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A Maior Aventura de Minha Vida – O Chamamento Capítulo 1

Dominique - Aventura
Sim… Vivi uma aventura digna de livro.
Um roteiro para filme. Hollywood claro.
Nasci em 1964.
Sempre li muito a respeito dos jovens franceses e brasileiros desta década, principalmente os de 1968.
Como será que eu teria me comportado se tivesse sido uma jovem naquele ano?
Será que teria feito a diferença?
Será que estaria com Gabeira no sequestro do embaixador americano?
Será que estaria na briga da Maria Antônia ao lado do Chico? Ou ao lado de meus amigos Mackenzistas?

E se eu tivesse nascido na França?

Seria uma das namoradas de Daniel Red? Essa sim, uma grande aventura, hein?
Bem, verdade é que fui jovem na década de 80 e nada, absolutamente nada fiz de revolucionário, além de uma ou duas passeatas pelas “Diretas Já”.
Ahhh, e muitos shows de rock. Isso sim que era ser subversiva e roquenrow (como diria Ritinha Lee).

Mas 68 e seus movimentos sempre me fascinaram.
Fui fazer um curso depois da faculdade na França por 6 meses. Lá fiz muitos amigos arquitetos e de belas artes.
Todos de esquerda, ou não.
Revolucionários, ou do contra. Como preferir.
Tentei manter contato ao longo dos anos, mas a verdade é que estes laços esmaecem e a roda gira.

Casei-me.
Tive meus dois filhos.
Minha vida de solteira e ideais foram trocados por noitadas acordada com bebês, trabalhos insanos para ganhar uns trocos para fraldas descartáveis que custavam uma verdadeira fortuna e finais de semana catando brinquedo pela casa.
Meu dia se resumia a trabalho, apoio à carreira de marido, cuidar de filhos e da casa. Veja bem, não estou reclamando. Isso não era ruim em absoluto. Muito ao contrário.

Até que um dia recebo um telegrama.

Telegrama, lembra o que é isso?
Quem me mandaria um telegrama em pleno final de milênio?
Mais exatamente 1997.
Abri ansiosa.
Mas aquilo que estava lendo não fazia muito sentido.

Não fazia sentido algum.
Todas as palavras eram com apenas 4 letras e eu não conhecia o sentido da maioria.
Afffff… Li, reli e não entendi.
Era endereçado à Mouton e assinado por Loup.
Claro que não  dá para entender Dominique. Isso é em código!
Uma mensagem cifrada.

Já tinha visto aquilo antes. Mas onde?
Passei o dia com aquele telegrama em minha bolsa.
Pegava de vez em quando.
Dava uma olhada.
E aquela sensação de ter algo na ponta da língua, sabe?
Mas nada.

Até que de noite, vendo uma reportagem sobre o Tour de France, onde aconteceu um bololô de bikes, caiu a ficha.

Aquele telegrama foi escrito num código inventado pela minha turminha de amigos franceses.

Inventamos num dia chuvoso, num dia de inverno modorrento do lado de fora e, divertidíssimo, do lado de dentro.
Aquele código serviria para driblar parte dos colegas que moravam naquela mesma “república”.
E pra que o usávamos?
Para nos encontrarmos sem que os outros soubessem.
Para avisar onde estava escondido o chocolate ou a última garrafa de vinho.
Ou até para contar quem estava dormindo com quem.
Coisas importantes assim.

Lembrei de todas as bobagens que fizemos naquela época com um sorriso no lábio e uma saudade olfativa, gustativa, tátil e sexual que chegaram a me cutucar.
Gente, como os sentidos eram aflorados naquela época, não? Qualquer vinho era bom.
Qualquer passeio era uma aventura.
Qualquer queijo forrava o estômago.
Qualquer lã esquentava e não dava alergia.
Qualquer beijo acendia o tesão.

Mas alguns beijos e tesões simplesmente incendiavam.
Na verdade tinha O beijo que incendiava.
Nunca vou me esquecer daquele rapaz, quase homem, com cara e atitude de lobo. Na cama e fora dela.

Ainda com as lembranças daquele passado tão distante enevoando meu presente, peguei aquele papel já roto de tanto manuseio.

Comecei deliciosamente a decifrá-lo.

Anotando em meu bloquinho, palavra por palavra.
Depois de quase 3 horas, finalmente a mensagem.
“Mouton, Preciso de você. Pegue avião. Paris dia 20. Te espero no Lanterna Vermelha. Você pediu. Não esqueci. Urgente. Loup”

Mouton, ovelha em francês.

Era assim que ele me chamava por causa de meus cabelos encaracolados.
Loup tradução para Lobo.

O segundo episódio será publicado amanhã aqui e nas redes sociais no final da tarde. Mas se estiver muito curiosa entre no Grupo Fechado da Dominique porque lá publicamos tudo antes!

https://www.facebook.com/groups/dominique/

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Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

19 Comentários
  1. Parece legal!envolvente e não precisa ser de 64 ou 68 p per ceber. Pode ser de 52 como eu. Sabe porque? Pq Vida, Amor, Aventura, Segredo não tem idade. Mouton…loup…carinho.

  2. Amei.Adoro esses tipos de textos.Leitura que prende,interessante o enredo e remete a juventude

  3. Amo sua página, nem sei como cheguei nela!!! Mas acompanho tudo que você faz, me comove, me encaixo nas historias, me encanto com todas elas parabéns!

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Passado ficou para trás para viver excitantes histórias no presente

Dominique - PassadoSempre fui motivo de piada. Eu tinha uma esquisitice, dom, falta do que fazer ou um espaço infinito desocupado no cérebro. O passado sempre me perseguiu.

Lembrava, até há pouco tempo, de todas as datas, TODAS. Aniversários, casamentos, mortes, primeiro beijo, começo do namoro, término, que roupa eu estava na tal festa, no tal encontro, noivado, formatura, incluindo as dos outros. Isso mesmo, dos outros.

Em qualquer reunião ou festa, a diversão do povo era aguardar ansiosamente a boba da corte chegar, esta que vos fala.

Rolava uma espécie de bingo. Um frenesi. Eles se revezam para elaborar a questão

– Quando é o aniversário de fulano que você não vê há 20 anos? E da mãe do fulano? E da quinta namorada?

Quando não lembrava, o que era raro, BINGO!

Minha tia tinha o mesmo vício. No trabalho ninguém usava agenda.

– D. Apparecida quando beltrano foi para São José do Rio Preto?

Ela respondia sem pestanejar.

– E quando sicrano foi contratado?

– Dia 25 de abril.

Batata! A danada acertava todas.

Aos 60 anos, apresentou os primeiros sintomas de Alzheimer. Esquecia uma ou outra coisa. Anos depois, além de esquecer as datas, não lembrava sequer o que comeu minutos antes no almoço. Triste, muito triste.

Sempre tive orgulho de guardar na memória detalhes do primeiro beijo (para falar a verdade, nem tinha muito detalhe para lembrar, porque ficou anos luz de distância de ser memorável). Recordar o primeiro namorado de verdade, de encontros até então inesquecíveis, de músicas que me marcaram.

Conversando com minha best friend percebi que apaguei do meu HD loiro um monte de coisa, mas coloca monte nisso.

Fiquei preocupada. Perdi a conta de quantos aniversários esqueci neste ano. Uma heresia.

Será o sinal de algo muito tenebroso? I don’t know.

Fiz um baita esforço para recordar o que comi ontem no jantar e não tenho a menor ideia. Comecei a roer as unhas dos pés, porque esqueci de que tenho mãos.

Minha memória não é mais de elefante. Está mais para pernilongo.

Mas, como tudo tem um lado bom na vida, menos o LP do Wando, MC Gui e Valeska Popozuda, me dei conta que ocupei muito espaço, por muito tempo, no meu HD com memórias que foram sim importantes naquele tempo.

Não que eu queira ou faça algo para esquecer o passado. Sou o que sou pela história que vivi, ele me fez chegar até aqui, mas o que vale é o AGORA. Só vivemos o momento de AGORA, nada do que passou e nada do que virá.

Será que a mente da gente é tão poderosa para dar uma forcinha como essa…deletar arquivos antigos para que novos possam ser gravados?

Assim, cheguei a uma conclusão. Parar de me penitenciar pelos esquecimentos e entender isso como um espaço para gravar novas aventuras, emoções e histórias!

Nem sempre esquecer o passado e ruim não acha?

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Marot Gandolfi

JORNALISTA, EMPRESÁRIA, AMANTE DE GENTE DIVERTIDA E DE CACHORROS COM LEVE QUEDA PARA OS VIRALATAS.

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A despensa da minha avó, uma recordação que guardo com carinho

Dominique - AvóHoje, meu filho chegou de uma viagem e me trouxe de presente “amardim”.

– Olha o que eu achei, mãe. Veja se essa é igual a que a sua avó te dava.

Abri ansiosa o pacote com aquele celofane laranja tão típico para experimentar aquela iguaria.

Dominique - Avó

Uma pasta de damasco puro prensada. Bem fininha. Veio dobrada ao meio e como sempre, “rasguei”, sim rasguei, uma tira do amardim.

Fechei os olhos e tentei sentir todo o azedinho de minha infância, mas o que vi quando fechei os olhos foi a despensa da vovó.

Era um lugar sagrado, onde ela guardava iguarias das mais deliciosas e diferentes. Todos os tipos de temperos, doces, manteiga em lata, balas de goma, farinhas, nozes, lata de azeite “estrangeiro” que ela furava com alfinete, Maizena, vidros de geleia de mocotó, sabão de côco em pedra e outros itens de sobrevivência não perecíveis. Ali era um lugar idílico cheio de cores e cheiros que despertavam minha imaginação e curiosidade.

Adorava entrar com ela naquele lugar.

Mas não era qualquer um que entrava ali. Aquela caverna com seus tesouros era trancada por uma chave, que ficava no sagrado molho de chaves da vovó.

Desde de muito cedo aprendi o que era molho de chaves.

Que criança de 4 ou 5 anos sabe que o coletivo de chave é molho? Pois bem, não só eu sabia, como reconhecia o barulho do molho da vovó à distância.

Já reparou que cada molho de chaves tem um barulho característico? Engraçado, né?

O da minha mãe tinha um. O do meu pai outro. Eu sabia de longe quem estava chegando pelo barulho das chaves.

Hoje não mais. Mal consigo escutar aliás, que diria reconhecer o tilintar dos metais.

Mas voltando a despensa da vovó. Ela tinha um cheiro. Um cheiro maravilhoso e completamente peculiar e único.

Fiquei impressionadissima ao ler o livro de Milton Hatoun “Relato de um Certo Oriente”.  Ele descreve os cheiros da infância dele em Manaus.

Como pode alguém descrever cheiros? E pior, como pode outro alguém reconhecê-los?
Pois bem, Hatoun descreveu os cheiros de seu passado. E eu reconheci todos. Acho até que voltei a senti-los enquanto lia o livro.

Ah como era bom entrar com minha avó naquele espaço encantado. Eu olhava direto para prateleira à direita perto da porta. Ela sorria para pegar o amardim que comprava só pra mim, rasgava um pedaço e colocava em minha boquinha aberta como se eu fosse um passarinho. Azediiiiisssimo. Aí que delicia.

O tempo passou e o amardim ficou doce. E grosso. E estranho. Apesar da embalagem ser exatamente a mesma ainda.

Não sei porque ainda como. É sempre uma enorme decepção. Uma pasta cheia de açúcar tão distante de minha infância.

Abri os olhos, vi meu filho e entreguei a ele o meu maior sorriso e disse:

– Nossa filho! Muito obrigada! Este amardim é azedíssimo, igualzinho ao da minha infância.  Abracei e beijei a pessoa que voltou a colocar doce na minha boca tantos anos depois.

Não que tenha alguma importância, mas não. O doce não era igual ao de minha avó. Mas o carinho dele foi.

Que saudade da minha avó! Qual é a sua melhor lembrança de infância?

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Oh Cupido vê se me deixa em paz e para de atrapalhar o destino
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Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

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Recordar é viver? Nem sempre o passado foi tão bom assim

Dominique - Recordar
Constantemente ouço comentários de que as coisas atualmente estão difíceis. Seja no aspecto financeiro quanto social ou das coisas do mundo: que as pessoas não interagem mais como antigamente, que as músicas eram melhores, que as brincadeiras eram mais divertidas, enfim….que o mundo era um lugar melhor. Recordar é uma forma de nostalgia comum, que nos faz ressaltar o valor daquilo que vivemos e também lamentar o tempo que passou e as mudanças que aconteceram.

Será que é assim mesmo? Será que o passado era melhor ou nos tornamos saudosistas e pessimistas? O fato de atravessarmos tempos mais áridos e instáveis pode abrir brecha para pensarmos nos momentos mais realizados da vida, é verdade.

É essencial percebermos que não temos controle sobre muitos acontecimentos, como perdas e doenças; os imprevistos fazem parte e exigem adaptação e resiliência. Mas existe uma parcela de acontecimentos e eventos que contam com nosso empenho, nossa participação especial, como protagonistas e realizadores.

Recordar é viver até certo ponto. Quando recordamos e vivenciamos momentos passados, acessamos nossa bagagem de experiências. Qual o valor e o peso da recordação? Parece que ao fazermos esse passeio pelo passado, muitas experiências podem ficar supervalorizadas. Mesmo que percebamos que as coisas estavam melhores, será que o fato de achar que o melhor da vida já passou não é uma forma de sabotagem?

O que foi legal no passado pode ser colorido com cores bem intensas e no presente se tornar “bacanérrimo” por um movimento psicológico de atribuir qualidades especiais à lembrança do momento vivido. Dessa forma, as lembranças adquirem mais brilho. Sabe aquele relacionamento que nem foi tão especial, mas ao recordar da relação e da pessoa, parece que tudo foi mágico? Muito mais porque “temperamos” a lembrança do que pelo relacionamento em si.

Se as coisas mais legais já passaram e já foram vividas, porque me esforçar ou me engajar em coisas novas e em experiências “que já não são tão boas” como já foram no passado? A zona de conforto ajuda a criar o discurso que a sustenta. E aí o passado te prende, te faz refém e te ilude. Ficar preso ao passado é como desinvestir da vida, daquilo que ainda pode ser construído para o futuro.

Os processos terapêuticos de diversas linhas trabalham no sentido do resgate da história de vida, ressignificação e despertar de possibilidades. Revisitar o passado e o peso que se dá a ele constitui um valioso trabalho no sentido da evolução pessoal.

O outro extremo de valorizar pouco o passado parece não ajudar a assimilar o significado e o aprendizado que cada momento teve, e que, consequentemente, nos prepara para as vivências futuras. E aí repetimos padrões de comportamento e funcionamento distorcidos que nos conduzem às mesmas escolhas que não nos fazem felizes.

Ser feliz, ter satisfação e realizar os próprios desejos requer energia investida. E essa energia emocional não pode estar presa ao passado… Deve fluir pela vida, pelas escolhas e pelo rumo que devemos dar ao que queremos que seja bom, para que daqui a alguns anos possamos olhar para esse momento e perceber o quanto ele também foi legal!

É necessário tirar proveito das experiências vividas. Aceitando que o passado é uma lembrança e não um momento real e atual. E assim curtir as lembranças, aprender com os erros e voltar ao presente!

Recordar é bom demais, mas não devemos nos prender ao passado, não acha?

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Alcione Aparecida Messa

Psicóloga, Professora Universitária e Mediadora de Conflitos. Doutora em Ciências. Curiosa desde sempre, interessada na beleza e na dor do ser humano. E-mail: [email protected]

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