Primeiro piso.
Chegou a hora de contar um segredo.
Você acredita que na minha idade nunca fui a uma sex shop? Nunca tinha ido.
Yesss darling! Desvirginei. Já tinha usado brinquedinhos antes, mas nunca fui eu a comprar, portanto, nunca tive exatamente aquilo que queria.
Se me perguntar o por que nunca fui com tantos anos de vida sexual ativa, tá bem tem fases que nem tanto, outras ativíssimas, eu respondo que não foi por falta de curiosidade, vontade ou até coragem.
Toda vez que pensava em sex shop me vinha à cabeça aquelas lojas bizarras da Avenida Bandeirantes, em São Paulo, com neon e fantasias grotescas e machistas (nada contra) na vitrine, entradinha acanhada e pintura roxa descascada.
Simplesmente não tinha tesão naquela coisa tão decadente.
Mas aí, aprendi a primeira coisa! Meninas, nós não precisamos ir ao Sex shop. Nós frequentamos Boutiques Sensuais! Yes, ha uma enorme diferença que eu já explico, calma!
Quer motivo melhor para ir a uma Boutique Sensual do que escrever para vocês? Pois é, por vocês, Dominiques, embarquei numa excursão rumo ao desconhecido.
Então, não que eu precisasse de desculpa, mas um incentivo sempre cai bem.
Chamei duas amigas. Claro, Clóvis, qual é a graça de fazer uma coisa dessas sem ter com quem comentar o resultado depois?
Combinei com as duas que ainda não se conheciam. Marquei hora e local. Como autênticas Dominiques toparam na hora. Surpresa alguma. Conheço meu eleitorado.
Fui a primeira a chegar, mas esperei dentro do carro. Sei lá, ficar em pé em frente a um Sexshop pode ser esquisito, né?
Minha amiga que aqui chamarei de Bela, chegou e parou o carro atrás do meu e também ficou quietinha esperando.
A terceira amiga que vou batizar de Celia, estacionou numa rua distante e veio caminhando. Saímos, então, eu e Bela do carro.
Apresentações feitas, pergunto para Celia porque parar o carro tão longe? Como a tal loja era relativamente perto da casa da filha, tinha medo que o genro visse seu carro na porta. Como explicar? Dei muita risada, afinal estávamos no mínimo a dez tortuosos quilômetros distantes da casa da filha.
Tiramos uma selfie na porta da loja, bem embaixo do letreiro, para desespero de Celia e deleite de Bela.
Vale um esclarecimento aqui. Temos estados civis e idades diferentes. Mas não direi quem é quem. Uma tem um namorado há 4 anos, quase da mesma idade, gatérrimo e cheio de vontade. Outra um affair com um homem 10 anos mais velho e a outra casada há 22 anos. Temos 49, 56 e 64 anos.
Entramos na loja que tinha campainha! Veio nos receber uma vendedora exuberante. Cabelos crespos enorme, superextravagante e bonita.
Um balcão. Lingeries e espartilhos pendurados em araras e duas prateleiras cheias de frascos.
Ué, cadê os brinquedinhos? Aquele monte de borrachas, pênis, bolinhas? Parecia que eu estava numa muambeira da Victoria Secret, jamais em uma loja “de e para” sacanagens.
Minha amiga Bela, apesar de um certo constrangimento, fez a introdução e explicou que éramos as três novatas, por incrível que parecesse. E pediu para a vendedora Juliana explicar do B A BÁ.
Juju, a vendedora já íntima, explicou detalhadamente sobre cada um dos frascos que tinham de tudo menos hidratantes. Havia, no entanto, um certo cuidado com as palavras.
Coloquei a mão no seu braço e disparei com minha habitual honestidade:
– Juliana, minha cara, é nossa primeira vez num Sexshop, mas querida, não se engane, já fizemos muita coisa nessa vida e ainda fazemos. Mas muiiita mesmo. Pode falar claramente porque aqui ninguém é principiante não.
Não precisei falar duas vezes. Juju dos Balangandas soltou o verbo.
Dominiques, existem milhares de produtos, os mais variados, que surpreendem e muito pela imaginação. Como alguém pensa num treco desses? E como eu não sabia que isso existia até agora?
Uma infinidade de cremes e loções para excitar ambos os sexos. Gel com todos os gostos, loção que faz com que a vagina fique estreita e o pênis maior (não é mágica, a Juju jura que acontece), líquidos com aromas para atrair o sexo oposto, creme que vibra… Esse eu vou ter que explicar. É um creme, pasta, gel, tanto faz a consistência daquilo, que faz nosso clitoris esquentar e tremer.
Consegue imaginar a nossa curiosidade?
Juju sorri e pede para esticarmos nossos dedos mindinhos. Ela coloca um pouquinho do tal creme e pede para passarmos na parte interna de nossos lábios (da boca pelo amor de Deus!), cada um no seu, claro. Amigaaaaaaa de repente, aquilo começa a fazer o lábio adormecer, sinto um leve tremor e a boca esquenta, muito. Tudo altamente prazeroso.
Juju com aquele sorriso de quem sabe tudo diz:
– Agora imagina isso na “menina”. Vai facilitar muito o trabalho dos parceiros. Vocês já chegarão quentes. Sabe no melhor estilo vem quente que estou fervendo?
Juliana é uma verdadeira consultora em sexo e explica com a naturalidade de um monge tibetano todas as funções das loções mágicas e brinquedinhos.
– Como assim eu não conhecia este lugar? – perguntou Bela arrancando os cabelos.
Juju explica que estávamos em uma butique sensual e não em sex shop. Normalmente, na sex shop somos atendidas por homens, os clientes cruzam uns com os outros. Tudo bem se você for superdesinibida, mas se não for?
Na Boutique Sensual tudo tem mais a ver com o gosto e sabor da mulher. Não é escancarado, nada é feito para nos constranger. As vendedoras são bem treinadas para detectar, quase sem perguntar, o que queremos ou gostaríamos.
Depois de assistir à exposição de tal variada linha de produtos e degustar alguns, aqueles que eram possíveis na situação, para minha surpresa, Celia pergunta que horas começa a brincadeira pra valer? Afinal, onde estava o que interessa, os brinquedos de verdade?
E, aí, somos convidadas a subir para o primeiro andar. Quer conhecer um novo parque de diversões? Conto na semana que vem, combinado?
Menina.. esse e só o começo de uma louca aventura de Dominiques uma sex shop, quer dizer, em uma boutique sensual…
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