Há um tempo eu peguei o meu filho, então com 18 anos, ouvindo e CANTANDO JUNTO música sertaneja universitária.
Acho que era “Rock & Hudson”, ou algo parecido. Quase morri de desgosto!!
Mas, ao mesmo momento, percebi que ele me olhava fixamente e que cantava com um leve sorriso irônico e desafiador no canto da boca.
Ahaaa!!!
Aquilo era mais um de seus atos de rebeldia contra sua mamãe.
Ele realmente sabe como me atingir!
Percebendo isso, fiz o meu papel.
Reclamei. Esbravejei. Sapateeei. E ainda terminei dizendo:
– Só falta agora, em seus xavecos, você dizer que tem gosto “eclético” para música!!!!!
– Clichê não, meu filho… clichê não!!
Lembrei dessa historinha porque ontem, ao passar pelo seu quarto, vejo aquele menino lindo, lendo ao som de Dave Brubeck.
Ficou a certeza de que o fruto não cai longe do pé.
Além do gosto parecido com o meu para música, ele também leva consigo o mesmo humor e ironia que, por vezes irrita, e outras beira o deboche.
Dominique
Coisas de Dominique é onde histórias de mulheres são contadas. Histórias de mulheres que realmente têm o que contar.
Eliane Cury Nahas por vezes transcreve, por vezes traduz coisas que Dominiques (aquelas mulheres com 50 ou mais anos de histórias) contam. Surpreendentemente você se identificará com muitas delas, afinal #SomostodasDominiques
Burt, Buarque, Beck
Era um sábado. Em uma semanas mais intensas de minha vida profissional. Por mais gratificante que seja, sempre é de uma exaustão sem tamanho.
Mas o tão almejado sábado chega. Viajo para a praia, onde me recarrego. Ao chegar em meu infinito particular sinto-me meio perdida com tanto tempo disponível para o ócio.
Não sei por onde começar.
O tempo está feio e convida à reflexão.
Mas acho que não estava a fim de refletir.
Lembro da minha listinha de músicas, que vou anotando ao longo das semanas e prometendo que, quando tiver tempo, vou incluí-las no meu Spotify. Ótima pedida!!!
Começo com Eisbaer, do Nouvelle Vague, passando por Touch Me, do The Doors, Up in the Sky, do Robert Cray Band, e chego em The Look of Love, com Nina Simone. Música gostosinha, com deliciosa interpretação desta diva. Eu me detenho um pouco mais no resultado desta busca e me deparo com uma pasta com toda a obra de Burt Bacharach. Baixo todas de imediato. Ao ouvi-las, noto a grandiosidade de sua orquestra.
Metais… Muitos metais… Cordas… e uma infinidade de instrumentos que dão a suas obras todo um tom realmente grandioso. Aí, inevitavelmente, mesmo não querendo, começo minha reflexão.
Eu não queria refletir, lembra?
A obra de Burt Bacharach é quase que, na sua totalidade, dedicada a trilhas de filmes. E suas obras de maior sucesso acontecem na década de 60 e 70, se não me engano.
Tudo encaixando numa linearidade cronológica, histórica e musical.
Músicas delicadas, românticas, idealistas, beirando o ingênuo, contrastando com arranjos suntuosos.
Coisas de uma época. Coisas de cinema e de Hollywood.
Porém, imediatamente, minha não desejada reflexão, me leva ao nosso quintal musical.
Na hora me lembro de uma música de Chico, que adoro.
Acontece que sempre que ela começa a tocar, sua grandiosidade instrumental inicial, me irrita, mas me irrita muito.
Falo de maravilhosa Rosa dos Ventos.
Uma obra prima.
Cheia de entrelinhas.
Cheia de significados.
Mas porque aquele início tão rebuscado? Ok… Ok… Anos 70.
E pra não falar que estou de marcação com o Chico, me lembrei tb de Hoje e Universo Em Seu Corpo.
Músicas viscerais de Taiguara que simplesmente não ornam com todos aquela orquestração. Minha opinião.. Mas vai ver que o problema sou eu. Aliás, com certeza o problema sou eu.
Se pensar bem tem outra situação com a suntuosidade dos metais que muito me irrita.
Fico absolutamente incomodada sempre que escuto o rufar dos tambores e o toque das cornetas que precedem a entrada de sua alteza real…………….. A NOIVA!!! Que noiva? A noiva que entrará às 7 horas na igreja. E a das 8 horas e a das 9 horas.
Sei que hei de me arrepender profundamente deste comentário.
Minhas futuras norinhas provavelmente casarão com todos os metais e tambores disponíveis na cidade de São Paulo e, quem sabe, até com as bandas marciais escocesas!!! Mas isto é outro assunto para outra hora .
Coincidência ou não, acabo minha jornada musical, já na madrugada de domingo, com outra música de trilha sonora de filme. Everybody’s Gotta Learn Sometimes, com Beck.
Linda!!! Tocante!!
Os instrumentos são quase dispensáveis diante de visceral interpretação de Beck.
Mas talvez seja apenas meu momento intimista quase melancólico. Vai saber…
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Funk: um grande up na relação
História enviada por Cecília Michelin
Moro em um bairro residencial há 20 anos. No começo, era uma paz tibetana, som de pássaros, folhas ao vento e um ou outro carro passando. Nem o cara da pamonha de Piracicaba, nem da Cândida tinham descoberto o paraíso. De alguns anos para cá, o silêncio ensurdecedor deu lugar a músicas, se é que posso considerar aquilo uma melodia, com o ritmo de bate estaca, urros e palavras que eu não sabia o significado. A vizinhança vem reclamando. O povo liga para o Psiu, Polícia, Anvisa (quem sabe o bar seja fechado por falta de higiene e para a música), até o Papa Francisco já foi acionado.
Descobrimos que é um elemento que tem uma mesa de som com alto-falantes gigantescos dentro do carro. Ele não tem um carro com som. O som dele é que tem um carro. Estaciona a viatura na frente de um bar e liga o inferno. E, todos, perto e longe, são obrigados a compartilhar do pagamento de promessa. Não preciso nem explicar que as canções não são exatamente letras de Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Marisa Monte, Nando Reis ou Adriana Calcanhoto. Como o ditado “dance conforme a música” tem todo o sentido, às vezes, a solução é aceitar que dói menos.
Lânguida, deitada no sofá da sala, acompanhada por meu marido (agora ex) e meu sogro, tento heroicamente assistir um filme. Em vão! Mesmo com legenda é impossível prestar atenção. Resolvi dar uma trégua e prestar atenção na letra da obra-prima. Jesus do céu quase corri três dias sem olhar para trás. Nem vem ao caso o tamanho da baixaria, mas a maioria das coisas que o ser cantava, homenageando sua experiência sexual com a parceira popozuda (ele fez questão de bradar isso a cada refrão), eu nem sequer tinha ouvido falar.
Ora essa! Casada há 15 anos e tem coisa que ainda não sei neste seara?
Ah, me indignei e falei:
– Marcelo, tem posição que este cara está cantando que você nunca fez comigo. Como pode?
Um raio caiu na minha cabeça. Ele me fulminou e só não me jogou da janela, porque tem tela e está pela hora da morte trocar o material. Meu sogro, com cara de uva passa, sai assim meio de lado como um egípcio, fantasiado de árvore, para ninguém perceber. Era um cara muito engraçado, bem-humorado e teria entrado na brincadeira se não fosse a cara amarrado do maridão.
De vez em quando, o cidadão inescrupuloso volta com seu carro a atormentar metade da torcida do São Paulo, Corinthians, Palmeiras e, confesso, que às vezes tento prestar atenção na letra para ver se faço um up grade nas fantasias eróticas!
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Mas o que o moço da alfândega vai pensar?
História enviada por Cássia Buarque
Adoro viajar com minhas amigas. A risada é sempre garantida.
No ano passado, viajamos em quatro amigas para passar um final de semana em Buenos Aires.
Ficamos em um hotel bem bacana, próximo à Rua Florida, a principal rua comercial da cidade.
Por coincidência, tinha um sex shop bem na frente do hotel.
Nenhuma de nós tinha ido a um sex shop antes.
Pensamos que poderia ser uma oportunidade para conhecer a loja sem correr o risco de sermos vistas por algum conhecido.
Enquanto tiramos esta conclusão e entramos na loja…
…. estaciona bem na porta um ônibus lotado de brasileiros!!!!
Ahhhh!
Duas das minhas amigas, no desespero de serem reconhecidas, saíram correndo e travaram a porta automática!
Pense no mico, justo para as amigas que pretendiam passar despercebidas num sex shop.
Ok! Passou!
Não era ninguém conhecido e não fomos descobertas.
Lá ficamos por mais algum tempo, perguntando para a atendente sobre os produtos, os brinquedos e esclarecendo muitas dúvidas.
Vou relevar que foi muito instrutivo.
Lembrei que há algum tempo atrás, em uma outra viagem para o exterior, uma querida amiga me pediu um vibrador com pilhas.
Na época eu fiquei meio constrangida e fingi que tinha esquecido da encomenda.
Mas naquela loja a atendente era tão simpática que eu resolvi comprar o presente para esta amiga.
Embrulhamos com laços e fitas.
Dois dias depois, peguei o avião de volta pra casa.
Quando cheguei em casa já fui logo avisando para o meu marido:
– Não abra a mala na frente das crianças porque tem presentes que não são deles.
Ele não entendeu. Foi aí que eu expliquei que tinha visitado a loja e comprado o tal vibrador de presente para aquela nossa amiga em comum.
Ele parou um pouco pra pensar, me deu um olhar meio incrédulo e perguntou:
– Você passou pela alfândega?
Eu respondi que sim.
– Mas você passou a mala pelo raio X?
De novo, eu respondi que sim.
O homem ficou incrédulo!!!
– Mas que vergonha, ele me disse.
– O que o que o moço da alfândega vai pensar ao ver isso na sua mala?????
Hoje eu posso dizer que a minha viagem com as amigas ainda rendeu muitas risadas em casa também!
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Na alegria, na tristeza e sem filhos
História enviada por Roberta Arantes
Vocês não tem filhos?
Algum de vocês tem problema?
O casamento não está indo bem?
Essas são perguntas rotineiras para nós que, casados há mais de 20 anos, não temos filhos.
E o assombro das pessoas aumenta quando falamos que não tivemos filhos por opção.
Como assim, por opção, as pessoas questionam.
Sim, por opção. Escolhemos NÃO TER FILHOS.
Alguns nos olham com pena e perguntam: quem vai cuidar de vocês na velhice?
Outros pensam: devem ser pessoas muito egoístas, não devem gostar de crianças.
Independente do que os outros pensam, imaginam, inferem ou interferem eu acredito e sempre acreditei que a maternidade não é para todas as mulheres.
Acho que a maternidade não é a certeza de felicidade conjugal.
Também acredito que optar por não ter filhos não tem nada a ver com ser ou não egoísta e, sim, com uma escolha do que se quer para a vida.
Nunca fui maternal…
Enquanto minhas irmãs brincavam de boneca eu estava lendo, brincando de escolinha ou de escritório.
Quando comecei a namorar o meu marido descobri que ele também não tinha um desejo louco por ser pai.
Nosso casamento sempre foi baseado no respeito à individualidade de cada um e optamos, desde cedo, a nos dedicar às nossas carreiras. Escolhemos ter liberdade para fazer nossos horários, viajar sempre que fosse preciso e estar disponíveis 100% para buscarmos nosso sucesso profissional.
E assim foi…
Moramos separados (por questões profissionais). Viramos noites, finais de semana e feriados trabalhando, ficamos 10 anos sem tirar férias. Alcançamos cargos executivos de primeiro nível e conforme o tempo foi passando fomos tendo cada vez mais certeza das nossas escolhas.
E em meio a tanto trabalho, tanta correria, ainda aprendemos a valorizar o tempo que estávamos juntos. Aprendemos a nos amar e a amar a vida que tínhamos e vimos que, realmente, no que tínhamos planejado para nós não havia espaço para filhos (por mais que isso pareça sacrilégio para alguns).
E isso não significa que não gostamos de crianças ou que somos egoístas. Gostamos de crianças e muito. Somos os tios mais “pais” que conheço e, mesmo nunca tendo filhos, Deus nos deu a dádiva de conhecer o amor incondicional por meio dos nossos sobrinhos e por eles somos capazes de tudo.
Mas não temos como não admitir que não ter tido filhos nos deu liberdade para pensarmos mais em nós e no que queríamos e hoje, com menos de 50 anos, conseguimos uma independência financeira que nos permitiu parar de trabalhar para curtir, literalmente, a vida. E curtir a vida significa fazer o que gostamos, significa estar em paz com nossa consciência, significa olhar para trás sem qualquer arrependimento ou vazio e ver que nossas escolhas nos trouxeram até aqui…. exatamente onde e como queríamos estar.
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Esse é um daqueles textos que nos levam, de forma leve e sutil, a uma profunda reflexão. Lindo e muito verdadeiro. Sem dúvida, os tios mais “pais” que eu já conheci e um dos casais mais exemplares que eu tive a oportunidade de conviver. Obrigada, Roberta, por me fazer lembrar o quão grata eu devo ser pelo privilégio de poder escolher, sempre.
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E assim, foi… E assim, são!
Tenho imenso orgulho em fazer parte da vida de vocês e tê-los presentes na vida da minha filha, que tem o privilégio de ser a sobrinha escolhida por Deus para vocês amarem.
Admiro muito a trajetória de vocês e desejo que continuem alcançando todos os seus objetivos.
Curtam muito esse status curtindo a vida, vocês merecem.
Grande beijo,
Cá e Bibi