Você tem Spotify? Oba, que legal. Você não tem? Ahh menina, precisa ter porque isso foi uma das melhores invenções desse mundo digital.
Procurar e achar quase qualquer música do universo, poder escutar onde e como quisermos. Pelas coisas que escutamos, o algorítimo nos mostra coisas parecidas novas ou não. Sem falar na playlist que o próprio App monta pra gente toda semana com “Descobertas da Semana” .
MA_RA_VI_LHO_SO. Se você gosta de música, óbvio.
Então pede para alguém te ensinar a usar. pede de presente de Natal (oppss, too late). Pede de aniversário, dia das mães ou como um favor. Esse é o tipo de coisa onde contrair uma dívida vale a pena.
Tem outra coisa muito legal nesse app. Você pode ouvir minhas músicas, ou minhas playlists.
Playlist pronta e legal é mamão com açucar, vai? Ter listas prontas de músicas para ocasiões diferentes é tudibão.
Gosto é realmente relativo, mas Dominiques geralmente não têm um gosto musical tão discrepante assim, e é por isso que vou disponibilizar para você minhas listinhas. Ahhh, tenho uma para ocasião.
Quer ver? Olha as listas do meu Spotify.
Animar HH – Para animar nossos Happy Hours, e ainda assim podermos conversar!
Francesinhhas – Adoro música francesa, ainda mais se forem contemporâneas.
Jazz com elas – Jazz cantado por vozes femininas. Por que vozes femininas? Porque eu gosto, oras..
ME GUSTA – Eu gosto em espanhol. Claro que você sabia, mas sabia que essa é uma lista só com músicas em espanhol?
ALMA MINHA – Tá ficando mais difícil, né? Lembra de nossas aulas de literatura? Isso!! Aqui são músicas portuguesas
Salve Jorges– Sim Jorges com s no final. Todas as músicas tem como tema Jorge ou são cantadas por um. Por que? Ahhh, quem sabe sabe.
De cortar os Pulsos. – Poderia ter chamado essa lista também De doer o dente, ou coisa assim. Tem dia e hora certa para escutá-la.
JUST BECAUSE – hummmm na verdade são músicas que não se encaixam em outras playlists.
Affffff, você tem música aqui pra muito mais que um final de ano. Isso se gostar de meu gosto. Ahhhh, mas nesse caso sou arrogante pra caramba. Não tem como não gostar. A não ser que você seja um de meus filhos.
Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.
Não sei se por uma questão cultural, nacional, social, familiar, de descendência, de ascendência ou uma questão minha mesmo, sempre fui adepta do “homem dominante”.
Ou sempre acreditei que os homens trabalhavam melhor.
Eles e eu, claro.
Por arrogância, prepotência e ignorância, sempre achei que só a “força” masculina combinaria e coexistiria com minha competência.
Comecei minha vida profissional no mercado financeiro. Depois fui para o incipiente e iniciante mercado de tecnologia passando antes pelo setor exportação de frutas.
Note que ambientes predominantemente masculinos.
– Atividade importante é no masculino, certo? Então é pra lá que eu vou – pensava eu.
Nunca me senti menos que um homem.
Ou talvez sabedora da abissal diferença, nunca tenha sequer me comparado e sim me juntado a eles.
Usei o que o feminino me deu de graça. Cabelos compridos e adornos lato senso.
Tenho que confessar que sempre houve de minha parte um certo desprezo pelo feminino e suas atribuições.
Talvez tenha sido apenas defesa. Defesa por estar em um mundo que reconhecia apenas o “O” como significante e significativo.
Nem por isso deixei de casar, ter filhos, etc… ou até mesmo justamente por isso.
E finalmente amadurecemos.
Uma palavra que não gosto. Mas que explica o que acontece quando deixamos de crer e passamos a saber. (A fé religiosa é outra coisa).
Não é da noite para o dia.
No meu caso não foi lendo. Não foi em sala de aula. Foi vivendo.
Foi passando por coisas e conhecendo pessoas e suas atitudes. Homens e mulheres. Tanto faz.
Tanto faz hoje.
Aconteceu quando de repente, de um dia para o outro, do dia para noite, fiz 50 anos.
Foi quando se deu uma revolução de minha vida!
Revolução talvez não seja a palavra. Mudança, revelação, transformação. Sei lá.
Peguei-me olhando para questões tão diferentes em meu hermético mundo de ternos e gravatas.
Comecei a escrever. A refletir. A empatizar. A solidarizar. A respeitar. A entender.
Sabe com quem?
Yes, darling, com a Mulher!
E assim nasceu Dominique.
Mexendo com minha cabeça, com meu sangue, com minha espinha dorsal.
Entrei de corpo e alma no universo feminino.
Quase que como um pedido de perdão, ela veio com uma enorme necessidade de não ser só minha.
Mais que um projeto, Dominique é uma causa em minha vida. Justo eu…
Mas não foi só isso.
Quis a vida que há 3 anos eu fosse sentar em torno de uma mesa com outras 15 mulheres.
Em volta daquela mesa, antes de nós, sentaram outras 16 mulheres. E antes delas, outras e outras.
Há quase 100 anos, mulheres fundaram e fizeram crescer uma obra filantrópica maravilhosa.
E ironicamente tudo isso aconteceu sem minha participação!
Elas existiram antes de mim! E fizeram um trabalho muito melhor do que eu faço hoje.
Ora, vejam só..
Mulheres todas elas. No século passado.
De repente, de um dia para o outro, do dia para noite, meu horizonte e meu entorno totalmente orientados para o masculino voltaram-se para ELA. Para ELAS.
E aqui, começo a explicar o porque da música neste texto.
Todo ano, ou quase todo, escolho uma música para fazer parte da trilha sonora da minha vida.
2017 estava sem música e, provavelmente, passaria em branco até novembro quando assisti de uma só tacada o seriado Big Little Lies e me apaixonei pelos 7 episódios, pela história, pelos personagens, pela edição e pela música.
No último episódio, ao escutar a voz de Michael Kiwanuka nos créditos de abertura tive a certeza que esta seria a música de meu ano. (Escute e veja no final do texto)
Entendi que as 5 mulheres eram pedaços de mim. Identifico-me com todas as personagens.
Renata e sua masculina competência. E sua agressividade infantil.
A apaixonada Madeline. Cheia de energia de vida.
Jane e seus medos. E sua superação.
Celeste manipulando quando se deixa submeter.
Até mesmo com a Bonnie, riponga alternativa. Sim, no caso, é ela meu lado saudável. A parte boa de mim que mata minha toxidade.
Adorei o título do seriado Big Little Lies. A música na verdade se chama Cold Little Heart. Mas isso é o de menos. A música só me pegou tanto porque a história falou fundo e alto em mim.
História de mulheres. Sobre mulheres. Sobre eu e você.
E ficou a certeza de que precisamos ser solidárias antes de rivais.
Precisamos ser colegas. Companheiras.
Precisamos uma das outras mais do que nunca.
E para isso, no meu caso, tenho que dar créditos à minha maturidade que desrespeitou meus preconceitos, desautorizou meus credos e colocou lentes em meus olhos para que pudesse ver o que não conseguia sentir.
Agora me conta, tem alguma música que representa o seu 2017?
Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.
Já comentei por aqui algumas vezes. Um dos meus maiores prazeres é escutar música. Bom, hoje eu dia eu digo que gosto de “quase” todos os estilos. Mas sabe que de vez em quando eu cismo com um tipo de música, monto uma playlist no Spotify e passo meses só escutando ela! Não corro mais o risco de arranhar o LP, mas garanto que o pessoal do aplicativo deve me achar meio compulsiva.
Há algum tempo venho descobrindo aqui e ali algumas novas cantoras com uma voz bem mais suave, diria até que angelical. O mercado musical sempre privilegiou as vozes mais potentes ou algumas mais agudas. Gal Costa, Elis Regina, Marisa Monte, Ana Carolina ou Cássia Eller são artistas com vozes marcantes.
Sabe que me cativou escutar as novas cantoras com esse timbre mais doce? Eu me sinto mais tranquila. Acho até que adiciona uma certa delicadeza que contrapõe bem com a loucura do dia a dia. Eu adoro uma função do Spotify que é “os fãs também curtem”. Pelo perfil do artista, você visualiza as músicas mais populares, a discografia e, lá embaixo, as recomendações de outros cantores semelhantes..
Claro que há intérpretes masculinos com voz mais suave. Mas já disse, né, eu cismei com as vozes femininas. Foi aí que comecei a montar uma playlist dedicada só a elas. A lista é enorme e cada dia descubro novas artistas. Mas eu tenho as minhas preferidas (entre as preferidas) e vou compartilhar com vocês!
8 novas cantoras com voz suave
Ana Vilela
Ela estourou com a música Trem-bala, que tem acordes simples, mas sua letra tem uma mensagem simples, mas tão bacana. Não sei ainda se ela será artista de uma música só. Espero que não!
Aurora
Atualmente, esta é a minha cantora predileta. Não sei quantas vezes eu escutei essa versão de Life on Mars, do David Bowie. Aurora, que é norueguesa e tem apenas 23 anos, tem uma voz quase etérea.
Billie Eilish
Não são todas as músicas dela que eu gosto, mas Come Out and Play é uma daquelas canções que emocionam. Conheci porque é a trilha sonora de um comercial da Apple, uma animação premiada com uma mensagem tocante. Billie é americana e tem apenas 18 anos!
Fleurie
Eu adoro a voz e as letras da Fleurie. Ela alterna entre músicas mais românticas e outras mais pop. Algumas de suas canções estão em filmes e séries de sucesso.
Luiza Caspary
Além de adorar algumas de suas canções, a Luiza é uma das poucas artistas no mundo que produz música inclusiva. Alguns de seus cliques são feitos com audiodescrição!
Ruelle
Ela consegue, com uma voz angelical, ter um toque um pouco sombrio em suas letras. Gosto muito da produção dela e amei a canção em conjunto com a Fleurie.
Tiê
A paulistana Tiê é neta da atriz Vida Alves, que deu o primeiro beijo em uma novela. Tem algumas canções que eu adoro!
Zaz
A francesa Zaz, com sua voz rasgada, tem suas músicas com um tom mais de balada. Gosto muito várias canções. Uma delas está na trilha da última novela das 6! Adoraria encontrá-la um dia cantando nas ruas de Paris, como nesse clipe!
E uma Dominique que adoro
Não é a toa que a minha seleção acima é de jovens cantoras. A minha busca inicial foi de novas vozes no mundo. Queria realmente conhecer as novas artistas que estão despontando no cenário musical. Mas, claro, que a minha playlist tem uma intérprete Dominique que está na minha lista dos top 10.
Carla Bruni
Além de uma cantora incrível, é uma Dominique exemplar. Gosto muito do seu repertório e do seu estilo.
E foi sem querer. Essas coisas não mandam aviso. Não foi porque eu quis. Nem ela.
Era um dia de verão, desses dias que só um país tropical tem. Abafado, úmido e meio cinzento.
Já tinha rodado toda a cidade naquele começo de ano na inglória tarefa de tentar vender, vendedor que sou, mas antes do Carnaval como sabemos, nenhum comprador ousaria comprar.
O melhor que tinha a fazer era resignar-me com um belo chopp gelado para esperar a tempestade que se aproximava chegar e partir.
E ela veio. Com fúria. Delicioso temporal que lavava as ruas, as pessoas e as almas.
Seguro e refugiado dentro daquele boteco, avisei minha esposa que provavelmente chegaria tarde já imaginando as marginais inundadas e o trânsito completamente parado.
Lindinha, minha querida. Um anjo, mas preocupada que só. Nem mesmo o advento do celular e minhas constantes mensagens a tranquilizam. Então, sempre antecipo o problema. Melhor para nós dois.
Isto posto, aprecio a corredeira que se forma em frente ao bar, sem pressa, sem objetivo. Apenas olhando e apreciando.
Quando de repente, interrompendo o barulho da chuva ela entra no bar encharcada. Ela quem? Ela, a mulher mais encantadora que já tinha visto . Não….Não…Ela era simplesmente a mulher mais encantadora que já tinha sentido.
Cabelos negros molhados escorrendo pelos ombros num ousadíssimo vestido grudado no corpo que deve ter sido muito discreto quando seco. Calçava um pé de sandália e o outro trazia na mão. Ahhh… Fora pega de surpresa pela chuva.
Eu não conseguia tirar os olhos dela. Acho até que fui deselegante pois num determinado momento ela se virou de súbito me encarando.
-Olá. Precisa de algo? Você está ensopada – disse eu tentando disfarçar.
-Obrigada, não há muito o que fazer, a não ser esperar a chuva parar.
E sentou-se em minha mesa sem cerimônia, pedindo um chopp para me acompanhar no delicioso exercício de olhar a chuva.
E foi assim. De repente, sem aviso e sem pedir permissão que meu coração caiu de amores por essa mulher tão diferente. Ahhh coração mais desavisado. Foi logo se apaixonando.
E a paixão cega. A paixão desnorteia. A paixão ilude. Mas a paixão é irresistível quando já se está a bordo.
Entreguei-me aos caprichos daquela morena. E a submeti aos meus. Contava os minutos para estar com ela. Tudo que eu pensava era nela. Tudo que eu fazia, era para esperar o momento de estar com ela.
E chegou…o Carnaval, a Páscoa, o inverno. E aquele amor que mais era um vício, não arrefecia nem esfriava.
Até um dia que cheguei em casa e não encontrei minha lindinha. Ué..Ela sempre me esperava acordada com o jantar pronto mesmo quando eu tinha “reunião” com “clientes”.
Liguei para seu celular e nada. Liguei de novo. E de novo.
Comecei a ficar preocupado. Depois de horas sem notícia, fiquei muito preocupado. Meu coração não se aquietava. Ele estava apertado… A Morena me mandava as habituais mensagens de fim de noite, mas não tinha cabeça para responder.
Saí de carro atrás de minha lindinha. Madrugada a fora e nem sinal de minha esposa.
Comecei a suspeitar que algo muito errado estava acontecendo. Refiz meus passos.
Será que ela tinha desconfiado de alguma coisa? Será que eu tinha dado alguma bandeira?
Bem, eu andava realmente meio desligado, muito tempo no celular trocando mensagens com minha morena. No mundo da lua dos apaixonados, aquele mundo para poucos corações. Impaciente por vezes talvez. Mas será que ela percebeu alguma coisa?
Sim, parece que percebeu sim.
Depois de 5 dias sem notícia alguma e de meu enorme desespero, ela apareceu em casa para pegar pertences.
Quando a vi entrando, meu coração quase saiu pela boca. Não sabia se a abraçava e a enchia de beijos ou de porradas pela preocupação que me causou (Obviamente jamais bateria nela, foi apenas maneira de falar).
Ela entrou, acenou com a cabeça e passou por mim como se lá eu não estivesse. Fui atrás tentando abraçá-la e perguntando o que tinha acontecido.
Ela me olhou com um desprezo que nunca tinha visto ou sentido vindos de ninguém.
Ela descobriu meu affair. E eu neguei. Neguei e neguei.
Eu sei..eu sei…Clichê..Baita clichê. Mas fazer o quê?
E continuei negando até que ela já sem forças para argumentar, simplesmente saiu.
Foi embora me deixando lá com minhas verdades e com minhas mentiras.
Ah, insensatez que você fez Coração mais sem cuidado.. Fez chorar de dor O meu amor Um amor tão delicado
Ah, porque você foi fraco assim?
Assim tão desalmado
Ah, meu coração quem nunca amou
Não merece ser amado
Vai meu coração ouve a razão Usa só sinceridade Quem semeia vento, diz a razão Colhe sempre tempestade Vai, meu coração pede perdão Perdão apaixonado Vai porque quem não Pede perdão Não é nunca perdoado
Insensatez por Tom Jobim e Vinícius. Agora escute a música com cuidado. Vai escutar outra música, tenho certeza.
Primeira Publicação – 25 de janeiro 2019
Leia também outros textos que escrevi sobre Tom Jobim:
Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.
Adorei sua imaginação que me levou ao sentimento da paixão e do fruto proibido!
Muito sentimento e conexão com a música e com o Tom. Também fico feliz por ter tido a chance de ver o Tom ao vivo Show Dominique comtineuvnos enviando essa maravilhas do que refresca a mente e nos ajudam a acalmar o espírito. Bjs
Adorei a homenagem!
Q privilégio ter visto esses genios e escutado essas poesias q transmitem casos comuns de forma tão peculiar e única. Aliás Eliane, Dominique está genial na abordagem de temas tão casuais com simplicidade,coloquialidade e bom humor. Parabéns!
Olá Ivana!!! Tb tive o privilégio de assistir esses monstros!! Ahhh como eu amo um bom show!! E obrigada pelo elogio. Na verdade eu que agradeço seu tempo para ler meus rabiscos!! Beijocassss
Meninas, cresci escutando Bossa Nova. Que previlégio! Esses gênios queridos são riquezas brasileiras, são curativos, alegria, emoção, cultura, tudo junto!
Só que antes disso tudo a nossa Bossa é paixão…
Tá explicada a “Insensatez”,o “Infinito enquanto dure”, o “Perdão cansa de perdoar”, etc.
Só que daí têm os ônus né, com os quais nossos gênios não estavam muito preocupados !
Bom pra nós, que herdamos esse trabalho lindo e poderemos para sempre dar boas viajadas !
Querida Eliane !
Até senti a chuva , bebi o chope e conheci a morena .
Alguns amigos homens , mais sensatos , dizem-me que rezam para que isto nunca lhes aconteça … eles sabem que o coração é assim mesmo e que no segundo em que uma mulher lhes causar esta paixão, tudo o que está estabelecido na sua vida cairá por terra .
Pelo caminho , todos sabemos , quanto é saborosa essa “insensatez “ enquanto a mastigamos e o sabor rola na nossa boca …
obrigada !
Adoro ler os teus textos !
Nossa Ze Valério. Não poderia ter tido um complemento melhor para o texto do que seu comentário. Além de suuuper verdadeiro, sensato e incrivelmente sensível, vc escreveu de maneira lindíssima. Amei…
Esta semana fui assistir ao show da Eliane Elias aqui em Portugal. E se teve algo que me impressionou além de seu piano foi sua segurança e autoestima.
E por coincidência li ontem o post da nossaDominique Eliane com a análise do texto que Luiz Fernando Veríssimo escreveu sobre egos envolvendo Picasso e seu quitandeiro. Talvez por conta da reflexão que aquela história me causou, prestei tanta atenção no comportamento da música. Se não leu o post ainda, leia agora (aqui) porque vou dar spoiler e o texto vale a pena.
Pois então, lá vemos que além de toda a importância já preconizada da tão famosa autoestima, o que fica é que só nos dão valor quando nós mesmas nos valorizamos e principalmente nos gostamos.
Voltando ao tema principal de hoje que é Eliane Elias. Se você não tem ideia de quem seja essa jazzista brasileira, não se sinta mal ou desinformada. Apesar de brasileira, Eliane Elias fez toda sua carreira no exterior.
Pouco conhecida em sua terra natal, sabe-se lá porque, ela é um fenômeno da música instrumental e cantada no hemisfério norte.
O show foi no Centro Cultural de Belém. Ahhh o CCB merece que eu fale só dele em algum outro texto, pois é um complexo cultural que amo.
Comprei com muita antecedência pois sou chata. Se é para ir a show, tenho que sentar pertinho do artista. Vê-lo muito de perto bem como quase conseguir sentir seu perfume, porque senão vejo por dvd ou no youtube.
E colega, já fui a muito estádio. Assim sendo, nessa altura do campeonato quero um pouquinho de conforto.
Bem, voltando a autoestima e ao show em si.
Pontualmente, sim, pontualmente às 21h Eliane Elias entra no palco acompanhada de um contrabaixo e uma bateria. Usa um vestido justo, ligeiramente acima do joelho que brilha um pouco porque o palco pede brilho, né? Salto altíssimo e uma cabeleira loira digna das jovens e famosas blogueiras. Sim, cabelos longos, muito longos. Por que falo isso tudo? Porque Eliane Elias é uma Dominique nascida em 1960. E sem medo de ser feliz, ousa usar um vestido bem justo e relativamente curto em suas exuberantes curvas com suas madeixas que passam e muito da altura do ombro.
Aí ela senta em seu banquinho a frente do piano e toca as primeiras notas. Pronto. Entendi tudo.
Fogo!! Ela toca com tanta facilidade que parece estar a brincar. Chacoalha-se toda acompanhando, ou melhor, dançando enquanto toca.
Sabe o que é isso? Intimidade. E essa intimidade tão natural impressiona e seduz quem assiste.
Adoro quando o artista conversa com a platéia pois desse modo me parece que gera-se uma certa cumplicidade, sei lá. E a cada música Eliane conta uma histórinha saborosa ora sobre composição ora sobre os personagens envolvidos.
Quando Lili canta (permita-me assim chamá-la) ouvimos uma voz aveludada que talvez já tenhamos ouvido até melhores.
Não sei se ela percebe que cantar não é seu forte, mas age como se fosse Maria Callas.
Sem a menor cerimônia desfila os Grammys que ganhou. Entretanto faz questão de contar que o primeiro veio depois no seu 25o disco e após 7 infrutíferas indicações.
Contou com muito orgulho, que aos 17 anos acompanhou em turnê Tom, Vinicius e toquinho. E com muita naturalidade, como se fosse merecedora e naturalmente por consequência de seu talento conversar com estes mestres madrugada afora. Aiii que inveja!!! Bem, num desses papos, Tom confidenciou-lhe que o compositor que mais admirava no mundo era Dorival Cayme. Que não havia outro. Mas que por um capricho do próprio ídolo, compôs apenas 100 músicas. APENAS!!
Contou isso de maneira coquete aproveitando para emendar numa música de Caymmi, Morena Rosa. Neste momento ela se levanta para cantar em pé longe do piano, desfilando pelo palco.
Vi ali toda a segurança e autoestima daquela Dominique. Com sua mania de passar a mão na cabeleira, sambando discretamente e esbanja charme aproximando-se dos dois outros músicos.
E amigas, o mais giro é ver que Eliane Elias com aqueles quilinhos a mais próprios desta fase de vida das Dominiques, desfila com a certeza de que está muito gostosa. E olha..Tendo a concordar!!
Faz tanto charme para o menino baterista enquanto canta, que achei que era uma paquera. Vira-se para voltar para o piano, passando pelo grisalho músico do contra-baixo. Vê-se ali uma troca de olhares intensa e cúmplice. Óó raiossss! Como pode ser ela tão segura??
Assim que saí do teatro fui ler sua biografia. Descobri para minha surpresa, que ela é casada com um dos músicos que a acompanhava no palco aquela noite. E não é com o miúdo da bateria mas sim com o charmoso homem que sorriu para ela durante todo o espetáculo.
Sou uma Portuguesa meio tropicalizada. Moro em Lisboa, já fui curadora de museu e exposições. Hoje trabalho com turismo. Apaixonei-me pelo projeto Dominique e cá estou a colaborar.
CARA BARBARA GODINHO, PARABÉNS PELAS ACERTADAS OBSERVAÇÕESM EU QUE JÁ FUI MÚSICO QUANDO JOVEM, JUSTAMENTE NA ÉPOCA DA BOSSA NOVA (SOU
CARIOCA – RIO DE JANEIRO) SÓ VIM SABER DA ELIANE ELIAS HÁ UNS DOIS ANOS). FIQUEI IMPRESSIONADO COM A DESENVOLTURA DA MOÇA, E A QUALIDADE MUSICAL DE SEUS GRUPOS, EMBORA SE SAIA BEM CANTANDO, NÃO É VERDADEIRAMENTE SEU FORTE. MAS, ELA SE COMPLETA BEM COM AS DEMAIS QUAIDADES, TUDO COMO A SRA. HOJE NÃO DEIXO DE APRECIAR QUASE DIARIAMENTE ALGUMAS DE SUAS OBRAS NO YOU TUBE.
Muito obrigada por compartilhar essa riqueza. Estou seguindo lá. Sou analfabeta nesse App. Um 2020 de muitas realizações. Sucesso!