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A lenda de Sao Martinho e as Castanhas Portuguesas

Em novembro, dezembro, quando era pequena, lembro de ir com minha avó ao mercado municipal comprar castanhas portuguesas. Comprávamos quilos e quilos desta deliciosa semente.

Minha avó as fazia de diversas maneiras: assadas, cozidas, mas a que mais me impressionava era o tal Marrom Glacê. Levava dias para prepará-lo e minha função era embrulhas as castanhas duas a duas em gaze para irem ao fogo.

Isso, sei lá porque, era necessário embrulha-las naquele pano furadinho. Depois colocava-se em potes que ela esterelizava num processo complicadíssimo de ferve, seca, ferve e seca.

E pronto!! Um belo laço dourado no vidro e tinha aí o presente que muitas amigas esperavam da vovó todos os anos.

E quis a vida que este ano, 2018, eu estivesse em Portugal justamente no dia 11 de novembro, e com minha mãe.

Aqui, hoje é dia de castanhadas porque é dia de São Martinho.

E vamos a lenda..

Neste mundo globalizado em que vivemos São Martinho não é um santo português, veja só. Nasceu na Hungria no ano de 316 DC.

Era pagão, virou cristão..etc.. (estou resumindo, tá gente?)

E numa noite de chuva gelada de novembro, ele em seu cavalo, encontra um mendigo encharcado e desesperado.  Cheio de compaixão, o jovem desceu do cavalo e, com a ajuda da sua espada, cortou a sua capa militar ao meio e deu uma das metades ao mendigo.

De repente o frio parou e o tempo aqueceu. Este acontecimento acredita-se que tenha sido a recompensa por Martinho ter sido bom para com o mendigo.

Hoje em dia, sempre que em novembro, mês cinzento de outono, abre-se os sol, diz-se que chegou o Verão de São Martinho.

São Martinho tornou-se padroeiro dos mendigos, alfaiates, peleteiros, soldados, cavaleiros, curtidores, restauradores e produtores de vinho.

Frases e Provérbios de São Martinho

  • Por S. Martinho semeia fava e o linho.
  • Se o inverno não erra o caminho, tê-lo-ei pelo S. Martinho.
  • No dia de S. Martinho, vai à adega e prova o vinho.
  • No dia de S. Martinho, castanhas, pão e vinho.
  • No dia de S. Martinho com duas castanhas se faz um magustinho.
  • Dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho.

E agora que tal algumas receitas com as divinas castanhas portuguesas?

1. Castanhas Assadas – Casal Mistério

Primeiro que tal o básico, mas um básico bem feito?

Como comprar castanhas:  escolha as mais duras, as mais brilhantes e, de preferência, sem aqueles pequenos buraquinhos que, às vezes, têm à volta. Outra dica: não se esqueça de lhes fazer um corte longitudinal, ou, se preferir, pode cortá-las em forma de cruz. Não interessa a forma como as corta, desde que as corte, senão o seu forno vai parecer o início da Terceira Guerra Mundial.

Ingredientes

(para 6 a 8 pessoas)

  • 1 kg de castanhas

Pré-aqueça o forno a 200ºC. Cubra a assadeira do forno com papel de alumínio. Com uma faca bem afiada, faça um corte em forma de cruz em cada castanha. Coloque as castanhas na assadeira e deixe-as assar durante 25 a 30 minutos, ou até ficarem amarelas e começarem a abrir. Retire do forno e tape as castanhas com um pano de cozinha. Deixe arrefecer até conseguir pegar nelas. Depois, retire o pano e descasque as castanhas antes de servir.

Nota: Esta receita não inclui sal, mas tem quem goste de polvilhá-las com sal fino (para agarrar melhor) antes de as colocar no forno.

2.COMPOTA DE CASTANHAS – site SAPO
Com apenas quatro ingredientes, pode apreciar o sabor deste fruto típico português  ao longo de todo o ano.
CREATOR: gd-jpeg v1.0 (using IJG JPEG v62), quality = 100

INGREDIENTES

Castanhas 600 g
Açúcar 500 g
Flor-de-sal 5 g
Sumo de laranja 1/2 laranja

PREPARAÇÃO

Leve as castanhas a cozer em água e sal. Depois de cozidas, escorra-as bem, retire-lhes a casca e leve ao fogo com o Açúcar

Deixe ferver durante quatro minutos.

Triture e deixe ferver durante mais quatro minutos.

Deite em frascos previamente esterilizados

3. Mont Blanc – Do site Panelinha

INGREDIENTES

  • 1 kg de castanha portuguesa
  • 1,250 litro de leite
  • 4 colheres (sopa) de açúcar
  • 3 colheres (sopa) de manteiga
  • 1 colher (sopa) de chocolate em pó
  • 1 colher (sopa) de rum
  • 250 ml de creme de leite fresco
  • morangos ou cerejas para decorar (opcional)

MODO DE PREPARO

  1. Lave as castanhas sob água corrente. Com uma faca afiada, faça um corte em cruz na base de cada uma.
  2. Numa panela grande, coloque as castanhas e cubra com água. Leve ao fogo alto. Deixe cozinhar por 1 hora e 30 minutos. Caso o corte em cruz ainda não esteja abrindo, deixe cozinhar um pouco mais.
  3. Retire as castanhas da panela e descasque, uma a uma, com uma faca afiada. A película marrom que fica entre a casca e a castanha também deve ser retirada.
  4. Volte as castanhas à panela, acrescente o leite, 2 colheres (sopa) de açúcar e leve ao fogo alto. Quando ferver, abaixe o fogo e deixe cozinhar, mexendo sempre, até obter um creme espesso.
  5. No espremedor de batatas, sobre uma tigela com a manteiga, passe o creme ainda quente. Acrescente o chocolate, 2 colheres (sopa) de açúcar e o rum. Misture bem até ficar homogêneo.
  6. Numa tigela com tampa, coloque o purê de castanhas e deixe na geladeira por até 2 dias para apurar o sabor.
  7. Na batedeira, coloque o creme de leite e bata até o ponto de creme chantilly. Reserve.
  8. Sobre a travessa que será servido o doce, passe o purê pelo espremedor de batatas novamente, isso serve para que fique com o aspecto de espaguete. Forme um montinho e coloque o creme chantilly ao redor. Decore com morangos ou cerejas. Sirva gelado.

AutorPanelinha

Tempo de preparoMais de 2h

ServeMais de 6 porções

Imagem da receita

 

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

5 Comentários

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Sem Limites – um thriller politicamente incorreto.

Politicamente incorreto, o thriller Sem Limites, conta com trama original e protagonista carismático

Hoje comento Sem Limites, um filme de ação com suspense, e um toque de ficção. Sabe aquele filme que você leu a sinopse e não achou nada demais? Pois é, mas depois, Sem Limites te surpreende e prende sua atenção do início ao fim.

Sem Limites fez bonito nas bilheterias. Além de ter passado ileso pela crítica especializada, que apontou a originalidade do roteiro e o carisma do protagonista como pontos principais.

A história do longa foca num tema muito interessante:
A possibilidade de usar 100% do cérebro, quando usamos somente 10%.

Só por explorar um assunto desejado por todos os humanos, o filme já ganha certa credibilidade.

Aqui o diretor Neil Burger desenvolve uma boa história em cima desse assunto que nos fascina.

Na trama Eddie Morra (Bradley Cooper) é um escritor que está sem criatividade, desmotivado e perdido na vida. Um dia ele reencontra seu ex-cunhado Vernon, que lhe apresenta uma pílula revolucionária capaz de ativar o funcionamento completo do cérebro. Eddie hesita por um momento, mas acaba aceitando por não ter nada a perder.

O efeito é imediato, e ele passa a se lembrar de tudo que já leu, ouviu ou viu em sua vida. A partir de então ele consegue aprender outras línguas, fazer cálculos complicados e escrever muito rapidamente. Mas para manter esse ritmo precisa tomar o comprimido todos os dias.

Seu desempenho chama a atenção do empresário Carl van Loon (Robert De Niro), que resolve contar com sua ajuda para fechar um dos maiores negócios da história.

Bem movimentado, com uma trama engenhosa, repleto de reviravoltas e coadjuvantes de luxo, Cooper assume o papel de protagonista com muita segurança. Robert De Niro, mesmo num papel pequeno oferece um ar ameaçador e envolvente, digno do talento de seu intérprete.

O politicamente incorreto é o principal trunfo do roteiro, adaptado do livro homônimo de Alan Glynn. Ele nos apresenta a um mundo onde os mais espertos sempre levam a melhor, seja por medidas sujas ou não.

A Nova York do roteiro é incrustada de agiotas, traficantes e maníacos disfarçados em meio a uma população viciada em trabalho.

Eddie Morra quer ser igual a eles, mas lhe falta ambição. Mas, nada que o NZT não resolva. A sua preguiça e falta de inspiração, são substituídas por uma disposição fora do comum, bem como uma incrível velocidade de pensamento. O dinheiro chega e junto com ele, a satisfação, que em Sem Limites nada tem a ver com dom.

A partir de uma premissa aparentemente absurda, o roteiro e Bradley Cooper, queridinho de Hollywood, presenteiam o público com uma história inovadora, que não tem medo de arriscar.

Por fim, temos uma conjunção de fatores num produto bom, que entretém e faz pensar de forma leve e divertida, com bastante competência.

Assiste e depois volta aqui para contar o que achou.

 

Trailer:

 

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A surpresa que o nome Danças Ocultas revelou

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Uma mudança de vida e, por fim, de carreira

Eu me lembro exatamente o momento em que tudo começou.  Já aconteceu de você olhar distraidamente para um espelho e não se reconhecer nele?

Um dia a empresa resolveu me enviar para um congresso no exterior. O evento era dali a duas semanas e o meu passaporte estava vencido. Corri para renovar o passaporte.

Tirei uma foto em algum lugar qualquer (não era o sistema atual para fazer o passaporte) e aí veio o choque: quem é essa mulher na foto? Foi nisso que eu me transformei? Cabelo horrível, sem nenhuma maquiagem ou cuidado, exalando uma aura de “eu não sou nada”…

Era assim que as pessoas me viam? Comprei uma maquiagem básica, ajeitei como pude o cabelo e tirei uma nova foto. Ficou um pouquinho melhor.

O fato é que aquela foto serviu para me acordar, e como se eu não tivesse espelho em casa, fez com que eu me olhasse de frente. Não devia ser assim.  Em que ponto do caminho eu me deixei para trás, junto com minha alegria?

O passaporte ficou pronto, eu fui para o Congresso e foi assim que desembarquei para minha primeira visita a Londres. Eram dois dias de evento, mas eu precisava ficar no mínimo cinco dias para que a passagem tivesse uma tarifa decente.

Mesmo com pouco tempo, planejei bastante a viagem. Então a primeira coisa planejada não deu certo: meu celular não foi habilitado para ligações no exterior (bom, essa história tem quase 10 anos…). Gastei quase 50 libras para ligar do hotel para casa para avisar que havia chegado, que estava tudo bem e que eu não ia ligar mais porque era muito caro.

E foi aí que o milagre aconteceu. Fiquei sozinha. Por cinco dias. Cinco dias inteiros. Sem conexão com a família, sem conexão com o trabalho. Sozinha. Para levantar e dormir quando queria. Para ir aonde queria. Comer o que queria. Comprar o que queria. Sem dar nenhuma satisfação a ninguém. Sem ter que negociar nada com ninguém. Sem ter que ceder nada para ninguém. Egoísmo? Liberdade pura!

Você com você mesmo. Fui ao teatro, visitei museus, sites históricos, fui a Windsor… Londres é a melhor cidade do mundo. Esses cinco dias pareceram um mês inteiro de férias para mim. Consegui me desligar completamente das coisas.

O começo da metamorfose

Quando eu voltei, algo muito estranho começou a acontecer. Era como se, a exemplo do que aconteceu com Alice no País das Maravilhas, eu tivesse mudado de tamanho e o espaço que eu tinha disponível não era mais o suficiente para mim.  Eu precisava de mais espaço, o meu espaço. Viajar é mesmo uma das melhores coisas que existem. E eu precisei ir a Londres encontrar… eu mesma!

A primeira coisa que mudou de tamanho foi a família. Mas não foi um processo rápido. Demorou dois anos para eu entender que o tipo de relacionamento que eu tinha significava para minha vida, e mais dois anos para preparar uma boa separação, em que todos fossem preservados e pudessem seguir em frente construindo suas vidas.

Depois reduzi ainda mais. De quatro pessoas, uma empregada e três cachorros grandes, passaram a ser de três pessoas, uma empregada e um cachorrinho. Uma dura realidade que eu tive que enfrentar ao entender que naquele meu novo mundo não era possível carregar mais do que devia sob pena de não sobrar de novo mais nada de mim.

A segunda coisa que mudou de tamanho foi a residência. Nós havíamos construído uma boa casa na Serra da Cantareira, com um grande jardim, onde moramos durante 9 anos. Apesar de ser uma casa deliciosa, o acesso era muito difícil e tudo tinha que ser resolvido de carro, o que causava uma grande restrição. No processo de separação eu decidi sair da casa e vir para São Paulo. Escolhi um apartamento perto da nova escola das crianças para que eles tivessem independência para ir e vir

Um detalhe importante sobre o apartamento: comprei mobiliado, muito bem mobiliado, o que me proporcionou uma mudança quase minimalista. Muita coisa foi doada, vendida, descartada (de forma sustentável) e só veio para a casa nova aquilo que era essencial.

É importante destacar que essas reduções de tamanho nem de longe significaram uma redução de mim mesma. Pelo contrário, a cada tamanho físico que eu ia reduzindo, o meu espaço pessoal e de realização ia crescendo, pelo fato de não ter que arcar com compromissos que pesavam e não contribuiam com meus anseios.

Uma nova graduação a essa altura da vida!

A terceira coisa a mudar de tamanho foi o meu currículo. Com mais tempo e mais dinheiro disponíveis (as coisas ficaram melhor divididas na separação), voltei para o banco da escola para realizar um antigo sonho: estudar Direito. Uma graduação a essa altura da vida!

Eu pensava que essa seria a minha carreira na aposentadoria, que estava se aproximando. Talvez um concurso público. Eu nem sequer imaginava o que a vida ainda reservava para mim. 

Alguns amigos se foram, outros apareceram, construí e retomei amizades realmente significativas. Ampliei minhas atividades culturais e sociais. Tive vários encontros e desencontros, cada vez mais com a certeza de preservar o meu espaço e a minha identidade.

Mas as coisas não pararam de mudar de tamanho não. Vivendo todas essas transformações, inevitavelmente o processo iria acabar chegando ao trabalho. E chegou o dia, depois de trabalhar 20 anos na mesma empresa, a qual sou extremamente grata por ter me permitido construir tudo o que fiz na vida, que não foi mais possível ter uma relação produtiva para os dois lados, e eu fui “saída”.

Confesso que quando vi o envelope com a minha carta de demissão (era preciso coragem para demitir uma profissional com tanto tempo de casa, resultados e salário alto) tive a mesma sensação de quando peguei a sentença do juiz sobre o divórcio: liberdade, enfim! E claro, desafio! E eu lá tenho medo de desafio?

Como já sabia que meu tempo de empresa não duraria muito, já havia iniciado, antes mesmo de sair, um plano de investimento em imóveis, que me traria uma renda importante para o dia-a-dia. Era claro para mim que quando saísse da empresa seria muito difícil uma recolocação no patamar que eu estava, tanto pela idade quanto pelo salário.

E eu nem queria mais trabalhar no mundo corporativo daquela forma, pois 25 anos já bastavam. Foram muitos bons anos, alguns não tão bons assim, mas a minha mudança de tamanho requeria liberdade e autonomia, criação e inovação, e aquele espaço não me permitia isso.

Meu currículo não parou de crescer: em paralelo ao meu curso de Direito, dediquei-me à formação em Coaching e em poucos meses já estava atendendo de forma remunerada. Como eu era uma profissional experiente, administradora de formação com uma longa carreira corporativa, rapidamente consegui estabelecer uma boa posição com um plano agressivo.

E claro, essa decisão também resultou em outra redução de tamanho: por mais bem-sucedida que seja essa iniciativa, ela não vai alcançar o patamar de ganhos que eu tinha na carreira corporativa, principalmente em função de todos os benefícios. O orçamento doméstico teve que ser adequado à nova realidade.

Sem problema algum. As adequações foram feitas aos poucos. Durante dois anos ainda mantive a empregada mensalista, que só depois se tornou nossa faxineira, com os filhos já crescidos e com um bom grau de autonomia, inclusive ajudando nos cuidados da casa.

Tenho um carro de luxo, remanescente dessa época em que o seu poder na corporação também é medido pelo carro que você exibe na garagem. Ele fica a maior parte do tempo na garagem. Fiz uma opção pelo transporte público e só utilizo o carro quando o deslocamento é muito complicado pela rede pública ou quando tenho que transportar coisas e pessoas.

Um dos meus cachorros grandes, uma labradora, a última que restou da casa da Serra, veio morar conosco no apartamento. E a vida me deu uma nova chance de cuidar dela e ter seu amor incondicional.

E o melhor de tudo: encontrei na profissão que escolhi para essa nova fase o verdadeiro sentido para o trabalho que é ajudar as pessoas a se realizarem, a ter uma vida melhor. A esta altura já são centenas de pessoas com quem pude contribuir. Tenho uma grande quantidade de projetos em andamento, liberdade e autonomia para criar e inovar.

Pode ser que algumas pessoas que me conheceram alta executiva me encontrem andando de ônibus, jeans e tênis, e pensem “coitada, quem te viu e quem te vê”. Elas não sabem que por trás daquela simplicidade está uma alma repleta de felicidade e realização, que encontrou seu propósito no mundo.

Como disse o poeta, Fernando Pessoa,  “tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

Patricia Martins de Andrade é Master Coach, Administradora e Bacharel em Direito, MBA em Gestão da Segurança Empresarial. 25 anos de carreira corporativa, investidora do mercado imobiliário e owner da ybr coaching desde 2013, onde já conduziu mais de uma centena de programas individuais e treinamentos em grupo com centenas de pessoas. Mãe da Helena, do Matheus, da Flora, a labradora, e do Kako, o ShihTzu.

 

1 Comentário
  1. Adorei o texto, é assim mesmo que acontece!!! Parabéns adorei o texto sério mas muito leve de se ler!!!

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Danças Ocultas – O nome que esconde uma grande surpresa

Cheguei sexta feira a Portugal onde participarei do Websummit 2018. Vou falar sobre o evento em um outro post.

Bom, mas o evento só começa na segunda. Tenho sábado e domingo para me aclimatar, passear e aproveitar.
Agora, o que fazer nesse sábado?
Não é minha primeira vez em Portugal, país que amo e tenho a sorte de ter compromissos profissionais e pessoais para poder cá estar algumas vezes.
Isso quer dizer que os passeios obrigatórios ja fiz todos, mais de uma vez.
Mas não posso não fazer nada!! Sensação de tempo perdido!!

Uma amiga indicou um passeio imperdível, a 1 hora e pouco de Lisboa, no Alentejo. Um hotel com um restaurante di-vi-no e paisagens idílicas..
Sem ver outras opções e no desespero do ócio em €, liguei para o Hotel Vale do Gaio para fazer a reserva para o almoço.
E foi com um enorme alívio que ouvi que o estabelecimento está em reformas e só voltará a funcionar em maio.
Sim, alívio. No fundo, no fundo, não estava muito afim de ir.

Não fique brava/o comigo mas tenho uma preguiiiiica de restaurantes.
Não consigo achar que ir a restaurante seja um programa.
A companhia, sim. A conversa, a troca, o companheirismos são motivos que me fazem ir a um restaurante.
Mas aí também posso ir a qualquer lugar né?

Voltando a meu sábado, comecei a procurar o que acontecia na cidade nestes sites tipo Time Out, NIT, etc..

Passando pelos eventos do dia 3/11, vi sim um tal de Danças Ocultas. Mas confesso que o nome não me animou nem a clicar para saber do que se tratava. Danças Ocultas? Fala sério..

Fui até o final da lista, voltei, e quando já estava quase me resignando a procurar um restaurante, vi que Jaques Morelenbaum era convidado especial do tal Danças Ocultas.

Péra… Olha só que belíssimo cartão de visitas. Ter como convidado este músico não é para qualquer um. Afinal ser parceiro com Tom Jobim é coisa de gente grande. Aliás, tive o prazer de assistí-lo com Tom, com Ryuichi (sim, o Sakamoto), e com seu quarteto.

Diante dessa credencial resolvi dar uma chance para esse grupo de dança e fui pesquisar. E pesquisando vi que não era um grupo de dança, e sim de música.
Comecei a escutá-los e nos primeiros minutos tive certeza que este seria meu programa de sábado.

Comprei as entradas pela Internet, e passei o dia me preparando para o show às 21h30 que aconteceria no Teatro Tivoli ainda por cima. Estava louca para conhecer esse lugar.

Cheguei cedo, e fui fazer hora no bar ao lado, que é um bar da moda. O Jncquoi (Lê-se Je ne sais quois).
Badalaaaaado.
Pedi um Gin Tônica cítrico e fiquei olhando o tempo passar enquanto pessoas passavam olhando o meu tempo suspenso.

Deu a hora. Fui pro teatro. Lindo Lindo. Lugar excelente.
E pontualmente entram no palco quatro homens e suas Concertinas.
Sabe o que é uma concertina? Eh um acordeão diatônico. E o que é um acordeão diatônico? Ahhh pra mim é tipo uma sanfona.

Então era isso. Um show com 4 sanfoneiros + um violoncelista (Jacques).
Gente. Foi das coisas mais lindas que já vi e ouvi. De arrepiar.

Estavam lançando o disco novo ” Dentro desse Mar” que foi produzido pelo brasileiro.
Pelo que entendi, o disco tem duas faixas cantadas, todas as outras apenas com belíssimos instrumentais. E no disco elas são cantadas por Carminho e Zélia Duncan.
Mas ontem quem as cantou foi Dora.
E ao final de sua primeira canção, sob aplausos da platéia, reparei que Jaques Morelenbaum  segurava o arco com uma mão e com a outra batia na perna, como se também aplaudisse. Olhava embevecido Dora sair do placo.
Não precisavam ter dito que Dora  é Dora Morelenbaum. Aquele era um pai orgulhoso de sua cria com voz de veludo.

Por vezes Morelenbaum saía e deixava os 4 sozinhos.. Ahhh que delicia.


Eles estão juntos há 30 anos. Possuem uma intimidade que se sente na musica.
E foi muito divertido vê-los interagindo.

Não sei seus nomes. Mas da esquerda para direita, o primeiro parecia estar lá para acompanhar, para fazer brilhar o som do grupo.
O segundo, parece que nasceu com o instrumento grudado no corpo. Toca com uma naturalidade, com uma facilidade e leveza, que fazia com que a concertina fosse realmente um órgão vital.
O terceiro tocava de uma maneira..de uma maneira…emocional. O cara sentia a musica, completamente envolvido em cada nota, gestos largos, gestos acanhados… Não conseguia parar de acompanhá-lo.
E o quarto..ah o quarto é aquele que se diverte. O cara estava realmente se divertindo enquanto tocava. Era tão nítido.
Na verdade todos estavam.

Não sei se você tem essas coisas… A felicidade suprema de descobrir algo que te faz ainda mais feliz?

A certeza que esse conjunto com esse nome estranho com uma música super contemporânea me acompanhará daqui pra frente. E eu a eles.

Poderia também ter sido um inesquecível Lombinho De Porco Preto Grelhado Pincelado Com Manteiga E Coentros Com Arroz De Hortelã  Ou Bochechas Estufadas Em Bôrras De Vinho Tinto Com Migas De Espargos  caso o restaurante não estivesse reformando e você estivesse comigo.

Veja e ouça um pouquinho do que é Danças Ocultas aqui nesse vídeo

O site do Danças Ocultas – https://dancasocultas.com/

Leia também:

Rever Portugal e abraçar minha gente

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

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Filme Grandes Olhos – Programão pro feriado

Grandes Olhos – A artista e o impostor, por Tim Burton, disponível no Netflix

Grandes Olhos é apontado por muitos como o longa mais atípico do diretor. Mesmo assim, não deixa de ser um filme autoral.
Nele estão o protagonista inesperado, as inquietações internas, as relações familiares, a injustiça artística e a criatividade que surge da frustração.

Há os que amam, há os que detestam, mas não há como negar que Tim Burton é um cineasta, no mínimo pop, e aclamado por isso.

Grandes Olhos apresenta a história real da pintora Margaret Keane, uma das artistas mais rentáveis dos anos 1950/1960. Graças aos seus retratos de crianças com olhos grandes, tristes e assustadores. Defensora das causas feministas, ela teve que lutar contra o próprio marido no tribunal!   Walter Keane, também pintor,  afirmava ser o verdadeiro autor de suas obras.

Questionada sobre os porquês de pintar deste modo, Margaret Keane afirmou:

É através dos olhos que vemos não só o mundo exterior, mas também os duelos internos de cada pessoa, como uma “janela da alma”.

E o que ela estaria passando, nesses quadros, seria a tristeza sentida por uma vida de desilusões e más escolhas. E Walter Keane foi uma dessas.

Mas, ainda assim, difícil de desvencilhar, pois a conexão que se estabelece entre eles é forte e determinada. Abrange vários pontos carentes de sua personalidade, como a proteção familiar, a baixa auto-estima e a postura da mulher na sociedade dos anos 1950.

Grandes olhosA personagem interpretada por Amy Adams acerta na dose de vulnerabilidade. Ela convence com os trejeitos sutis da artista e o manuseio íntimo com os pincéis.
Captando a personalidade de Margaret, em silêncio a personagem de Amy Adams toma as atitudes de maior força e cheias de medo.


Já a retratação de Walter Keane feita por Christoph Waltz se destaca ao extrapolar e adquirir uma persona extravagante e carismática. Ao mesmo tempo em que entrega ações lunáticas e possessivas.

Ambos os personagens apresentam dualidades que os tornam imensamente interessantes. São capazes de humanizar situações inacreditáveis, mas bem normalizadas pelo contexto histórico de uma sociedade machista.

A atuação de Adams como Margaret lhe rendeu o Globo de Ouro de Melhor Atriz.
Além de Adams, outro destaque do filme é o belo figurino, que, aliado à direção de fotografia dá um ar como que onírico ao longa. As cores, mesmo as mais suaves, são carregadas, brilhantes. Uma opção que casa com os momentos iniciais de felicidade de Margaret ao encontrar o homem que acreditava que traria sua tão sonhada tranqüilidade e estabilidade. Ou nos momentos em que a trama se passa no Havaí. Todo brilho, ironicamente, torna-se mais contido nas cenas em galerias, exposições e points de artistas.

Com o roteiro escrito pela dupla Scott Alexander e Larry Karaszewiski, Burton trata com sensibilidade o caso de Margaret. Especialmente a luta que trava consigo mesma por conta da fraude que vive com o esposo. O diretor conduz a trama com leveza, de forma sutil e nem um pouco cansativa.

A história é um prato cheio para Tim Burton repetir sua recorrente crítica ao american way of life.  Representa uma sociedade com valores distorcidos. Além do machismo já citado, o filme deflagra críticas à igreja e à crítica de arte.
Enfim, Grandes Olhos seria apenas mais uma história, mas com Tim Burton, o filme se torna um curioso caso de superação e reconhecimento, provando que o diretor sabe, sim, fazer cinema e o faz como e quando quiser.

Trailer:

https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=y_MlIlDau2M&feature=youtu.be

Veja também:

As Flores e os Nudes de Georgia O’Keeffe

1 Comentário
  1. Eneida Cazarotti disse:
    Seu comentário está aguardando moderação. Esta é uma pré-visualização, seu comentário ficará visível assim que for aprovado.
    Walquer critica a Igreja quando se ve ameaçado pela influencia do relacionamento e apoio dos cristaos a Margareth. Ademais a igreja so contribuiu para iluminar a mente e as emoçoes de Margareth.
  2. Filme deflagra críticas à igreja? Mas foi a igreja que através dos princípios cristãos da verdade fez com que a Sra Margaret tomasse a atitude de enfrentar o ex-marido nos tribunais e tivesse sua autoria finalmente reconhecida.

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