Tag: Preconceito

O machismo está presente no trânsito, no salão e até nos palavrões!

Dominique - PalavrõesVamos falar de palavrões?

Guio mal. Dirijo muito mal. Não é de hoje. É desde sempre.

Às vezes eu acho aquela vaga perfeita, sabe? Naquele lugar perfeito! Mas se percebo que tem gente na calçada, sou capaz de desistir dela para não passar vergonha na hora de fazer a tal baliza.

E, sinceramente, não há mais o que fazer.

Guio devagar pra burro e, desta maneira, nunca tive maiores problemas e nem acidentes.
Como sei das minhas limitações, sempre que escuto alguém buzinando, já abro o vidro e peço desculpas. Mesmo sem saber se sou culpada de algo ou não. Geralmente eu sou. Mas nem sempre.

Outro dia, ao abrir a janela e fazer aquela cara de vítima arrependida para implorar o perdão alheio, vejo no carro ao lado um animal da mesma espécie e gênero que eu. Com a mesma cor de plumagem – loira. Com o mesmo grau evolutivo – bípede motorista.
Mas parece que ela não me viu como eu a vi. Ou porque cargas d’água ela gritaria “VACA”?

Por que uma mulher agrediria outra, mesmo num momento de raiva, chamando-a de um animal que corresponde a tantos outros significados tão pouco enaltecedores?

Ela poderia me chamar de barbeira. Navalha. Cegueta. Dona Maria. Mas vaca?

Aí fiquei pensando que vivemos numa cultura machista até para os palavrões. Nossos palavrões denigrem a mulher até quando xingamos um homem, já percebeu?

Filho da P***. Na verdade, estamos ofendendo a mãe do coitado.

Corno. Sempre é a esposa que leva a culpa. Mesmo sem ter saído de casa.

É, neste caso, a minha colega motorista foi incapaz de enxergar que a sua atitude só reforça e perpetua o tal machismo que sufoca, maltrata e, às vezes, até mata!

Agora, será que nessa altura do campeonato, aprendo a guiar melhor? Acho que vou continuar pedindo desculpas pro resto de minha existência. No carro e na cozinha!!

 Gostou? Leia mais:

Você é Dominique se…
Dores e sabores de uma mudança!

Dominique

Nasceu em 1964. Ela tem 55 anos, mas em alguns posts terá 50, 56, 48, 45. Sabe porque? Por que Dominique representa toda uma geração de mulheres. Ela existe para dar vida e voz às experiências, alegrias, dores, e desejos de quem até pouco tempo atrás era invisível. Mas NÓS estamos aqui e temos muito o que compartilhar. Acompanhe!

3 Comentários
  1. É quase sempre a mesma coisa… Entro no bendito carro com o marido do lado, pra começar o show de caretas, críticas, mal estar, grosseria e por aí vai. Sendo que agora ele tá menos exaltado, pois antes até rolava uns xingamentos. E, nossa! Ele é um “expert” no volante! Nunca erra, é o deus da direção! Exemplo a ser seguidos até pelos mais experientes e renomados pilotos de fórmula 1! Afff…

  2. Delicioso é lembrar da delicadeza do meu pai. A pessoa mais paciente do mundo!
    Certa vez, num desses incômodos encontros no trânsito, foi fechado por outro carro. Ficou muito bravo e não se conteve: abriu a janela do carro e a plenos pulmões, bradou:
    – MEDONHO!

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A publicidade não fala com as Dominiques. Por quê?

Dominique - Publicidade

Definitivamente a publicidade não fala conosco, Dominiques!

Ahhh… Claro que fala! Tem aquela publicidade do creme contra rugas.

As empresas que fabricam e anunciam esses produtos mágicos de rejuvenescimento também fabricam perfumes, maquiagem, produtos pra cabelo. Mas parece que nós não nos maquiamos. Nós não nos perfumamos.  Nós não lavamos cabelo. Nós só envelhecemos.

A diversidade que eles tanto pregam, LGBT, diversidade racial, igualdade de gêneros e outras, não incluí Dominiques. 

Mas já que é para falar de cremes e rejuvenescimento, falemos. Sobre eles. Prometo que não vou ser panfletária. Vou fazer gracinha, tá?

Nada contra. Nada contra quem usa. Nada contra quem não usa.

O que sempre me incomodou é o tal “rejuvenescimento”. Eu NÃO quero REJUVENESCER!
Quero saber envelhecer . Aliás, envelheço desde o dia que nasci. Você também. Sério.

Tem pessoas que já me confessaram não estão encarando bem o espelho e o envelhecimento.
Morro de pena. De verdade. Porque não há muito o que fazer.
Quem sabe, talvez, tratamentos cosméticos e plásticas.
Mas estes são apenas paliativos para a imagem e o reflexo. E temporários. Efêmeros. Com um custo altíssimo.
Não. Não estou falando de dinheiro.

É duro ver no espelho minha coxa em babados??  PQP, claro que é!

Vou pra musculação xingando e com a certeza que no máximo estarei com a consciência tranquila quando usar maiô na praia. Fiz meu melhor! A perna continuará em babados. E a da maioria das minhas amigas também.

É… Cést la vie!!

Mas garanto!
Ninguém discute um texto de Julio Cortázar como eu.
Ninguém faz um moqueca como minha amiga da casa ao lado.
Ninguém tem um papo tão delicioso como a amiga da casa da frente.

E tomar caipirinha comendo um petisquinho (frito de preferência) com elas na praia, tomando um solzinho, falando quilos de bobagens, não tem preço.

De vez em quando até passa na nossa frente uma daquelas mulheres lá de cima que falei. Num biquíni pequenino. Com um chapéu maior que nosso guarda-sol. Corpaço. Inveja? Talvez. Por segundos.

Mas aí eu penso no que ela fez, ou pior, no que ela deixou de fazer em nome do corpaço e do espelho.
Bom, a inveja continua.
Mas como o bolinho de arroz muito mais aliviada e ainda coloco um tabasquinho.

Dominique - Publicidade

Leia mais:

A casinha do armário e os segredos de uma lembrança
Qualidades ou defeitos? Minha lista dos tipos de homens

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

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A Garota Ocidental: família, tradição e decisão

Dominique - Garota

Baseado em história real, A Garota Ocidental é um filme com direção e roteiro assinados pelo belga Stephan Streker, ex-crítico de cinema, que faz escolhas inteligentes para contar sua história com tema complexo sobre o quão importante é a religião e a imagem perante a sociedade dentro da comunidade muçulmana.

Noce (nome original do filme) acompanha a trajetória de Zahira, que, aos 18 anos, precisa lidar com a possibilidade de um aborto em meio a uma família muçulmana que defende o casamento arranjado em nome da tradição.

Mesmo sendo um tema tão presente e já discutido, não se torna enfadonho, pois consegue com delicadeza colocar o espectador na pele dos personagens e, talvez, até a compreensão do ponto de vista de cada um.

O drama trata questões que envolvem liberdade de escolha, o livre arbítrio e as prisões que a tradição e a religião muitas vezes impõem aos que a seguem.

Mais que um filme A Garota Ocidental é uma análise e grande objeto de estudo antropológico, valendo a pena seus intensos 98 minutos de projeção.

Zahira é interpretada pela atriz francesa Lina El Arabi, que em sua primeira, espetacular e primorosa atuação, traduz não só o papel da personagem, mas também todo o seu sentimento em olhares, movimentos e expressões corporais muito bem trabalhadas.

A Garota Ocidental foi premiado no Festival de Toronto em 2016. Propositalmente o filme abre mão da trilha sonora de forma que ela não sirva como condutora emocional do espectador, deixando com que a própria atuação, fotografia e figurino falem por si só.

O roteiro de Streker apresenta diálogos muito bem construídos que irão embasar argumentos de ambos os lados da questão, sem cair no maniqueísmo fácil.

O ritmo rápido imposto por uma mensagem com takes curtos conduz o espectador ao mesmo turbilhão pelo o qual a jovem está passando.

Com ótimas atuações e um desfecho arrebatador, esse é um daqueles filmes que você não pode perder!

Eu amei!!!

[fve]https://www.youtube.com/watch?v=NMdYtP7dtFg&feature=youtu.be[/fve]

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Estrelas Além do Tempo: os bastidores do homem na Lua

Dominique - Estelas

Essa semana vamos comemorar os 48 anos que o homem pisou na Lua? Então, nada melhor do que falar do filme Estrelas Além do Tempo!

Longa metragem de Theodore Melfi, baseado em história real, aborda a jornada de três afro-americanas que quebraram todas as barreiras no auge da segregação racial nos EUA e tornaram-se mentes brilhantes da NASA.

Trata-se de um tema sério, mas que não se resolve de maneira pesada, até porque conta uma história de triunfo e valor humano.

Funcionárias de um departamento pouco prestigiado na agência, as três amigas convivem com os dissabores de serem negras nos anos 60, ou seja, enfrentam preconceito, falta de reconhecimento, baixos salários e até banheiros diferenciados das mulheres brancas.

A capacidade intelectual do trio, porém, transcende qualquer obstáculo de gênero e raça e elas acabam assumindo importantes funções da organização no contexto de Guerra Fria, onde os EUA e a União Soviética disputavam a soberania na corrida espacial.

Apesar de nada sutil, o longa se beneficia da determinação inspiradora dessas três mulheres, no fim das contas, um filme de época, mas, ao mesmo tempo, extremamente atual.

Correto e tecnicamente bem feito o filme cumpre sua função de revelar a história dessas figuras escondidas do Título Original (Hidden Figures).

A trilha sonora deliciosamente alegre.
Composta pelo trio formado por Hans Zimmer, Pharrell Williams e Benjamim Wallfisch, busca sempre valorizar o tom edificante que há por trás da história central.

Haraji P. Henson segura bem o posto de protagonista. A cantora Janelle Monáe consegue destaque em sua estreia como atriz. Já Octavia Spencer, a mais experiente, reprisa o mesmo perfil de várias outras atuações.

O longa conta com um roteiro que consegue prender o público.

Pela simpatia das personagens e por suas pequenas vitórias, conquistadas mediante a um cenário social racista, é impossível o público não se emocionar ou torcer para que essas mulheres sejam reconhecidas pelo seu trabalho.

Estrelas Além do Tempo é um filme de discurso e desenho conhecidos, mas construtivo e necessário. Revisita com otimismo o passado segregacionista dos EUA.

Para vocês Dominiques que ainda não assistiram Estrelas Além do Tempo essa é uma ótima oportunidade para vê-lo e revê-lo.

Bom filme!

[fve]https://www.youtube.com/watch?v=9DROiMJfaLA[/fve]

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Com chip ou sem chip, coisas acontecem

Separação depois de 25 anos de casamento. Quem lembra como é namorar? Passa um ano e junto com a tristeza vem um esplendoroso sentimento de liberdade. A descoberta do que é viver sozinha. A alegria dá até vergonha. Afinal, era para continuar de coração partido, não é?

Chega o segundo ano. Aparece uma inquietação no corpo e uma certa melancolia no coração. O que será que dá dentro da gente?  Nunca mais aquele frio na barriga?

E surge a constatação de que é preciso reaprender a namorar.

A gente olha em volta e começa a prestar atenção nas histórias de quem encontrou o par perfeito no Par Perfeito.

Hum! Não vai dar. E a vergonha de se expor, a preocupação com a privacidade? E se alguém descobrir? Um dia, uma amiga experiente faz um comentário que desmistifica os receios. Vamos tentar.

Dizem que não se deve fazer nada na internet depois de três cervejas, mas quem segura? Lá estamos nós no site de encontros, cadastro feito, descrição bem escolhida, nada de foto. E começa a espera.

Surge um, surge o segundo, o terceiro. São poucos pra quem achava que haveria uma enxurrada de pretendentes na mesma situação. O primeiro é o que dá mais química.

São conversas intermináveis pelo sistema de mensagem (aquele que a Microsoft comprou, lembra?). As conversas sempre terminam com muita malícia. Oh! Céus, onde aprendemos a escrever assim.

Dois meses depois vem a proposta para um encontro cara a cara. Sensação de adolescente indo para o primeiro date. Que roupa usar? Clássica ou descolada? Está muito decotado? Escolher uma mais comprida? Cafezinho, happy hour ou jantar? Ir ou não no embalo?

Quer saber, dá tudo certo! Surge mais um e aparecem outros e vamos lá. O plano não era esse mesmo, reaprender a namorar? Quando vê, está administrando uma carteira de seis sujeitos. Uns, frequentes, outros aparecem de vez em quando, uns querem uma coisa, outros só ter uma companhia para dançar.

Sabe o mais legal dessas histórias? Conhecer pessoas fora do nosso círculo e descobrir que tem gente interessante em qualquer meio ou profissão.

De repente, a gente percebe que ficou esperta, aprendeu. Convidou? Tá aceito, sem problema, vamos conhecer. Pisou na bola, teve chilique? Tá fora.

Assim se passa quase um ano. Você nunca pensou que aprenderia a namorar sem se apaixonar e muito menos quebrar o coração. Isso é ficar? A vida corre despreocupada.

Um dia, vai à uma singela festa de aniversário de uma amiga. Domingo, chácara, feijoada, muita família, música. Nenhuma intenção extra.

Chega lá, você faz uma brincadeira inocente com um convidado. Ele dá bola. Daqui a pouco te puxa pra dançar. Não desgrudam o resto da festa. A conversa parece de amigos antigos (Velha infância). Troca de números, um beijo escondido.

E assim começa a história de duas pessoas, do jeito que a maioria dos namoros acontece há alguns séculos. Nenhum chip envolvido.

A moral da história também é velha conhecida – cabeça aberta e coração generoso são bons atrativos para a sorte no amor.

Ah, a Ju Junqueira fez uma lista esta semana dos apps e sites de relacionamento mais bacanas para uma Dominique. Você viu? Tá aqui.

Inês Godinho

Jornalista, brasileira, ciente das imperfeições e das maravilhas da vida. Contradições? Nada causa mais sofrimento do que um texto por começar e não há maior alegria que terminá-lo.

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