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Leitura compartilhada e booktubers: as novidades no mundo literário

O brasileiro lê muito pouco. Infelizmente, as estatísticas mostram que a média nacional é de 2,4 livros por pessoa, por ano. Mas nem esses dados, a crise ou correria do dia a dia desmotivaram ávidos leitores em todo o país a incentivar a leitura. Que bom! Porque é a energia deles que trouxe novidades para o mundo da literatura. 

O hábito de ler não precisa ser mais uma atividade individual ou solitária. Os grupos de leitura estão na moda se espalhando por aí. A internet ofereceu ainda mais possibilidades. Já ouviu falar dos “booktubers”? São canais no YouTube especializados em resenhas de livros. O Instagram também tem perfis exclusivos para incentivar as discussões literárias. 

Como as Dominiques amam essas novidades, fiz uma seleção dos melhores grupos, canais e perfis nas redes sociais. 

Clubes de Leitura

O Leia Mulheres é um clube que incentiva a leitura de obras escritas por mulheres. Muito importante, já que o mercado editorial ainda é restrito e não oferece tanta visibilidade para autoras. Tudo começou com o projeto #readwomen2014 e a leitura compartilhada feita por um pequeno grupo, em São Paulo. O projeto cresceu, viou o Leia Mulheres e agora está presente em muitas cidades brasileiras. O site traz a relação completa dos grupos. Para participar, basta ler o livro indicado e participar dos encontros. 

O Leituras Compartilhadas é um clube de leitura presencial que se reúne há mais de 3 anos em São Paulo. O formato do encontro é uma roda de conversa para discutir e trocar impressões do livro escolhido no mês. Ao final do evento, os organizadores apresentam as sugestões de próxima leitura e a votação acontece ali mesmo. Dizem que a decisão do livro é uma batalha! As leituras acontecem na terceira sexta-feira do mês, na Livraria da Vila, em Pinheiros. 

No YouTube e no Instagram

O advogado Pedro Pacífico mantém o perfil @book.ster no Instagram e o canal Bookster no YouTube para compartilhar dicas e resenhas de livros. Mesmo com o cotidiano corrido, ele tenta mostrar que é possível sim adotar o hábito diário de ler. 

As amigas Denise Schnyder e Livia Piccolo criaram o perfil Livrogram no Instagram e no You Tube para compartilhar comentários sobre livros e dicas. No YouTube, elas também promovem leituras, fazem entrevistas e participam de eventos literários. 

No instagram, o perfil Um Livro por Dia diariamente uma sugestão de livro. Tem novidades e clássicos.

A professora Rita Zerbinatti mantém o perfil Cheirando Livros no Instagram para compartilhar o seu amor pela leitura e pelo café!

No canal do YouTube Tiny Little Things, a professora Tatiana Feltrin compartilha dicas de livros e incentiva a leitura ao comentar diversos tipos de obras.

Em seu canal no YouTube, a Pam Gonçalves tem um repertório imenso de atividades relacionadas à leitura. Tem videos especiais sobre séries de livros. Ela também divulga a sua rotina de escritora e comenta e-books. 

No canal Ler antes de Morrer, a jornalista Isabella Lubrano compartilha vídeos exclusivos sobre as principais obras da literatura brasileira e universal. A meta dela é ler e resenhar 1001 livros. Na torcida. 

O canal Literature-se é feito por uma estudante de Estudos Literários apaixonada por livros. A Mell Ferraz também dá preferência para obras e autores menos conhecidos. 

Que bom que projetos assim existem. 

Como disse Mario Vargas Llosa: “um mundo sem literatura se transformaria num mundo sem desejos, sem ideais, sem desobediência, um mundo de autômatos privados daquilo que torna humano um ser humano: a capacidade de sair de si mesmo e de se transformar em outro, em outros, modelados pela argila dos nossos sonhos”.

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Portugal por Uma Portuguesa Tropicalizada

Você conhece Portugal? Conhece mesmo? E os portugueses, seus hábitos? A cultura portuguesa ? Como uma portuguesa tropicalizada lhe digo que algumas dicas podem ser bem úteis ou pelo menos interessante de se saber para quem quer ir além do óbvio.

Contei no meu primeiro post (leia aqui) que apesar de portuguesa falo “brasileiro”* porque fui casada com um carioca. Mas ter sido casada com um brasileiro, ensinou-me muito mais do que o “brasileiro” que cá em Portugal aprende-se também assistindo a novelas.

Tropicalizei-me. E o que quer dizer isso? Quer dizer que entendo tanto um lado, bem como outro. Assim sendo digo que podemos até ser povos irmãos porém existem diferenças abissais de comportamento e hábitos.

Geralmente o brasileiro, por ser muito descontraído no trato em geral, não percebe a formalidade do português, e isso assusta demais num primeiro momento. Os portugueses, é claro.

No Brasil tratar o outro por “você” é de uma enorme informalidade, certo?

Pois aqui não. “Você “é um tratamento que distancia o outro. Só será próximo de alguém quando este lhe tratar por “tu“. Você perceberia a diferença de tratamento entre “- Estás boa?” – e “Está bem?” ? Não, né? Pois. Quando alguma amiga lhe perguntar se estás boas, considere essa sua amiga mesmo. Antes disso você é para ela uma conhecida.

Esta é apenas uma das sutis diferenças. Nada sério, nem melhor nem pior. Algo a se saber como outras coisinhas que quem sabe terei oportunidade de contar-lhes .

Uma coisa importantíssima é a saudação. O jeito que se aborda uma pessoa, seja ela quem for. No Brasil, se você precisa de uma informação, como começa educadamente a frase? Deixa eu adivinhar:

-Por favor, poderia me informar como faço para ir até a Rua do Cais?

OU

-Com licença, o senhor poderia me informar onde é a Rua do Cais, por favor?

Educadíssimo dirá você. Mas não. Se um português for abordado algum dessa maneira, com certeza ele dirá num tom de repreensão:

-Bom dia! No que posso ajudar?

E ainda acrescentará com certeza: Humpfff !!Brasileiros..

Aposto que você não sabe o que estava errado, né? Aliás, não está errado, dirá você. Mas para o português estava errado sim! Toda saudação há de se começar por bom dia, boa tarde ou boa noite. TODA!

Ahhh, entendeu né? Será? Então diga o que há de descabido na frase abaixo.

Bom dia! Moça, você poderia me informar onde é a Rua do Cais?

Aqui é ainda pior. É capaz da moça lhe virar as costas e sair andando pisando firme e muito ofendida.

Acontece que na terra dos Lusíadas moça é sinônimo de mulher de reputação duvidosa. Aqui, quando se referir a uma jovem mulher, é sempre rapariga por mais estranho que possa nos parecer.

Acertando a saudação, o português é tão solicito que é capaz de lhe levar até a Rua do Cais, mesmo que esse não seja seu caminho. A gentileza faz parte do ser português.

Lusitanos têm um orgulho monstruoso por terem descoberto o Brasil, e desse gigante ter lhes pertencido . Pense bem, o Brasil tem um território de 8.516.000 km². Isso é 90 vezes o tamanho de Portugal (95.000 km²). 90 vezes!! Achamos as proporções todas coisa descomunal. Os tempos de deslocamento seja pela distância ou pelo trânsito são para os portugueses coisa inimaginável. E aí vem um brasileiro e diz que em 15 dias consegue conhecer Portugal de cabo a rabo (ahhh rabo aqui é bumbum. Não é tão feio assim falar rabo para mencionar nossas delicadas nádegas). Mas quem fala isso, denota enorme desconhecimento ou quem sabe até ingenuidade. É impressionante como há coisas a serem vistas, conhecidas e descobertas num país de dimensões tão pequenas. Há história em cada pedacinho de chão onde pisaram Eça de Queiroz, Luis de Camões, Saramago, Fernando Pessoa…

Vishhh, todo meu ufanismo parece estar aflorando nesse texto. Desculpe, mas sou portuguesa e somos orgulhosos demais de nosso país. E tenho certeza que vai concordar comigo que do seu país e dos seus irmãos, só você pode falar mal. Pois. Assim somos nós também.

E apesar de muitos acharem que o português não tem senso de humor, temos sim!!

Talvez um humor diferente do Brasileiro ou até mesmo do latino. Pode parecer pretensão, mas acho que fazemos rir da maneira que fazem os britânicos.

Olha só uma maneira gira (legal) de você conhecer um pouquinho mais de Portugal com muito senso de humor. Vale a pena assistir mesmo que já tenha visto esse vídeo que foi feito para rebater o tal ‘America First’ de Donald Trump há 2 anos. Garanto risadas.

America First, Portugal Second

Olha, tem tanta coisa para falar da Terrinha que acho que vou fazer uma série de textos. O que acha? Se começar a ficar chato me avisa, ok?

*Para os portugueses, os brasileiros falam o brasileiro português brasileiro. E eles sim, falam português.

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Barbara Godinho

Sou uma Portuguesa meio tropicalizada. Moro em Lisboa, já fui curadora de museu e exposições. Hoje trabalho com turismo. Apaixonei-me pelo projeto Dominique e cá estou a colaborar.

2 Comentários
  1. Adorei! Agora sei que tenho cometido muitas gafes das quais meus amigos virtuais portugueses, se divertiram e riram muito…Mas…Quantas palavras eles me obrigaram consultar o google? Então estamos quites …Adoro meus amigos portugueses!!!❤❤

  2. Fantastico! Ri muito, como filha e neta de portuguêses eu posso. E amo essa terra! Continue as postagens por favor! Obrigadinha!

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Elisa y Marcela – um amor à frente de seu tempo

Baseado na história real do primeiro casal homossexual a se casar na Espanha, Elisa y Marcela, nova produção da Netflix, foca na relação das duas mulheres que se apaixonaram em 1901 e passaram suas vidas lutando para conquistar direitos básicos enquanto fugiam de perseguições.

Desde o início, a ambientação do longa é toda construída em torno da força do patriarcalismo e da religião da época.

Seu primeiro ato se estabelece principalmente na escola católica em que as meninas estudam administrado por freiras, onde Elisa também reside. Enquanto isso, Marcela vive com os pais. Seu pai acredita que mulheres não devem ler livros para não “aprender demais”, além de agir de forma autoritária com a esposa e a filha.

Após tais parâmetros serem estabelecidos, o filme guia-se por aspectos oriundos desses pensamentos, o qual mostra uma sociedade regida por comportamentos arcaicos.

Conservadorismo e preconceito

Homofobia, costumes antiquados e preconceito velado e explícito são discutidos nesse filme, dirigido por Isabel Coixet, uma das mais importantes cineastas espanholas. E com muita inteligência, a diretora traça paralelos entre a história de Elisa e Marcela com o conservadorismo tosco que ainda toma conta do mundo.

As atuações de todo o elenco são bem satisfatórias, mas realmente Natalia de Molina (como Elisa) e Greta Fernández (como Marcela) roubam a cena desde os primeiros minutos do longa, construindo uma tensão sexual e uma proximidade emocional que se expressa em pequenos olhares e gestos e nos aproxima do sentimento vivido pelas personagens. As cenas de sexo são claramente construídas aqui para serem poéticas e expressar a pureza de um relacionamento afetivo sincero.

O filme possui um visual lindo. A bela fotografia traz um ar todo diferente para o longa. Além disso, o figurino é bem adequado para a época, gerando uma boa caracterização junto ao cenário para a Espanha de 1901. A trilha sonora é teatral, e cada cena parece um ato perfeitamente orquestrado por personagens que parecem apenas rodear as duas desde o colégio, a casa, a igreja e a prisão.

As escolhas da diretora tornam Elisa y Marcela um registro sensível de incontestável importância.

É fundamental, afinal, exercitar a memória coletiva e resgatar histórias de mulheres icônicas. Só pela sua temática o filme já atesta sua singularidade e relevância.

É nessa saga de amor, desobediência, coragem e busca por liberdade que se baseia o filme de Isabel Coixet (diretora do também lindo A Livraria, filme que, aliás, já comentei aqui)

Filmado todo em preto e branco, o longa imortaliza Elisa e Marcela agora no cinema, recuperando suas histórias desde que se conheceram até um possível desfecho na Argentina.

As duas jovens ficaram famosas em 1901 por escolherem viver esse amor escandaloso e imoral num país que só aprovaria o casamento homoafetivo em 2005. 

Muito bonito!

Vale a pena conferir a dica!

Confira o trailer

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Dominique

Nasceu em 1964. Ela tem 55 anos, mas em alguns posts terá 50, 56, 48, 45. Sabe porque? Por que Dominique representa toda uma geração de mulheres. Ela existe para dar vida e voz às experiências, alegrias, dores, e desejos de quem até pouco tempo atrás era invisível. Mas NÓS estamos aqui e temos muito o que compartilhar. Acompanhe!

1 Comentário
  1. Esse filme marcou minha vida, sou extremamente observada por ele, amo amo minhas meninas, minhas guerreiras.
    Elisa y Marcela.

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O desafio das Dominiques de comprar um simples sutiã

Quem imaginaria que comprar um simples sutiã tornaria-se um problemão para mulheres com mais de 50 anos? A dificuldade não é na compra em si, mas em achar um sutiã que seja adequado ao corpo de uma Dominique e B.O.N.I.T.O. Dá até a impressão que quem cria as peças acha que toda mulher mais velha é simples, recatada e do lar. Não, não e não. Quero me sentir confortável, bonita e sexy. Por que não? 

Não é pedir muito. Sabemos que indústria de lingerie não presta muita atenção nas Dominiques nos seus lançamentos. As criações e as campanhas são sempre direcionadas para as mulheres mais jovens. São peças bonitas e gosto de muitas delas. Mas os modelos não levam em consideração as mudanças no corpo e formato dos seios das mulheres mais velhas. E é aí que começa o nosso desafio.

O melhor estilo de sutiã

O primeiro cuidado é com a gordurinha extra. É comum acontecer o aumento de peso, principalmente após a menopausa. O melhor modelo de sutiã deve ter uma tira lateral mais larga. A base alongada pode ser trabalhada, como nesse modelo em renda. 

Sutiã Dominique

Com a idade os seios ficam mais flácidos, porque o tecido perde a densidade e a elasticidade. Para as Dominiques com seios menores, um modelo com bojo que levante e separe pode ser uma boa opção. O bojo não precisa ter enchimento, pra aumentar o tamanho dos seios. A estrutura serve apenas pra moldar. 

sutiã roxo Dominique

Mas se você quiser dar um up também em volume, pode escolher um modelo que garanta a cobertura total dos seios, com um bojo mais volumoso. A dica aqui é comprar um sutiã que considere as duas medidas: das costas e do tamanho dos seios. E lembre: o bojo não pode apertar ou marcar os seios.  

sutiã roxo e dourado Dominique

As Dominiques com seios grandes podem optar por um modelo que dê sustentação, mas que não tenha nem bojo e nem enchimento. O sutiã pode ter um reforço interno pra garantir a firmeza. Alguns modelos têm aro, o que não agrada muitas mulheres. Uma opção com tecido duplo pode resolver. Se a alça for mais larga, melhor. Será mais confortáve. 

O sutiã em modelo triângulo é a dica coringa para a Dominique que quer se sentir sexy, mas também confortável. A lingerie ideal considera a somatória de base larga, bojo em tamanho adequado e o lindo decote.

A dica final para o sutiã ideal de uma Dominique é a cor. Sim, porque amamos cores e tecidos diferentes. Nada de modelos bege em tecido liso… que sem graça! Por isso, a seleção feita aqui só considerou sutiãs coloridos e, claro, o pretinho básico. Os sutiãs não são especiais para Dominiques, mas estão mais próximos do melhor modelo. As imagens são da loja Loungerie.

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2 Comentários
  1. Exatamente o que faltava pra nós…mulheres Plus size.. as dificuldades são muitas…Obrigada por lembrar de nós…

  2. Obrigada.
    Finalmente alguém lembrou de nós. Abaixo a cor da pele, queremos cor, rendas e bordados.

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O dia que uma cozinha esquentou a Guerra Fria

Chegada do homem a Lua. Corrida espacial. Guerra da Coréia. Corrida armamentista. Não. Não foi nada disso que há exatos 60 anos desestabilizou e enfureceu a União Soviética num dos maiores calores da tão famosa Guerra Fria. Não foi um novo satélite ou um míssel de longo alcance, mas sim uma cozinha. Isso mesmo. Uma cozinha equipada.

Ahhhh, essa história é muito boa. Vamos lá.

 Estados Unidos e União Soviética decidiram publicamente que a melhor maneira de aliviar as tensões que a Guerra Fria impunha a um mundo já desestabilizado era unirem-se em torno da ideia de mostrar ao mundo como cada uma das nações vivia. Mostrar em diferentes exposições como cada uma delas vivia. Criaram assim a  Exposição Nacional Americana, um dito um programa de intercâmbio cultural.

Os soviéticos trariam uma exposição para Nova York em junho de 1959, e os americanos fariam uma exposição em Moscou em julho do mesmo ano. Sendo esta a Guerra Fria, cada lado também viu isto como uma oportunidade para enviar muitos espiões para reunir toda a inteligência que pudessem.

Os soviéticos foram para Nova York com suas máquinas da indústria e satélites da Era Espacial, exibindo orgulhosamente a tecnologia que derrotaria teoricamente os Estados Unidos no espaço.

E agora? O que fariam os americanos? Levariam um foguete? Mandariam o computador mais moderno para calcular a área de Vladivostok? Qual tecnologia exibiriam os americanos que embasbacasse os Soviéticos e mostrasse toda superioridade americana?

Aiii, como eu invejo a inventividade e a criatividade americana. Eles conseguiram levar multidões a exposição que foi aberta no dia 24 de julho de 1959, irritando profundamente os líderes Soviéticos.

Mas como? Com o quê?

Com uma cozinha. Uma cozinha muito moderna e futurista ilustrando o American Way of Life.

Multidão Russa na expo59
Filas gigantescas para a Exibição americana em Moscou 1959

Multidões foram conferir como a vida de uma americana era mais fácil do que de uma coitadinha de uma dona de casa daquele gelado país.

Lava-Louça sonho de consumo até hoje

O que convence mais do que a tecnologia aplicada no dia a dia para facilitar a vida da gente? Uma geladeira que só faltava falar. Máquina de lavar pratos, que luxo!! Imagine uma soviética que enfrentava o tanque de lavar roupa com sua água gelada num inverno siberiano vendo pela primeira vez uma inacessível máquina de lavar roupa americana. Ahhhh, isso sim era tecnologia.

Soviéticas visitando cozinhas americanas

O que convence mais do que a tecnologia aplicada no dia a dia para facilitar a vida da gente? Uma geladeira que só faltava falar. Máquina de lavar pratos, que luxo!! Imagine uma soviética que enfrentava o tanque de lavar roupa com sua água gelada num inverno siberiano vendo pela primeira vez uma inacessível máquina de lavar roupa americana. Ahhhh, isso sim era tecnologia.

O aspirador de pó robô

Sacada genial dos americanos, mesmo que em alguns momentos suas traquitanas não passassem de ficção científica para época. Imagine você que eles levaram um aspirador de pó robô. É o que chamamos hoje de Roomba, e que me lembro de ter visto primeiramente pelos idos de 2015.

Os americanos não levaram apenas cozinhas para Moscou. Levaram seus carros, obras de art, lanchas, TVs, desfile de moda e tudo que mostrasse as felicidades e alegrias do consumo.

Um filme de Charles e Ray Eames (sim, o da cadeira) que descrevia a vida na América contada através de imagens fixas projetadas em sete telas gigantes de 20 por 30 pés. O filme é composto por 2.200 imagens. Os espectadores são inundados com imagens cuidadosamente selecionadas pela equipe de design de Eames, algumas fotos tiradas por Charles e Ray.

Agora, imagina a hora que os russos perceberam o jogo americano.

Acho que foi daí que surgiu a expressão “só falta combinar com os russos” (a verdadeira origem da expressão está no link). Os caras devem ter babado de raiva. Tanto que Nikita Khrushchev não conseguiu conter sua irritação e entrou num “debate” totalmente televisionado, com Richard Nixon, o Vice-presidente americano, na noite de abertura da exposição. Onde? Na frente da cozinha. E o episódio ficou conhecido como o Debate Na Cozinha

Guerra Fria na Cozinha
Guerra Fria na Cozinha

Os dois homens discutiram sobre tudo em exibição, com Nixon insistindo que o capitalismo americano permitia um padrão de vida muito mais alto. Khrushchev oscilou entre insistir que o americano médio não podia pagar as coisas que Nixon lhe mostrava e depois dizer que, mesmo que pudessem, o povo soviético logo teria esses mesmos bens de consumo.

Aiii meus sais..Quanto mais pesquiso para escrever esse texto, mais maravilhada eu fico. Minha vontade é de escrever e contar outras historinhas que aconteceram há exatos 60 anos em plena Guerra Fria . Mas acho que já está de bom tamanho, né? Caso alguém queira se aprofundar no assunto, coloquei alguns links no final do texto.

Contudo , para terminar PRECISO ainda contar uma curiosidade sobre o evento.

Modelos magérrimas. Bonito para uns, miséria para outros.

As mulheres soviéticas assistiam aos elaborados desfiles de moda admiradas. Mas além das roupas, claro, o que mais impressionou as soviéticas foi a magreza das modelos americanas. Elas estavam penalizadas por perceber que se passava fome na América do Norte.

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Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

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