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Justiça e Punição

A comparação de Olhos da Justiça (Secret in Their Eyes), longa que comento hoje, com o argentino O Segredo dos Seus Olhos é inevitável. Por isso, antes de falar sobre o remake americano, vale esclarecer que são filmes muito próximos, não porque contam a mesma história, mas porque retratam nas entrelinhas as crises que assombram seus países de origem.

Se no longa argentino temos uma ligação entre um crime não solucionado com a política na Argentina após a morte de Perón, aqui a ponte se conecta com uma América tentando se recompor após o atentado terrorista de 11 de Setembro.

Quem não assistiu o magnífico argentino verá Olhos da Justiça como um grande filme.

Em Olhos da Justiça, um grupo de profissionais responsável por uma divisão do FBI – especializada em ações terroristas logo após o 11 de Setembro – é abalado pelo assassinato da filha de Jess (Julia Roberts), uma das investigadoras do departamento. Logo, o outro investigador da divisão e amigo da mãe da vítima, Ray (Chiwetel Ejiofor), e a procuradora Claire (Nicole Kidman) empreendem uma caçada ao responsável pelo crime que dura mais de uma década e transforma a vida dos três personagens.

Realizando uma reflexão sobre as cicatrizes que a violência deixa em seus personagens, Olhos da Justiça, de Billy Ray, aborda um ponto de vista pertinente sobre justiça e punição, deixando claro no seu desfecho quem serão aqueles que de fato sofrerão as conseqüências do crime por toda a vida.

 O longa obedece a cartilha do drama policial norte-americano, mas sem ofender ninguém. 

O que vai saltar de fato aos olhos será o empenho do trio principal. Cada ator defende com unhas e dentes seus respectivos personagens, e a dinâmica entre eles dá vida e garante o interesse na trama. O desempenho de cada um é impressionante.

Julia Roberts está maravilhosa no papel da agente Jess. Percebe-se claramente o sofrimento do seu personagem através do rosto dela. A variação da alegria, quando cenas de flashback de Jess e sua filha são mostradas, e tristeza e melancolia nos dias de hoje são claríssimas. Além, obviamente, da raiva e ódio demonstrados por quem tenha cometido o crime.

Outro que deixa claro em suas expressões e gestos, os sentimentos pelos quais o personagem que interpreta passou desde que o crime ocorreu e o impacto desse até o presente momento é Chiwetel Ejiofor. Nicole Kidman como sempre parece escolher personagens que se pareçam com ela de certa forma.

Contradizendo a todos, Olhos da Justiça surpreende como um bom thriller dramático, que se sustenta por si só, surgindo como um digno descendente do original. 

Olhos da Justiça é realmente um bom suspense.

Aqui fica a dica.

Assista o trailer:

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O Mestre dos Gênios – os tormentos da alma do artista

Muitas, inúmeras vezes o cinema prestou homenagem à literatura, a arte das palavras. A co-produção EUA-Inglaterra de 2016, O Mestre dos Gênios (Genius) é uma entre várias.

Baseado na fascinante biografia escrita por A. Scott Berg, “O Mestre dos Gênios” conta a história do relacionamento entre Max Perkins (Colin Firth) e Thomas Wolf (Jude Law), desde o momento em que se conhecem na época da Grande Recessão de 1929.

Max já era um editor renomado e Wolfe um ambicioso aspirante a escritor. Por conta de sua personalidade exagerada e sua vaidade exacerbada, Wolfe tinha dificuldades em lidar com quase todo mundo, incluindo sua esposa Aline Bernstein (Nicole Kidman), outros colegas como F. Scott Fitzgerald e até mesmo com a esposa de Max.

Um olhar sobre a vida do escritor

O roteiro faz questão de enfatizar os traços negativos de Wolfe, quase sempre enfatizando o contraste com o jeito pacato de Max, única pessoa que consegue ter algum controle sobre o escritor. Alguns dos melhores momentos do longa ocorrem quando os dois estão discutindo a formatação e conteúdo dos livros, o que cortar e o que manter.

O diretor se atém à construção de um romance de época, ainda que a relação dos protagonistas esteja mais próxima daquela entre pai e filho: Wolfe tem em Perkins um substituto para uma figura paterna perdida, enquanto o editor, pai de cinco meninas, enxerga em seu protegido o filho homem que nunca teve.

A interação da dupla não deixa de ter seu apelo, gerando momentos que traduzem um sentimento genuíno de amizade e admiração – como quando contemplam a cidade de New York do alto de um edifício, celebrando o sucesso da parceria.  

A fama de Perkins veio de sua persistência em transformar escritores talentosos como Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway e Thomas Wolf em romancistas icônicos.

O que “O Mestre dos Gênios” tem de brilho mesmo é o reconhecimento que dá a Max Perkins e a quem tem como trabalho a generosa tarefa de tornar as obras passíveis de comunicação com o público.

O diretor Michael Grandage em seu primeiro trabalho valoriza, sobretudo o desempenho dos atores e pode proporcionar a Colin Firth e a Jude Law indicações ao Oscar. 

Como o filme se passa em um dos momentos mais problemáticos da economia americana, a fotografia, figurino e direção de arte estão de acordo com a pobreza e a total falta de esperança presentes no contexto.

A trilha sonora acrescenta uma certa profundidade dos protagonistas, pois retrata seu estado interior.

Um filme de narrativa sólida, firme, madura, sem invencionices, e um elenco de grandes atores em admiráveis atuações, todos sem exceção.

Para qualquer pessoa que goste de bom cinema é um belo filme. Para quem tem ligação com a literatura, é um filme obrigatório, uma pérola especial.

Eu gostei muito!!!

Aqui fica a dica!

Filmes com o mesmo elenco

Mama Mia

Big Little Lies

Dominique

Nasceu em 1964. Ela tem 55 anos, mas em alguns posts terá 50, 56, 48, 45. Sabe porque? Por que Dominique representa toda uma geração de mulheres. Ela existe para dar vida e voz às experiências, alegrias, dores, e desejos de quem até pouco tempo atrás era invisível. Mas NÓS estamos aqui e temos muito o que compartilhar. Acompanhe!

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Big Little Lies: uma supersérie que você não pode perder

Dominique - Big Little Lies
Big Little Lies, a premiada e estupenda série da HBO, disponível no NOW, mostra com competência como uma atração pode ser dinâmica, misteriosa e madura. Uma história sobre mulheres, um suspense bem servido e drama da melhor qualidade.

A série baseada no romance de Liane Moriarty, adaptada por David E. Kelley e dirigida em sua totalidade por Jean-Marc Vallée, conhecido por filmes como Clube de Compras Dallas (2013), tem personalidade e confere um ar delicado e importante às cenas dramáticas.

Sete episódios foram suficientes para fazer de Big Little Lies uma das melhores produções da temporada.

O ponto central da trama é a vida de três mulheres: Madeline, Celeste e Jane, vivendo conflitos por conta de relacionamentos, criação dos filhos, das fofocas e comentários da pequena e idílica cidade de Monterrey, uma daquelas cidades costeiras da Califórnia em que o clima é agradável e o pôr do sol, um espetáculo à parte.

O que se sabe logo no começo da trama é que houve um assassinato e todas as “pessoas do bem” do local são potenciais suspeitas. A morte, portanto, é de certa forma, apenas uma desculpa para investigarmos a vida dessas personagens, todas mulheres lindas e perfeitas levando vidas de sonho em casas deslumbrantes em um cenário paradisíaco.

A única exceção é mesmo Jane que carrega consigo um passado sombrio e que demora realmente a se abrir. Sua presença na série funciona muito bem quase como uma forma de o espectador poder mais facilmente se identificar naquele ambiente. Essas questões de fundo na série é que são importantes e não a morte misteriosa.

A dedicação das atrizes é o ponto forte no seriado. Um show à parte. Madeline (Reese Whiterspoon) é a líder e Reese está nada menos que perfeita ao interpretar uma mulher energética, que cuida das amigas e que quer saber de tudo. Reúne as linhas narrativas e ainda lida com seus próprios problemas pessoais com seu casamento atual e, talvez, principalmente, com sua filha mais velha. É ela que funciona como a alma da minissérie.

Celeste (Nicole Kidman) é aparentemente o ser mais perfeito de Monterrey, vida, marido e filhos (gêmeos), tudo perfeito. Kidman, magnífica, brilha como Celeste e seus momentos com a terapeuta do casal (Robin Weigert) são estarrecedores, chegando mesmo a serem perturbadores de tão verossímeis.

Dominique - Big Little Lies

Jane (Shailene Woodley) é a recém chegada à Monterrey com seu filho, a mãe solteira que tem escrito na testa, preciso de ajuda. Shailene convence perfeitamente bem como uma alma perturbada, perseguida por um passado que a assombra. Renata (Laura Dern) é a mãe rival que não faz parte do clubinho de Madeline na escola onde seus filhos estudam.

Laura Dern é uma coadjuvante, mas sua presença é importante, comanda a atenção da câmera e do espectador quando sua Renata está em cena. Bonnie (Zoë Kravitz) é a nova esposa do ex-marido de Madeline e melhor amiga de sua filha adolescente.

Os personagens de uma dimensão humana impressionante estão à altura desse grande elenco. Não deixe de prestar atenção ao trabalho das crianças.

Os roteiros lidam nos sete episódios com uma riqueza de situações que hoje são discutidas aberta e contundentemente por aí e que tocam especialmente as mulheres por serem as vítimas.

Existe uma vestimenta de elegância em Big Little Lies que é usada a favor das revelações que são o conta-gotas, mas sempre presentes e relevantes. Há a violência doméstica, violência verbal, estupro, bullying e traição, sempre funcionando como denúncia e elemento integrante da narrativa.

A trilha sonora dita o ritmo de tudo. Muitas das músicas aparecem como escolhas da filha mais nova de Madeline, a pequena Chloè, de apenas seis anos, tem uma pegada soul pop, também muito rock, com nomes como Elvis Presley, Rolling Stones, Alabama Shakes, Charles Bradley, Otis Redding e Fleetwood Mac. O próprio final teve sua cereja do bolo com uma versão de You Can’t Always Get What You Want!

Demais! Você vai amar!

Fotografia competente, com belas imagens de Monterrey, montagem complexa, inteligente e intrigante, sem falar da história, interessantíssima!

A execução do desfecho é tão incrível que mesmo tendo sido possível deduzir o que havia acontecido o fim não perde sua potência. Muito pelo contrário, a maneira como tudo se desenrola deixa o espectador extasiado.

Apesar de todas as intrigas, rivalidades e competição entre as mulheres, Big Little Lies tem um desfecho revitalizante, totalmente Girl Power.

Assista Big Little Lies para descobrir quem morreu, quem matou, mas sobretudo assista para conhecer essas cinco mulheres e suas histórias!

Tocante, emocionante, imperdível. Uma grande série!

[fve]https://www.youtube.com/watch?v=IXmAfsKAZ2o&feature=youtu.be[/fve]

Leia mais:

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Nossas Noites mostra que nunca é tarde para amar

 

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