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A Forma da Água – Encantadora história de amor em belo conto de fadas

Dominique - A Forma da Água
Hoje comento A Forma da Água, filme vencedor do Oscar® 2018. Como esperado, acabou levando quatro estatuetas das treze a que foi indicado – Melhor Filme, Direção, Trilha Sonora e Direção de Arte.

Durante a década de 60, em meio aos grandes conflitos políticos (Guerra Fria) e as grandes transformações sociais ocorridas nos EUA. Elisa, zeladora em um laboratório experimental secreto, conhece e se afeiçoa a uma criatura fantástica, mantida presa no local.

A Forma da Água é inegavelmente uma encantadora história de amor. O longa segue a vida da faxineira muda Elisa (Sally Hawkins) e o seu encontro inesperado com uma criatura aquática (Doug Jones).

A Forma da Água pede ao público que veja o monstro anfíbio como muito mais que aquilo que os vilões do filme estão convencidos que ele seja. Especialmente através das interações com Elisa é possível conhecer e compreender as várias facetas da criatura. Ambos trazendo luz para a vida um do outro.

A interpretação de Doug Jones como a criatura anfíbia é o grande destaque do longa. O ator revela uma representação sutil aliada a um realismo surpreendente para um personagem bizarro.

A expressividade corporal de Jones encontra harmonia perfeita na interpretação de Sally Hawkins. A atriz está sensacional como Elisa, mostrando que dentro da sua aparente fragilidade e silêncio forçado, existe uma pessoa vibrante de emoções. Ela é doce, triste, intensa e apaixonada. Muda desde o nascimento, ela não se torna menos articulada por isso.

Del Toro tem a árdua missão de nos fazer apaixonar tanto por Elisa e pela criatura, quanto pelos dois juntos.

Dominique - A Forma da Água

O engenho do roteiro de A Forma da Água é misturar monstro, espionagem, ambientação “noir” e a luta contra preconceitos.

A relação entre uma mulher muda e um ser bizarro é uma quebra de paradigma. Principalmente para uma sociedade que lamentavelmente até hoje distingue pessoas por etnias, gênero etc. Na década de 60 a coisa era bem pior.

Se há algo irrepreensível em A Forma da Água é o cuidado e a atenção em cada detalhe. Do figurino ao design de produção, passando pela sonhadora, nostálgica e linda trilha sonora, que amei, sem falar ainda da bela fotografia, o filme é irretocável!

Empregando sua essência de fábula para enriquecer tematicamente a história, o longa é contemporâneo em sua discussão sobre o preconceito e a intolerância. Não é coincidência que o vilão, um homem branco heterossexual, seja contraposto a um homossexual e às duas mulheres (uma delas negra) em sua tentativa de destruir um ser que julga diferente do que consideraria “humano”.

A Forma da Água é provavelmente o filme mais doce de Guillermo Del Toro e que diz muito sobre a sensibilidade artística do cineasta.

[fve]https://youtu.be/-DTVuQTZr3E[/fve]

A Forma da Água e um filme que vale muito a pena ser visto. Aproveite, está no cinema!

Leia Mais:

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O Destino de Uma Nação: Gary Oldman brilha como Churchill

Dominique - O Destino de uma nação
Como estamos no mês que antecede ao Oscar®, comento hoje, O Destino de Uma Nação. Filme que escolhi para você, já em cartaz, que concorre a seis estatuetas (filme, ator, maquiagem, fotografia, figurino e direção de arte), na maior cerimônia de premiação do cinema.

Joe Wright, diretor de adaptações literárias como Orgulho e Preconceito, Desejo e Reparação, traz toda essa pompa de sua filmografia para Darkest Hour (título original).

O filme mostra os primeiros dias de Winston Churchill como primeiro-ministro britânico assumindo o cargo em maio de 1940. Em plena Segunda Guerra Mundial, quando as tropas nazistas avançavam sobre a França, Belgica e Holanda e ameaçavam invadir o Reino-Unido.

Além de enfrentar Hitler, o político britânico também precisou contornar uma crise dentro do próprio partido e o desespero dos políticos em Londres frente à expansão e superioridade das forças nazistas.

Wright impõe bom ritmo à obra, mesclando momentos incrivelmente tensos e outros bem humanos. Nos quais o diretor aposta na melancolia para recriar um dos períodos mais escuros e desesperadores que o mundo já viu.

O Destino de Uma Nação é um cinema político necessário que demonstra essência de governantes. Cujo único propósito é a salvação de um país.

Junto da direção de Joe Wright, o roteiro se faz complementar, desde o aspecto visual, a diálogos e figurinos.

Se há algo que merece destaque especial no longa é a caracterização do protagonista.

O incrível trabalho de maquiagem transformou Gary Oldman em Churchill com tamanha perfeição que por vezes tem-se a impressão que se trata do próprio político em cena.

O ator inglês de 59 anos ganhou o Globo de Ouro de melhor ator. Ele desponta como favorito disparado na corrida ao Oscar® de 2018.

Dominique - O Destino de uma nação

Além do desafio de interpretação, havia também a transformação física. Quase magro Oldman não se parecia em nada com o rechonchudo Churchill.

O ator não estava disposto a engordar. Então convenceu o japonês Kazuhiro Tsuji, um gênio da maquiagem que trocou o cinema pelas esculturas, a abandonar sua aposentadoria.

Em um processo que durou seis meses, Tsuji criou um molde de silicone com os traços de Churchill e um terno de espuma que engrossava sua silhueta e o ajudava a se mover como o político.

Passou mais de duzentas horas na cadeira de maquiagem, filmou carregando metade de seu peso em próteses e chegava ao set quatro horas antes dos demais atores.

Além disso, sofreu uma intoxicação por nicotina pelas centenas de charutos que o roteiro o obrigava a fumar.

Jacqueline Durran complementa a imersão do público na década de 40 com figurino minuciosamente detalhado.

Quem assina a fotografia é o diretor francês Bruno Debonel, responsável pelas belíssimas imagens.

O Destino de Uma Nação conta com uma produção acima de tudo elegante. Iluminação perfeita e uma beleza plástica que combina com a sobriedade do ambiente político tradicional da Inglaterra.

É visualmente lindo, impressiona com sua maquiagem, fotografia, diálogos bem construídos. Com uma interpretação de Gary Oldman para lá de magnífica.

Com 6 indicações ao Oscar®, O Destino de Uma Nação é uma ótima dica. Principalmente para quem quer curtir o feriadão de Carnaval em casa. Depois me conta o que achou!

[fve]https://youtu.be/A6a1jypnWg0[/fve]

Leia Mais:

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1 Comentário
  1. Vou assistir e voce falou em um post uma serie sobre moda não consigo localizar da Netflix se puder me enviar….dicas Dominique são demais bjos

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Como Nossos Pais: um filme moderno e real que gera reflexões

Dominique - Pais
A dica de hoje é “Como Nossos Pais”.

Hoje não posso deixar de comentar esse incrível filme brasileiro.

Vencedor de seis Kikitos no Festival de Cinema de Gramado, o quarto longa de Laís Bodanzky (Bicho de Sete Cabeças, As Melhores Coisas do Mundo) é bem mais que a história de uma mãe multitarefa e as diferenças entre gerações.

O longa tem como referência a peça de A Casa das Bonecas, de Henrik Ibsen, que fala de mulheres que atravessam processos de desestabilização.

Na trama, conhecemos Rosa (Maria Ribeiro), 38 anos, uma mulher guerreira que está em crise no seu casamento com seu marido Dado (Paulo Vilhena), infeliz no emprego que tem e ainda é pega de surpresa com uma atordoante notícia de sua mãe, Clarisse (Clarisse Abujamra), com quem possui uma relação cheia de conflitos.

A notícia mexe bastante com a protagonista que passa por uma grande transformação ao longo dos 102 minutos de projeção.

Como Nossos Pais é um belo retrato de geração dos 30/40 anos, perdida em ideias progressistas e valores atrasados.

Machismo, monogamia e liberdade sexual são discutidos de forma sensível e madura. A desigualdade de gênero, tema central da história, é retratada sem fúria. Só isso já faria o filme valer a pena.

Uma super-heroína dos nossos tempos, Rosa, precisa conciliar seu tempo com a educação de suas filhas pequenas, tentar ajustes em seu casamento recheado de desconfiança e crise financeira. Rosa é o reflexo da força feminina nos dias de hoje.

A raiva e o ressentimento quase sempre presente nas relações familiares e a transmissão de valores conservadores de gêneros entre pais e filhos – mesmo os mais liberais – também são traduzidos na tela.

A narrativa central sobre as pressões que geram culpa nas mulheres é uma discussão oportuna e necessária.

Dominique - Pais

Como Nossos Pais equilibra com virtuosismo – ao menos na maior parte do tempo – seu peso dramático com alívios cômicos e suas cenas de embates violentos com diálogos mais leves, mas nunca despretensiosos ou menos reflexivos por causa disso.

Não podemos deixar de falar das excelentes interpretações de Maria Ribeiro – que dá não só a vida à personagem, mas a torna extremamente real e de Clarisse Abujamra, afiada na pele de uma mulher que diz o que sente de uma maneira fria, direta, determinantes para o bom resultado do longa.

Os conflitos entre mãe e filha no decorrer do filme são marcantes e a atuação de Jorge Mautner, em cenas que viram cômicas, merece destaque.

Não por acaso a produção foi consagrada com seis Kikitos – melhor filme, direção, atriz, ator, atriz coadjuvante e montagem.

Como Nossos Pais é sem dúvida um grande filme. Vale a pena conferir!

[fve]https://youtu.be/-_8t-3PG8Qk[/fve]

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