Dominique

Coisas de Dominique é onde histórias de mulheres são contadas. Histórias de mulheres que realmente têm o que contar.
Eliane Cury Nahas por vezes transcreve, por vezes traduz coisas que Dominiques (aquelas mulheres com 50 ou mais anos de histórias) contam. Surpreendentemente você se identificará com muitas delas, afinal #SomostodasDominiques

QUAL O CAMINHO PARA O OLIMPO? – ep.3

Ôôô… felicidade viu!
Pele boa.
Brilho nos olhos.
Riso fácil.
Claro que naquele segundo encontro trocamos telefones.
Mas não anotei em papelzinho desta vez.
Na-na-ni-n-a-não
Gravamos em nossos celulares.
O que?
Menina, com o trabalhão que tive para encontrá-lo depois daquele primeira one night stand, desta vez eu gravei o celular, fixo, trabalho, e-mail, endereço, rg, cpf, número do sapato, matrícula de reservista.
Não perderia meu Paulo/Adonis* de novo.

Ahhh, sim. Nesta noite contei meu nome verdadeiro.
Tentei fazer parecer engraçado ter dito que me chamava Maia e que isso não tinha sido uma mentira.
Apenas uma fantasia. Que Maia era muito mais instigante que Carla.
Não colou muito. Mas também não atrapalhou muito.
E fomos em frente.

Trocamos algumas mensagens durante a semana.
Confesso. Tive que me conter. Minha vontade era mandar um milhão de mensagens.
Ligar e falar com ele o tempo todo.
Mas me contive.
Ele tinha voltado para Ribeirão Preto, e não sabia direito quando voltaria.
Não sabia? Ou estava me despistando?
Não sabia? Ou não queria me dizer quando voltaria?
Carla, Carla!!
PQP.. 42 anos no lombo e insegura deste jeito???
Ahhh, é… Tem isso.
Não contei para ele, ainda, que tenho 50 anos.
Ahhh, mas ele é tão maduro. Tão sério.
Não me parece que vai se impressionar com nossos 10 anos de diferença.
Não são 10? Ai, como você é preciosista, tá bom… 11 anos!!
12???? Mas por que 12??? Ele não disse que tinha 39 anos?
Ahh é, vai fazer..

Agora, por que esta preocupação toda?
Cazzo… Só se preocupa assim quem quer um relacionamento.
Quem quer namorar… mãozinha dada, cineminha domingo à tarde, troca de presentinhos de dia dos namorados, conhecer os amiguinhos dele, conhecer a família dele……. affffffffffff.
Mas não eram só umas trepadinhas?? (Perdoe o meu francês).
Sim, só isso.

Bom… As escassas trocas de mensagens continuam por mais eternas duas semanas, até que ele me conta que ficará por aqui por 15 dias.
Sabe aquela felicidade que sentimos quando uma calça jeans de 10 anos fecha novamente?
Multiplique por 10.
Não… Por 20!
Eu não me aguentava.
Já comecei a planejar cada detalhe daqueles 15 dias.
Do almoço na chegada do dia 1 à noitada, do café da manhã do dia 2, da surpresa que faria no dia 3…
Mas, pera!
Quando foi mesmo que ele falou que queria me ver?
Ele não falou.
Repassei tooooodaaaas as mensagens.
Não. Ele não falou.
Chamei a Nena.

– Nena, veja se tem alguma entrelinha aqui que diz subliminarmente que ele quer me ver.
– Nop…

Não aguentei.
Liguei!
Ora bolas!!
Que papo é esse de mensagem, SMS, torpedo???
Quero é falar com ele!!!
Liguei mesmo!
Caixa.
Liguei de novo!
Caixa.
Liguei de novo, só que desta vez para a Nena.
E acredite… meio que em desespero.
Ela só não riu porque sentiu que eu estava tristinha mesmo.
Nena me consolou. Conversou. Falou. Pouco adiantou.

E o final de semana chegou.
Nena me arrastou para o cinema.
Chorei até. O filme nem era tão triste. James Bond..
Quando saímos, ligo meu celular e tcharammmm.
Adivinha?
Três ligações perdidas.
1ª – da minha mãe!!!!
2ª – da minha mãe!!!!!!!
Mas não faria você, leitora, chegar até aqui se não tivesse algo muito legal pra contar, né?
3ª – ligação perdida do Paulo/Adonis.

– Neeennnnnaaaaa, mamãeeeee me ligou!!!!
Ela me olha com um certo pesar me vendo retornar a ligação. kkkk.
– Alô? Oi… Tudo bem? … Tudo… Vi que me ligou… É, estava no cinema com uns amigos. Amanhã??? Amanhã almoço com meus filhos…
Nena me olhou espantada.
– Pois é, Nena – expliquei depois – tenho filhos. E é almoço de domingo.
– OK… Te encontro lá umas 17 horas. Beijos…
Pulinhos, pulinhos, muitos pulinhos de felicidade.

No dia seguinte me encontrei com Paulo em seu apartamento.
Ele quase não teve tempo de virar a chave da porta.
Não estava me aguentando de saudade.
Beijei, apertei, afaguei, abracei…
E melhor.
Fui correspondida.

Depois deste domingo, durante aquelas duas semanas, tive que trabalhar, óbvio.
Mas o trabalho, meus filhos, meus afazeres eram só interrupções para o momento do dia em que encontraria Paulo.
Sim querida…
Nós nos encontramos todos os dias.
E todas as noites.
Óbvio que aquilo já era um relacionamento.
Óbvio que eu já estava apaixonada.
Óbvio que a diferença de 12 anos não me incomodava.
Não… Não me incomodava dentro de quatro paredes.
No apartamento dele.
Em nossos jantares a dois.
Mas, por algum motivo, para as pouquíssimas pessoas (duas além da Nena: minha gineco e meu personal) que ousei contar sobre este meu relacionamento, não consegui falar da idade.
Senti vergonha.
Senti medo do julgamento.
Mas tinha certeza que isso com o tempo passaria.
Era uma questão de acomodação.
Eu precisava me acostumar com a ideia.
Ahhh, mas isso se o Paulo estivesse na mesma vibe que eu, né?

Mas… Reload um tantinho o texto.
Relacionamento? Em duas semanas?
Carla, Carlinha, Carlota… Sua romântica. Isso está mais para um affair!!!
E por isso mesmo que fiz muito bem em não contar para os meus filhos.
Tava cada vez mais difícil inventar desculpas.
Mas, também, não os vejo muito preocupados comigo.
Na real, estão pouquíssimo interessados no que faço ou falo, contanto que não atrapalhe os interesses deles.
Essa geração millennial é de lascar, viu?

Voltando.
Fora essas minhas crises, dramas, nóias e neuras posso dizer que nos divertimos muiiitoooo.
Conversamos sobre tudo.
Paulo é um homem culto. Inteligente. Com ideias jovens e frescas, claro.
Ele espantosamente conhece coisas, músicas e costumes da minha época. Isso facilita muito.
Ele lê. Gente!! Ele lê!! Jornal, livro, revista!! Baita diferencial, vai?
Esportista.
Bom… aí eu dava um jeito de ir de bike do lado dele enquanto ele corria.
Cozinhei para ele.
Fiz surpresinhas.
Ele também fez.
Sem falar no sexo, né?
Ahhhh.. Morra de inveja!!!
Lembra como era? Pois é..
Teve dia de eu pedi arrego. Juro…
Foram dias felizes. Muito felizes… Muito.

E chegou o dia de ele voltar para Ribeirão.
Ahaaaaa!!! Tá achando que me matei de chorar, né?
Que fizemos despedidas apaixonadas e chorosas?
Que fui levá-lo até o carro e fiquei olhando ele ir embora??
Nada disso!!!
Sério!!
Nós nos despedimos na frente do Uber que me levaria para a minha casa.
Um beijinho rápido.
Queria perguntar quando ele voltaria.
Mas não consegui.
Quando vi que meus olhos iriam marejar, voltei para dar-lhe um outro beijo junto com um beliscão naquele bumbum lindo!
Com muita vontade!! E vendo a sua cara divertida e surpresa fechei a porta do carro.
– Aceita uma bala, uma água?
– O senhor não teria um Clover Club, teria?

* Se você não entendeu e QUER entender o porquê Paulo/Adonis, veja as histórias anteriores:

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

5 Comentários
  1. Tem mais .?
    Continua está tão bom sua história.
    Sabe que me coloquei em seu lugar e é uma PUTA experiência para ninguém botar defeito.
    Felicidades. Bjs

  2. Adorei e vivenciei cada episódio como os tivesse vivido!
    A narrativa, deliciosamente pseudo-apimentada,deixando que esses detalhes ficassem por conta de cada uma!
    Não vejo a hora de mais narrativas!
    Se reencontraram,voltaram a se amar?
    Não nos mate de curiosidades!

    1. Sheila, hoje tem mais texto. Que bom que esta gostando da história da Maia e do Adonis. Somos todas deusas merecedoras do Olimpo, nao acha? Beijocas querida..

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VISITANDO JOCASTA- ep.4

Dominique - Homem mais novoPaulo e Carla.
Carla e Paulo.
Não vou te manter em suspense.
Se você leu os 3 textos anteriores merece saber que não houve sofrimento após aquela despedida.
Se você não leu, vai entender que Paulo e eu somos um casal que vivemos em cidades diferentes.
Depois daquela despedida, Paulo continuou me tratando como se estivesse na porta ao lado.
As mensagens eram muito frequentes e as ligações diárias.
Os vínculos estavam formados.
As rotinas também.

Ele ficava 15 dias em Ribeirão Preto e 15 dias aqui.
E assim as quinzenas foram passando.
Os 15 dias daqui eram dias plenos.
Tinha momentos tão felizes que eu parava de respirar, e tentava congelar aquelas cenas em minha memória ou em meu coração.
E dizia que queria guardar aquele sentimento para poder sentir mais tarde.
Não era possível ser tão feliz em um espaço tão curto de tempo.
Paulo se divertia.
Os 15 dias que ele passava longe eram uma grande contagem regressiva, que só aumentava o prazer da expectativa e do reencontro.
Ele chegava sexta-feira à noite ou sábado de manhã.

Naquele final de semana ele chegou na sexta-feira e, como sempre, despenquei em seu ap quase que imediatamente após a sua chegada.
Eita, como a saudade faz bem.
Bom, matada a fome, fomos comer alguma coisa. Mas na cozinha.
E foi aí que ele me falou, aliás com muita naturalidade.
– Amanhã almoçamos juntos, né?
– Mas é claro!! Tenho que voltar pra casa para algumas coisinhas com meus filhos, mas o almoço é com você.
– Ahhh, que bom. Vai conhecer minha mãe então. Ela vem para São Paulo para ir a um show, acho que um musical, e vamos almoçar juntos. Vou fazer um risotinho aqui para nós. Falei que você estaria aqui.

Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!

Genteeee!! Como???
O que foi que ele falou??
Mãe????? Ele tem mãe???
Tá bom, eu sabia que ele tinha. Mas para mim ela era uma entidade, tipo boto cor de rosa.
Existe, mora longe, sei histórias, mas tenho pouquíssimo interesse.
Mas e agora???
Não quero conhecer a mãe dele.
Não quero almoçar com o boto!!
Muito menos aqui na casa dele!!!

O que ela deve pensar do filhinho estar namorando uma mulher 15 anos mais velha!!!
É. 15. Não te falei? Upss..
Então, um dia tive que contar para ele que não tinha 42. E sim 50.
Ele aproveitou para me falar que não tinha 38 e sim 35.
Mas aí já era tarde demais.
Claro, né? Não sou tão bobinha assim. Nem ele.
Claro que nós dois sabíamos que a diferença não eram só aqueles 3 anos.
Mas isso era um assunto menor. Ou tão maior que evitávamos.
Sempre preferi ficar sozinha com Paulo. Ou ir a lugares românticos e fora do meu circuito.
Ele não se incomodava.
Mas não deixava de sugerir lugares badalados, barzinhos da moda. Eu evitava. Preferia não ser vista com ele.
Acho que não estava preparada.
Não contei para os meus filhos. Quer dizer…
Eles sabiam que eu estava namorando.
Mas disse que não era nada sério, que quando chegasse a hora nos reuniríamos todos.

Aí agora, cara colega, você aí desse outro lado do monitor vai dizer:
– Que bobagem!!!
Ahh, é! Até parece…
Tudo que eu queria é que fosse, sim, uma bobagem, um preconceito ultrapassado ou da minha cabeça.
Então fui a campo. Cheguei a fazer alguns ensaios para sentir o que viria do mundo.
Primeiro, obviamente, troquei muitas e muitas ideias com a Nena.
Quando ela percebeu que a coisa estava deixando de ser uma brincadeira e que já tinha virado um relacionamento começou a me fazer perguntas incômodas.
Contei que tinha aberto meu coração e dito minha verdadeira idade. Ele a dele. E que aquilo foi motivo de risadas, os 15 anos, eu digo.

– Carla, isso tá muito estranho. Muitooo. O que ele faz mesmo?  Trabalha com que? O apartamento é dele?  Menina…………. Olha lá!Você não está bancando nada para ele está???  Você sabe quem ele é realmente?
Afffffffff
Eu sei que ela não falou por mal.
Sei também que ela, assim como eu, não vê problema em mulheres que ganham mais que o homem.
Mas sei lá. Se minha melhor amiga falou comigo deste jeito…
O preconceito existe.

Vou te poupar de descrever o tipo de comentário ou pensamento que passa na cabeça das pessoas quando veem um casal assim.
Mas continuei tentando aceitar a diferença na aceitação do outro.
Então chamei a Paula.
Paula, minha amiga super super descolada e moderninha e open minded.
Tinha certeza que ela falaria tudo o que eu queria ouvir.
E ela disse:
– Carlaaaa, minha linda!! Parabéns!!!!  Querida, isso é muita competência!!! Esta é uma das melhores coisas que pode acontecer com uma de nós Dominiques: ter um relacionamento com homem mais novo. Ainda mais se for este TUUUUUDDOOO o que você está falando.  Coisa mais linda… Aproveite muito.

Respirei fundo, numa alegria quase infantil, e abri um largo sorriso, adorando o apoio e prestes a contar toda a nossa história de amor como uma adolescente (porque, afinal, tudo o que eu queria era dividir com o mundo aquele meu louco amor). Foi quando ela completou…
– Só tome cuidado para não se apaixonar!!! Não queira brincar de casinha e sonhar com happy familyAffair com homens mais novos tem prazo de validade.
Prazo de validade.
Esta frase ressoava na minha cabeça. Martelava.

Mas era ouvir a voz dele, ler uma mensagem, sentir seu toque, que tudo isso passava.
Verdade é que na cama nunca senti esta diferença.
Não sei se porque não tínhamos espelho no teto.
Também se tivéssemos sou míope graças a Deus.
Mas sempre dei conta do recado.
Com galhardia.
Ahhh… uma mulher sabe disso. Sabe quando agrada.
E era plenamente correspondida.
Pois é…
Mooorra de inveja!!!
Namorar menino tem lá suas vantagens… Muitas!

Mas, agora, voltando ao tal almoço??
Conhecer a sogra?? Gente!! Nãoooo!!!!
Tinha que arrumar alguma desculpa para não ir.
Mas o que?
Dor de cabeça? Nahhh
Cólica? Nahhhhh
Casamento do primo mais novo? kkkkkkkk Nahhhh

Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!

Pensei até em pagar alguém para quebrar uma das minhas pernas. Talvez as duas.
Mas tive essa ideia muito em cima da hora e não achei ninguém disponível.
Como dizia meu pai: o que não tem remédio remediado está.
E na falta de remédio melhor para situação, dá-lhe Rivotril.
Você tem ideia do tormento que foi me arrumar para aquele almoço?
Sim, você deve ter.
Roupa mais chiquezinha ou mais descolada?
Salto alto ou sapatilha?
Bolsa?
Uso maquiagem? Claro, né Carla!!!!
Hellooooo… 50 anos!!
Paulo ligou perguntando se eu queria que ele me pegasse.
– Não querido. De jeito nenhum. Vou com meu carro.
– Ahhh, já chegou? Que bom… Quer que leve algo? Nada mesmo? Ok..

Mas não fui com meu carro não. Resolvi pegar um táxi.
Fiquei com medo de me perder, de bater, de não chegar.
Moro no Itaim e o Paulo, em Perdizes. Não é tão longe, masssss…..
Você sabe como é mulher nervosa.
Foram os 4 minutos mais angustiantes da minha vida.
Sim, sim, eu sei.. Num sábado sem trânsito este percurso não daria menos de 25 minutos.. Mas nunca uma porra de uma viagem de taxi passou tão rápido.
PQP.
Enfim.
– Chegamos – disse o motorista diante de uma mulher paralisada no banco de trás.
Paguei. Peguei minha bolsa e a garrafa de vinho e os chocolates chiquetérrimos que comprei para hora do cafezinho e me encaminhei para portaria.
– Boa tarde dona Carla. Pode subir. Seu Paulo está te esperando.
– Ahh, obrigada seu Zé. A mãe dele já chegou?
– Dona Mariana? Já sim!!

Não sei porque, mas gelei.
Fiquei pálida.
Percebi que estava suando frio. Devo ter borrado a maquiagem.
Pedi que seu Zé avisasse pelo interfone que eu tinha chegado.
Na verdade, estava ganhando tempo e tentando recobrar o ritmo normal da minha respiração.
Quando minha tontura diminuiu, meu suor secou e o meu batom fixou eu abri a porta do elevador e subi.
Paulo estava na porta me esperando.
Não deixei que ele me beijasse na boca. Na verdade, acho que ele nem tentou.
Segurava minha bolsa de um lado como se ela fosse um escudo antibombas, e os chocolates como se fossem um terço.
Dona Mariana estava nos esperando na sala com um largo sorriso.

– Mãe, esta é a Carla.
– Olá, Carla. Já ouvi muito falar de você.
– É um prazer finalmente conhecê-la – disse dona Mariana com o mesmo largo sorriso e com os beijinhos tradicionais.
Muito carinhosamente me convidou para sentar num sofá que eu tanto conhecia.
Disse que amava chocolates, e que aqueles eram especiais.
Fui ficando um tiquinho mais à vontade.
Paulo, obviamente, dono da situação ou pelo menos dono do espaço se movimentava pelo apartamento me servindo uma coca zero, entrando e saindo da cozinha vigiando seu risoto. Mas percebi nele também uma leve tensão.
Mas o papo fluiu.
Fluiu bem.
Falamos amenidades.
– Agora entendo porque o Paulo é tão maduro e culto, dona Mariana.
– Dona? Dona não, vai… Mariana

Senti que ela parou a frase de sopetão. Senti que ela se reprimiu.
Tenho certeza que faltou o “afinal somos quase da mesma idade”…
Tenho certeza!!
Ou será que foi nóia?
Foi nóia. Claro!!!
Estava sendo super bem tratada.
Me sentindo quase que acolhida.
Bom.
Almoçamos.
E a conversa continuou amena.
Pairava no ar talvez um quase imperceptível desconforto.
Talvez um cuidado excessivo.
Não sei.
Mas normal para pessoas que se conhecem.
Sobremesa.
Cafezinho. Chocolates.
Começou a faltar assunto.
Então bora falar do tempo, né?
– Nossa, mas como está quente, não?
– Este verão está especialmente quente, vocês não acham?
– E dizem que Ribeirão Preto é ainda pior, não é Mariana!! Como você aguenta?
– Ahh, Carla. Fica pior nesta nossa idade. Mas depois de um tempo, nós nos acostumamos com a menopausa e os calores diminuem.
Silêncio…………………………………..
Acho até que meus olhos chegaram a marejar.

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Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

9 Comentários
  1. Que coragem! Fiquei me imaginando nessas situações, não consegui me inserir nesses contextos….deu medo….mas, que privilégio o seu, poder viver uma história dessas…maravilha.

  2. Maravilha, e qdo sai o prox capítulo? Me identifiquei Muito, me voltar no tempo lembrando alguém muito especial q por medo e insegurança mandei embora d minha vida…

  3. Eu tenho 50 anos e o meu marido 36 estamos juntos a 15 anos , quando nos conhecemos eu tinha 36 e ele 22 , mas isso nunca foi um problema pra nós e foi e é Ele quem tem as responsabilidades financeiras em casa

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DANEM-SE OS DEUSES. ODEIO MITOLOGIA – ep. 5

Dominique - Homem mais novo
Entro no Uber batendo a porta com força.
– Água, bala?
– Não, obrigada.
– Quer que aumente o ar condicionado?
– Não!!!! Não estou com calor!!!
Sobrou pro coitado do Cleber, motorista.

E você acredita que o boto, ops, a tal Dona Mariana, sim, agora ela será dona para sempre, mãe do Paulo, ainda teve a pachorra de ao se despedir dizer:
– Carla, venha para Ribeirão com Paulo. Vou adorar!
Gente!!! Esta mulher, que insinuou na frente de meu namorado que meus calores são culpa da menopausa e não do aquecimento global!!!
Lembrando que eu sou 15 anos mais velha que o Paulo.
Não consigo mais lembrar uma única palavra do que ela falou depois da frase infeliz que continha a palavra menopausa!
E óbvio.
Acusei o golpe.
Fazer o quê???
Tinha que ir embora dali. Tinha que escapar daquele olhar julgador.
Então menti. Tentei manter uma certa classe e dignidade.
Você quer algo mais digno do que filhos? Então…Usei os meus!
Disse que meus filhotes me esperavam .
E saí quase que pela janela.

Cheguei em casa, coloquei meu roupão, minhas pantufas, tirei a maquiagem e me joguei na cama.
Ouvi o celular tocar algumas vezes mas não tive força nem vontade para atender.
Não sei se peguei no sono ou se entrei em alfa.
Mas assustei tempos depois com o estridente toque do interfone.
– Dona Carla. Tem um moço aqui. Disse que é amigo da senhora. Paulo. Pode subir?

Uiiii!!! Ela já me deixou em casa algumas vezes, mas nunca tinha entrado. Nunca convidei e ele nunca quis.
E agora?
– Pede pra subir, por favor.

Corri para ver se os meninos estavam em casa. Não. Ufa! Um problema a menos.
Fui abrir a porta e lembrei das pantufas e do roupão.
E da falta de maquiagem.
E da possível cara de choro.
E do cabelo desgrenhado.
Bom. Era melhor mesmo que ele me visse in natura mesmo.
Até pq não daria tempo para nada. Já tinha ouvido a porta do elevado abrir.
Mas pantufas, ninguém merece, né?
Joguei-as longe e fiquei descalça.
Abri a porta.
Lá estava Adonis.
Meu Adonis. Aquele homem lindo. Com pegada. Apaixonante.
Lá estava também o Paulo, filho de Dona Mariana, 15 anos mais novo.
Olhamo-nos na porta. Afastei para que ele entrasse.
Ao invés disso ele me abraçou.
Aquele abraço gostoso.
Não..Não foi um abraço gostoso.
Foi um abraço restaurador.
Gente, o que esse homem tem?
E não é que mesmo naquele estado lastimável que eu estava comecei a me animar???
Ele perguntou baixinho, quase num sussurro se eu estava bem.
Não respondi.
Nesta hora, eu já estava completamente entregue.
Cheguei meu corpo junto ao dele. Mais. Se é que era possível.
Precisava senti-lo.
Ahhh, e como senti.
E ele, aproveitou-se de sua força masculina e apertou o abraço.
Afastei-me abri meu roupão sem cerimônia e deixei que ele caísse no chão.
Falei, nua e totalmente exposta.
– Esta sou eu.
Carla, 50 anos.
Com muitos cabelos brancos que você nunca viu.
Com a pele flácida.
Menstruando ainda, mas não sei até quando.
Com fogachos.
Com algumas gorduras acumulando nas costas.
Me matando de fazer ginástica e dieta.

– E esta aqui também sou eu.
Carla, 50 anos.
2 filhos.
Um ex marido.
Resolvida
Experiente
Sem TPM.
Boa de cama.
Independente.
E um pouco flácida. Já falei isso né?

Paulo ficou ali. Em silêncio. Me olhando.
Não falou nada.
Apenas me olhava.
Nua. No meio da sala.
Não sei quanto tempo passei nesta agonia.
Até que quase gritando pedi pelo amor de deus que ele falasse alguma coisa.

– Sim, eu vou falar:
Esta é Carla.
Mulher deliciosa.
De quem eu gosto. Gosto muito
Que eu adoro cada pedacinho.
Carla, que tem 50 anos.

Ahhh colega..
O que aconteceu ali depois foi sexo.
Foi a mais pura definição de sexo selvagem.
Eu estava magoada.
Estava triste.
Sabia que teríamos que ter aquela conversa que estávamos evitando.
A realidade bateu a minha porta da maneira mais abrupta possível.
Enxerguei na mãe dele a crueza e talvez a crueldade que me aguardavam.
Ou não. Apenas o retrato dos fatos.
E isso além de me magoar me enfureceu.
Foi um mix de sentimentos.
Todos muito fortes.
Não sei se isso ou aquilo ou tudo isso, me fez querer desta vez um sexo mais bruto.
Foi diferente. Foi forte. Foi bom.
E proibido para menores.
Não sei se foi romântico. Talvez sempre seja. Não sei.
Mas logo depois me bateu a preocupação que meus filhos poderiam chegar a qqer minuto.
Saímos de casa.
Fomos a um restaurante tranquilo, meio decadente mas muito acolhedor no centro da cidade.
Precisávamos de tranquilidade para conversar.
– Mas Carla, precisa ser hoje.
– Precisa. Garçom, Um Clover Club para mim por favor. E outro na sequencia.

Bom. Aqui falei de todos aqueles temas tão batidos e banais que já conhecemos quando se trata de relacionamentos entre mulheres mais velhas com homens mais novos.
– Vc vai querer ter filhos.
– Qdo vc tiver 50 eu vou ter 65
– Nossos interesses são diferentes
– seus amigos/meus amigos
– meus filhos/sua mãe
– mulheres mais novas/ meu ciúme
– Preconceito. Preconceito. Preconceito
Etc..etc..Etc..
Disse ainda que talvez fosse melhor para ambos que terminássemos aquela história ali.
Naaaaaooooooo!!! Como estas palavras foram sair de minha boca!!
Mas saíram.
Ele me olhou fixamente e perguntou se era isso realmente que eu queria.
Pq se fosse ele respeitaria. BláBláBláBlá
Claro que não era, mas ele topou cair fora muito rápido!!
Fiquei meio grilada (grilada é antigo pacas, né?)
Conversamos..Conversamos…
Ficamos quase até sermos postos para fora.
Eu já devia estar pink de tantos clovers que bebi.
E no final, tudo combinado e nada resolvido. Mas eu ainda com aquele grilo me incomodando.
Paulo me deixou em casa. Não ousei perguntar se o boto ainda estava por lá.
Domingo, ele sabia, era dia que eu passava com meus filhos.
Então apenas pedi para que ele tirasse aquele dia para reflexão.
Que não me ligasse nem de dia nem de noite. Falaríamos na segunda feira.

E menina, assim ele o fez!!!
Putz grila…
Nem uma mensagem. Nem um recadinho!!!
O domingo arrastou-se modorrentamente.
Parece que filho/a saca quando você está mais sensível para tentar te tirar do sério!!
Mas sobrevivi.
Ao domingo, aos filhos, a falta de mensagens do Paulo e a quilos e quilos de chocolate.

Tomei meu banho pensando no que seria mais saudável:
Tentar dormir com remédinho ou com vinho?
A primeira resposta que me veio a cabeça foi : Ambos!!
Calma!!!Foi apenas uma piada interna.
Tomei uma taça de vinho por puro prazer e capotei.
Ahh querida…Tá pra nascer o Adonis que me tire o sono!!
Tá certo que dormi agarrada ao celular. Mas dormi.

Acordei no dia seguinte, com um recadinho dele
– Bom dia,gata. Vamos continuar aquela conversa? Preciso me localizar. Te espero em casa hoje para jantar, pode ser?
Respondi
Mais uma vez cara colega, vou te poupar dos detalhes do meu dia.
Aquele grilo cricrilou o dia inteiro..Ninguém merece um fantasma destes

Cheguei no Paulo.
Ele me serviu uma taça de vinho e foi direto ao assunto.

– Carla, não vou fazer nada contra sua vontade. Se não quiser continuar, paramos aqui…

Ihhhhhhhh..Lá vem aquela história de novo..

E continuou.
– Mas não vou desistir de vocė deste jeito.
Ontem vc falou, hoje eu falo.
Alguma vez já te ocorreu que talvez não queira ter filhos?
– Ahhh, vc fala isso agora.
– Eh Carla, eu falo isso agora. Pode ser que eu mude de ideia. Difícil. Mas vamos deixar de viver nossa história hoje por causa de um talvez?

Quando eu ia contra argumentar ele levantou a mão em um gesto autoritário e pediu com voz suave:
– Deixa eu falar, minha gata?

E quem resiste, né? Falaaaa Adonisssssss

– Você tem qualidades que me encantam: é decidida, inteligente, responsável, divertida. Problema tem que ser grande para ser problema…Adoro isso em vc. é de uma independência que inspira. Você é Feminina. E sim, uma delícia.
Não Carla. Não sei se é pra sempre. Mas agora quero você comigo.

– Querido,  você está preparado para barra de namorar uma mulher mais velha? O preconceito existe.  E é enorme. Começando por sua mãe.

– Não Carla. Começando por você.  Tenho respeitado seu timing este tempo todo. Não conhecer seus amigos nem você os meus amigos.  Para vc não cabe família em nosso universo, cabe? Seus filhos sabem que eu existo? Então Carla, antes de mais nada, quero saber se você está preparada para esta barra.

Ai meus sais.
Sim, sim. Sou preconceituosa. Minha geração o é. Duro admitir.
Mas pior, pior mesmo é dizer não e virar a página a este Colosso.
Não. Não. Não vou me infringir tanto sofrimento.

Naquela noite resolvemos viver um dia de cada vez. Nos nossos ritmos.
Mas juntos. Essa foi a melhor parte.

Aí amiga, vc deste outro lado do monitor se pergunta, mas e depois?
Depois?
Que depois?

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Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

11 Comentários
  1. Puxa! Que delícia de história! ! ! Só quero saber uma coisa: vai ter continuação? Rsrs Por favor! Por favorzinho! ! ! Rsrsrs Seus textos são ótimos! Ao ler sinto como se estivéssemos conversando pessoalmente! Muito interessante isso! Poucas vezes na vida pude ter essa sensação ao ler algo! Obrigada, Dominique! ! ! Grande abraço!

  2. Tenho um Adonis à 18anos
    Ele é 22 anos mais novo comecei levando na curtição hj somos um casal
    Meu filho mais velho é 02 anos mais velho q ele no começo foi estranho com meus filhos eles não aceitavam muito bem hj são muito amigos e eu não deixei q a idade me impedisse de viver este relacionamento.
    Em tempo hj tenho 63 anos e feliz da vida

  3. Belíssima história, você não sabe o quanto me ajudou, realmente não podemos nos preocupar com o depois, melhor deixarmos o tempo mostrar como será ,e viver o presente com toda intensidade que merecer. Parabéns por se deixar viver!!

  4. Foi exatamente uma história dessas que vivi e vivo plenamente até hoje! Conheci meu marido quando ele tinha apenas 18 anos e eu….33! Ele um adorável e lindo surfista bronzeado com longos cabelos e um sorriso de matar! Uma alma antiga e sempre brinco que ele vai ficar velho antes de mim! Hoje estou com 55anos e ele tem 40! Modéstia à parte, eu passo por 45 fácil (isso ajuda um pouco). Estamos casados e temos um moço lindo de 16 anos. Não é fácil, nenhum casamento é! Mas existe amor, companheirismo, cumplicidade, amizade, desejo, humor, discussões….. Tudo normal, independente de nossas idades! Nunca tive problemas com isso! Quem não aceitou muito bem, foi minha mãe, mas depois de conhecê lo melhor, tudo se encaixou!

  5. E depois?????
    Porquê tem que existir o depois,pra quê? Se viver o hoje basta!
    Mas,claro,e depois,e depois?Angustiante ter que esperar para saber ODepois!
    Mas ,claro,esperarei para saber se realmente O Depois existe!!!

  6. Adorei!!!!apoio totalmente a idéia de ” vamos viver o agora pq o depois pode nem existir”……
    Acredito q nossa felicidade não pode estar nas mãos de ng … .somente nas nossas.. somente nós podemos nos fazer felizes….e a opinião dos outros não deve importar …. preconceito é aquilo q nós mesmos criamos e acabamos por acreditar….uma grande bobagem….

  7. Fico me perguntando: não é essa a atitude de homem decidido, que não desiste, que é o sonho de todas nós que estamos vivendo a mesmo experiência?
    Os medos são os mesmos…o tempo trouxe maturidade, força, decisão, mas quando se trata de sentimento, somos adolescentes inseguras. Eu, 50 anos. Ele, 34 anos.

  8. Caraca…passei o dia pensando o que pode acontecer…estou vivendo exatamente isso. ,50 anos e 34 anos.
    Eu estou me envolvendo e ele tb…fico me perguntando como sera?

  9. Me identifiquei com essa estória . Há quase 2 anos Vivo um relacionamento com um homem 20 anos mais novo. No início era apenas sexo pois ele, separado e com filhos tinha namorada. Nossos encontros eram esporádicos mas ele terminou o namoro e ultimamente tem me procurado mais vezes e ate me chama pra sair. Quase sempre nego pois tenho receio de que as pessoas nos vejam juntos pois moramos em uma cidade pequena. Gosto dele, mas desde o início deixei claro que seria um relacionamento fora do convencional. Ainda estamos juntos mas não sei até onde isso vai nos levar. Beijo..sua estória é linda.

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Passeando com o passado

Dominique - Tom Jobim

Há um tempo fui conhecer o Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro.
Gente… Que coisa… Maravilhoooosooo!!!
Uma casa dos anos 50, com um painel de azulejos de Portinari, jardim de Burle Marx, enfim..
Andar pela casa, lembrando do filme de João (o Mordomo) e imaginando Waltinho em cada um daqueles ambientes.
Ohhhh my Gooooddd, aquele gato.

A casa já teria valido o passeio por si só e por toda minha fértil imaginação.
Mas tinham as exposições.
De repente, do lado de fora da casa, uma exposição me chama a atenção.
Vejo enorme o ano de 1964 impresso nas paredes daquela casa menor.
Eu me aproximo e leio – “Em 1964 – A arte e cultura no ano do golpe”.
Imediato interesse, afinal este não é só o ano do golpe, mas o ano de meu nascimento.

Que delícia ver e saber o que rolava naquele tempo.
Começo a exploração e me deparo com obras de Millôr para a minha surpresa.
Ele já escrevia em 64!!!
Muita pretensão a minha achar que ele começou a brilhar quando eu comecei a pensar, né??
Continuo deslumbrada!
Olho para uma das paredes e a foto de um moço muito atraente me hipnotiza.
A pessoa me era muito familiar.
Tão bonito.
Tão sedutor.
Parecia alguém muito próximo.
Ahhh…
Tom Jobim.

Tom Jobim em 64 era ooooooooooooo gato!!
Waltinho Sales que me desculpe, mas o Tom é fenomenal e ocupa todos os espaços daquela casa apenas com uma foto.
Tá legal, no meu caso vamos ver pesos completamente diferentes para o músico e para o cineasta, uma vez que cinema nunca foi minha primeira arte, nem a segunda, nem a terceira.
Sou daquelas que está sempre atrasada com cinema.
Mas Tom toma proporções tão grandes dentro e fora de mim.
A sua música, minha primeira arte. Que virou nossa música.
Tivesse eu nascido 10 anos antes, Tom não escapava.

E por falar em escapar e para fechar não sei se baita egotrip ou baita senso de humor do dono daquela casa, mas todas as maçanetas foram moldadas de acordo com a mão de Walther pai, ou seja, ele tinha sua mão em todas as portas.
Adorei esse detalhe.
E antes de ir embora, fiz questão de empunhar uma das maçanetas.
Quis não apenas me despedir, mas também agradecer a Walther Salles pelo legado.
Meu ego também não é pequeno.

Ai ai Tom Jobim, se pudesse voltar do tempo…

Leia Mais:

Uma música para chamar de minha
Minha lista de pequenos prazeres

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

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Uma música para chamar de minha

 

Quando fiz 50 anos comecei a escrever despretensiosamente sobre agruras, desventuras e comédias que passei a viver nesta nova fase.
Talvez por isso tantas mulheres dizem que se identificaram com minhas histórias.
Às vezes consigo escrever coisas que elas não conseguiam expressar.
Isso foi um grande susto para mim. E um grande mistério. Por que??
Bom… Não sei…
Mas escrevi isso tudo até aqui para contar uma outra histórinha. (Tenha paciência… Sou prolixa!!)
Vamos lá:

Já falei um zilhão de vezes que amo música.
E, por conta deste meu amor, amigos vivem me mandando arquivos com novidades ou coisas que gostam.
Um dia, recebi um arquivo de um amigo.
Escutei uma vez.
Aí, escutei a segunda.
E uma terceira.
Sabe aquela música que você gosta de cara e não sabe por que?
Ela veio sozinha no meu Whatsapp. Sem nome, sem lenço ou documento.
Mandei um zap para este meu amigo agradecendo e pedindo detalhes daquela linda música.

Ele perguntou se eu tinha gostado e eu respondi sem pensar, brejeiramente, que ela tinha a minha cara.
Rogério Naccache abandona as mensagens e me liga neste momento para contar que era uma composição dele.
Tinha composto após ler textos e comentários do meu blog.
Após começar a ter uma outra visão desta nossa geração e de como eu estava tentando traduzi-la.
Quase tive um treco.
Ele disse que logo logo precisaria de uma trilha sonora.
Estourei na gargalhada.
Mas ele, muito sério, disse que aquela música poderia ser a minha trilha…
Fosse para um filme, fosse para minha vida.
Quer ouvir?

Gostou da minha música? Porque eu amei!

Leia Mais:

Minha lista de pequenos prazeres
10 regras para a felicidade (segundo os japoneses)

Dominique

Nasceu em 1964. Ela tem 55 anos, mas em alguns posts terá 50, 56, 48, 45. Sabe porque? Por que Dominique representa toda uma geração de mulheres. Ela existe para dar vida e voz às experiências, alegrias, dores, e desejos de quem até pouco tempo atrás era invisível. Mas NÓS estamos aqui e temos muito o que compartilhar. Acompanhe!

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