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Baseado em Fatos Reais – Uma história densa de apreensão e obsessão

Dominique - Baseado em fatos reais
Baseado em Fatos Reais é o mais recente longa do polêmico diretor Roman Polanski que escolhi para comentar hoje.

Trata-se de um thriller psicológico inventivo, mas não tão arrebatador ou inédito, embora com a qualidade que sua assinatura assegura.

Baseado em Fatos Reais traz uma dupla de protagonistas, Emmanuelle Seigner (atriz premiada e também esposa de Polanski),e Eva Green, que comandam o espetáculo.

No início do longa temos Delphine, escritora celebrada pelo sucesso de um livro bastante pessoal dedicado à sua mãe que parece viver o auge de seu prestígio e popularidade. Na noite de autógrafos é abordada por Elle (Eva Green), sua grande fã.

Elle se apresenta como “ghost whriter” em biografias de celebridades e se insinua como amiga inestimável da escritora. Como costuma acontecer com escritores após publicação, Delphine enfrenta uma crise de criatividade. Mas, Elle agora está lá, com opiniões duras, porém úteis ao seu trabalho.

Resumindo, a moça ganha a confiança irrestrita da escritora, e isso, sabemos, é sempre um perigo.

O namorado de Delphine, Raymond (Vincent Perez), é o apresentador de um programa de TV sobre literatura e, embora perceba que Delphine está um tanto desestabilizada, prefere manter o cronograma de suas viagens para a nova temporada do programa.

Dominique - Baseado em fatos reais

É nessa lacuna que Elle vai se apropriando da amiga e Polanski, com os préstimos de Olivier Assayas, que aqui assina o roteiro, vai desvelando uma trama que aborda a construção da identidade.

A trama é inquietante e vai brincando com o espectador a cada camada que avança o relacionamento da escritora e sua fã. Depois que Elle se torna amiga de Delphine, passa a confidente, invade o espaço do apartamento da escritora, até literalmente tomar o lugar dela.

Elle se insere na sua vida com violência emocional e psicológica. O nível de piração vai cercando as duas e prendendo o público.

Polanski sabe aumentar o clima e nos lança dúvidas e inquietações como ninguém.

Baseado em Fatos Reais remete aos suspenses dos anos 80 e 90, mas apesar de cortejar o cinema clássico, não deixa de ser moderno.

A fotografia competente e trilha sonora do grande Alexandre Desplat, que recebeu um Oscar® pelo filme A Forma da Água, ajudam a criar um clima denso, perigoso e assustador.

[fve]https://www.youtube.com/watch?v=J7xCGV427EU[/fve]

Baseado em Fatos Reais pode não ser o filme mais genial de Polanski, mas não deixa de ser um excelente entretenimento. Vale a pena conferir!

Leia Mais:

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Amante Por Um Dia – Um filme francês sobre amor, traição e fidelidade

Dominique - Amante por um dia
Hoje comento o belo Amante Por Um Dia, filme do francês Philippe Garrel que, apesar de não ser muito conhecido no Brasil, é um cineasta prestigiado pelo mundo.

Em seu novo filme apresenta uma história sobre amor, amizade e companheirismo. O enredo gira em torno de conflitos psicológicos aprofundados em seus personagens e passando por temas como a fidelidade amorosa.

A trama segue Jeanne (Esther Garrel, filha do diretor Philippe Garrel), que após terminar relacionamento de longa data com Mateo, volta para o apartamento do pai, o professor de filosofia Gilles (Éric Caravaca) que está morando com sua namorada e aluna Ariane (Louise Chevillotte). Superado o choque inicial, as duas passam a compartilhar segredos.

O filme foca tanto no relacionamento entre essas três figuras que vivem juntas, como em seus conflitos pessoais e usa desse cenário para discutir amor e traição.

A espinha dorsal do filme é mostrar como o tema fidelidade é visto pela ótica desses três personagens; pela desiludida Jeanne, pela fogosa Ariane e pelo homem maduro. A convivência dos três começa a levantar questões sobre o que é certo e errado na fidelidade. Assim eles percebem que todos têm muito a aprender.

Cada personagem sofre em algum nível com a insegurança gerada pelo amor e com a busca de uma liberdade pessoal. Coisas que não condizem com a estrutura tradicional de uma relação a dois, monogâmica.

O professor e a aluna tentam manter uma relação aberta, mas são ciumentos e inseguros demais para isso.  A filha não consegue superar o fim do namoro e procura entender onde errou. A aluna procura ajudar e dar apoio à filha em sinal de irmandade e empatia. As duas se tornam muito próximas e complementares na visão sobre amor e sexo. A figura masculina do pai/professor nesse meio reflete sua experiência de vida muito mais vasta e complicada do que a das duas jovens.

Dominique - Amante por um dia

Com esse trio de personagens, o roteiro faz com que o espectador se enxergue um pouco em cada um deles.

O roteiro escrito a quatro mãos acerta em cheio nos diálogos inteligentes e na elaboração das personalidades do trio.

A fotografia em preto e branco destaca a sutileza do relacionamento entre os personagens e a melancolia da trama.

Contando com o belo controle de iluminação dos cenários e a direção sensível de Garrel, a maior força da obra ainda fica por conta das duas atrizes principais.

Com interpretações valiosas através de suas expressões corporais e faciais que dão vida à Jeanne e à Ariane, as duas personagens são muito bem desenvolvidas por um roteiro que pretende provocar questionamentos.

Com tom assumidamente retrô (Nouvelle Vague), o filme defende seu charme com competência e sensibilidade em prazerosos 76 minutos.

[fve]https://youtu.be/E1eZ5-GaFYc[/fve]

Amante por um dia está em cartaz nos principais cinemas, vale a pena conferir.

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A Duquesa – Um lindo e irresistível filme de época, vale a pena conferir

Dominique - A Duquesa
Baseado em fatos reais, o filme A Duquesa,  conta a história de Georgiana Cavendish. Uma dama da nobreza britânica no século 18 e que veio a se tornar Duquesa de Devonshire.

Georgiana é uma personagem adiante de seu tempo, inteligente, simpática, perspicaz e política para viver sua plenitude em meio a tantas normas e tradições machistas.

É nesta época machista e conservadora que a bela e ingênua Georgiana (Keira Knightley) aceita a proposta de casamento do Duque de Devonshire (Ralph Fiennes) sem sequer conhecê-lo bem. Afinal, trata-se do homem mais poderoso da Inglaterra e até sua mãe (Charlotte Rampling) empurra sua filha para o partidão.

O duque, por sua vez, não é nenhum primor de requinte, mas claro tem suas convicções. O casamento só lhe interessa para gerar um herdeiro masculino para sua riqueza. Realidade difícil para Georgiana, uma jovem cheia de vida e pronta para demonstrar os seus sentimentos, deparando-se com alguém que é o oposto de si. A chegada seguida de meninas logo destrói o equilíbrio doméstico. Mostrando claramente o lugar inferior ocupado pelas mulheres na ordem social de outros tempos.

Marginalizada, a duquesa tem sua atenção deslocada para ideais alheios, como as proclamações de igualdade, liberdade e fraternidade que chegam ao Condado de Devonshire vindos da América e da França.

Percebe-se no ar a chegada de novos tempos, de uma provável revolta que mudaria tudo. Até porque a ação é ambientada 15 anos antes da Revolução Francesa. Uma mudança tão grande no comportamento social que forjava os padrões para um homem, uma mulher mais livre.

Para Georgiana, porém, a tal revolução não chega. Afinal como diz o duque à sua esposa: “você sonha com um mundo que nunca existiu, nem nunca existirá”.

Dominique - A Duquesa

De beleza invejada e adorada por todos nas rodas sociais inglesas, Georgiana usou um pouco mais que suas influências para participar do cenário político. Afinal o direito de voto ainda levaria um século para ser concedido às mulheres.

Em “The Duchess”, Keira Knightley volta a interpretar uma personagem feminina de forte personalidade. Fragilizada perante o estatuto diminuto da mulher em relação ao homem de seu tempo, principalmente na segunda metade do século 18, com a atriz capaz de exteriorizar as dúvidas, dores, paixões e extravagâncias da protagonista.

O filme traz implícito paralelismo entre Georgina Cavendish (1757-1806), Duquesa de Devonshire e Diana Frances Spencer, Lady Di (1961-1997), Princesa de Gales.

É óbvio até porque ambas são integrantes da mesma linhagem familiar.

Saul Dibb opta por uma direção sóbria e por contar sua história de forma clássica e tão tradicional quanto os costumes de seu longa.

A fotografia esmerada explora os tons quentes das luzes de velas com extremo requinte. Sem falar das locações exuberantes pela Inglaterra.

O figurino é um luxo total! Simplesmente maravilhoso!

“A Duquesa” se revela um galante exercício estético da época e um belo filme. Principalmente para aqueles que apreciam a beleza do passado e o poder do drama.

Com um elenco estelar e ótimas interpretações, uma história interessante e uma trilha sonora competente e adequada. O longa acaba se mostra um ótimo exemplar do gênero.

[fve]https://youtu.be/OqKwh__0cWU[/fve]

Corra para o sofá e veja esse filme! Garanto que você vai adorar A Duquesa.

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Me Chame Pelo Seu Nome – Um sensual despertar para a sexualidade

Dominique - Me chame pelo seu nome
Indicado ao Oscar® nas categorias: Roteiro Adaptado, Melhor Filme, Canção Original (Mistery of Love) e Melhor Ator (Timothée Chalamet), o belíssimo Me Chame Pelo Seu Nome conta com uma estética primorosa e direção habilidosa assinada pelo cineasta italiano Luca Guadagnino.

Baseado no livro de André Aciman, tem roteiro adaptado pelo veterano James Ivory de Vestígios do Dia e Uma Janela para o Amor, esses dois lindos também.

O longa apresenta o sensível Elio (Timothée Chalamet). Um jovem de 17 anos com ascendência italiana e francesa, no auge de sua puberdade. Passando um verão preguiçoso na casa de seus pais, liberais e intelectualizados, na bela e lânguida Itália, em 1983.

O pai vivido por Michael Stuhlbarg (A Forma da Água). Professor de História da Antiguidade, convida um antigo aluno para passar alguns dias em sua bela e charmosa casa. Oliver, um “bon vivant”, papel de Armie Hammer, chega para despertar em Elio sentimentos ainda desconhecidos.

Definir o longa como uma belíssima história gay, a mais sensível narrada no cinema nos últimos anos, o que não deixa de ser verdade, seria muito pouco e injusto.

Me Chame Pelo Seu Nome é uma bela história do primeiro amor. Mesclando momentos delicados, outros emocionalmente devastadores com cenas tórridas e intensas que prometem afastar o público mais conservador.

Dominique - Me chame pelo seu nome

Timothée (Elio), em tom perfeito, acerta diante o balanço que faz entre a insegurança, a impetuosidade e a certeza do que deseja buscar. Entrega a performance de uma carreira: corajosa, desenfreada e carismática. Ele se joga com tudo!

O promissor ator compartilha com um discreto Stuhlbarg (pai) a cena mais emocionante perto de seus momentos finais. O domínio é seu na maior parte da projeção.

Já Armie Hammer (Oliver) dá forma ao objeto de afeto e o faz com competência.

O maior pecado do longa é o excesso de duração com momentos que poderiam ser um pouco mais enxutos, mas nada que possa comprometer.

Cercado de profissionais grandiosos, Guadagnino extrai o máximo de seu filme. Não apenas do aflorar entre Elio e Oliver, mas também na iluminação solar com esplêndida fotografia que rodeia os personagens com uma ambientação acalorada.

A ambientação na Itália funciona muito bem, com destaque para algumas cenas de almoço em família. Onde chegamos a ter três idiomas falados em uma mesma sequência de diálogo. Incrível!

Me Chame Pelo Seu Nome é uma investigação suntuosa, vibrante e pontual sobre o amadurecimento através do não questionamento sobre a sexualidade, mas da entrega ao desejo, do encantamento para além do que é superficial e da permanência dos efeitos de uma nova descoberta.

O longa traz definitivamente uma história sobre o amor e autodescobrimento, passando pela arte e sexualidade. Quebrando essa expectativa de forma que nos faz refletir a maneira como encaramos algumas questões bastante debatidas na sociedade. E, percebemos que ainda temos muito que aprender por mais desconstruídos que tentemos ser.

Me Chame Pelo Seu Nome é belo para muito além do que se imagina!

[fve]https://www.youtube.com/watch?v=7yCwv8FjidU[/fve]

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Barreiras: um conflito feminino entre três gerações

Dominique - Barreiras
Filme representante de Luxemburgo, na corrida do Oscar® 2018, Barreiras, traz Isabelle Huppert e sua filha na vida real como mãe e filha com uma bagagem de mágoas e uma criança motivo de competição.

Depois de dez anos vivendo na Suíça, Catherine (Lolita Chammah) retorna à Luxemburgo. Durante esse período, sua mãe Elisabeth (Isabelle Huppert) foi responsável pela criação de sua filha Alba (Themis Pauwels). De volta para casa, Catherine entende que os papéis de cada uma dentro da família já foram desenhados, mas sente que precisa lutar para ser mãe de sua filha.

Em uma viagem para a casa de veraneio da família, Catherine e Alba vão deixar à mostra suas feridas, entre momentos de carinho e distanciamento em que, às vezes, parecem ser duas irmãs muito diferentes.

Barreiras ou Barrage, título original, é um filme sobre o universo feminino, a maternidade e todos seus conflitos inerentes. São três gerações em conflito. São três tipos de abandono que se misturam: Catherine, Alba e Elisabeth.

Laura Shroeder alinha mágoas e anseios. Também sempre pertinente – a relação mãe e filha – que ganha em tempos contemporâneos o ingrediente de ausência paterna por livre escolha – é também abordado com sensibilidade.

Em seu segundo longa, Laura Shroeder, assina a direção e também o roteiro em parceria com a romancista francesa Marie Nimier. A direção de fotografia e música é realizada por mulheres que se somam em uma trama densa.

Dominique - Barreiras

Está claro em Barreiras o suporte de músicas que suavizam o desastrado encontro de Catherine com Alba. Catherine é frágil e mal resolvida, alguém que não internalizou a maternidade e troca os pés pelas mãos o tempo todo. Os versos cantados por ela expressam o que ela precisa dizer. Os vazios são também preenchidos com belas imagens de floresta e do lago da barragem. Um corredor para permitir a passagem dos peixes é metáfora para brechas nas barreiras entre Catherine e Alba.

A música “Into My Armns” de Nike Cave que fala sobre a cura espiritual, fecha brilhantemente um filme que se predispõe a observar vínculos que continuarão em crise.

Há no filme uma lentidão que pode irritar os mais jovens. A situação e forma como foi tratada pela diretora Laura Shroeder agradarão as pessoas mais maduras.

Também a excelente atuação das três atrizes faz do intenso e denso Barreiras um bom filme.

Repare na atuação da menina Thémis. Ela está simplesmente ótima, sem falar, é claro, da esplêndida Isabelle Hupert e da filha Lolita que dá conta do recado.

Barreiras, um filme que vale a pena conferir! Assista o trailer:

[fve]https://youtu.be/1q1C2e1p79M[/fve]

Leia mais:

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Algo de Novo – a história de duas amigas inseparáveis

 

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