Incrível! Eu não sabia que o Queem estivera no Brasil antes do show no Rock in Rio em 1985. Infelizmente eu não tinha idade nem tampouco conhecia a banda na época. Mas imagino que deva ter um show semsacional.

  8. Parabéns por sua narrativa, o show foi tudo isso e muito mais, a expectativa de ver o Queen, o caminho do bom retiri ao morumbi, um trânsito infernal, a ansiedade, a demora, parecia que não chegaria nunca.
    Ah! Como eu sei disso tudo?
    Hé, hé, hé, eu tbm estsva lá.

      1. Acho que foram duas apresentações, só não me recordo se fui garçom tanto na 1ª noite da apresentação deles quanto na 2ª noite.
        Foi memorável. Se tivesse ideia da importância, teria guardado o crachá

  9. Eu também fui ao show e, como você, relembro minha vida através de músicas e shows de Rock. Depois fui ao Rock in Rio 1 o primeiro e único Rock in Rio verdadeiro (em minha opinião). Fui no show do Kiss da Tournê Creatures of the night NO mORUMBI ANOS MAIS TARDE (ACHO QUE ERA 1983)e depois disso fui em mais alguns de Bandas , é claro de heavy metal e hard Rock clássicas. Ainda no ano retrasado fui o show do Guns and Roses no Alliance Park e no Deep Purple lá também. Nunca esquecerei o Primeiro Grande Show de Rock do Brasil e de minha vida. Em 1982 conheci uma garota chamda DENISE kUHNE gUEDES PAIVA (LEMBRO QUE SEU SEU IRMÃO SE CHAMAVA FERNANDO). hOJE ACREDITO QUE ELA ESTEJA CASADA E COM FILHOS MAS SEMPRE SERÁ O MAIOR AMOR DE MINHA VIDA.Saudades, saudades, saudades.

  10. Li só agora seu post é me emocionei. Eu também fui nesse show memorável, fui com meu irmão que me apresentou o Queen. Lembro até hoje da primeira vez que ouvi a música Bohemian. Meu irmão comprou o disco e colocou pra ouvirmos… Fui a esse show e tantos outros , como o do Gênesis, Rick Wakeman, Rock in Rio, Yes, etc. Ah, e o filme: chorei o tempo todo…

  11. Estou atrasada para comentar, mas Amei!!!! Vc nos remeteu a um tempo fantástico, onde curtição era escutar um som gostoso, sair com a galera e estar ao lado de um vou bonitão. Hj não consigo imaginar ou não quero, o que seja curtição.
    Valeu Eliane!

  12. Dominique, sweetheart! bem provável que sim, que estivéssemos pertinho. Viu alguma louca lá se descabelando, chorando e cantando muito alto? Era eu…Esqueci de dizer que choro com as músicas. Já chorei feito doida cantando Daniel (do Elton John), Has anybody here seen my old friend Abraham (não deve se chamar assim, mas vc vai se lembrar desse refrao, choro com a letra do Hino dos Estados Unidos (para desgosto do meu filho, totalmente nacionalista) e chorei neste fds ouvindo José Feliciano (é mole?) cantando Che Sará. Agora, amiga, dançar empurrando carrinho de supermercado, essa é nova para mim…acho que vc só vai naquele supermerdado de Gente Feliz, não é não?

  13. Marcia!! Será que estávamos perto uma da outra naquele show histórico? Bem, não importa, pois pelo que falou, te reconhecerei a distância sem mesmo te conhecer. Afinidade é afinidade não é? Sem falar que não é muita gente que dança empurrando carrinho de super mercado..

    1. Olá Dominique!
      Nossa d+ seu relato daquele dia…e eu tbm estava lá…e m identifiquei em muitos detalhes q vc mencionou…dsd conseguir o ingresso, o amigo (q chegou a ser namorado) e q tinha um chevete e + um casal d amigos …chegando correndo…o show começando…e os desencontros por conta da multidão…e os isqueiros q faziam parecer uma nave espacial…foi o máximo…inesquecível…

  14. Dominique, olá! ler esse texto me proporcionou um delicioso revival daquela época. Se eu sei o que é Reco? claro! CPOR? claro! E Dominique, assim como voce, amo música e tenho uma cabeça musical. Explico: meu cérebro associa uma música a uma fala ou a uma situação. Agora é minha vez de te perguntar: você se lembra do Qual é a Música? então, assim é o meu cérebro. E ele quase sempre associa com músicas na língua inglesa. Talvez porque desde cedo ouvi e aprendi inglês com elas. E amo cantar e cantarolar músicas como as do Queen, Beatles, Sinatra e muitos outros cantores.Eu tb cantarolaria no avião, se estivesse no seu lugar, me policiando para nao cantar em altos brados (como seria minha vontade). Quando tem um bardo cantando nas estações de metrô, eu paro e canto junto. Uma vez cantei Hey Jude em Londres, a estação quase fechando e eu lá! não é uma recordação incrível? outra vez, tinha um meninote cantando Scarborough Fair (lembra de que é?), uma música muito anterior ao nascimento dele. Achei o máximo e fui cantar com ele. E o show no Morumbi! tudo de bom, né? arrebentei meus pulmões de tanto cantar! então vc me proporcionou um delicioso revival daquela noite. Obrigada, Dominique. beijao

    1. Marcia!! Será que estávamos perto uma da outra naquele show histórico? Bem, não importa, pois pelo que falou, te reconhecerei a distância sem mesmo te conhecer. Afinidade é afinidade não é? Sem falar que não é muita gente que dança empurrando carrinho de super mercado..

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Passado ficou para trás para viver excitantes histórias no presente

Dominique - PassadoSempre fui motivo de piada. Eu tinha uma esquisitice, dom, falta do que fazer ou um espaço infinito desocupado no cérebro. O passado sempre me perseguiu.

Lembrava, até há pouco tempo, de todas as datas, TODAS. Aniversários, casamentos, mortes, primeiro beijo, começo do namoro, término, que roupa eu estava na tal festa, no tal encontro, noivado, formatura, incluindo as dos outros. Isso mesmo, dos outros.

Em qualquer reunião ou festa, a diversão do povo era aguardar ansiosamente a boba da corte chegar, esta que vos fala.

Rolava uma espécie de bingo. Um frenesi. Eles se revezam para elaborar a questão

– Quando é o aniversário de fulano que você não vê há 20 anos? E da mãe do fulano? E da quinta namorada?

Quando não lembrava, o que era raro, BINGO!

Minha tia tinha o mesmo vício. No trabalho ninguém usava agenda.

– D. Apparecida quando beltrano foi para São José do Rio Preto?

Ela respondia sem pestanejar.

– E quando sicrano foi contratado?

– Dia 25 de abril.

Batata! A danada acertava todas.

Aos 60 anos, apresentou os primeiros sintomas de Alzheimer. Esquecia uma ou outra coisa. Anos depois, além de esquecer as datas, não lembrava sequer o que comeu minutos antes no almoço. Triste, muito triste.

Sempre tive orgulho de guardar na memória detalhes do primeiro beijo (para falar a verdade, nem tinha muito detalhe para lembrar, porque ficou anos luz de distância de ser memorável). Recordar o primeiro namorado de verdade, de encontros até então inesquecíveis, de músicas que me marcaram.

Conversando com minha best friend percebi que apaguei do meu HD loiro um monte de coisa, mas coloca monte nisso.

Fiquei preocupada. Perdi a conta de quantos aniversários esqueci neste ano. Uma heresia.

Será o sinal de algo muito tenebroso? I don’t know.

Fiz um baita esforço para recordar o que comi ontem no jantar e não tenho a menor ideia. Comecei a roer as unhas dos pés, porque esqueci de que tenho mãos.

Minha memória não é mais de elefante. Está mais para pernilongo.

Mas, como tudo tem um lado bom na vida, menos o LP do Wando, MC Gui e Valeska Popozuda, me dei conta que ocupei muito espaço, por muito tempo, no meu HD com memórias que foram sim importantes naquele tempo.

Não que eu queira ou faça algo para esquecer o passado. Sou o que sou pela história que vivi, ele me fez chegar até aqui, mas o que vale é o AGORA. Só vivemos o momento de AGORA, nada do que passou e nada do que virá.

Será que a mente da gente é tão poderosa para dar uma forcinha como essa…deletar arquivos antigos para que novos possam ser gravados?

Assim, cheguei a uma conclusão. Parar de me penitenciar pelos esquecimentos e entender isso como um espaço para gravar novas aventuras, emoções e histórias!

Nem sempre esquecer o passado e ruim não acha?

Leia Mais:

Avoada, eu? Agora existe oficina de memória, Dominiques!
O waze é o meu mentor – Ele manda… Eu obedeço

Marot Gandolfi

JORNALISTA, EMPRESÁRIA, AMANTE DE GENTE DIVERTIDA E DE CACHORROS COM LEVE QUEDA PARA OS VIRALATAS.

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